INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SUA CONTRIBUIÇÃO NA EDUCAÇÃO



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Transcrição:

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SUA CONTRIBUIÇÃO NA EDUCAÇÃO RESUMO Luana Ferreira Oliveira¹ Mariza Silveira Freitas Hass¹ Mara Regina Nieckel da Costa² Este trabalho tem a intenção de provocar uma reflexão sobre algumas questões da inteligência emocional e a necessidade de desenvolver projetos tendo como foco este tema. O artigo aborda alguns aspectos da educação emocional no âmbito familiar e escolar, aspectos do desenvolvimento neurobiológico, com o objetivo de contribuir neste constructo de saberes, visando chamar a atenção para a promoção de uma educação voltada para os sentimentos e emoções. Palavras-chave: inteligência emocional; educação emocional; aprendizagem; escola. INTRODUÇÃO Atualmente a Inteligência Emocional, está sendo discutida em todo o mundo. Segundo Goleman (1999), ela caracteriza a maneira como as pessoas lidam com suas emoções e com as das pessoas ao seu redor. Implicando e afetando diretamente diversos aspectos, tais como: autoconsciência, motivação, persistência, empatia, características sociais e liderança. Goleman (1999; p.33) diz que: Esta é uma alternativa de ser esperto, não em termos de QI, mas em termos de qualidades humanas do coração. Levando em consideração esta discussão de a Inteligência Emocional ser aprendida e equilibrada com a inteligência racional, constata-se que já há estudos considerando que quando o lado emocional não vai bem, o racional no mesmo instante se abala. Para tal, defende-se a busca do equilíbrio entre razão e emoção. ¹ Acadêmicas do curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, Campus Guaíba. ² Docente do Curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil e orientadora deste trabalho. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E SEUS DIFERENTES ASPECTOS

2 O QUE É INTELIGÊNCIA EMOCIONAL? Começamos definindo o que é emoção: é uma palavra que vem do latim, movere (que significa mover), precedida do sufixo ex (para fora), significando afastar-se. Em toda emoção há uma tendência à ação. Para Goleman (1996), emoção se refere a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados psicológicos e biológicos, e a uma gama de tendências para agir. Com base na Teoria de Inteligências Múltiplas (Gardner, 1994), destacamos as inteligências interpessoais e intrapessoais que se referem à habilidade de comunicar-se com os outros, ter empatia por seus sentimentos e convicções; compreensão de si mesmo, saber quem é, saber o que pode fazer, como reage às coisas, a fatos e o que deve evitar. A inteligência emocional, trata da capacidade de lidar com frustrações, desenvolvimento da empatia, controle dos impulsos, criação das motivações para si próprio,capacidade de identificar suas emoções e dos outros e definir comportamentos. Salovey e Mayer (2000) definiram inteligência emocional como: "...a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros." Através da criação do conceito de inteligência emocional, Salovey e Mayer (1995,p. 55) propuseram cinco competências: Conhecer as próprias emoções. Autoconsciência - é a pedra fundamental da inteligência emocional. Controlar os sentimentos nos mais variados momentos e situações para melhorar o discernimento emocional e a autocompreensão. Administrar as emoções. Lidar com os sentimentos apropriadamente é uma capacidade que nasce do autoconhecimento. Motivação. Direcionar as emoções e atenção para determinado objetivo ou de uma meta é essencial para concentrar a atenção e promover realizações. Reconhecer as emoções dos outros. A empatia é um atributo que se desenvolve na autoconsciência emocional, base inequívoca para as aptidões pessoais, despertando a sensibilidade para as necessidades e anseios do próximo. Administrar relacionamentos. A arte do relacionamento é, em grande parte, a aptidão de lidar com as emoções dos outros. Reforçam a popularidade, liderança e eficiência interpessoal. DUAS MENTES

