ALB aponta ao crescimento e à inovação O serviço de pequeno curso ferroviário não está a ser explorado

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Transcrição:

9/21/2017 ALB aponta ao crescimento e à inovação O serviço de pequeno curso ferroviário não está a ser explorado A Área Logística da Bobadela encontra-se em crescimento no mercado de parqueamento, armazenagem e manutenção de contentores sendo já uma referência nacional do setor logístico. Lourenço Silva, CEO da ALB, conversou com a Transportes em Revista sobre a evolução da ferrovia, as contingências de operação e os desafios futuros no mercado nacional e ibérico. A ALB Área Logística da Bobadela, empresa de movimentação, armazenagem, manutenção e reparação de contentores em diversas plataformas logísticas nacionais, evoluiu significativamente no primeiro semestre de 2017, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em termos de faturação (valor total + variação homóloga), a empresa faturou cerca 7,5 milhões de euros mais 36,36% que em 2016 (5,5 milhões de euros). Apesar deste aumento significativo, também os investimentos cresceram 200%, com a ALB a investir cerca de 1,5 milhões de euros em 2017, em comparação com os 500 mil euros, em 2016. Ao nível das operações, a empresa realizou cerca de 125 mil movimentos no primeiro semestre de 2017, mais 25% que no período homólogo (100 mil movimentos). Os 409 comboios realizados na primeira metade do ano traduziram-se em cerca de 18 mil TEU s transportados, em comparação aos 329 comboios de 2016 e aos cerca de 14 mil TEU s transportados. Ao nível do transporte rodoviário, a ALB transportou cerca de 30 mil contentores em camião, mais 25% que em 2016 (aproximadamente 24 mil contentores). Recentemente, a ALB concorreu ao Programa 2020 com um plano estratégico de médio

prazo estruturado em quatro áreas de atuação: internacionalização, aumento da estrutura de oferta e respetivo equipamento e modernização da estrutura organizacional, valorização dos recursos humanos e processos de certificação de qualidade. Na conversa com a Transportes em Revista, Lourenço Silva, CEO da ALB, refere que «trata-se de preparar os meios internos para uma nova fase da vida da empresa, mais eficiente, mais competitiva, visando o seu crescimento para um novo patamar». A necessidade de efetuar uma reflexão estratégica de forma a sistematizar o caminho a seguir é uma preocupação constante da ALB que se repercute, desde logo, no investimento em nova frota rodoviária. «Estamos a preparar o futuro e necessitamos de ter uma frota rodoviária que seja eficiente e nos permita reduções dos custos operacionais». Este investimento não se trata, contudo, de um aumento de capacidade mas sim na renovação daquela existente. Baixar os custos operacionais e o consumo de combustível das viaturas são imperativos para a ALB que, com os novos contratos de manutenção junto das marcas, consegue reduzir significativamente os encargos com cada viatura. Além de novos camiões, o material de parque foi também alvo de investimento devido ao acréscimo de serviço. A renovação da maquinaria de vazios consegue atualmente movimentar dois contentores em segurança com «rentabilidade fora do normal» reduzindo substancialmente os custos, tanto ao nível dos recursos humanos, como ao nível do combustível e desgaste do equipamento. O crescente investimento da ALB tem permitido à empresa ganhar expressão no mercado nacional de parqueamento, manutenção e transporte de contentores. Nas palavras de Lourenço Silva, esta notoriedade resulta da conjugação de dois fatores: a «qualidade do serviço que prestamos, onde se engloba a rapidez de resposta e o diálogo com o cliente» e o «investimento em parques geograficamente bem localizados perto das necessidades do cliente», entre os quais os parques da região do Porto e da região de

