Material Teórico - Módulo: Geometria Espacial 3 - Volumes e Áreas de Cilindros, Cones e Esferas. Cone. Terceiro Ano - Médio

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Transcrição:

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Uma taça, a ponta de um lápis, uma casquinha de sorvete, todos têm o formato de um sólido familiar, que chamamos de cone. Um feixe de luz que sai de uma lanterna, de um farol ou de um holofote, também tem formato cônico. Nesta aula, vamos estudar essa importante fiura eométrica. 1 Definição de cone Assim como na aula sobre cilindros, usaremos a palavra círculo para desinar uma curva plana formada por todos os pontos situados a uma distância dada de um ponto dado, e usaremos a palvra disco, para desinar a reião do plano delimitada por um círculo, incluíndo o próprio círculo. Mais precisamente, o círculo C de centro O e raio r > 0 é o conjunto formado por todos os pontos do plano que estão à distância r do ponto O, enquanto o disco D de centro O e raio r > 0 é o conjunto formado por todos os pontos do plano que estão a uma distância menor ou iual a r do ponto O. Os pontos que pertencem a um disco mas não pertencem ao círculo que o delimita formam o interior do disco. Assim, o interior do disco é formado pelos pontos cuja distância até o ponto O é estritamente menor que r. Feitas essas observações, passemos à definição de cone e de superfície cônica limitada. Seja V um ponto fora do plano α que contém o disco D (veja a fiura 1). Chamamos de cone circular de base D e vértice V o sólido formado por todos os pontos do espaço que pertencem a alum semento de reta AV, onde A é um ponto do disco D. Por outro lado, se C é o círculo que delimita D, então o conjunto dos pontos que pertencem a um semento AV, com A pertencente a C, é chamado superfície cônica circular limitada de base C e vértice V. Fiura 1: cone sólido de base D e vértice V. Nesta aula, consideraremos apenas cones circulares, razão pela qual usaremos o nome cone para indicar um cone sólido circular e superfície cônica para indicar uma superfície cônica circular. A distância h entre o vértice V do cone e o plano α que contém sua base D é chamada de altura do cone (veja novamente a fiura 1). Se A é um ponto pertencente ao círculo C da base do cone, então o semento AV é dito uma eratriz do cone. Na fiura 2 a eratriz AV aparece na cor verde. Note que, se o ponto A percorre o círculo C, então a eratriz AV pode, em eral, aumentar ou diminuir de tamanho. Como veremos mais adiante, isso só não ocorre se a reta V O for perpendicular ao plano que contém C. Fiura 2: uma seção paralela à base do cone é um disco. Para continuar nosso estudo, precisaremos da seuinte Afirmação 1. Se seccionarmos um cone por um plano β paralelo ao plano α que contém sua base, obteremos um disco. Para justificarmos a afirmação acima, consideremos a curva C de interseção do plano β com a superfície cônica. Se O é o centro da base do cone, sejam A a interseção da eratriz AV com C e O a interseção de OV com o plano β (fiura 2). Os pontos O e A estão no plano determinado por O, A e V. Como a reta determinada por O e A está contida no plano β, que é paralelo ao plano α que contém a base do cone, temos que O A é paralelo a OA. Consequentemente, os triânulos O A V e OAV são semelhantes, o que nos dá a iualdade O A OA = O V OV. Por outro lado, se B é outro ponto qualquer de C, então o mesmo arumento acima se aplica e nos dá onde B é a interseção de O B OB = O V OV, V B com α. http://matematica.obmep.or.br/ 1 matematica@obmep.or.br

