Key word: chronicle, journalism, narrative, Moacyr Scliar, analysis of the speech.



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Fonte:

Casa Templária, 9 de novembro de 2011.

Transcrição:

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 1 ENTRE A REALIDADE DO JORNAL E A CRIAÇÃO LITERÁRIA: A CRÔNICA DE MOACYR SCLIAR Nincia Cecília Ribas Borges Teixeira Tatiana Carolina Lazzarotto Resumo Diferentemente da técnica empregada usualmente pelos jornais na transmissão de notícias, a crônica jornalística traz marcas de subjetividade e pode ocupar se da narrativa para tratar de assuntos do dia a dia. Desde seu surgimento, quando possuía a função de registrar os fatos históricos, até a atual presença em jornais, a crônica retira do vivido a sua matéria prima. Pautada em assuntos cotidianos, a crônica contemporânea representa um jornalismo que possui características literárias, com funções múltiplas de informar, entreter e propor uma reflexão do dia a dia. A partir da análise dos textos de um dos representantes do gênero, o autor Moacyr Scliar, a pesquisa pretende mostrar como a informação é transmitida de forma literária. A discussão amplia se sob a ótica da Análise de Discurso da linha francesa, para verificar a intertextualidade entre a informação já noticiada e a crônica ficcional. Palavras chave: crônica, jornalismo, narrativa, Moacyr Scliar, análise do discurso. Abstract Differently from the usual technique of journals, the journalistic chronicle is concerned with the narrative of daily themes composing with the subjectivity. The chronicle, from its beginning until nowadays, has working with the function of registering the historical facts, pointing out the lived moments. The contemporaneous chronicle represents the journalism with literary characteristics, that multiple functions of informing, entertaining and proposes a daily reflection. Based on Moacyr Scliar s works, representative writer of that narrative, the research concerns with the transmitted information as literary production. The text, referenced on the perspective of the French Speech Analysis, brings the question about intertextuality between the broadcast information and fictional chronicle. Key word: chronicle, journalism, narrative, Moacyr Scliar, analysis of the speech.

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 2 As práticas jornalísticas, que apregoam princípios de objetividade e imparcialidade, ignoram a técnica da narrativa na transmissão de notícias. Encontramos dentro do jornal, porém, a crônica, um texto com traços de subjetividade, e que destoa do jornalismo informativo pela tomada de posição do cronista. Nesse sentido, a crônica representa um jornalismo que possui características literárias, com funções múltiplas de informar, entreter e propor uma reflexão do cotidiano. Um dos seus representantes é o cronista Moacyr Scliar, que cria fatos ficcionais baseados na realidade. Seus textos são veiculados no caderno Cotidiano, da Folha de S. Paulo. A partir da realidade noticiada no jornal, os textos de Scliar são produzidos a partir do processo de intertextualidade, segundo os pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa. Segundo Barthes (apud Koch, 1997, p.46), o texto é compreendido pelo diálogo de outros textos já existentes, caracterizando em uma permuta entre diversos textos. Dessa forma, verifica se como os elementos da notícia transitam para os elementos da crônica ficcional, em uma relação intertextual de dados e sentidos. Por intertextualidade, Maingueneau (1997, p.63) entende como o conjunto de relações explícitas ou implícitas que um texto estabelece com outros textos. Moacyr Scliar é considerado um dos grandes expoentes da literatura nacional. Em sua obra, que reúne romances, ensaios, contos e crônicas, o escritor aborda temáticas como o judaísmo e o cotidiano da classe média brasileira. O autor escreve semanalmente crônicas no jornal Folha de S. Paulo, baseando se em notícias inusitadas, mas corriqueiras, tratadas de forma pouco aprofundada pelo jornal. Os temas retratados normalmente falam de violência, abandono, miséria, até questões comportamentais, tratadas com um tom leve e humorístico. Ao recontar fatos já noticiados no jornal em forma de histórias, considera se que as crônicas de Scliar constituem narrativas dentro do jornal Folha de S. Paulo. Para Cavalcanti (1982, p.80), todos os textos são narrativas na medida em que não apenas referem, falam do mundo, mas constroem realidade(s), uma interpretação sobre o mundo. Dessa forma, o leitor de Scliar pode dar sentidos próprios para a história que lhe é apresentada e, mesmo conhecendo a notícia em que o autor se baseou, pode envolver se livremente na narrativa ficcional. O ato de o cronista criar situações e personagens, baseado em incidentes reais e já vividos, é entendido, segundo Sato (2002, p.33), como a recriação do real. Assim, a principal arma da crônica seria utilizar

