Provável finalização do ajuste externo A semana do dia 21 a 28 de outubro não apontou alterações significativas no que tange aos indicadores das expectativas inflacionárias. A taxa do swap DI prefixado em 360 dias permaneceu em 12,45% a.a.. Dessa forma, a taxa real de juros ex-ante manteve-se em nível mais elevado do que o vigente no período imediatamente anterior à última reunião do Copom. Do lado real da economia, o processo de contração do mercado de trabalho segue em ritmo intenso, com a taxa de desemprego alcançando 11,8%. Com relação à política fiscal, a arrecadação mantém a tendência cadente impactada pela contração econômica e o déficit primário se eleva. Em uma eventual estabilização da atividade e com o efeito da recente valorização da taxa de câmbio na balança comercial, é provável que seja finalizado o ajuste das contas externas. Por último, a entrada de dólares advindos do programa de regularização de ativos no exterior, conforme a Lei 13.254, terá efeito positivo no saldo da conta financeira e no resultado fiscal. No ambiente externo, a cotação do petróleo teve queda com o impasse gerado dentro da Opep. Ademais, a aversão ao risco aumentou com crescimento acima do esperado do PIB no terceiro trimestre e a incerteza política nos EUA. Expectativas de inflação IPCA Próximos 12 meses 7,3% 6,8% 6,3% 5,8% 5,3% 4,8% Fonte: Focus BC 4,95% Fonte: Focus BC Projeções IPCA % Mediana-agregado 28/10/16 Há 1 semana Há 4 semanas Out 0,30 0,30 0,40 Nov 0,39 0,40 0,45 2016 6,88 6,89 7,23 2017 5,00 5,00 5,07 Inflação Implícita Em 12 meses 10% 9% 8% 7% 6% 5% Fonte: Anbima 5,64% As projeções inflacionárias do boletim Focus apresentaram na semana uma relativa estabilidade, apesar da surpresa positiva do IGP-M de outubro. As medianas da variação do IPCA para outubro e o fechamento de 2017 ficaram estáveis em 0,30% e 5,0%, respectivamente. O mesmo ocorreu com a inflação esperada para os próximos 12 meses, que permaneceu em 4,95%. Já as expectativas para novembro e o ano de 2016 diminuíram em 0,01 p.p. para 0,39% e 6,88%, na ordem. Por outro lado, a inflação implícita na negociação de títulos públicos teve alta de 0,06 p.p. na semana, totalizando 5,64% a.a.. Comportamento Semanal de Mercado Página 01
Taxa de Juros Swaps DI pré - 360 Taxa Real de Juros Ex- ante a.a. a.a. 16% 10% 15% 9% 14% 8% 6% 12% 7,15% 7% 12,45% 13% Fonte: BM&FBovespa Fonte: BM&FBovespa Estrutura a Termo das Taxas de Juros a.a. 14,0% 13,5% 28/10/16 13,0% 21/10/16 12,5% 30/09/16 12,0% 11,5% 11,0% hoje 3 6 12 18 24 30 36 42 48 Meses Fonte: BM&FBovespa Embora tenha encerrado no mesmo patamar da abertura (12,45% a.a.), a taxa de juros do swap DI prefixado em 360 dias apresentou forte volatilidade na semana. Diante do comportamento semelhante da inflação esperada, a taxa real de juros ex-ante manteve-se estável em 7,15% a.a.. Com a sinalização de um maior gradualismo por parte do Banco Central, o mercado segue reajustando as suas projeções para o processo de flexibilização monetária. A estrutura a termo da taxa de juros se deslocou novamente para cima, com altas para os vértices de dois anos em 0,06 p.p. e o três em 0,13 p.p.. Comportamento Semanal de Mercado Página 02
