III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Zootecnia

Documentos relacionados
III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Zootecnia

III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Zootecnia

III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Zootecnia

RELATÓRIO DE PESQUISA - 47

RELATÓRIO DE PESQUISA - 44

RELATÓRIO DE PESQUISA - 42

RELATÓRIO DE PESQUISA - 48

RELATÓRIO DE PESQUISA - 49

RELATÓRIO DE PESQUISA - 35

Níveis de vitamina E em dietas para suínos dos 85 aos 120 kg suplementadas com ractopamina no desempenho e nas características de carcaça

RELATÓRIO DE PESQUISA - 30

Programas de Alimentação Frangos de Corte

Exigências nutricionais e manejo de alimentação dos animais Genetiporc

DIFERENTES NÍVEIS DE SUBSTITUIÇÃO DO MILHO POR TORTA DE COCO BABAÇU EM RAÇÕES DE FRANGOS LABEL ROUGE DE 1 A 28 DIAS DE IDADE

Alimentação do Frango Colonial

RELATÓRIO DE PESQUISA - 32

Mike Tokach and Márcio Gonçalves Kansas State University. Agradecimento especial: Carine Vier (UFRGS)

SORGO - UMA BOA ALTERNATIVA PARA REDUÇÃO DOS CUSTOS DE ALIMENTAÇÃO

RELATÓRIO DE PESQUISA - 31

Curva de crescimento e consumo alimentar em suínos em crescimento e terminação. Estratégia para atingir a melhor conversão alimentar

EFEITO DE DIFERENTES NÍVEIS DE BALANÇO ELETROLÍTICO E PROTEÍNA SOBRE AS AMINOTRANSFERASES HEPÁTICAS EM FRANGOS DE CORTE AOS SETE DIAS DE IDADE

Modelo de crescimento do Nutrient Requirements of Swine Sistematização e modelagem em produção de não ruminantes Parte 5

Níveis de lisina digestível em rações para poedeiras semi-pesadas no período de 28 a 44 semanas e seus efeitos sobre o desempenho 1.

ÁCIDO FUMÁRICO NA ALIMENTAÇÃO DE LEITÕES PÓS-DESMAME E EM CRECHE: ESTUDO META-ANALÍTICO

DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE FÊMEAS RECEBENDO DIETAS COM NÍVEIS DE VALINA

PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO COM 5 FASES PARA FRANGOS DE CORTE

Resposta a diferentes níveis de suplementação de CreAMINO nas fases pré-inicial e inicial sobre o desempenho de leitões.

Artigo Número 10 DETERMINAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS DE AMINOÁCIDOS SULFURADOS PARA SUÍNOS NA FASE DE TERMINAÇÃO. Introdução

29/03/2012. Métodos para determinar exigências nutricionais de aminoácidos e de energia para monogástricos. Dr. Luciano Hauschild

... Palavras-chave: ALT, AST, Avicultura, Enzimas, Nutrição Animal, Rim

Palavras-chave: ALT, AST, Avicultura, Enzimas, Nutrição Animal, Rim

Comunicado 508 Técnico

RELATÓRIO DE PESQUISA - 33

DESEMPENHO DE SUÍNOS MACHOS CASTRADOS E FÊMEAS DURANTE A FASE DE CRESCIMENTO

RELATÓRIO DE PESQUISA - 36

Helena M. F. da SILVA 1 ; Fábio R. ALMEIDA 1 ; Marcos L. DIAS 1 ; Gustavo F. RODRIGUES 1 ; Letícia G. M. AMARAL 2 ; Níkolas O.

DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO ÓLEO DE SOJA. Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil

Nutritime. Uso do concentrado protéico de arroz na dieta de suínos, aves e peixes (salmão e truta).

Suplemento: Desempenho e Nutrição para frangos de corte

DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA DE SUÍNOS EM TERMINAÇÃO SUPLEMENTADOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE RACTOPAMINA NA DIETA

RELATÓRIO DE PESQUISA - 37

Formulação de rações Programação Linear X Estocástica

AMÉRICA LATINA MATRIZES ROSS 308 AP (AP95) Especificações Nutricionais. An Aviagen Brand

AMÉRICA LATINA ROSS 308 AP (AP95) Especificações Nutricionais FRANGOS. An Aviagen Brand

Comunicado Técnico. Foto: Paulo Kurtz

RELATÓRIO DE PESQUISA - 41

Níveis de lisina digestível em rações para poedeiras semipesadas no período de 47 a 62 semanas de idade e seus efeitos sobre o desempenho produtivo.

