Como ser uma organização mais sustentável Quando falamos em organização mais sustentável, certamente temos em mente a implementação da filosofia e das práticas sustentáveis em todo o âmbito da organização. Neste sentido, buscando-se a real implementação e efetividade do que se objetiva, é essencial que o projeto tenha não somente o conhecimento da alta direção, mas sim, seu apoio. Tal apoio deve se manifestar de forma que a alta direção acredite na ideia. A visão e a missão da empresa representam a identidade da organização. A visão deve expressar as metas da entidade, buscando apresentar uma visão generalizada de como ela se vê em determinado prazo futuro, expressando também valores, culturas e estratégias para se atingir tal objetivo. A missão de uma organização dever definida para satisfazer alguma necessidade do ambiente externo e não simplesmente em oferecer um serviço ou produto. Portanto para definir a missão de uma organização algumas perguntas devem ser respondidas como: Qual o nosso negocio? Quem é o nosso cliente? Que satisfação ele quer ao comprar nosso produto? Já Porto (2008), define que a missão representa a razão de existência de uma organização. Para isso a missão deve abranger o propósito básico da organização e a transmitir seus valores a funcionários, clientes, fornecedores e a sociedade. Jesus (2008) ainda completa, que a missão de uma empresa está intimamente ligada não somente ao lucro, mas ao seu objetivo social. Toda missão dever nortear os objetivos financeiros, humanos e sociais da organização. A visão de uma organização dever ser a situação futura desejada a longo prazo, dever ser uma meta ambiciosa, e servir como um guia para a definição dos objetivos e a realização da missão. Para Zacharias (2008), simplesmente descreve que visão é o sonho da organização, é o
futuro do negocio e onde a organização espera estar nesse futuro. Para Jesus (2008), a visão dever ser um conjunto de convicções e compreensões para onde dever seguir a organização, e como serão tratados os recursos materiais e humanos nessa trajetória. É a visão que determina os objetivos de investimento, desenvolvimento, trabalho, estratégias para alcançar o sucesso da organização. Para Andrade (2002), antes de definir a missão da empresa é necessário analisar as necessidades dos consumidores, seus desejos, e os produtos que serão oferecidos para satisfazer essas necessidades. A missão dever estar orientada para o exterior da organização, nas necessidades da sociedade e dos seus indivíduos. Andrade (2008) ainda conclui que a missão dever ser voltada para um futuro a longo prazo, dever ter credibilidade, e todos os que trabalham na organização devem conhecê-la, compreendela, vivê-la e sentir-se atraídos e comprometidos com seus objetivos. A missão dever ser simples, clara e direta, não podem de forma alguma confundir o individuo e causar-lhe duvidas. Para Porto (2008), visão deve estar alinhada como os valores centrais da organização. Ou seja, são os princípios essenciais e duradouros da organização. A organização precisa voltar seus olhos para dentro da própria organização para definir a visão, portanto um observador externo não pode considerar como certo ou errado a visão desta organização. A visão tem que ser inspiradora e impulsionadora, ela dever gerar uma energia positiva para seus colaboradores. Visões com foco financeiros não costumam trazer estimulo e criatividade para a organização, o mesmo vale para a liderança e participações de mercados onde a organização atua. A visão será bem definida quando a resposta, o que queremos criar? for respondida. Para Porto (2008), qualquer organização seja publica ou privada, seja grande ou pequena, necessita compreender sua missão no mercado e a partir disso estabelecer sua visão para dentro de seus padrões. È importantíssimo respeitar suas características, pois assim poderá encontrar soluções que ajudam a desenvolver e reforçar a sua qualidade organizacional e de seus produtos. Os produtos e serviços são os caminhos pelo qual a organização leva para a sociedade a sua missão e a visão orienta o processo de criação deste caminho, estimulando o rompimento com a situação
