SISTEMÁTICA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS EM ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES YUK, Caroline Silva¹; KNEIPP, Jordana Marques¹ ; MAEHLER, Alisson Eduardo² ¹ Acadêmicas do Curso de Bacharelado em Administração FAT/UFPel ² Professor Efetivo da Faculdade de Administração e Turismo FAT/UFPel Almirante Barroso, 1734 CEP: 96010-280 carolsyuk@yahoo.com.br 1 INTRODUÇÃO O sistema de distribuição tem uma importância muito grande para as empresas. O controle de distribuição pode ser realizado por meio de uma relação de usuários, que podem receber o manual completo (distribuição geral) ou apenas informações que possam influenciar diretamente suas atividades (distribuição seletiva). A distribuição geral causa desperdício de material e aumenta o custo de atualização; a distribuição seletiva, quando mal planejada, pode fazer com que muitos usuários deixem de receber informações necessárias, enquanto que, bem feita, reduz o custo e facilita a consulta. Os gestores de hospitais públicos estão compelidos a praticarem uma administração profissional capaz de cumprir com eficiência, eficácia, efetividade e principalmente, com economia, a missão das entidades que gerenciam, dentro da legalidade. É sabido que os gastos com medicamentos estão entre os maiores custos para o adequado funcionamento de um hospital e para a prestação de uma assistência à saúde com qualidade aos usuários deste serviço. Estes gastos, em relação aos custos totais do hospital, representam um valor em torno de 5% a 20% dos orçamentos dos hospitais. As organizações hospitalares públicas estão inseridas em um contexto onde os custos são cada vez mais elevados. A demanda por qualidade e bons serviços é cada vez maior e a pressão por produtividade, para que seja prestado o melhor atendimento possível a um maior número de pessoas, com os recursos disponíveis, é cada vez mais crescente. A preocupação com a logística hospitalar vem crescendo bastante, pois dela depende a alimentação e o abastecimento de todos os pontos de distribuição de medicamentos e materiais médicos - hospitalares dentro do hospital, independente do valor. A logística é vital não só para o funcionamento de hospitais, mas para todas as organizações, principalmente aquelas que são obrigadas a trabalhar com estoques altos. A moderna Farmácia Hospitalar com seu objetivo de promover o uso racional de medicamentos tem entre os seus pilares básicos de sustentação o estabelecimento de um sistema racional de distribuição de medicamentos. Visa também o alcance da eficiência e eficácia na assistência a pacientes e integração as demais atividades desenvolvidas no ambiente hospitalar. A distribuição racional dos medicamentos consiste em assegurar os produtos na quantidade e especificações solicitadas pelos usuários de uma forma segura e no prazo estabelecido.
Este trabalho teve como objetivo analisar como está configurado o sistema de distribuição de medicamentos dentro de quatro hospitais de Pelotas/RS, e quais as suas vantagens e desvantagens, na opinião dos atores envolvidos, bem como o perfil dos gerentes e a organização da farmácia. 2 MATERIAL E MÉTODOS A presente pesquisa foi realizada em quatro hospitais de Pelotas/RS, pela maior facilidade de contado do pesquisador com os farmacêuticos entrevistados. O estudo caracteriza-se como sendo exploratório e descritivo. Este tipo de pesquisa caracteriza-se por sua flexibilidade e versatilidade. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário. Os questionários foram os seguintes: perguntas fechadas ou dicotômicas, também denominada limitadas ou de alternativas fixas, são aquelas em que o informante escolhe sua resposta entre duas opções: sim e não; perguntas de múltipla escolha, que são perguntas fechadas, mas que apresentam uma série de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto (MARCONI E LAKATOS, 1991). Os questionários foram aplicados aos chefes/responsáveis pela farmácia hospitalar, mas por comodidade dos mesmos, o pesquisador foi preenchendo o questionário ao longo da entrevista. Com isso o trabalho foi enriquecido, porque na medida em as questões eram