VALIDAÇÃO DE UMA EQUAÇÃO PARA PREDIÇÃO DO VALOR ENERGÉTICO DO MILHO COM DIFERENTES GRAUS DE MOAGEM E MÉTODOS DE FORMULAÇÃO DAS DIETAS

Página 2 de 10 Valor estimado: R$ ,5000 para: SOLUTION AGRONEGOCIOS LTDA - ME - ME, pelo melhor lance de R$ ,0000. Itens do grupo: 12 - R

Suplemento de nutrição e desempenho do frangos de corte

Substituição do farelo de soja pela torta de babaçu em rações balanceadas para frangos de corte na fase de 22 a 42 dias de idade

TEORES SÉRICOS ENZIMÁTICOS E MINERAIS DE FRANGOS DE CORTE AOS 21 DIAS DE IDADE COM DIFERENTES NÍVEIS DE BALANÇO ELETROLÍTICO E PROTEÍCO

USO DE MICROALGA NA ALIMENTAÇÃO DE CODORNAS JAPONESAS MELHORA A QUALIDADE DOS OVOS

RELATÓRIO DE PESQUISA - 04

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO PRODUTIVO DE TOURINHOS NELORE, ALIMENTADOS COM FARINHA AMILÁCEA DE BABAÇU, NA REGIÃO NORTE DO BRASIL

Exigência de proteína bruta para codornas européias no período de crescimento

RAÇÃO ALGOMIX SUÍNOS PRÉ-INICIAL

RELATÓRIO SOBRE DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE CRIADOS POR ACADÊMICOS DO CURSO DE ZOOTECNIA DURANTE O 1º SEMESTRE LETIVO DE 2004

Uso de diferentes recomendações nutricionais na formulação de rações práticas para suínos em crescimento e terminação

Níveis de lisina digestível em rações para poedeiras semi-pesadas e seus efeitos sobre a qualidade externa dos ovos 1.

Alimentos Alternativos disponíveis no Nordeste para Alimentação de Aves Tipo Caipira

Inclusão de ractopamina na dieta de suíno na fase de terminação

TABELA DE DRAWBACK PARA OVOS DE GALINHA

TABELA DE DRAWBACK PARA OVOS DE GALINHA

Substituição do milho pela farinha do mesocarpo de babaçu em rações balanceadas para frangos de corte de um a 21 dias de idade

DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE VENDA DO DDGS PARA A SUINOCULTURA

DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM QUIRERA DE ARROZ

Princípios da Nutrição de Frangos de Corte

Características da carcaça e da carne de tourinhos terminados em confinamento com dietas contendo grão de milheto e inclusão de glicerina bruta

Alimentação e nutrição de aves de produção

Níveis de lisina digestível em rações para poedeiras semi-pesadas e seus efeitos sobre a qualidade interna dos ovos 1.

Produção de Ração Matérias-primas

Biodisponibilidade de fósforo em fosfatos determinados em rações para suínos de alto potencial genético para deposição de carne, dos 15 aos 30 kg

ATUALIZAÇÃO DOS VALORES DE BALANÇO ELETROLÍTICO TOTAL PARA FRANGOS DE CORTE DOS 28 AOS 34 DIAS DE IDADE

CURVA DE CRESCIMENTO DA LINHAGEM DE FRANGO DE CORTE CARIJÓ

TEORES SÉRICOS ENZIMÁTICOS E MINERAIS DE FRANGOS DE CORTE AOS SETE DIAS DE IDADE COM DIFERENTES NÍVEIS DE BALANÇO ELETROLÍTICO E PROTEÍCO

2 DAPSA - FMVA - UNESP. 1 Mestranda da FMVA - UNESP (Bolsa CAPES). 3 shvperri@fmva.unesp.br 4 Agradecimento FAPESP pelo apoio financeiro.