atual e o estado futuro desejado. Porto (2008) ainda define que é de fundamental importância monitorar e compreender as necessidades de mudanças comportamental da sociedade. Da mesma forma é necessário que a missão seja respeitada e que a pressão emocional pertinente às visões desafiadoras seja suportada. De acordo com o site Vale (2008), a missão da empresa é representada da seguinte forma. Transformar recursos minerais em riqueza e desenvolvimento sustentável. Podemos ver que em momento algum a empresa coloca em sua missão os produtos que produz como ferro, alumínio, bauxita e outros, mas sim a razão da existência da empresa Vale, que é a mineração. Ela também não coloca em sua missão que obter lucro é seu principal objetivo, mas que seu principal papel é transformar em riqueza os seus produtos, para um desenvolvimento continuo e sustentável da organização. O mesmo site ainda coloca a visão da empresa, Ser a maior empresa de mineração do mundo e superar os padrões consagrados de excelência em pesquisa, desenvolvimento, implantação de projetos e operação de seus negócios. Por se tratar de uma empresa multinacional, a Vale necessita de uma visão globalizada, por isso ser a maior mineradora do mundo pode ser um objetivo tangível. Mas simplesmente ser a maior do mundo não é o bastante. Com a concorrência de grandes outras empresas, a Vale precisa investir em novos projetos e desenvolvimento de novas pesquisas, para não se tornar ultrapassada, perante suas concorrentes. A Vale deixa isso bem claro para seu colaboradores e acionistas pois nos últimos anos vem investindo maciçamente em aquisições e desenvolvimento de novas técnicas e modernização de equipamento. Empresas que possuam visão compatíveis com aspectos sustentáveis tendem a valorizar as práticas sustentáveis de forma alinhada com as ações e projetos da organização. Para elaborar a visão e a missão da organização, muitos executivos buscam inspiração nos seguintes documentos:
Pacto Global: O Pacto Global nasceu de uma iniciativa do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, durante o Fórum Econômico Mundial de 1999, para que o mundo empresarial se unisse com o objetivo de dar uma face humana à globalização. Sua meta é bastante ambiciosa......tornar a economia mundial mais sustentável e possibilitar a inclusão social. Hoje já são mais de 5.200 organizações signatárias articuladas por 150 redes ao redor do mundo. The Natural Step Trata-se de um manifesto lançado, em 1989, como resultado de uma mobilização liderada pelo sueco Karl-Henrik Robèrt. Em uma época de discussões ambientais muito fragmentadas, Robèrt chegou à conclusão de que o ideal seria mobilizar a comunidade científica para que ela expusesse fatos concretos em um documento compacto e de linguagem acessível para sensibilizar a população. Esse manifesto identifica quatro condições que não podem ser quebradas se quisermos manter a sustentabilidade do planeta Terra. Carta da Terra A Carta da Terra foi idealizada pela ONU e ganhou força na Rio-92. O documento ficou pronto no ano 2000, foi traduzido para 40 idiomas e, atualmente, é apoiado por 4,6 mil organizações ao redor do mundo, inclusive no Brasil. A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica. Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar da humanidade.