Comparando as duas iualdades anteriores, obtemos que O B OB = O A OA. Então, como OB = OA (pois A, B C e C é um círculo), concluímos que O B = O A. Isso mostra que quaiquer dois pontos de C são equidistantes de O, ou seja, que C é um círculo de centro O. De posse da afirmação anterior, se a reta OV determinada pelo vértice V do cone e pelo centro O de sua base for perpendicular ao plano α que contém a base do cone, diremos que o cone é reto. Caso contrário, diremos que o cone é oblíquo. Cones retos têm propriedades interessantes. A primeira delas é que, conforme mencionamos anteriormente, todas as suas eratrizes têm um mesmo comprimento. Isso porque (veja a fiura ) cada eratriz é a hipotenusa de um triânulo retânulo cujos catetos têm comprimentos fixos: r (raio da base do cone) e h (altura do cone). Afirmação 2. Um cone é reto se, e somente se, todas as suas seções meridianas são conruentes a um mesmo triânulo isósceles. De fato, se o cone é reto, vimos em (1) que todas as suas eratrizes têm um mesmo comprimento ; portanto, uma seção meridiana será sempre um triânulo isósceles, com dois lados iuais a. Reciprocamente, suponha que a seção meridiana é sempre um triânulo isósceles. Se V AB é um desses triânulos, então os triânulos V AO e V BO são conruentes por LLL, de forma que V ÔA = V ÔB = 90. Então, V O AB para todo diâmetro AB da base do cone, de forma que V O é perpendicular ao plano que contém a base do cone (isto é, o cone é reto). Um caso particular importante de cone reto é aquele em que a seção meridiana é um triânulo equilátero. Nesta situação, dizemos que o cone é equilátero. Pela Afirmação 2, todo cone equilátero é necessariamente um cone reto. Além disso, se um cone é equilátero, então suas eratrizes têm medida iual à medida do diâmetro da base, ou seja, = 2r. (2) Para cones retos em eral, o ânulo de abertura é a medida θ do ânulo entre sua altura e uma de suas eratrizes (veja a fiura 4). Fiura : calculando as eratrizes de um cone reto. Assim, o Teorema de Pitáoras fornece a seuinte relação entre o comprimento r do raio da base, a altura h e o comprimento da eratriz de um cone reto: r 2 + h 2 = 2 (1) Outra propriedade importante de um cone (circular) reto e que ele pode ser obtido a partir da revolução de um triânulo retânulo em torno de um de seus catetos. Por exemplo, em relação ao cone reto da fiura, isso sinifica que ele pode ser obtido fazendo-se o triânulo AOV dar uma volta completa em torno do cateto OV. Evidentemente, a revolução desse mesmo triânulo em torno do cateto OA, isto é, o iro de 60 em torno desse outro cateto, erará outro cone. Para um cone eral (isto é, não necessariamente reto), sua interseção com um plano que contém o vértice e o centro da base é chamada uma seção meridiana do cone. Na fiura, o triânulo V AB é uma seção meridiana do cone reto em questão. Por sua vez, este conceito nos leva a outra afirmação importante acerca de cones retos. Fiura 4: ânulo de abertura de um cone reto. Uma vez que V ÔA = 90, vemos que o ânulo θ de abertura de um cone reto satisfaz 0 < θ < 90. Além disso, temos as seuintes relações, as quais seuem imediatamente do triânulo V OA da fiura acima: cos θ = h, sen θ = r e t θ = r h. Em particular, o cone reto é equilátero se, e somente se, sen θ = r 2r = 1 2, isto é, se, e somente se, θ = 0. http://matematica.obmep.or.br/ 2 matematica@obmep.or.br

Exemplo. Dois cones retos com mesmo raio da base e ânulo de abertura θ = 45 têm suas bases coladas uma na outra, conforme mostrado na fiura 5. Mostre que o sólido obtido dessa forma é exatamente o mesmo que se obtém quando se faz a revolução de um quadrado em torno de uma de suas diaonais. Fiura 6: planificando a superfície lateral de um cone. Fiura 5: revolução de um quadrado em torno de uma diaonal. Prova. No caso descrito, e sendo r o raio da base e h a altura do cone, temos r h = t 45 = 1. Então, h = r e seue de (1) que = r 2. Portanto, a união das seções meridianas dos dois cones por um mesmo plano (conforme mostrado na fiura 5) é um losano de diaonais iuais, loo, um quadrado. 