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 3 emoções e fatos inventados ou recuperados pela memória do cronista. Dessa forma, o texto chama a atenção do leitor, convidando o para um tipo diferente de mergulho no real, mais ameno, mais prazeroso, quiçá mais profundo (ibidem, p.34). A partir do fato apresentado pelo jornal, Scliar apresenta situações aquém daquela apresentada. Entretanto, esse caráter pluridimensional dos seus textos não se reduz à mera ficção, pois o autor acaba por refletir também outros fatos do cotidiano, mas que podem não estar presentes na notícia base. Podemos exemplificar utilizando o exemplo da crônica O seqüestro das galinhas. O autor parte da notícia publicada pelo jornal de que um grupo de homens armados havia roubado 50 galinhas em um sítio do interior de São Paulo. Após refletir sobre o motivo que leva assaltantes, armados em grupos, roubarem galinhas, um animal comum, Scliar parte para o terreno da ficção, dando possíveis razões para o furto. Talvez se trate de outra coisa. Talvez se trate de seqüestros. Galinhas muito prezadas por seus donos, por serem de estimação ou de rara qualidade, seriam alvo tentador para seqüestradores. E aí começariam os bilhetes. Um deles viria acompanhado de um ovo: Por enquanto suas galinhas ainda estão vivas e botando ovos. Mas se vocês querem evitar que elas se transformem em fricassê, mandem de imediato a quantia pedida, etc, etc. (SCLIAR, 2006, p.2) Dessa forma, o autor transforma o furto noticiado em um seqüestro, recuperando a idéia de que existem pessoas que possuem galinhas como animais de estimação. Mais ainda, Scliar fala de um procedimento comum dos seqüestradores ao pedir resgate para a família: junto com um bilhete ameaçador, exigindo um resgate em troca da libertação, manda se uma prova de que o ente querido está vivo. A crônica de Scliar recupera fatos do cotidiano que passariam despercebidos, não fossem suas crônicas. As matérias que servem de base para os textos do autor noticiam os fatos em pequenos fragmentos. São matérias curtas, noticiadas sem muita descrição e análise, parecendo recortes do cotidiano. Ao ser entrevistado, o autor explica que o critério de seleção usado para escolher as matérias é o maior interesse humano dos fatos relatados. Ele também considera que as notícias, principalmente as que falam das relações interpessoais são muito mais reveladoras da condição humana do que se imagina. Dessa forma, o cronista retira de um episódio particular o que possa ter uma significação mais ampla, atribuindo novos significados a um fato inusitado. Para que se construa uma narrativa, é necessário que existam elementos no fato noticiado que chamem a

