Cálculo Diferencial e Integral II

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Instituto Superior Técnico Departamento de Matemática Secção de Álgebra e Análise Cálculo Diferencial e Integral II Exame/Teste de Recuperação v2-8h - 29 de Junho de 215 Duração: Teste - 1h3m; Exame - 3h Apresente e justifique todos os cálculos Resolução abreviada Teste 1 1. Considere a função g : R 2 R definida por { 4xy 2 x 2 y (x, y) (, ) g(x, y) = x 2 +y 2 (x, y) = (, ). a) Verifique se g é contínua na origem. É contínua, pois g(x, y) g(, ) = 4xy 2 x 2 y x 2 + y 2 4xy 2 x 2 + y 2 + x 2 y x 2 + y 2 = 4 x y 2 x 2 + y 2 + y x 2 x 2 + y 2 4 x + y. b) Calcule, caso existam, as derivadas de g no ponto (, ) segundo os vetores (4, 1), (, 1) e (1, 1). Que pode concluir quanto à diferenciabilidade de g na origem? Seja v = (a, b). Então g v (, ) = d dt g((, ) + tv) t= = d dt g(at, bt) t=. Como g(4t, t) = g(, t) = para qualquer t resulta que para v = (4, 1) e v = (, 1) tem-se g/ v =. Por outro lado tem-se g(t, t) = 5t/2 para qualquer t, pelo que g/ v = 5/2 se v = (1, 1). Isto implica que g não é diferenciável, pois o vector (1, 1) é combinação linear de (4, 1) e (, 1) e a diferenciabilidade implicaria que também com v = (1, 1) se devia ter g/ v = (pois havendo diferenciabilidade tem-se g/ v(, ) = Dg(, )v). 2. Seja h : R 2 R 3 diferenciável no ponto ( 1, 1) tal que h ( 1, 1) = ( 1, 1, 1) e considere y f : R R 2 definida por f(x) = (x 2 1, e x ). Sendo ψ = h f, determine a derivada de ψ na origem. dψ () = Dh(f())Df() = dx. 1. 1. 1 [ 1 ] = 1 1 1.

[2.] 3. Determine e classifique os pontos críticos da função G : R 2 R definida por G(x, y) = 5x 2 + 1y 2 + 3xy 7x + 17y. Tem-se DG = se e só se 1x + 3y 7 = e 3x + 2y + 17 =. Este sistema [ tem ] como 1 3 solução o único ponto crítico (1, 1), no qual se tem D 2 G(1, 1) =. Esta 3 2 matriz é definida positiva e por isso o ponto é de mínimo. 4. Considere o conjunto definido por A = {(x, y, z) R 3 : x 2 ; y 1 ; x 2 y x ; z 2x + y}. Calcule o volume de A usando integrais iterados da forma dzdydx. V 3 (A) = 1 x 2x+y 1 dzdydx + 2 1 2x+y x/2 1 x/2 1 dzdydx = 4/3. 5. Considere o sólido definido por B = {(x, y, z) R 3 : y x ; x 2 + y 2 + z 2 2 ; z }. Seja f(x, y, z) = 3 x 2 + y 2 + z 2 a densidade de massa do sólido. a) Escreva uma expressão para a massa total de B usando coordenadas cilíndricas. M = π/4 2 2 z 2 3ρ ρ 2 + z 2 dρdzdϕ. b) Calcule a massa total de B usando coordenadas esféricas. M = π/4 π/2 2 3r 3 sen θ drdθdϕ = 3π/4. 6. Diz-se que φ : R n R é uma função homogénea de grau α R se, para quaisquer x R n e t R +, se verifica φ(tx) = t α φ(x). Sendo φ uma função homogénea e de classe C 2 com α 2: Prove que D u φ(u) = αφ(u), para qualquer u R n. D u φ(u) = d dt φ(u + tu) t= = d dt [(t + 1)α φ(u)] t= = αφ(u). Prove que u T Hu = α(α 1)φ(u), em que H é a matriz hesseana de φ no ponto u. u T Hu = d2 dt 2 φ(u + tu) t= = d2 dt 2 [(t + 1)α φ(u)] t= = α(α 1)φ(u).