preenchidas, existia a explicação do farmacêutico para cada questão. Tanto na elaboração dos questionários quanto para sua tabulação e análise foi utilizado o software de pesquisa sphinx léxica, que utilizou a estatística descritiva. Foi realizado um estudo sobre o método de distribuição e as variáveis que envolvem esse processo dentro da organização. Foram analisados fatores como: a) identificar como é feita a distribuição de medicamentos; b) comparar o modo de distribuição de medicamentos utilizado pelos hospitais, com os demais modos de distribuição existentes; c) verificar se há cooperação dos envolvidos nesse processo para que o método de utilização de distribuição seja eficiente e eficaz; d) verificar se há falta de medicamentos nos setores, ocasionada pelo modo de distribuição utilizado; e) perfil dos farmacêuticos quanto a sua formação e o tempo no cargo; f) configuração da farmácia quanto à localização e estrutura. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Um sistema de distribuição de medicamentos deve ser: racional, eficiente, econômico, seguro e deve estar de acordo com a terapêutica prescrita. Quanto maior a eficácia do sistema de distribuição mais garantido será o sucesso da terapêutica instaurada no hospital (CAVALLINI E BISSON, 2002). É importante ressaltar que a distribuição de medicamentos é uma atividade técnico-científica de orientação ao paciente, de importância para a observação ao tratamento e muito eficaz quando bem administrada devendo ser exclusividade do farmacêutico, que é um profissional habilitado. A distribuição racional dos medicamentos consiste em assegurar os produtos na quantidade e especificações solicitadas pelos usuários de uma forma segura e no prazo estabelecido (LIMA, SILVA E REIS, 2003). Em todos os hospitais estudados é utilizado o mesmo modo de distribuição de medicamentos, que é o Sistema de Distribuição Semi-Coletiva ou por Prescrição
Individualizada, que para os responsáveis é o melhor método que o hospital pode oferecer. Este sistema permite um estoque desnecessário em unidades de internação em torno de 25% e a implementação deste sistema representa um grande avanço para os hospitais brasileiros. Em 40% dos hospitais estudados existe a cooperação dos funcionários, para que não haja desperdício de medicamentos, que é um dos principais itens de custos dos hospitais, sejam eles públicos ou privados. Já, em 60% deles, às vezes, existe a cooperação dos funcionários. Essa falta de cooperação dos funcionários pode causar um custo alto para o hospital em relação aos medicamentos. O desinteresse dos funcionários e a falta de informações fazem com que eles não cooperem com a distribuição de medicamentos, ocasionando assim, o desperdício dos mesmos. Os responsáveis necessitam fazer treinamentos e conscientizações para que não houvesse tantos desperdícios. Os medicamentos/materiais representam de 5% a 20% do orçamento total dos hospitais. Em 40% dos hospitais estudados não há falta de medicamentos nos setores, eles conseguem atender aos pedidos. Somente há falta de medicamentos/materiais se não há na farmácia. Em 60% dos hospitais às vezes existe a falta de medicamentos. A existência da falta de medicamentos/materiais nos setores, não é ocasionada pelo modo de distribuição utilizado pelo hospital, segundo as responsáveis pela distribuição, essa falta é ocasionada somente pela não existência de recursos financeiros e a não compra das quantidades necessárias para evitar a falta. Mas sempre que há alguma falta de medicamento/materiais que seja de uso urgente, é solicitado para outro hospital o empréstimo dos mesmos, tendo então uma troca entre as instituições. Nos quatro hospitais estudados, todos os chefes/gerentes da farmácia possuem Pós-Graduação. Com esse nível de estudo é possível se ter uma visão ampla a respeito de diversos assuntos. Em relação ao tempo do chefe/gerente da farmácia no cargo verificou-se que em três dos hospitais estudados, os responsáveis possuem de um ano à dois anos no cargo. No quarto hospital o chefe/gerente possui mais de sete anos no cargo. Verifica-se que a maioria deles possui um bom tempo de experiência e, com