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 4 atenção, que rendam uma boa história. De acordo com Labov (apud Cavalcanti, 1982, p.78) se o acontecimento se torna bastante comum, não é mais a violação de uma regra de comportamento esperada, não é mais narrável. Dessa forma, Scliar seleciona notícias que apresentem algo de incomum, para criar situações irreais, que podem causar estranhamento, a fim de ressaltar o que há de estranhável e inusitado nas próprias notícias do jornal. Scliar ainda amplia o relato puro e simples para uma dimensão contextual, resultando em um ângulo diferenciado, ao mesmo tempo real e supra real, por conter o acréscimo de elementos ficcionais. Dessa maneira, é preciso entender o texto por seu caráter dialógico, ou seja, não uma unidade significativa que se encerra em si, mas também a presença de várias vozes sociais. A relação entre o conteúdo noticiado e a expressão desse conteúdo, o como dizer, pode resultar na recriação do fato real, ou nas palavras de Barros, Reformula se o mundo pelo discurso, vê se a realidade sob novos prismas, refazse o real. Os discursos poéticos se caracterizam, em resumo, pela ambivalência intertextual interna que, graças à multiplicidade de vozes e de leituras, substitui a verdade universal, única e peremptória pelo diálogo de verdades textuais. (BARROS, 2003, p.7) O autor faz questão de recuperar informações noticiadas pela matéria jornalística em seus textos. Isso porque ele não parte da pura ficção, mas reformula a notícia já tratada pelo jornal. Cabe acrescentar que na crônica de Scliar, sempre é especificado o título ou um trecho da matéria que lhe serviu de base, assim como a data e o caderno onde a notícia foi publicada. Dessa forma, ao leitor sempre será concedida a fonte da crônica, que aborda, partindo dos princípios jornalísticos, um fato verídico, atual e de interesse público. A criação dos personagens das histórias é uma característica singular de seus textos. O autor dá vida a indivíduos que, muitas vezes, são retratados de forma superficial, quando não são apenas citados na notícia base. Nas crônicas de Scliar, o personagem passa então a ser alegoria de pessoas reais, também constituído de valores, vícios, sentimentos, etc. Na crônica Aquela inconfiável arma, o pitbull, Scliar apresenta uma narrativa que parte de um fato insólito, a notícia de um jovem que usava seu cachorro pitbull para assaltar pessoas. Na notícia que serviu de base, o assaltante é retratado como um rapaz de 18 anos, desempregado, que alegava passar por dificuldades financeiras. Em sua crônica, Scliar transforma o jovem acusado em uma personagem com traços individuais

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 5 e marcantes, sendo o que mais se destaca é o apego do jovem ao cão. Era seu maior tesouro, aquele pitbull. Ele o criara desde pequeno e nunca se separara dele. (...) O cão era seu amigo. Aliás, o único amigo que tinha. E por isso se afligia ao ver o animal faminto (SCLIAR, 2005, p.2). Nesse trecho, podemos perceber que o autor dá um motivo para que o rapaz cometa o crime. Impulsionado pela angústia de ver o cão passar fome, o jovem decide optar pela última saída: o furto. Scliar ainda recupera outras informações dadas pela matéria que lhe serviu de base, como o desemprego e a ida do rapaz a outra cidade. Essas construções objetivam causar as mais múltiplas reações e sensações no leitor, que se comove com a história. Assim, Scliar dá voz aos personagens, que podem ganhar a adesão do leitor. A crônica de Scliar é baseada no agora, causando efeitos neste, mas permanece além, pois procura imortalizar as histórias cotidianas. Moacyr Scliar, dessa forma, constrói textos com um caráter atemporal, pois as histórias são compreendidas sem a leitura da notícia que lhe serviu de base. Isso se dá pela imprecisão referencial, isto é, não há menção específica a momentos históricos e espaços definidos. O assaltante acompanhado de seu pitbull pode ser qualquer rapaz que vive em uma cidade de médio ou grande porte. As situações narradas giram em torno de um lugar comum, e os personagens apresentados podem pertencer a qualquer tempo, a qualquer lugar, protagonizam histórias que não envelhecem (...) (CAVALCANTI, 1982, p.91). Além disso, Scliar não nomeia os personagens de suas crônicas, justamente para reforçar a idéia de que os personagens não são construídos a fim de serem identificados como esta ou aquela pessoa, podendo retratar toda uma parcela da população. Sobre a ausência dos nomes dos personagens, Scliar explica: Não lhes dou nome porque são mais tipos característicos do que personagens com vida própria Na crônica Desistindo de Natal, publicada em 19/12/2005, no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo. Moacyr Scliar partiu de uma das notícias inserida no caderno Dinheiro e publicada dezesseis dias antes do Natal. A notícia informa que 32% dos brasileiros não fariam compras no Natal daquele ano. Partindo do resultado de uma pesquisa, o repórter transmite as informações resultantes, de forma expositiva. Os dados são apresentados por meio de porcentagens. Assim como nos outros textos do autor, Moacyr Scliar, nessa crônica, baseia se em uma notícia curta, mas que possui conteúdo de utilidade pública. Segundo o manual de redação da Folha de S. Paulo, as notícias