Câmbio Real/US$ Volatilidade 4,5 21% 19% 4,0 17% 15% 13% 3,5 3,0 3,20 11% 9% 7% 5% 9,70% Fonte: Bloomberg Fonte: BM&FBovespa Índice Emergentes 70 68 66 68,24 Durante a semana, o dólar aproximou-se do patamar de R$ 3,10, mas encerrou com uma alta de 1,4% frente ao real, cotado a R$ 3,20. Com isso, a volatilidade apresentou uma leve elevação de 0,5 p.p., encerrando em 9,7%. A oscilação da cotação do dólar foi influenciada significativamente pelo fluxo de recursos provenientes do processo de regularização de ativos no exterior, conforme a Lei 13.254. Reagindo ao processo de valorização do real, o Banco Central anunciou que não iria rolar de US$ 3 bilhões em contratos de swaps que vencem no dia 01/11. O mercado de câmbio reagiu ainda ao crescimento acima do esperado do PIB norte-americano no terceiro trimestre e às eleições presidenciais. O índice que avalia as moedas emergentes mostrou desvalorização de 2,0% na semana, fechando em 68,24. Fonte: JP Morgan * Lira turca, Rublo russo, Rand sul-africano, Florim húngaro, Real, Peso mexicano, Peso chileno, Reminbi chinês, Rupia indiana e Dólar de Singapura. Comportamento Semanal de Mercado Página 03
Aversão ao Risco Credit Default Swap (CDS) Pontos-base EMBI Pontos-base 550 500 450 400 350 300 276,44 250 200 500 450 400 354 350 300 Fonte: Bloomberg Fonte: JP Morgan Petróleo Brent última cotação US$ 60 55 50 45 40 35 30 25 49,71 Com números indicando um maior dinamismo da economia dos EUA e juntamente com a maior proximidade da decisão da elevação da taxa de juros, houve na semana uma elevação da aversão ao risco. O prêmio do CDS brasileiro subiu 15 pontos para 276 pts. Já o índice que apura o spread de uma cesta de títulos de países emergentes (EMBI) avançou para 354 pts, uma alta de oito pts. Também pesou para essa deterioração a forte queda do preço do petróleo, com o barril tipo Brent se reduzindo em 4,0%, encerrando em US$ 49,71 e refletindo os impasses relacionados ao nível geral de produção da commodity que ocorreram no encontro da OPEP. 20 Fonte: Bloomberg Comportamento Semanal de Mercado Página 04
set/11 jan/12 mai/12 set/12 jan/13 mai/13 set/13 jan/14 mai/14 jan/15 mai/15 jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 Arrecadação Impostos + Previdência Em R$ bilhões 94,8 Fonte: Receita Federal Evolução acumulada em 12 meses Em termos reais 15% 10% 5% 0% Em setembro, a arrecadação de impostos e contribuições federais totalizou R$ 94,8 bilhões, acumulando R$ 911,3 bilhões no ano. Em termos reais, isso representa uma retração de 8,4% no total acumulado em 12 meses. No valor arrecadado em 2016, a queda real é da ordem de 7,5% ante o arrecadado no mesmo período do ano anterior. Assim, ainda não há sinal de reversão da trajetória cadente. Porém, a meta de déficit primário de R$ 163,9 bilhões para 2016 muito provavelmente será cumprida, principalmente pela receita a ser auferida com a regularização dos ativos brasileiros no exterior. -5% -10% -8,4% Fonte: Receita Federal Comportamento Semanal de Mercado Página 05
set/11 jan/12 mai/12 set/12 jan/13 mai/13 set/13 jan/14 mai/14 jan/15 mai/15 1T14 2T15 3T14 4T14 1T15 2T15 3T15 4T15 1T16 2T16 3T16 1T14/1T13 2T14/2T13 3T14/3T13 4T14/4T13 1T15/1T14 2T15/2T14 3T15/3T14 4T15/4T14 1T16/1T15 2T16/2T15 3T16/3T15 Emprego Taxa de Desocupação PNAD Contínua Força de Trabalho 11,8% 3% 2% 1,9% 1% 0% 0,8% -1% Fonte: IBGE Pessoas Fora da FT Fonte: IBGE Pessoas na FT Dif. admissão e demissão Em termos reais - MM6M (RS) -40-80 -120-160 -200-198,44 Os dados indicados pelo CAGED mostram que a deterioração do mercado de trabalho persiste. No 3T16, a taxa de desemprego apurada pela PNAD Contínua subiu para 11,8%, ante 8,9% no mesmo período de 2015. Essa elevação se deve pela forte redução no número de postos de trabalho (717.523 em 2016). A taxa de desemprego poderia ter sido ainda maior se computado o significativo aumento do contingente que desistiu de procurar emprego (desalento). O grupo de pessoas que está fora da força de trabalho passou a crescer em ritmo superior ao daqueles que ainda estão na busca por um emprego. Os dados também mostram que o rendimento real dos trabalhadores segue reduzindo, da mesma forma que a diferença entre os salários de admissão e demissão apurados. Fonte: CAGED Comportamento Semanal de Mercado Página 06