Implantando o conceito de sustentabilidade É muito importante, inicialmente, identificar e eleger um líder interno responsável pela implementação. Assim, este líder deve manter os principais dirigentes da empresa informados sobre o andamento e os processos do projeto e também interagir de forma descentralizada com os diversos setores e responsáveis das inúmeras áreas que compõem a empresa para que se garanta uma abordagem multidisciplinar. Pode-se também haver a criação de um comitê, em substituição à figura singular do líder, para a implementação do projeto. Assim, em prosseguimento, faz-se necessário identificar os principais pontos em que a iniciativa minimizará os principais riscos e contribuirá, ao mesmo tempo, para o sucesso do negócio. Faz-se necessário identificar as áreas de ação para que a empresa não invista em atividades secundárias. Assim, os impactos socioambientais da empresa dependem da natureza de sua atividade; de seu porte; das tecnologias utilizadas; do uso, ou não, de sistemas de gestão que minimizam esses impactos. Muitas questões de sustentabilidade são altamente específicas em relação aos diferentes setores. As empresas farmacêuticas, por exemplo, deparam-se com questões sociais e ambientais bem diferentes das enfrentadas por fabricantes de eletrodomésticos, alimentos, vestuário ou por
bancos. Além dos desafios comuns ao setor, também é preciso avaliar as operações da empresa, para conhecer melhor os impactos que elas podem estar gerando na sociedade. No Brasil, muitas empresas utilizam os Indicadores Ethos (www.ethos.com.br) com o objetivo de entender melhor a relação entre sustentabilidade e suas atividades. Essa ferramenta consiste em um questionário que auxilia a empresa a evidenciar as práticas que já possui e as áreas em que pode aperfeiçoar seus processos. O questionário não se limita às operações da empresa, avaliando relações com fornecedores, clientes e órgãos governamentais. Os Indicadores Ethos podem ser aplicados em empresas de todos os portes e possuem questões de autoavaliação. Os resultados podem ser enviados ao Ethos, que gera, gratuitamente, um relatório com o desempenho da empresa respondente, comparando seus resultados com os das demais respondentes. Todo o processo é realizado de forma sigilosa. Assim, somente a empresa respondente conhece os resultados de seus indicadores.
Operações mais sustentáveis Antes de tudo, faz-se necessário o conhecimento de dois importantes termos: Ecoeficiência e produção mais limpa. A Ecoeficiência se propõe a produzir mais e melhor com menos insumos(matéria prima), gastos e impactos ao meio ambiente, por meio da ação e desenvolvimento de metas que agem diretamente em cada setor da empresa/organização. De maneira concisa, ecoeficiência significa adotar uma gestão capaz de gerar mais valor com menos impactos, desvinculando o uso dos insumos do desgaste da natureza. Para realizar esse ideal ambicioso, sugerem-se três focos de atuação... 1) reduzir o consumo de recursos, minimizando o uso de energia, de materiais, de água e de terra, ampliando a reciclabilidade e a durabilidade dos bens, controlando o ciclo de vida dos materiais e produtos fabricados, desde a extração da matériaprima até o descarte como resíduo; 2) reduzir o impacto sobre a natureza, diminuindo as emissões atmosféricas que geram poluição e mudanças climáticas como o aquecimento do planeta, assim como as descargas de água, de resíduos e de substâncias tóxicas, promovendo o uso de energia de fontes renováveis; 3) aumentar o valor agregado dos produtos e serviços, fornecendo benefícios aos
clientes, ampliando a flexibilidade dos produtos e oferecendo serviços de upgrade, troca e manutenção. Produção mais limpa PmaisL é eliminar a poluição durante o processo de produção, não no final. A razão para isso é simples além do impacto ambiental, todos os resíduos que a empresa gera custaram-lhe dinheiro, tanto na compra de matéria-prima quanto no uso de insumos, como água e energia. Uma vez gerados, os insumos continuam a consumir dinheiro sob a forma de gastos de tratamento e armazenamento; sob a forma de multas pela falta desses cuidados e pelos danos à imagem e à reputação da empresa. A aplicação da PmaisL torna as empresas mais competitivas, inovadoras e sustentáveis. Portanto, torna-se relevante aplicar essa metodologia nas operações das empresas. Neste sentido, buscando-se a ecoeficiência e a produção mais limpa, tem-se a questão da emissão de gases que causam o aquecimento global, como o carbono, por exemplo. Buscando-se amenizar e regulamentar tais emissões, foi assinado o Protocolo de Quioto. O Protocolo de Quioto constitui um tratado complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Criado em 1997, definiu metas de redução de emissões para os países desenvolvidos, responsáveis históricos pela mudança atual do clima. Os países desenvolvidos, ou Partes do Anexo I, se comprometeram a reduzir suas emissões totais de gases de efeito estufa a, no mínimo, 5% abaixo dos níveis de 1990, no período compreendido entre 2008 e 2012 - também chamado de primeiro período de compromisso. Cada Parte do Anexo I negociou a sua meta de redução ou limitação de emissões sob o Protocolo, em função da sua visão sobre a capacidade de atingi-la no período considerado. Para os Países não listados no Anexo I, chamados de Países do Não-Anexo I, incluindo o Brasil, foram estabelecidas medidas para que o crescimento necessário de suas emissões fosse limitado pela introdução de medidas apropriadas, contando, para isso, com recursos financeiros e
acesso à tecnologia dos países industrializados. O Protocolo de Quioto prevê três mecanismos de flexibilização, com a intenção de ajudar os países Anexo I no alcance da meta de redução de emissões: Comércio de Emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Os dois primeiros se aplicam aos países do Anexo I da Convenção, ao passo que o último, o MDL, se aplica também aos países Não-Anexo I. O Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o atendimento às condições, que exigiam a ratificação por, no mínimo, 55% do total de países-membros da Convenção e que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total das emissões de 1990. O Brasil ratificou o documento em 23 de agosto de 2002, tendo sua aprovação interna se dado por meio do Decreto Legislativo nº 144 de 2002. Dentre os principais emissores de gases de efeito estufa, somente os EUA não ratificaram o Protocolo. No entanto, continuam tendo responsabilidades e obrigações definidas pela Convenção. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo De forma a auxiliar as Partes do Anexo I a cumprirem suas metas de redução ou limitação de emissões, o Protocolo de Quioto contemplou três mecanismos de flexibilização: Comércio de Emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Este último é o único a permitir a participação das Partes do não-anexo I (países em desenvolvimento). Por meio do MDL, um Estado Parte do Anexo I pode comprar reduções certificadas de emissões resultantes de atividades de projeto desenvolvidas em qualquer país em desenvolvimento que tenha ratificado o Protocolo, desde que o governo do país anfitrião concorde que a atividade de projeto é voluntária e contribui para o desenvolvimento sustentável nacional. Na perspectiva do funcionamento do mecanismo, o proponente deve elaborar, inicialmente, um documento de concepção do projeto, aplicando uma metodologia previamente aprovada pelo Comitê Executivo do MDL para definição de linha de base e monitoramento.
Após a elaboração do documento, o projeto precisa ser validado por uma Entidade Operacional Designada (EOD) e aprovado pela Autoridade Nacional Designada (AND), que, no Brasil, é a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (CIMGC). Uma vez aprovados e validados, os projetos são submetidos ao Conselho Executivo para registro. Inicia-se, então, o monitoramento e a verificação das reduções de emissões do gás de efeito estufa pertinente ao projeto, para, finalmente, serem emitidas as Remoções Certificadas de Emissões (RCEs). Resoluções da Comissão Interministerial sobre Mudança Global do Clima (CIMGC): Resolução 01/2003: estabelece os procedimentos para a aprovação das atividades de projeto no âmbito do MDL; Resolução 02/2005: altera a Resolução 01 e aprova os procedimentos para as atividades de projeto de florestamento e reflorestamento no âmbito do MDL; Resolução 03/2006: estabelece os procedimentos para a aprovação das atividades de projeto de pequena escala no âmbito do MDL; Resolução 04/2006: altera as Resoluções 01 e 03; Resolução 05/2007: revisa as definições das atividades de projeto de pequena escala no âmbito do MDL; Resolução 06/2007: altera a Resolução 02 em relação à versão do documento de concepção de projeto do Conselho Executivo do MDL; Resolução 07/2008: altera as Resoluções 01, 02, 03 e 04 desta mesma Comissão em relação aos convites de comentários enviados pelos proponentes do projeto aos agentes envolvidos, interessados e/ou afetados pelas atividades de projeto no âmbito do MDL;
Resolução 08/2008: adota, para fins de atividade de projeto de MDL, um único sistema como definição de sistema elétrico do projeto no Sistema Interligado Nacional; Resolução 09/2009: dispõe sobre o Programa de Atividades no âmbito do MDL.