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 6 de utilidade pública dizem respeito a tudo que afete fundamentalmente a vida cotidiana dos leitores (2001,p.22). Entretanto, o jornal noticia o fato, mas não se aprofunda de maneira a demonstrar como o fato influencia diretamente a vida dos compradores. Isso porque o enfoque dado é mostrar a perspectiva da notícia a partir dos comerciários. No caso da matéria apontada, as únicas fontes utilizadas são o próprio resultado da pesquisa do Instituto Ipsos e as afirmações do presidente da Associação Comercial de São Paulo. A escolha das fontes é fundamental para o encaminhamento da matéria. Nesse caso, o repórter optou por enfocar de que forma a diminuição das vendas e o aumento da informalidade atingem os comerciários, que não terão um rendimento satisfatório no final do ano. Cabe acrescentar que a matéria não é assinada, marcada pela ausência do narrador, assim, não se sabe quem redigiu o texto. É assim que a imparcialidade, traço importante do jornalismo informativo, é perpassada na notícia, a qual expõe os fatos através do seu repórter, cuja voz não é aparente. A crônica, como gênero híbrido, pode ser apresentada de diversas formas, aproximando se do ensaio, do poema ou do conto. No texto Desistindo de Natal, Scliar descreve, através de uma carta ao Papai Noel, os anseios de uma criança cuja família passa por dificuldades financeiras às vésperas do Natal. Dessa forma, o enunciatário do texto é uma criança, a qual não é definida se é menino ou menina, nem quantos anos tem. Na notícia base, não há a menção a nenhum personagem, ou seja, alguém que não terá condições financeiras de fazer compras no Natal. Assim, partindo da informação dada pelo jornal, Scliar constrói um personagem que estaria vivendo a situação noticiada, ou seja, o enunciatário da carta faria parte das estatísticas da matéria jornalística. Ao partir do real noticiado para construir seu texto, o autor estabelece uma relação intertextual. Barthes (apud Koch, 1997, p.46) afirma que todo texto é um intertexto, sendo que outros textos estão presentes nele, em níveis variáveis, sob formas mais ou menos reconhecíveis. Assim, o texto de Scliar constitui se como uma resposta a um outro enunciado já dito, o da informação jornalística, sendo esta apreendida e reformulada pelo autor. As relações entre a crônica e a notícia base se estabelecem pelo conteúdo, pois ambas abordam o mesmo assunto, porém, com ângulos diferenciados. A intertextualidade, nesse caso, se dá de forma explícita, pois existe a citação efetiva de sua fonte,

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 7 apontando um trecho da matéria que lhe serviu de inspiração, assim como o caderno e a data em que foi publicada. O autor retoma o intertexto para retirar lhe o essencial do que é transmitido. Porém, reformula essa informação a partir de outros fatos e ocorrências, reconstruindo o ainda de forma literária. Scliar imagina o fato pelos olhos de uma criança, através de uma carta que ela escreve ao Papai Noel. O interlocutor é escolhido justamente por fazer parte do imaginário infantil. Os anseios da criança, expressos em uma cartinha ao bom velhinho, faz parte do senso comum, de que as crianças escrevem ao Papai Noel, um ser mítico, acreditando que ele pode realizar todos os sonhos. Trata se de uma criança de uma cidade interiorana. A gente mora numa cidade pequena do interior, muito pobre. Não há menção de qual é essa cidade. A imprecisão do espaço tem o intuito de não caracterizar um lugar específico, mas sim, apresentar um retrato mais abrangente da sociedade. Como já foi apontado, Scliar pretende apresentar mais tipos humanos do que personagens com vida própria. Assim sendo, a criança poderia ser um menino ou uma menina de qualquer cidade do interior, cuja família passa por dificuldades financeiras. A produção do texto de Scliar depende não só da leitura da notícia existente, mas também do conhecimento de mundo do autor e sua bagagem cultural. Dessa forma, a crônica não nasce sozinha, mas depende também do diálogo com outros textos, orquestrados pelo seu autor. Nesse sentido, parte se da afirmação de Maingueneau (apud Koch, 1997, p.47): um discurso não vem ao mundo numa inocente solicitude, mas constrói se em relação de um já dito em relação ao qual toma posição. Dessa forma, o autor retira não só da notícia base, mas também reformula, a partir de outros discursos e outros elementos, podendo não explicitar a citação efetiva dos últimos. Assim, existe uma relação intertextual com outros discursos relativamente autônomos que, embora funcionando como momentos ou etapas de produção, não aparecem na superfície do discurso produzido ou terminado (KOCH, 1997, p.47). Podemos tomar como exemplo o problema do desemprego retratado na crônica. Na notícia em que Scliar se baseia para criar sua crônica o repórter não faz uma relação explícita entre a retração das vendas e o problema do desemprego. Mesmo não fazendo parte da matéria que lhe serviu de base, Scliar fala do problema, exemplificado pelo pai da criança. O autor não inventa um fato, mas retrata algo que acontece na realidade. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pesquisa realizada em