isso um maior conhecimento sobre os assuntos abordados no estudo. Em relação à localização da farmácia, todas elas estão localizadas dentro do hospital, o que facilita a circulação, o reabastecimento de medicamentos e materiais, a provisão de serviços a pacientes, transporte e o fácil acesso dos funcionários até ela. A Farmácia Hospitalar deve localizar-se em áreas que facilitem a provisão de serviços a pacientes e também contar com recursos de comunicação e transporte. Em dois dos hospitais estudados a farmácia hospitalar esta localizada no térreo e nos outros dois hospitais a farmácia se localiza no primeiro andar. É aconselhado que a farmácia se localize em andar térreo, bem ventilado e de boa claridade, que seja de fácil acesso a fornecedores, entregadores e que fique a margem dos fluxos de maior movimentação de pessoal para a fácil circulação de entradas e saídas de medicamentos (PATERNO, 1990). 4 CONCLUSÃO Com o presente trabalho foi verificado que todos os hospitais estudados utilizam o mesmo modo de Distribuição de Medicamentos, que é o Sistema de
Distribuição de Medicamentos Semi-Coletiva ou por Prescrição Individualizada. A dispensação de medicamentos para as unidades de internação é feita através de prescrições ou requisições médicas solicitadas diretamente à farmácia. Os estudos revelam que este sistema utilizado pelos hospitais para o fornecimento de medicamentos individualizados por pacientes não acarreta a diminuição de tempo de preparo de doses, erros de administração, perdas por deterioração, desvios e outros. A implantação do Sistema de Distribuição de Medicamentos Semi-Coletiva ou por Prescrição Individualizada significa um grande avanço nos hospitais em relação ao Sistema de Distribuição Coletiva, já que o mesmo permite reduzir estoques nas unidades de internação em torno de 25%. Além disso, o sistema adotado permite que o farmacêutico tenha maior controle sobre os medicamentos e a verificação do faturamento gasto por paciente, facilitando a observância de custos e o controle de gastos/desperdícios. O método de distribuição de medicamentos que oferece melhores condições para um adequado seguimento de terapia de medicamentos para pacientes é o Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária. O problema da implementação desse sistema é seu alto custo na implantação, que envolve máquinas, infra-estrutura e número de funcionários adequados, mas esse investimento é compensado pela redução de custos que pode variar de 25% a 40%, em geral e principalmente, redução com medicamentos e materiais (ROSA, GOMES E REIS, 2003). Foi verificado que em alguns hospitais o modo de distribuição utilizado ocasiona a falta de medicamentos em alguns setores. Nos demais hospitais não há falta de medicamentos nos setores. Existirá a falta somente se não houver na farmácia os medicamentos necessários. Essa falta não é ocasionada pelo modo de distribuição utilizado por eles e sim pela falta de recursos financeiros do hospital. Por fim, recomenda-se que mais estudos sejam feitos, particularmente em relação ao sistema de distribuição de medicamentos utilizado pelos hospitais estudados. É possível investir em todas as infra-estruturas necessárias, pois o retorno virá na redução dos custos com os medicamentos e materiais. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAVALLINI, Miriam Elias; BISSON, Marcelo Polacow. Farmácia Hospitalar: um enfoque em sistema de saúde. 1. ed. São Paulo: Manole, 2002. LIMA, Cássia R.; SILVA, Maria D. G.; REIS, Vera L. S. Sistema de Distribuição de medicamentos em Farmácia Hospitalar. In: GOMES, Maria J. V. M.; REIS, Adriano M. M. Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. cap. 20, p. 347-363. MARCONI, Mariana de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1991. PATERNO, Dario. A Administração de Materiais no Hospital. 2. ed. São Paulo: Centro São Camilo de Desenvolvimento em Administração da Saúde, 1990.
ROSA, Mário B.; GOMES, Maria J. V. M.; REIS, Adriano M. M. Abastecimento e Gerenciamento de Materiais. In: GOMES, Maria J. V. M.; REIS, Adriano M. M. Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. cap. 21, p. 365-386.