3 De acordo com (Santos, 2000), sabe-se que a mente racional opõe-se a mente emocional, enquanto uma é capaz de refletir e ponderar suas respostas, a outra é capaz de permitir uma resposta rápida e instantânea, quanto mais intenso for o sentimento mais dominante a mente emocional enquanto mais intelectual, mais racional. Na maior parte do tempo as duas funcionam em harmonia para que possamos nos orientar no mundo. Para melhor compreensão das duas mentes é importante ressaltar que a parte mais recentemente desenvolvida do cérebro humano é o neocortex, sede do pensamento onde existem áreas emocionais interligadas com circuitos neurais que permitem que os centros emocionais exerçam poder sobre o comportamento humano. A EDUCAÇÃO COMEÇA NA FAMÍLIA Com referencia às medidas de inteligência ( Gardner, 1994) e pensando na evolução que ocorreu no nosso cérebro, se faz necessário pensar que a educação de uma criança não é só seu intelecto, mas todo o crescente desenvolvimento de sua personalidade e emoções. A inteligência emocional inicia seu desenvolvimento na família, é em casa ainda bebês que as crianças, em contato com os pais, começam sua comunicação emocional, é através dos modelos e das conversas dos pais que a criança começa a desenvolver sua capacidade de lidar com situações difíceis e compreender seus sentimentos. Cabe aqui o comentário de Gottman e Declaire (1994,p.20): Para os pais isso que muitos estão chamando de inteligência emocional significa perceber os sentimentos dos filhos e ser capaz de compreendê-los, tranquilizá-los e guiá-los. Para os filhos que aprendem com seus pais como funciona a emoção, a inteligência emocional envolve a capacidade de controlar os impulsos, adiar a gratificação, motivar-se, interpretar as insinuações da sociedade e lidar com os altos e baixos da vida. A comunicação emocional começa a partir do momento em que os pais mantêm uma conversa imitativa com o bebê (em torno dos três meses), conversas não verbal face a face. Essas conversas imitativas são importantes por que dizem à criança que o interlocutor está atento a ela e reagindo aos seus sentimentos (Gottman e Declaire1997). Entre os seis e oito meses o bebê compartilha com os pais a sensação das brincadeiras com as coisas que a fascinam e, para a estimulação do desenvolvimento da inteligência emocional, nessa fase, é interessante que os pais aceitem o convite para brincar, sempre imitando suas reações emocionais para haver uma ligação emocional com o bebê. É nesta

4 fase do desenvolvimento, quando o bebê tem essa ligação especial com os pais e agora passa para a compreensão do que é falado, que os psicólogos chamam de referenciação social. Destacando Gottman e Declaire(1997,p.196): Quando seu bebê pratica a referenciação social com seu pai ou sua mãe é sinal de que ambos estão emocionalmente ligados e o bebê sente-se emocionalmente seguro. Tendo aprendido nos primeiros meses a imitar, a criança está apta a ler essa insinuação dos pais. Os pais devem ter uma ligação emocional bem fortalecida com os filhos, pois não podemos esquecer que as crianças refletem o lhe é passado. Relata Gottman e Declaire(1997,p.196): para fortalecer os laços emocionais com os bebês nessa idade, aconselho que os pais sejam um espelho para criança. Isto é, que espelhem para elas sentimentos que ela está expressando. As crianças, entre nove e doze meses, começam a entender que as emoções podem ser partilhadas. Esse fato fortalece os laços emocionais que vão se formando entre pais e filhos. Este novo sentimento possibilita um diálogo sobre sentimento, dando um salto para a preparação emocional (Gottman e Declaire,1997). A fase do andar vacilante (entre um e três anos) é a época em que a criança começa a explorar sua autonomia e se torna mais autoritária e teimosa, também começa a se interessar por outras crianças, como relata Gottman e Declaire(1997,p.200): De fato, desde cedo ela parece identificar com precisão as pessoas mais parecidas com ela. Episódios que acontecem nessa fase, como a briga por um brinquedo, são oportunidades para treinar a emoção (Gottman e Declaire,1997). É na segunda infância (entre quatro e sete anos) que o faz de conta é tão popular. Nas brincadeiras, a criança intercala conversas de sua imaginação com situações da vida real, elas sentem tamanha segurança que quando brincam com os pais, podem deixar vir á tona assuntos delicados. Nessa fase a criança precisa aprender a regular as emoções, pois é quando começa a compreender as tragédias, aprende a lidar com os amigos, mas percebe que às vezes nos irritam e nos magoam. Citando Gottman e Declaire(1997,p.202): Como a amizade proporciona um terreno fértil para o desenvolvimento emocional da criança pequena, aconselho os pais a estimular e assegurara convivência de seu filho com um amiguinho. Agora sabemos que ate mesmo uma criança bem jovem pode formar laços fortes e duradouros com outras. E agora sabemos que estas relações devem ser levadas a sério e respeitadas pelos pais. A influência social começa a fazer parte da vida da criança na terceira infância (entre oito e dez anos), quando quer a todo custo evitar constrangimentos e, começa a reconhecer na escola quem são os mais populares e faz exigência sobre seu estilo de vestir. Para crianças desta idade, a melhor maneira de lidar com implicâncias, em especial dos colegas, é não