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 8 cidades metropolitanas, o número de pessoas que estavam desempregadas, em dezembro de 2005, era de 8,3%. Outro dado que não aparece na matéria, mas que o autor retrata em seu texto é a geração de emprego que as fábricas trazem às pequenas cidades. No Natal passado, o prefeito anunciou que tinha um presente para a população: uma grande fábrica iria se instalar aqui, dando emprego para muitas pessoas. Meu pai ficou animado. (...) Agora, porém, o prefeito teve de dizer que a fábrica não vem mais. Não entendo dessas coisas, mas parece que a situação está difícil. (SCLIAR, 2005, p.2) No Brasil, as indústrias, sejam elas de pequeno ou grande porte, contribuem para um aumento no número de empregos e para uma melhora da economia local, tanto em cidades metropolitanas como interioranas. Dessa forma, Scliar, a partir de um texto ficcional, retrata situações reais, que fazem parte do contexto da realidade brasileira. Nesse sentido, a relação estabelecida entre o discurso produzido na crônica e o conjunto de outros discursos identificáveis nela caracteriza se por interdiscursividade. De acordo com Maingueneau (apud Cardoso, 1999, p.62), o interdiscurso é um processo de reconfiguração incessante no qual uma formação discursiva é levada a incorporar elementos pré construídos, produzidos fora dela, com eles provocando sua redefinição e redirecionamento. Dessa forma, ocorre a mescla de elementos intertextuais com a presença de outros discursos, com o qual o autor estabelece alianças ou enfrentamentos. A relação entre os diversos discursos na produção de um texto resulta em um espaço dialógico e heterogêneo. O dialogismo, para Bakhtin, está presente em todos os níveis do discurso, sendo condição essencial para a produção deste. Qualquer enunciação, mesmo que sob a forma de escrita imobilizada, é uma resposta a qualquer coisa e construída como tal (BAKHTIN, apud MAINGUENEAU, 1997, p.33). Sendo assim, o texto é dialógico, resultando de muitas vozes sociais. Podemos identificar na crônica não só as marcas de subjetividade do autor, que permeia a construção do discurso, como a própria voz daqueles que a personagem principal representa, através da classe social, idade, etc. As marcas de subjetividade do enunciador, assim como os outros discursos presentes fazem com que o discurso do texto analisado seja entendido por seu caráter heterogêneo. A heterogeneidade torna se uma característica que fundamenta o discurso. Maingueneau (1997) distingue