Setúbal, bem como os serviços prestados na região de Mérida e Badajoz. O aumento da procura pelos serviços da ALB é igualmente assinalado pela «flexibilidade da oferta utilizando tanto o comboio como a frota rodoviária e pela eficácia da rapidez na manutenção e reparação», através de uma equipa permanente de oito serralheiros na plataforma ribeirinha da Bobadela, quatro em Leixões, três em Setúbal e um em Badajoz. Confrontado com o crescimento do mercado, Lourenço Silva admite que «tem chegado e saído mais carga a Portugal» e que a ALB está «a tentar fazer uma gestão mais adequada dos seus clientes para uma melhor qualidade de serviço». A importância da ferrovia No que diz respeito ao setor do transporte ferroviário de mercadorias tem-se verificado um crescimento substancial nos últimos anos. Todavia, questionado sobre esta matéria, Lourenço Silva refere à Transportes em Revista que «as quotas do transporte ferroviário ainda são muito reduzidas, pelo que a margem de crescimento é enorme. Mas a competitividade da ferrovia tem sido difícil pelos aumentos de custos provocados por deficientes infraestruturas». E acrescenta: «a capacidade [da ALB] de aumentar o transporte ferroviário está dependente da competitividade que a ferrovia conseguir e da dimensão da oferta que implementar». Ainda sobre o setor ferroviário, o responsável admite que «se pode fazer muito mais na ferrovia», ainda assim, não se faz por «falta de capacidade e de cultura dos operadores no tráfego de pequeno curso». Nas suas palavras «a rodovia, complementa a ferrovia», no entanto reitera que quer por rodovia, quer por ferrovia, a ALB «consegue assegurar ao cliente a eficácia do serviço que ele necessita». No segmento ferroviário, a ALB trabalha com os dois operadores nacionais que apresentam modos de atuação diferentes. No entanto «com qualquer um deles foi possível estabelecer linhas comuns de entendimento baseadas em visões de longo prazo». Lourenço Silva ressalva mesmo que em «algumas linhas há uma verdadeira concorrência entre os dois operadores, o que é positivo para o desenvolvimento da ferrovia». Contudo afirma que «há ainda muito trabalho por fazer e desenvolver na parte da ferrovia» e que «o serviço de pequeno curso é um serviço que não está a ser devidamente explorado. Por exemplo Lisboa-Setúbal, um percurso que não é rentável derivado ao traçado utilizado». Lourenço Silva afirma que «desde que seja bem conjugada a operação pode ser muito mais rentável, desde que seja possível a utilização da Ponte 25 de Abril, que é um dos pontos que deve ser equacionado, tanto pelos operadores, como pelo gestor da infraestrutura». A passagem pela ponte traduzirse-ia num percurso de cerca de 70km, ao passo que pelo Setil/Entroncamento, as viagens têm cerca de 300km. Para Lourenço Silva existe falta de flexibilidade operacional entre os operadores e as infraestruturas, relembrando que a passagem pela Ponte 25 de Abril já foi feita em várias ocasiões por avarias noutras linhas, razão pela qual avisa que «é uma

questão da IP e dos operadores verificarem e analisarem esse tipo de situações». A rede de parques da ALB tem vindo a crescer, não só em novas localizações como também na capacidade e nos serviços prestados. Na Bobadela, o parque alugado à IP Infraestruturas de Portugal requer a renovação dos contratos existentes, mas Lourenço Silva não vê sinais de preocupação. O responsável lembra que durante mais de 15 anos de operações «a relação com o proprietário esteve sujeita a vários tipos de relações contratuais», o que não impediu que a ALB participasse na realização de inúmeros comboios, a maioria dos quais, resultantes de atividade comercial direta. «Acreditamos que somos a empresa que pode garantir à IP-Infraestruturas de Portugal, a realização de mais receitas provenientes da sua atividade core, ou seja, taxas de comboios/quilómetros, além do montante que pagamos de aluguer». Lourenço Silva sublinha que a ALB tem dado provas do seu know-how e capacidade de operação ao longo dos anos, e resultado disso são os 20 comboios diários que saem do complexo da Bobadela, em comparação com os dois comboios semanais que saíam no inicio da relação com a IP. Nos 49 mil m2 da plataforma da Bobadela, a ALB já investiu um total de 5 milhões de euros, desde terraplanagens, a pavimentação, infraestruturas e sistemas de escoamento de águas. O prolongamento e união das linhas férreas que percorrem todos os terminais da Bobadela seria uma necessidade vantajosa para todos os agentes presentes na cadeia logística, ainda assim, Lourenço Silva diz que cabe à IP encontrar a solução que melhor beneficie todas as entidades. «Nós estamos abertos a qualquer uma das situações que sejam propostas», mas «tem de ser garantido o serviço público aos clientes». «Existe algum interesse na plataforma da Guarda» Atualmente, o terminal rodo-ferroviário da Guarda tem sido alvo de estudo e averiguação por várias empresas de transporte e logística nacionais para o aproveitamento das linhas da Beira Alta e da Beira Baixa para o transporte de mercadorias, inclusive para território espanhol. Lourenço Silva admite que a ALB tem «contactado com empresas da região, bem como com a Câmara Municipal da Guarda, para analisar a possibilidade de dinamizar esta plataforma» e que se trata «de uma estratégia similar à adotada para a região espanhola da Extremadura, sendo que a concretização do negócio tanto pode ser de forma isolada ou em parceria». Relativamente a esta questão, o CEO da ALB dá o exemplo de Setúbal que, no início, não teve o tráfego desejável de transporte de contentores. Contudo, o transporte foi aumentando exponencialmente de seis contentores de 40 pés/diários até três comboios completos para aquela região. O terminal rodoferroviário da Guarda tem, na sua opinião, «além das mercadorias existentes na parte portuguesa, muito potencial por explorar no território espanhol», mas deixa o aviso que, tal como em Setúbal, este será um local de crescimento exponencial e não imediato. Colocar o terminal em funcionamento é um interesse para a ALB que, «em parceria ou isoladamente», pretende dinamizar e usufruir das linhas da Guarda para o crescimento do