MANUAL TERMINADOS TALENT

Energia metabolizável para aves dos farelos de soja das variedades convencionais e geneticamente modificada

Utilização do milheto (Pennisetum glaucum (L.) R. Brown) grão na alimentação de suínos na fase inicial (15-30kg de peso vivo) 1

RESUMO. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Campus Machado. Machado/MG -

IMPLICAÇÕES DAS MICOTOXINAS NA EFICIÊNCIA PRODUTIVA DE SUÍNOS EM CRESCIMENTO

NÍVEIS DE AMINOÁCIDOS NA DIETA DE SUÍNOS MACHOS INTEIROS DOS 25 AOS 70KG 1

Desempenho de codornas de corte submetidas a diferentes níveis de proteína bruta e energia metabolizável

NÍVEIS DE LISINA PARA FRANGOS DE CORTE NOS PERÍODOS DE 22 A 42 E DE 43 A 49 DIAS DE IDADE 1

RELAÇÃO ENTRE METIONINA + CISTINA DIGESTÍVEIS E LISINA DIGESTÍVEL EM DIETA PARA CODORNAS JAPONESAS NA FASE PRÉ- INICIAL

Estratégias Nutricionais para redução de dejeto suínos

ECONOMICIDADE DA SUBSTITUIÇÃO MILHO PELO RESÍDUO ÚMIDO DA EXTRAÇÃO DE FÉCULA DE MANDIOCA NA TERMINAÇÃO DE TOURINHOS EM CONFINAMENTO

Controle de Qualidade em Fábrica de Rações. Luciano Hauschild Maio 2012

TEORES SÉRICOS ENZIMÁTICOS E MINERAIS DE FRANGOS DE CORTE AOS 14 DIAS DE IDADE COM DIFERENTES NÍVEIS DE BALANÇO ELETROLÍTICO E PROTEÍCO

Especificações Nutricionais para Frangos de Corte. Junho 2007

Correlação entre os parâmetros de peso vivo, idade e espessura de toucinho em suínos. Verde.

Reprodutores Pais Edição 2

EFEITO DA DENSIDADE DE ESTOCAGEM SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO NEON CARDINAL (Paracheirodon axelrodi).

ALIMENTOS ALTERNATIVOS PARA CRIAÇÃO DE SUÍNOS NA FASE DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO

Ivan Moreira*, Marianne Kutschenko, Antonio Cláudio Furlan, Alice Eiko Murakami, Elias Nunes Martins e Cláudio Scapinello

Teor de metionina + cistina para codornas de corte do nascimento aos 21 dias de idade

Transcrição:

NÍVEIS DE LISINA TOTAL E RESPOSTAS ZOOTÉCNICAS PARA SUÍNOS EM CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO Cheila Roberta Lehnen 1*, Paulo Alberto Lovatto 2, Ines Andretta 1, Bruno Neutzling Fraga 1, Marcos Kipper da Silva 3 1* Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, UFSM. e-mail: cheilalehnen@yahoo.com.br, iandretta@gmail.com, bnfraga@gmail.com 2 Departamento de Zootecnia, UFSM.e-mail: lovatto@smail.ufsm.br 3 Curso de Medicina Veterinária UFSM. e-mail: markippervet@yahoo.com.br Resumo: Uma meta-análise foi realizada para avaliar os níveis de lisina total nas dietas com as respostas zootécnicas em suínos em crescimento e terminação avaliados em estudos brasileiros. A base de dados contemplou 21 artigos publicados entre 1999 e 2007, totalizando 124 dietas e 1.096 suínos. A meta-análise foi realizada através de análise gráfica, de correlação e de variância-covariância. Os níveis de lisina na dieta e consumo de lisina apresentam correlação positiva (P<0,01) com as variáveis de desempenho. A ingestão de nutrientes como energia metabolizável, proteína bruta, Ca e P apresentaram correlações maiores com o consumo de lisina observado (P<0,01) em relação às respostas obtidas com as correlações com o nível de lisina na dieta. A exigência de lisina para suínos machos castrados e fêmeas em crescimento e terminação (43 a 109 kg) selecionados geneticamente para deposição de carne magra é de 1,10% de lisina total nas dietas. Em pesquisas brasileiras, as exigências de lisina total para suínos em crescimento e terminação apresentam níveis e respostas superiores em relação aos reportados em tabelas de exigências nacionais e internacionais. Palavras chave: aminoácidos, composição corporal, deposição protéica Introdução A seleção genética em suínos para a produção de carne magra tem elevado a capacidade para deposição protéica em animais mais pesados ao abate. Com o aumento da disponibilidade dos aminoácidos sintéticos no mercado e por necessidades econômicas e ambientais, os nutricionistas têm formulado as rações dos suínos considerando aminoácidos limitantes específicos. Por ser considerado o primeiro aminoácido limitante para suínos e diretamente responsável pela deposição de tecido muscular, as respostas de desempenho e qualidade de carcaça dos animais podem estar associadas ao nível de lisina das dietas. Entretanto, as estimativas de exigência de lisina para suínos nas diferentes fases de desenvolvimento têm apresentado grande variação. Esta variação nas respostas obtidas é resultado de diversos fatores que influenciam no desempenho do animal. A meta-análise é uma metodologia estatística que combina resultados de vários experimentos que estudam o mesmo tema com o objetivo de resumir um conjunto maior de evidências. A metaanálise inclui dois componentes, um qualitativo (definido pelos autores da publicação) e outro quantitativo (integração de uma informação numérica). Uma meta-análise das publicações disponíveis poderia integrar as diferentes variáveis experimentais e permitir respostas sistêmicas e ajustadas à diversidade experimental. Este trabalho foi realizado, portanto, com o objetivo de estudar, através de uma meta-análise, a relação entre os níveis de lisina sobre as características zootécnicas de suínos em crescimento e terminação avaliados no Brasil. Material e Métodos O trabalho foi realizado no Setor de Suinocultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria. A base de dados foi desenvolvida a partir de 21 artigos publicados em periódicos brasileiros (Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Ciência Rural, Pesquisa Agropecuária Brasileira e Revista Brasileira de Zootecnia) entre 1999 e 2007. A base foi composta de 124 dietas e 1.096 animais (machos castrados e fêmeas), totalizando 86 tratamentos e média de 13 animais por tratamento. Os pesos dos animais ao