2 Área da superfície de um cone reto Nesta seção, calcularemos a área da superfície de um cone reto. Essa área é a soma da área da base do cone com a área da superfície lateral (a superfície cônica correspondente ao cone sólido). A área da base do cone é a área de um círculo: πr 2, onde r é o raio da base do cone. Assim, a dificuldade aqui está em calcular a área lateral do cone. Como estamos considerando um cone reto, pelo que já vimos na seção anterior, as eratrizes desse cone têm todas um mesmo comprimento. Assim, se planificarmos suaa superfície lateral (cortando o cone ao lono de uma eratriz e, em seuida, abrindo-o pense nesse processo executado num chapéu de aniversário), obteremos um setor circular de raio e vértice V (veja a fiura 6 onde V não aparece nomeado, por simplicidade). Observe que o arco do setor tem comprimento 2πr porque ele é oriinado a partir do círculo de raio r que forma a base do cone, e 2πr é o comprimento de tal círculo. Então, calcular a área lateral A L do cone é o mesmo que calcular a área desse setor. Por sua vez, para fazêlo, precisamos descobrir seu ânulo de abertura γ (veja a fiura acima, à direita). Para isso, observamos que um ânulo de uma volta completa (2π radianos) corresponde ao comprimento inteiro do círculo de raio (2π), assim como o ânulo γ corresponde ao comprimento 2πr do arco do setor de abertura γ e raio. Assim, uma rera de três simples nos dá 2π 2π = γ 2πr, de sorte que γ = 2πr. Continuando, observamos aora que o ânulo uma volta completa (2π radianos) corresponde à área inteira do círculo de raio (π 2 ), enquanto o ânulo γ = 2πr corresponde à área lateral A L. Portanto, uma nova rera de três simples fornece ou seja, A L γ = π2 2π, A L = 2 2 γ = 2 2 2πr = πr. Concluímos que a área total A T da superfície de um cilindro reto com raio da base r e eratriz é iual à soma da área A B = πr 2 da base com a área lateral A L = πr: A T = πr(r + ). () Caso sejam conhecidos o raio r da base e a altura h de um cone reto, a relação (1) arante que a área total de sua superfície vale A T = πr(r + r 2 + h 2 ). Exemplo 4. Se θ é o ânulo de abertura de um cone reto e γ é o ânulo de abertura do setor obtido planificando-se sua superfície lateral, mostre que γ = 2π sen θ. http://matematica.obmep.or.br/ matematica@obmep.or.br

Prova. Nas notações da discussão anterior e observando novamente a fiura 4, temos γ = 2πr e r = sen θ. Então, γ = 2π r = 2π sen θ. ou seja, AB = 2 1 cos ( ) πr. (4) Como caso particular do exemplo anterior, vimos que o cone reto é equilátero se, e somente se, θ = 0, ou seja, se, e somente se, γ = 2πsen θ = π. Isso sinifica que o planificação da superfície lateral de um cone reto é um semicírculo se, e somente se, o cone é equilátero. Exemplo 5. Uma formia caminha ao lono de um cone (circular) reto com raio da base r e eratriz. Ela sai de um ponto A do círculo C da base do cone e vai até o ponto B, também no círculo da base mas diametralmente oposto a A. Ao fazê-lo, ela percorre um caminho sobre a superfície do cone que tem o menor comprimento possível. Calcule esse comprimento. Ainda em relação ao exemplo anterior, se o cone é πr equilátero, temos = 2r. Loo, = π 2 e AB = 2, uma vez que cos π 2 = 0. Volume do cone Nosso objetivo, nesta seção, é mostrar que o volume de um cone (circular) é iual a um terço da área de sua base multiplicada por sua altura. Essa é a mesma expressão do volume de uma pirâmide. Demonstraremos que vale essa iualdade usando o princípio da exaustão, que já foi usado em outras aulas (veja, por exemplo, a aula sobre cilindros). Seja K um cone circular, de vértice V e altura h, cuja base é um disco D de raio r > 0. Para cada natural n, sejam q n e Q n políonos reulares de n lados, sendo que q n está inscrito em D e Q n está circunscrito a D. Fiura 7: o caminho mínimo sobre a superfície do cone e liando A e B, e sua planificação. Solução. Para que o caminho tenha comprimento mínimo, o caminho correspondente na planificação do cone (em vermelho, na fiura 