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 9 a heterogeneidade representada (mostrada) e a heterogeneidade constitutiva. A primeira corresponde a uma presença identificável de um outro discurso no texto. Na crônica de Scliar, esta se dá na citação da matéria do jornal e nas informações dadas pela notícia que o autor recupera em sua crônica. Na heterogeneidade constitutiva, o discurso não é apenas um espaço em que acaba de se introduzir um discurso de outro, ele constrói se através de um debate com a alteridade, independente de qualquer traço visível de citação, de alusão, etc. (MAINGUENEAU, 1997, p.56) O interdiscurso não é mostrado na superfície do discurso, mas acaba por ser determinante de significações. Dessa maneira, pode se agregar ao texto em questão mais um componente do interdiscurso. A criança da crônica de Scliar assume um posicionamento inocente e conformista, retomando o discurso da personagem Pollyana, clássico da literatura infanto juvenil. Pollyana (obra homônima, da escritora americana Eleanor Porter) é uma menina órfã de 11 anos, que inventa o jogo do contente, que consiste em encontrar maneiras de encontrar o lado positivo de todas as coisas, permitindo à personagem ficar feliz até nos piores momentos. A obra de Porter perpassa a crônica nas falas conformistas da criança, quando esta justifica por que não quer mais os presentes, apesar de saber que não poderá mais ganhá los. Dessa forma, o interdiscurso se dá pelo processo de alusão, sendo esta a incorporação de temas e/ou figuras de um discurso que vai servir de contexto (unidade maior) para a compreensão do que foi incorporado (FIORIN, 2003, p.34). Nesse caso, a relação é estabelecida de forma contratual, repetindo as mesmas idéias da personagem que lhe serviu de inspiração. Como não há menção expressa da fonte, cabe ao leitor recuperá la na memória para dar lhe sentido no texto. Assim, a personagem da crônica, através de seu discurso conformista, assume uma postura resignada, afirmando desistir de todos os pedidos com que sonhava e explicando o porquê da deistência. Na verdade, o motivo já havia sido apresentado: o pai estaria desempregado e não teria dinheiro para as compras de final de ano. Porém, a criança prefere deixar claro ao seu interlocutor que os pedidos não seriam convenientes a sua família, repetindo as queixas e justificativas ditas pela mãe. Não quero aquela bonita árvore de natal de que lhe falei até mandei um desenho, lembra? Nada de pinheirinho, nada de luzinhas, nada de bolinhas coloridas. A verdade, Papai Noel, é que essas coisas só gastam espaço e, como disse a mamãe, gastam muita luz. (SCLIAR, 2005, p.2)

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 10 Assim, a carta possui uma carga emotiva, marcada por palavras e expressões negativas, como nada de Natal, vou ter que desistir, nada de presentes. A criança ainda parece querer convencer a si própria de que os bens materiais com os quais sonha são supérfluos e ainda trariam mais despesas para a família. A verdade, Papai Noel, é que essas coisas só gastam espaço e, como disse a mamãe, gastam muita luz (...) Se tivesse peru, eu comeria tanto que decerto passaria mal (...) Bicicletas custam caro. E além disso é uma coisa perigosa (...) DVD não é uma coisa tão urgente assim (...) Sapato sempre pode dar problema: às vezes ficam apertados, às vezes caem do pé. (SCLIAR, 2005, p.2) Após listar as justificativas, a criança conclui: Ou seja: nada de Natal, Papai Noel. Para mim, nada de Natal. Assim, o autor aproveita da proximidade da data, época em que as pessoas estão mais sensibilizadas com as dificuldades do próximo e constrói um discurso de uma criança que não acredita mais no Natal. Scliar tem por objetivo mostrar ao leitor como as dificuldades financeiras suprimem as fantasias de uma criança pobre que não acredita mais em seus sonhos. Scliar (ibidem) ainda aproveita para revelar em sua crônica como o espírito natalino, normalmente associado à solidariedade e fundamentado na fé cristã, reduziu o Natal a uma data comercial, na qual o consumo exagerado e a troca de presentes tornaram se o atrativo principal. Dessa forma, Moacyr Scliar oferece essa análise a partir da voz de uma criança pobre, que acredita que a data se resume aos bens de consumo, e sem os quais não haveria sentido para comemorações. Em seus textos, Moacyr Scliar mostra que atrás da realidade noticiada pelo jornal, existe uma ficção em potencial. Ao oferecer um texto mais imaginativo, que oferece uma possibilidade diferente ao texto da matéria, o autor apresenta uma visão mais abrangente diante daquela imposta na notícia. Partindo de relatos reais, mas superficiais, o cronista dá uma nova roupagem ao que leu, apresentando personagens que poderiam estar ocultos sob cada uma dessas histórias. Ao partir das notícias, que, para o autor, são reveladoras da condição humana, o cronista apóia se no reflexo da realidade social que o circunda, acrescentando também outras situações e personagens ao fato relatado. Torna se assim um narrador que não apenas informa, mas envolve o leitor com uma narrativa fabulosa e surpreendente. Dessa forma, seu texto resulta de um movimento criativo que se serve da linguagem não só para retratar a realidade social existente, mas também para acrescentar à realidade histórica algo inexistente até então (KONZEN, 2002, p.17). A crônica de Moacyr Scliar torna se uma mescla entre a realidade e a ficção. O autor inspira se na arte

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 11 literária para oferecer um caminho diferenciado para narrar o real. Dessa forma, a apreensão da realidade é representada em suas crônicas com um sabor literário, constituindo em textos onde os limites entre o jornalismo e a literatura tornam se permeáveis. Os textos constituem também em uma transformação da atualidade em contemporaneidade, pelo caráter atemporal das crônicas. Por meio de uma alegoria de fatos diários, o autor aprofunda se na realidade contemporânea e vai além, interpretando e reformulando a realidade. De modo cíclico, continuando o passado no presente, a história escrita por Scliar irá interessar o leitor de qualquer tempo, pois este terá condições de lhe dar sentidos novos, mesmo em outra época. Através da recuperação do fato real noticiado, o autor produz um outro texto, permeado pelos discursos que emanam do real, do jornal e da própria vivência do cronista. As crônicas de Scliar constituem um papel social, um meio de reflexão dos assuntos cotidianos. Isso porque os personagens e os espaços retratados nos textos não são estáticos e transitórios, pois transpõem os limites da criação literária para tornarem se matéria perene. Referências Bibliográficas BARROS, D. L. P. Dialogismo, Polifonia e Enunciação. In Dialogismo, Polifonia, Intertextualidade. BARROS, D.L.P.; FIORIN, J. L. (orgs.). 2 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. CARDOSO, S. H. B. Discurso e Ensino. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. CAVALCANTI, J. R. As narrativas nas páginas de jornais. In Comunicarte, v.1, n. 29. Campinas: Pontifícia Universidade Católica, 1982. FIORIN, J. L. Polifonia textual e discursiva. In Dialogismo, Polifonia, Intertextualidade. BARROS, D.L.P.; FIORIN, J. L. (orgs.). 2 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997. KONZEN, P. C. Ensaios sobre a arte da palavra. Cascavel: Edunioeste, 2002. IBGE. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores. Acessado em outubro 2006. JOVEM acusado de usar pit bull em assalto é preso. In Folha de S. Paulo, Caderno Cotidiano, p.4. São Paulo, 21 dez. 2005. MAINGUENEAU, D. Os termos chave da Análise do Discurso. Lisboa: Gradiva, 1997. MANUAL da redação: Folha de S. Paulo. São Paulo: Publifolha, 2001. SATO, N. Jornalismo, literatura e representação. In Jornalismo e literatura: a sedução da palavra. CASTRO, G. de e GALENO, A. (orgs.). São Paulo: Escrituras Editora, 2002.

Revista Elementa. Comunicação e Cultura. Sorocaba, v.1, n.1, jan./jun. 2009. 12 SCLIAR, M. Aquela inconfiável arma, o pitbull. In Folha de S. Paulo, Caderno Cotidiano, p. 2. São Paulo, 26 dez. 2005.. Desistindo de Natal. In Folha de S. Paulo, Caderno Cotidiano, p. 2. São Paulo, 19 dez. 2005.. O seqüestro das galinhas. In Folha de S. Paulo, Caderno Cotidiano, p.2. São Paulo, 13 fev. 2006.. Re: Mais algumas questões [Mensagem pessoal]. Mensagem recebida por tatilazz@yahoo.com.br em 11 ago. 2006. NÍNCIA CECÍLIA RIBAS BORGES TEIXEIRA Pós doutora pela UFRJ. Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Londrina. É Professora Adjunta da Universidade Estadual do Centro Oeste. Tem experiência na área de Letras e Comunicação Social, com ênfase em Literatura, atuando nas seguintes linhas de pesquisa: Gênero e Representação; Texto, Memória e Diferença Cultural. nincia@unicentro.br Tatiana Lazzaroto Jornalista, graduada em Letras Literatura.