início e final dos experimentos foram, em média, de 43 e 109 kg, respectivamente. Os principais critérios de seleção das publicações foram (a) níveis de lisina nas dietas, (b) genética, (c) fase alimentar, (d) respostas de desempenho. A metodologia para a definição das variáveis dependentes e independentes seguiu as proposições descritas na literatura (Lovatto et al., 2007). As informações relevantes das seções do material e métodos e dos resultados de cada artigo foram inseridas numa base de dados elaborada em planilha Excel. As variáveis analisadas foram relativas às características experimentais (nível de lisina nas dietas, idade, peso e sexo), à composição nutricional das dietas, ao desempenho e ao consumo calculado de nutrientes. A meta-análise seguiu três análises seqüenciais: gráfica (para uma visão geral dos dados), de correlação e de variância. As equações de regressão foram obtidas através da análise de variância-covariância através do procedimento GLM. As análises foram realizadas através do programa Minitab 15 (Minitab, 2006). Resultados e Discussão Os principais ingredientes utilizados nas dietas e suas estatísticas descritivas são apresentados na Tabela 1. O milho e o farelo de soja foram às principais fontes de energia e proteína, sendo utilizadas em todas as dietas. As fontes minerais de cálcio (Ca) e fósforo (P) como calcário calcítico e fosfato bicálcico foram utilizados em 93 % das dietas experimentais. O óleo de soja foi utilizado na formulação de 10 % das dietas. Os níveis de lisina estudados variaram de 0,42 a 1,30 %, com valores médios de 0,80 % de lisina nas dietas. Os resultados de correlação entre lisina e variáveis nutricionais de suínos em crescimento e terminação são apresentados na Tabela 2. Os níveis de lisina estudados apresentam correlação positiva (P<0,01) com o ganho médio diário, a eficiência alimentar e o nível de uréia plasmática (NUP). O consumo de lisina estimado apresenta correlação positiva (P<0,01) com o consumo de ração, ganho médio diário e conversão alimentar. As correlações entre nível de lisina na dieta e eficiência alimentar foram positivas (P<0,01), no entanto, o consumo de lisina indica uma resposta inversa (P<0,01). A ingestão calculada de nutrientes como energia metabolizável, proteína bruta, Ca e P apresentaram correlações maiores com o consumo de lisina estimado (P<0,01) em relação às respostas obtidas para as correlações com o nível de lisina na dieta. É provável que a resposta inversa do consumo de lisina estimado sobre a eficiência alimentar esteja relacionada à ingestão de lisina por animais mais pesados que apresentem baixa eficiência na deposição muscular e um aumento no consumo de ração em função do peso vivo. A relação inversa verificada para o NUP e o consumo de lisina pode ser explicada pelo balanço de aminoácidos que melhora a utilização do aminoácido limitante (a lisina), reduzindo as concentrações de uréia no plasma (Coma et al., 1995). No entanto, a quantidade de proteína na dieta está diretamente relacionada aos níveis de uréia plasmática. É possível que a variação entre os níveis de lisina estudados possa interferir nas relações de NUP observadas neste estudo. Além disso, os resultados podem ser explicados pela ingestão de lisina total exigida pelo suíno que está relacionada ao apetite ou ao potencial de ingestão de alimento, à taxa de deposição de carne magra e à eficiência de deposição. Em geral, o consumo de lisina aumenta com o nível de lisina na dieta. De acordo com Baker (2003), os suínos podem tolerar excessos de aminoácidos, principalmente lisina, sem apresentar variações significativas no consumo alimentar e no ganho de peso. As equações que melhor explicam o desempenho zootécnico dos animais são as que apresentam como covariáveis, além dos níveis de lisina, o peso vivo médio e o percentual de proteína bruta na dieta (Tabela 3).

Observa-se efeito quadrático (P<0,01) do ganho médio diário em função do aumento do nível de lisina da dieta (GMD = 0,3673 + 0,9775 Lis - 0,4278 Lis²; R 2 =1,00). A formulação de dietas para suínos com nível de 1,10 % de lisina proporciona o máximo ganho médio diário. O comportamento quadrático verificado para o ganho médio diário indica que o nível de lisina estimado pela meta-análise é utilizado pelo animal até a máxima deposição muscular. Esta deposição pode ser limitada pelo potencial genético, sexo, quantidade de energia na dieta e por fatores relacionados ao ambiente e manejo alimentar. A deposição protéica em suínos aumenta linearmente com o consumo de energia até atingir o limite máximo de deposição estabelecido pelo potencial genético do animal permanecendo constante acima dos 80 a 90 kg de peso vivo (Quiniou et al., 1999). Os níveis de lisina consumidos acima das necessidades de mantença e deposição de proteína são catabolisados, de modo que o nitrogênio resultante desse catabolismo seja excretado como uréia. Através da meta-análise, podemos verificar que em estudos brasileiros as exigências de lisina total para suínos em crescimento e terminação apresentam níveis e respostas superiores em relação aos reportados em tabelas de exigências nacionais e internacionais. Conclusão Os níveis de lisina na dieta e consumo de lisina apresentam correlações positivas com as variáveis de desempenho zootécnico e com a ingestão de nutrientes. A exigência de lisina para suínos machos castrados e fêmeas em crescimento e terminação dos 43 aos 109 kg selecionados para deposição de carne magra é de 1,10% de lisina total nas dietas. Referências BAKER, D.H. 1993. Amino acid nutrition of pigs and poultry. In: RECENT DEVELOPMENTS IN PIG NUTRICION 2. Loughborough Leicestershire Nottingham University Press. 375p. COMA, J.; ZIMMERMAN, D. R.; CARRION, D. Interactive effects of feed intake and stage of growth on the lysine requirement of pigs. Journal of Animal Science, v. 73, p. 3369-3375, 1995. LOVATTO, P.A.; LEHNEN, C.R.; ANDRETTA, I. ; CARVALHO, A.D'A.; HAUSCHILD, L. Meta-análise em pesquisas científicas - enfoque em metodologias. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, p.285-294, 2007. MINITAB. Minitab Statistical Software 15.1.30.0. State College: Minitab Inc., 2006. QUINIOU, N.; NOBLET, J.; DOURMAD, J.Y. et al. Influence of energy supply on growth characteristics in pigs and consequences for growth modelling. Livestock Production Science, v. 60, p.317-328, 1999.