7) também deve ter comprimento mínimo. Isso sinifica que, na planificação (e como mostrado na fiura), esse caminho deve ser um semento de reta. Queremos, assim, calcular AB (na fiura 7, à direita), o que pode ser feito usando-se a lei dos cossenos no triânulo ABV. Para tal, observamos que, como AB é um diâmetro da base antes da planificação, após a planificação temos A V B = γ 2. Portanto, AB 2 = AV 2 + BV 2 2 AV BV cos A V B = 2 + 2 2 cos γ 2. Mas, como γ = 2πr necessário), temos que γ 2 = πr (reveja a discussão que levou a (), se e, daí, AB 2 = 2 2 2 2 cos ( ) πr, Fiura 8: políonos q n e Q n, respectivamente inscrito e circunscrito à base do cone. Consideremos duas pirâmides p n e P n, ambas de vértice V e cujas bases são, respectivamente, os políonos q n e Q n. Então, p n e P n têm altura h, de sorte que seus volumes são dados por vol(p n ) = h area(q n) e vol(p n ) = h area(q n). Por outro lado, por construção, temos p n K P n. Daí, vol(p n ) < vol(k) < vol(p n ), (5) para cada n. http://matematica.obmep.or.br/ 4 matematica@obmep.or.br

Aora, uma vez que q n D Q n, temos uma desiualdade similar para as áreas de q n, D e Q n : area(q n ) < area(d) < area(q n ). Multiplicando as desiualdades acima por h/, obtemos h area(q n) < h area(d) < h area(q n), ou seja, para cada natural n, vol(p n ) < h area(d) < vol(p n). (6) Neste ponto, vamos assumir a validade do seuinte fato eométrico, intuitivamente plausível: é possível considerar n suficientemente rande de modo que os volumes de p n e P n estejam arbitrariamente próximos. De outro modo, para cada erro ε > 0, existe um número natural n, suficientemente rande, tal que vol(p n ) vol(p n ) < ε. Por outro lado, das desiualdades (5) e (6) seue que, para cada n, vol(k) h area(d) < vol(p n) vol(p n ). (7) Se vol(k) fosse diferente de h area(d), poderíamos tomar o erro ε como sendo ε = vol(k) h area(d) > 0. Então, para um natural n suficientemente rande, teríamos vol(p n ) vol(p n ) < ε = vol(k) h area(d). (8) Uma vez que a desiualdade (8) contradiz a desiualdade (7), concluímos que vol(k) não pode ser diferente de area(d). Assim, h Dicas para o Professor Três encontros de 50 minutos cada são suficientes para cobrir o material desta aula. Os exemplos exibidos podem ser explorados em casos particulares. Você pode atribuir valores para raio, altura ou eratriz de um cone reto, ou ainda para o ânulo de abertura do cone, para obter exemplos com resultados numéricos. Mais uma vez, você terá a oportunidade de usar o princípio da exaustão para demonstrar a validade da fórmula que dá o volume de um sólido. Tal princípio, cuja criação é atribuída ao matemático reo Eudoxo de Cnido, um contemporâneo de Platão e Aristóteles, foi intensamente usado por Arquimedes de Siracusa na resolução de problemas envolvendo o cálculo de volumes de sólidos. O raciocínio que exibimos aqui para demonstrar que o volume de um cone é um terço da área da base multiplicada pela sua altura, é essencialmente o mesmo de Arquimedes. Uma outra alternativa para a demonstração desse resultado é o uso do princípio de Cavalieri. As referências a seuir contêm vários exercícios sobre cones, com diferentes raus de dificuldade. Suestões de Leitura Complementar 1. A. Caminha. Geometria, Coleção Profmat, Editora S.B.M., Rio de Janeiro, 201. 2. E. L. Lima et al. A Matemática do Ensino Médio, vol.2. Coleção do Professor de Matemática, Editora S.B.M., Rio de Janeiro, 1998.. O. Dolce, J. N. Pompeo. Fundamentos de Matemática Elementar, vol. 10, sétima edição, São Paulo, 201. vol(k) = h area(d). (9) Exemplo 6. Calcule o volume de um cone reto equilátero, cujo raio da base mede r. Solução. Sendo e h os comprimentos da eratriz e da altura do cone, sabemos que = 2r e, por (1), que h = 2 r 2 = 4r 2 r 2 = r. Portanto, (9) nos dá vol = h area(d) = r πr2 = πr. http://matematica.obmep.or.br/ 5 matematica@obmep.or.br