Teste 2 1. Seja M = {(x, y, z) R 3 : 3x 2 y + y 3 + z 2 = 1 ; x + y = 1}. a) Mostre que M é uma variedade indicando a sua dimensão. Seja F = (3x 2 y + y 3 + z 2 1, x + y 1). Esta função é de classe C 1 e M = F 1 (). Além disso [ ] 6xy 3x DF = 2 + 3y 2 2z 1 1 só tem caraterística menor que 2 se z = e 6xy = 3x 2 + 3y 2, mas estes pontos não pertencem a M. Por isso M é uma variedade cuja dimensão é a dimensão de R 3 menos a característica de DF, ou seja, 1. b) Determine a reta tangente e o plano perpendicular a M no ponto (1,, 1). O espaço tangente T (1,,1) M é o núcleo de DF (1,, 1), que é gerado pelo vector (2, 2, 3), e o espaço normal N (1,,1) M é o espaço das linhas de DF (1,, 1). A recta tangente e o plano normal são respectivamente (1,, 1) + T (1,,1) M e (1,, 1) + N (1,,1) M. Portanto a recta tangente é {(1 + 2t, 2t, 1 + 3t) t R} e o plano normal é {(1 + λ, 3κ + λ, 1 + 2κ) κ, λ R}. c) Mostre que numa vizinhança de (1,, 1), M é o gráfico de uma função de y, ou seja, (x, z) = f(y), e determine dx dy (). A matriz quadrada contida [ ] em DF (1,, 1) que contém as derivadas parciais em ordem 2 a x e z é D xz F = e é não-singular. Como F é de classe C 1 1 resulta que a condição F (x, y, z) = é equivalente a (x, z) = f(y) numa vizinhança de y = para alguma função f de classe C 1 e tem-se [ ] Df() = (DF xz (1,, 1)) 1 1 D y F (1,, 1) =, 3/2 pelo que dx () = 1. dy d) Determine se a função f(x, y, z) = 3x tem ou não máximo absoluto em M. Aplicando o método dos multiplicadores de agrange obtemos (, 1, ) como único candidato a ponto de extremo condicionado de f em M. Neste ponto f tem o valor, mas o ponto (1,, 1) também pertence a M e neste f tem o valor 3, que é superior. ogo, f não tem máximo absoluto em M.

2. Considere a linha e o campo escalar φ(x, y, z) = = {(x, y, z) R 3 : x 2 + y 2 = 1 ; z = x 2 y 2 } 1 1 + 16x2 y 2. Parametrize a linha e calcule o integral Uma parametrização é g(t) = (cos t, sen t, cos 2 t sen 2 t) com t ], 2π[ e φ = φ. φ(g(t)) g (t) dt = 1 = 2π. 3. Considere o campo vetorial F (x, y) = ( y x 2 + y + 1, 2 x x 2 + y 2 + 2y) e a linha definida por = {(x, y) R 2 : x2 9 + y2 = 1} e percorrida no sentido horário. Calcule o trabalho realizado por F ao longo da linha. Temos F = G + H onde G = 1 ( y, x) e H = (1, 2y). O campo G é o ralo da x 2 +y 2 banheira centrado na origem e H é o gradiente de φ(x, y) = x + y 2. Como a curva dá uma volta à origem no sentido negativo o trabalho é W = F dg = G dg + H dg = 2π + = 2π. 4. Calcule o fluxo do campo vetorial F (x, y, z) = (2y, 2x, 3) através da superfície B = {(x, y, z) R 3 : x + z = 1 ; x 2 + y 2 < 1} segundo a normal com terceira componente positiva, usando o teorema da divergência. Seja D = {(x, y, z) : x + z < 1; x 2 + y 2 < 1; z > }. Pelo teorema da divergência temos F n = F =, D D em que n é a normal exterior. O campo F é tangente à superfície cilíndrica S = {(x, y, z) : x + z < 1; x 2 + y 2 = 1; z > },

pelo que o seu fluxo através de S é nulo. A base de D é o disco T = {(x, y, z) : x 2 + y 2 < 1; z = }, e em T tem-se F n = 3 = 3π. ogo, T T F n = F n F n F n = 3π. B D S T 5. Seja A R 3 a superfície definida por z = x 2 + y 2 1 ; z < e considere o campo vetorial H(x, y, z) = (y, x, z 2 xy). Use o teorema de Stokes para calcular o fluxo do rotacional de H através da superfície A segundo a normal com terceira componente negativa. O bordo A, com o sentido induzido pela normal, é parametrizado por g(t) = (sen t, cos t, ) com t [, 2π]. ogo, usando o Teorema de Stokes temos A H n = A H dg = H(g(t)) g (t)dt = 1 = 2π. 6. Seja M R n uma variedade compacta de dimensão maior do que zero e v R n um vetor não nulo. Mostre que existem pelo menos dois pontos x M tais que v é perpendicular a M em x. Seja φ : R n R a função definida por φ(x) = x v. Então φ = v. Como φ é contínua, pelo Teorema de Weierstrass concluímos que existem máximo e mínimo absoluto de φ em M. Em cada ponto de extremo condicionado x tem-se v = φ(x) N x M e por isso existem pelo menos dois pontos x, correspondentes respectivamente a um máximo e a um mínimo, tais que v N x M.