5 demonstrar qualquer emoção. Por muitas vezes os pais acham que a melhor maneira dos filhos resolverem os conflitos com os colegas é conversando e expondo seus sentimentos, mas para as crianças desta fase isso pode ser um desastre, pois na maioria das vezes acriança que mostra seus sentimentos não é bem vista. Gottman e Declaire(1997,p.212) relata: A criança com preparo emocional deve ter desenvolvido a sensibilidade para perceber isso. Ela será capaz de interpretar as insinuações dos colegas e agir de modo apropriado. É quando a criança percebe seu intelecto e seu raciocínio lógico começa a se desenvolver, também começa a emergir seu senso de valores e ela se preocupa com o que é moral e justo e zomba e ridiculariza os adultos. Gottman e Declaire(1997,p.212): Quanto à troça que a criança faz das convenções dos adultos, aconselho os pais a não levarem as críticas dos filhos para o lado pessoal. Arrogância, sarcasmo e desprezo pelos valores dos adultos são atitudes normais na terceira infância. Mas se você realmente sentir que seu filho o tratou de forma rude, explicite isso a ele (acho uma falta de respeito comigo você caçoar do meu penteado). Repito, essa é uma maneira de transmitir á família valores como bondade e respeito mútuo. As questões de identidade, a perda do interesse pela família e o relacionamento dos amigos como prioridade, aparecem na adolescência. É nessa fase que os hormônios causam mudanças no humor e as forças do ambiente social têm forte influência sobre o jovem. Nessa fase de transição é difícil para o adolescente encontrar seu caminho e com os pais acontece o mesmo dilema, um dos principais desafios para os pais é saber até que ponto se envolver na vida do filho. É importante que os pais mostrem respeito pelo adolescente, pois apesar de serem pais (relações complexas), estes devem tratar seus filhos com o mesmo respeito que tem por seus amigos (Gottman e Declaire, 1997). É importante estimular a independência e permitir que algumas vezes o adolescente tome decisões sozinhas mesmo que estas sejam insensatas, isso faz com que ele aprenda com seus erros e possa recorrer ao adulto que se interessa por ele e o apóia, ajudando a lidar com suas frustrações e despertando uma maneira de pensar em fazer as coisas mais bem feitas no futuro. Destacando Gottman e Declaire (1997, p.217) em conselho para os pais: Portanto fique atento ao que está acontecendo na vida de seu filho. Aceite e legitime suas experiências emocionais. Quando surgir um problema, escute com empatia e sem críticas. E seja seu aliado quando ele vier lhe pedir ajuda. Embora sejam simples esses passos, hoje sabemos que formam a base de uma vida de apoio emocional entre pais e filhos.

6 DISCUSSÃO Uma das grandes preocupações dos pais hoje em dia, é educar seus filhos emocionalmente, ou seja, prepará-los para enfrentar os desafios impostos pela vida com inteligência. Ensiná-los, como reagir nas diversas idades que podem ocorrer. Ao falarmos de educação, com base em autores influenciados por Goleman (1995), Armstrong (2001) fala da importância de educar as emoções e fazer com que os alunos tornen-se aptos a lidar com frustrações, negociar com outros, reconhecer as próprias angústias e medos. Goleman (1995) chega a falar em "alfabetização emocional", que é a educação voltada para o sentimento, onde o aluno aprende a conviver e melhorar seu comportamento diante das dificuldades. Um trabalho dirigido nessa área irá fortalecer os alunos, deixando-os mais equilibrados e capazes para enfrentar o mundo moderno em que vivemos. Ensinar os alunos a reconhecer suas emoções, saber categorizá-las e comunicá-las, fazendo-se entender, ajuda-os a serem os responsáveis por suas próprias necessidades emocionais. Podemos dizer que faz parte da educação emocional o desenvolvimento da empatia, capacidade de reconhecer corretamente as emoções do outro e de compreender seus sentimentos e perspectivas, respeitando as diferenças com que as pessoas encaram as coisas, permitindo o convívio harmônico com o outro. A educação emocional feita na escola tem uma finalidade profilática, preventiva: proporcionando que o educando adquira atitudes e habilidades que permitam a identificação e o controle de suas emoções e a prática da empatia. Os resultados de diversos projetos implantados no período de 1990 a 1995 em diferentes cidades americanas, apresentam resultados significantes, conforme nos mostra Goleman, (1996; p. 329 a 324): melhora do controle dos impulsos e mais autocontrole; mais responsabilidade; melhor relacionamento social; mais envolvimento com os colegas; mais aptidões para lidar com problemas inter-pessoais; melhor comportamento; melhores aptidões para solução de conflitos; menos delinqüência; melhor no enfrentar as ansiedades e redução de ansiedade e retraimento; maior sensibilidade aos sentimentos dos outros e mais compreensão dos outros; maior auto-estima; melhor aptidão para aprender a aprender e para resolver problemas; mais autocontrole, consciência social e tomadas de decisões dentro e fora da sala de aula; mais positiva ligação com a família e a escola; mais positiva atmosfera na sala de aula; redução de comunicação de tristeza e depressão.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao refletirmos sobre tudo que foi abordado neste artigo, podemos observar que as famílias são as primeiras e principais núcleos de influência sobre o desenvolvimento neuropsíquico do indivíduo, e a escola serve de instrumento fundamentando o processo evolutivo da criança. Para que isto ocorra, entendemos que há a necessidade da implantação de projetos nas escolas envolvendo saberes que contemplem a educação emocional e, portanto estarem atentas as condições que favoreçam esta aprendizagem. BIBLIOGRAFIA

8 ARMSTRONG, T. Inteligências múltiplas na sala de aula. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001. 192p. GARDNER, Howard. Estruturas da mente: A teoria das Inteligências Múltiplas, 1994. Ed. Artes Médicas. GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: A teoria na prática, 1995. Ed. Artes Médicas GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional, 1995. Ed. Objetiva Ltda. GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional, Ed. Ática, 1996. GOLEMAN, Daniel. Entrevista. Disponível por WWW em http://www.abrae.com.br, 1999, consultado em dezembro de 2009. GOTTMAN, John e DECLAIRE, Joan. Inteligência emocional e a arte de educar nossos filhos, 1997. Ed. Objetiva Ltda. SALOVEY E MAYER, Emotional Intelligence, apud Goleman, 1995, p.55. SALOVEY E MAYER. Disponível por WWW em http://pt.wikipedia.org/wiki/inteligência_emocional, consultado em 23 de novembro de 2009. SANTOS, Jair de Oliveira. Educação Emocional na Escola, 2ª Edição, 2000.