Mar/14 Jun/14 Set/14 Dez/14 Mar/15 Jun/15 Set/15 Dez/15 Mar/16 Jun/16 Set/16 Jan/15 Mar/15 Mai/15 Jul/15 Set/15 Nov/15 Jan/16 Mar/16 Mai/16 Jul/16 Set/16 Dívida Pública Federal Estoque Em R$ trilhões Vencimento 3,0 34% 29% 29% 25% 44% 48% 50% 56% 2,2 22% 23% 20% 19% Até 12 meses De 1 a 5 anos Acima de 5 anos Custo médio Acumulado em 12 meses 17% 16% 15% 14% 13% 12% 11% 10% 9% 8% 14,7% 12,7% Em setembro, o estoque da dívida pública federal ficou em R$ 3,0 trilhões o que representa uma alta de 3,1% na margem e de 11,4% em relação ao mesmo período de 2015. Com relação ao perfil da dívida, nota-se uma ligeira diminuição no estoque dos títulos com vencimento no curto prazo e acima de cinco anos, com crescimento nos vencimentos entre um e cinco anos. Em 12 meses, observa-se uma diminuição da participação dos títulos prefixados e um aumento daqueles com taxa flutuante. Por último, cabe destacar a trajetória ascendente do custo de emissão, na série com os valores acumulados em 12 meses. Desde abril desse ano, o avanço do custo de emissão da dívida pública mobiliaria federal interna supera o do estoque. Emissão DPMFi Estoque DPF Comportamento Semanal de Mercado Página 07
mar/11 set/11 mar/12 set/12 mar/13 set/13 mar/14 mar/15 mar/12 set/12 mar/13 set/13 mar/14 mar/15 mar/12 set/12 mar/13 set/13 mar/14 mar/15 Resultado Fiscal Resultado Primário Evolução anual Primário Governo Central (%) PIB 20% 18% 16% 14% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0% Receita Despesa 16,9% 0,9% 3% 2% 1% 0% -1% -2% -3% -4% -3,1% Despesa com previdência (%) PIB 8,5% 8,0% 7,5% 7,0% 6,5% 8,2% Deficitário desde novembro de 2014, o resultado primário do governo central fechou o terceiro trimestre de 2016 com déficit de 3,1% do PIB deterioração de 1,2 p.p. no ano. As despesas crescem a um ritmo de 16,9% a.a., enquanto que a receita expande-se em apenas 0,9% a.a.. As receitas seguem impactadas pela contração da economia doméstica e a consequente queda na arrecadação. Os gastos com benefícios previdenciários se mantém como o principal item da despesa, correspondendo a 8,2% do PIB. Tal rubrica apresenta forte tendência de alta desde o 3T15 um crescimento acumulado de 1,1 p.p no período. 6,0% *São elaborados através de amostras de CPFs e de CNPJs consultados mensalmente na base de dados da Serasa Experian, especificamente nas transações que configuram alguma relação creditícia. Comportamento Semanal de Mercado Página 08
jan-15 mar-15 mai-15 jul-15 set-15 nov-15 jan-16 mar-16 mai-16 jul-16 set-16 mar/14 jun/14 dez/14 mar/15 jun/15 Setor Externo Saldo em transações correntes Acumulado em 12 meses - US$ bi -23 Fonte: BCB Conta Financeira Fluxo de divisas Em US$ bilhões Fonte: BCB -6,3 O movimento de ajuste das contas externas persistiu em setembro. O déficit em transações correntes acumulado em 12 meses fechou em US$ 23 bilhões, o que equivale a 1,31% do PIB, ante 1,46% em agosto. No ano, o déficit atingiu US$ 13,6 bilhões, montante 72,4% menor que o registrado para o mesmo período de 2015. Parte mais significativa desse movimento advém da forte queda das importações (-9,3% em um ano), muito afetadas pela baixa atividade econômica. Contudo, a recente valorização do real pode impactar negativamente o fluxo das exportações, diminuindo o ritmo do ajuste. O volume do influxo de divisas está muito abaixo do observado em 2015, acumulando até setembro US$ -48,7 bilhões ante US$ -6,2 bilhões no mesmo período do ano anterior. A expectativa é a de que os recursos provenientes da repatriação de recursos influenciem para um resultado positivo no mês de outubro, beneficiando a conta financeira. Comportamento Semanal de Mercado Página 09
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