transporte e logística de contentores. A atividade da ALB para o Porto de Setúbal sofreu um crescimento nos últimos tempos, facto que Lourenço Silva diz dever-se a duas componentes: por um lado ao crescimento do próprio Porto de Setúbal, que deixou de ter capacidade de parqueamento de vazios, e por outro à parceria entre a ALB e a Medway na realização de comboios para Sines, situação que veio dinamizar as operações naquela região. Atualmente, a parceria ALB/Medway faz dois comboios diários para Setúbal, «um dos locais com mais potencial para crescer». Por outro lado o novo parque em Leixões tem igualmente sofrido um aumento de movimento de contentores, em especial pela sua proximidade (1km) dos terminais portuários, sendo a ponte rodoviária menor. Ainda assim, e apesar de admitir que o Porto de Leixões «trabalha muito bem», Lourenço Silva aponta para a problemática da ferrovia no porto e para o congestionamento do parque da IP, por falta de capacidade. Modificar a plataforma seria uma solução para os operadores em Leixões, uma vez que é um porto «com potencial para crescer», refere. A exploração de terminais rodo-ferroviários pelo país tem uma importância crescente para as empresas de transporte e logística. Lourenço Silva diz que «a ALB fez em tempos um mapa dos potenciais terminais em que estaria interessada, terminais esses que hoje

em dia estão obsoletos...». A ALB assume que quer primeiro «consolidar os terminais existentes (Leixões, Bobadela, Setúbal e os da Extremadura espanhola)» e só depois dessa consolidação «analisar a possibilidade de outras áreas», nomeadamente de parques da IP Infraestruturas de Portugal «onde há procura potencial, que pode ser uma mais-valia para a infraestrutura a nível de quilómetro/comboio». O mercado espanhol O mercado espanhol é outro segmento a consolidar nos negócios da ALB, que encara o país vizinho como «importante para o desenvolvimento», devendo «crescer exponencialmente quando estiver concluída a ligação ferroviária direta a partir de Sines». Lourenço Silva refere que «a dimensão deste mercado é enorme» pelo que a ALB está muito atenta ao «calendário de concretização da obra e ao crescimento de volume de negócios» para, na altura apropriada, ter «capacidade financeira e técnica para aproveitar a oportunidade». O mercado espanhol «é um pouco variado e sazonal em algumas cargas, mas é um mercado que tem muito potencial e escala». Todavia, ainda que a agro-indústria seja sazonal, muitas outras atividades como o vidro, possibilitam à ALB manter, em média, três comboios semanais com destino à Extremadura espanhola. Questionado sobre a procura de potenciais parceiros no mercado ibérico, Lourenço Silva responde de forma afirmativa dizendo que «é uma ideia que temos de por em cima da mesa», lembrando que a ALB é a única empresa nacional a carregar mercadorias, através da ferrovia, em território espanhol. Sobre este assunto, Lourenço Silva resume que «a curto prazo queremos consolidar a nossa presença nos mercados transfronteiriços, principalmente na Extremadura espanhola e numa segunda fase, no eixo Guarda- Salamanca-Valladolid». por José Monteiro Limão e Pedro Venâncio Por: Fonte: