Novas possibilidades de leituras na escola
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- Ricardo Arruda de Sintra
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1 Novas possibilidades de leituras na escola Mariana Fernandes Valadão (UERJ/EDU/CNPq) Verônica da Rocha Vieira (UERJ/EDU/CNPq) Eixo 1: Leitura é problema de quem? Resumo A nossa pesquisa pretende discutir os seguintes questionamentos: O que se entende por leituras? Será que o ato de ler está restritamente ligado à escrita? Como isso se dá na prática da sala de aula? A leitura é considerada, de modo geral, apenas como uma linguagem verbal escrita, uma decodificação de palavras e dos seus significados. Assim, a prática da leitura, principalmente no cotidiano escolar, limita-se aos textos escritos, sob a guarda de que esses tipos de textos transmitem as informações de forma mais objetiva e completa (Cereja, Magalhães, 2003), com isso, a definição de texto é compreendida, como uma unidade lingüística concreta, na qual somente a escrita consegue desenvolver uma função comunicativa. Analisaremos tais questões com base em nossa pesquisa de campo realizada na Escola Municipal Argentina, com uma turma de 4ºano do 1ºciclo dentro do projeto A leitura no aperfeiçoamento do ensino: uma proposta de pesquisa participante que visa à melhoria do ensino público através do diálogo entre a universidade e a escola, com o foco na formação do professor inicial e continuada, para que o ensino não se perpetue em apenas fazer utilização de textos verbais escritos, ampliando a perspectiva de leitura e de texto assim como também a incorporação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no ensino. Leituras Pensar a leitura como formação implica pensá-la como uma atividade que tem a ver com a subjetividade do leitor: Não somente com aquilo que o leitor sabe, mas também com aquilo que ele é. Trata-se de pensar a leitura como algo que nos forma (ou nos deforma ou nos transforma)... (Jorge Larrosa)
2 O que se entende por leituras? Será que o ato de ler está restritamente ligado à escrita? A leitura é considerada, de modo geral, apenas como uma linguagem verbal escrita, assim a prática da leitura no cotidiano escolar tende a limitar-se aos textos escritos, com isso, a própria definição de texto é compreendida como uma forma de expressão do verbal para escrita. Através de tais pontos, questionamos: será que imagem, sons, expressões corporais e até mesmo o cheiro não podem ser considerados como linguagem, logo um texto? Compreendendo que a linguagem é toda e qualquer forma de comunicação e de expressividade de uma idéia/ideologia que possibilita uma dada interpretação, em que o texto pode ser configurado como uma via que permite diferentes leituras. Partindo de recortes da proposta do projeto da pesquisa - que discute as novas formas de leituras a partir de novos textos multimidiáticos (TIC), tendo o campo das diferentes percepções demarcadas nos debates com os alunos a cada encontro, nas quais a produção textual e de sentidos não têm que obedecer a um modelo único, sentido tão cristalizado nas práticas escolares; e além de apresentar aos alunos do projeto novas possibilidades de leituras, seja por textos escritos ou através das TIC. Justificando a palavra nova, utilizamo-la no sentido de redefinir/redimensionar a concepção de leitura, uma vez que a definição de ler/leitura está enraizada na decodificação da palavra escrita, uma forte tendência das práticas pedagógicas em valorizar o verbal em detrimento do não verbal. Assim, para ampliar a perspectiva de leitura e de texto que o projeto A leitura no aperfeiçoamento do ensino: uma proposta de pesquisa participante, visa à melhoria do ensino público através de diálogo entre a universidade e a escola, com o foco na formação do professor inicial e continuada para que o ensino não se perpetue em apenas fazer utilização de textos verbais escritos, mas também a incorporação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no ensino. Na intenção de trazer à tona à linguagem multimidiática que essas novas tecnologias possuem que tanto interessam, encantam e seduzem os sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Acreditamos que diante do interesse pelas TIC o ideal seria que a escola de fato conseguisse apropriá-la como um instrumento de auxílio no processo de ensino-
3 aprendizagem, sem utilizá-los apenas como forma de repetir velhos métodos com novos artefatos, ou ainda sem colocar as TIC: em lugar de professor precisa resolver alguma coisa, aí no lugar de dar aula ele coloca um filme ou algo do gênero; para esquentar utiliza as TIC para atrair aos alunos para a introdução de algum conteúdo; não se fala mais nisso coloca o artefato para dar aula, quando termina a sua utilização nem se dá ao trabalho de fazer algum trabalho posterior; Como vocês viram na TV... colocar algo visto na TV como introdução e ficar dando a interpretação própria do filme para o entendimento do conteúdo (FERREIRA, 2002), para poder ajudar a formação de cidadão críticos sobre o que a mídia lhes oferece e de certa forma impõe. Diante disso, nossa pesquisa visa contrapor ao discurso da falta propostas produzidas a partir da reflexão conjunta sobre as situações concretas de ensino-aprendizagem; e sistematizar um conjunto de condições de produção do trabalho com as TIC, remetendo a apropriações que, instaurando diferenças qualitativas, favoreçam o redimensionamento das práticas de leitura na Escola Municipal República Argentina -escola onde está sendo realizada a nossa pesquisa, com uma turma de 4ºano. (BARRETO, 2008). Na prática de nossa pesquisa... Na realização de nossas oficinas temos tido êxito na utilização desses novos textos e as crianças de fato têm nos surpreendido com sua capacidade de interpretar esse tipo de texto e discutir as problemáticas neles apresentada, como exemplos, traremos algumas das oficinas trabalhadas: 1º- Passamos o filme de animação Balablock, com aproximadamente 7 min e 27 seg. Esse curta não possui fala, apenas fundo musical/sonoro e figuras. A crianças compreenderam muito bem a temática do filme que são as diferenças e o preconceito decorrente das mesmas e nossa tendência a querer igualar a todos. Quando foi perguntado sobre o que haviam visto conseguiram descrever com detalhes que nem mesmo era esperado e quando questionados a cerca das diferenças mostraram entender bem e fizeram uma excelente discussão sobre o tema. Posterior a esse momento pedimos que eles fizessem alguma produção (recorte e colagem, desenhos, etc.) sobre o tema diferença e depois apresentassem ao grupo mostrando sua autoria e deixando que outros tentassem explicar a sua produção e depois o autor falaria do que ele havia pensado ao fazer.
4 Diante desse encontro o que mais nos chamou atenção foi a rapidez com que eles compreenderam o texto e a facilidade para discuti-lo, uns alunos mais outros menos, mas no geral eles demonstraram ser bem espertos. Ilustração do filme Balablock 2º- Depois trouxemos imagens com o objetivo de mostrar que as coisas/ situações podem ter diversas formas de serem vistas e essa atividade trouxe grande empolgação nas crianças e vontade de lerem mais textos com esse formato. Acreditamos que essa foi a oficina que as crianças, mais se interessaram em de fato ler um outro tipo de texto. Uma observação importante sobre essa atividade é que as crianças viam coisas nas figuras que nem nós pesquisadoras conseguimos ver e isso mostra o quanto é importante não subestimar a capacidade de interpretação das crianças com o texto que for, pois se dermos chances, elas irão mais longe do que podemos imaginar. 3º - Houve a leitura do livro ZOOM; que fala de perspectiva sem haver nenhuma palavra escrita, é um texto totalmente imagético. E esse livro causou muita vontade de tentar ver o que vinha depois, sendo muito interessante as adivinhações que as crianças tentavam fazer e as aproximações que faziam dos lugares vistos nas figuras aos lugares que elas conhecem. Concluindo... Assim, os meios multimidiáticos possibilitam uma gama de leituras a partir de novos textos, em que as produções não seguem uma forma pré-estabecida nas oficinas do projeto. Uma das observações mais importantes foi a de que os alunos, quando não
5 subestimados, demonstram um potencial enorme para fazer boas discussões, diante de sua história, seus interesses e lugar social ocupado. Referências bibliográficas FERREIRA, L.S. Mídia e escola: produção de sujeitos. Monografia. Faculdade de Educação da UFRJ, BARRETO. G, Raquel. A LEITURA E A POLISSEMIA NAS PRSTICAS ESCOLAES Disponível em: em 23 de junho de 2008 SILVA, ALVES da, Flávio. A PRÁTICA NA LEITURA NA ESCOLA, artigo, 2007 Disponível em: Acesso em: 23 de junho de 2008
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