Tabela 1. Principais ingredientes e composição calculada das dietas utilizadas nos estudos. Variáveis Dietas, n Média Mínimo Máximo CV Ingredientes Milho, % 124 77,16 52,37 90,20 12,1 Farelo de Soja, % 124 17,32 6,60 34,00 42,3 Calcário, % 115 0,92 0,68 1,40 18,4 Fosfato bicálcico, % 115 1,24 0,80 2,06 26,6 Sal, % 115 0,39 0,31 0,50 13,6 Glúten, % 28 4,05 3,64 4,08 27,3 Óleo vegetal, % 12 1,68 1,30 2,50 24,7 L-lisina HCL -78,4 % 19 0,33 0,13 0,64 45,9 L-lisina HCL -98,5 % 16 0,54 0,22 0,87 41,4 L-lisina HCL -99 % 11 0,38 0,12 0,71 55,9 Composição calculada Energia digestível, kcal kg -1-3.368 3.315 3.437 1,2 Energia metabolizável, kcal kg -1-3.220 3.204 3.250 0,9 Proteína bruta, % - 14,68 11,19 19,17 15,8 Cálcio, % - 0,70 0,58 0,98 13,1 Fósforo total, % - 0,44 0,29 0,62 26,1 Fósforo disponível, % - 0,37 0,24 0,54 22,3 Lisina, % - 0,80 0,42 1,30 24,9 Metionina + cistina, % - 0,57 0,46 0,80 17,3 Treonina, % - 0,62 0,42 0,88 19,0 Triptofano, % - 0,17 0,11 0,26 25,2 Coeficiente de variação; Tabela 2. Coeficientes de correlação entre níveis de lisina, variáveis nutricionais e o consumo estimado de lisina (CLis) de suínos em crescimento e terminação. Variáveis Lisina, % P CLis, g d -1 P Desempenho Consumo de ração, kg d -1-0,314 <0,01 0,712 <0,01 Ganho médio diário, kg d -1 0,386 <0,01 0,753 <0,01 Conversão alimentar -0,680 <0,01 0,529 <0,01 Eficiência alimentar 0,650 <0,01-0,588 <0,01 Uréia plasmática, mg dl -1 0,205 <0,01-0,325 <0,01 Ingestão de nutrientes (2) Energia Metabolizável, kcal kg -1 0,709 <0,01 0,791 <0,01 Proteína bruta, g d -1-0,355 <0,01 0,687 <0,01 Cálcio, g d -1 0,416 <0,01 0,623 <0,01 Fósforo disponível, g d -1-0,268 0,01 0,698 <0,01 Metionina+Cistina, g d -1-0,088 0,62 0,797 <0,01 Treonina, g d -1 0,041 0,81 0,885 <0,01 Triptofano, g d -1 0,298 0,08 0,900 <0,01 nível de 5% de significância; (2) valores calculados com base na composição calculada das dietas.

Tabela 3. Equações para respostas de desempenho obtidas por análise de variância-covariância. Resposta Covariáv Equação eis dpr (2) R 2 PB e PVm CMD = 1,65 + 0,028 PB + 0,08 PVm 0,07 99,6 Consumo diário de ração (C), Lis e PVm CMD = 0,36 + 1,412 Lis + 0,015 PVm 0,12 98,6 kg d -1 Lis CMD = 3,08 0,480 Lis 0,20 86,8 Lis GMD = 0,699 + 0,290 Lis 0,06 83,5 Ganho diário de peso (G), kg d - 1 Lis e PVm GMD = 1,05 + 0,121 Lis - 0,003 PVm 0,05 90,9 Lis e Lis² GMD = 0,368 + 0,976 Lis 0,427 Lis² 0,06 89,1 Lis e Lis² CA = 6,09-6,48 Lis + 3,02 Lis² 0,32 81,7 Conversão alimentar, C: G Lis e PVm CA = 1,66 + 0,022 PVm 0,494 Lis 0,15 94,4 PB e PVm CA = 1,56 + 0,023 PVm 0,023PB 0,16 93,4 Lis CA = 4,43 1,827 Lis 0,36 67,2 Fatores considerados no modelo: tratamentos sexo e base da dieta; (2) desvio padrão residual; Lis Níveis de lisina na dieta, %; PVm Peso vivo médio dos animais; PB Proteína bruta na dieta,%. 0,95 Ganho médio diário, kg d-¹ 0,90 0,85 0,80 GMD = 0,3673 + 0,9775 Lis - 0,4278 Lis² 0,75 1,10% 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 Nível de lisina na dieta, % 1,2 1,3 1,4 Figura 1. Ganho de peso em função dos níveis de lisina nas dietas de suínos dos 43 aos 109 kg de peso vivo obtidos pela meta-análise