NOVA GESTÃO PÚBLICA E SUA EVOLUÇÃO. Paula Freire 2015

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Transcrição:

NOVA GESTÃO PÚBLICA E SUA EVOLUÇÃO Paula Freire 2015

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DECLÍNIO DA BUROCRACIA SURGIMENTO DO GERENCIALISMO Crise da burocracia se dá com a crise do Estado de Bem-Estar Social. Desenvolve-se com o surgimento do capitalismo e da democracia, como uma forma de proteção do liberalismo. Separação do público e do privado, impondo limites legais a atuação da administração pública. Entra em crise a partir da década de 1970, devido à crise fiscal que teve origem nas duas crises do petróleo.

GERENCIALISMO Tem início nos governos Thatcher no Reino Unido e Reagan nos EUA, no início dos anos 1980. Acredita na redução das atividades estatais e a autonomia do gestor público. Defende a mudança no foco do controle, do processo para o resultado.

NOVOS CONCEITOS EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Cliente-cidadão ou cidadão-usuário: é a combinação do conceito de cidadania (titularidade de direitos e obrigações instituídas em lei) com o conceito de cliente da qualidade total (é aquele que determina o que é o produto ou serviço de qualidade). Princípio da Eficiência é um bom serviço público a um baixo custo para o cliente-cidadão. Princípio da Efetividade capacidade do APARELHO DE ESTADO (núcleo estratégico) de formular, implementar e fiscalizar políticas públicas, que deem resultados.

ESTADO Aparelho do Estado (núcleo estratégico): cúpula estratégica do Estado. Formula, implementa e fiscaliza políticas públicas. Precisa ter efetividade. O restante do Estado presta serviços ao cidadão. Precisa ser eficiente. Política pública é um programa organizado para prestar serviços públicos, de variadas naturezas. Organização em orçamento, planejamento, cronograma de implementação, de avaliação.

NOVOS CONCEITOS / PRINCÍPIOS (CONTINUAÇÃO)... Transparência: É o conjunto de mecanismos que permitem aos cidadãos fiscalizarem a Administração Pública. Princípio da transparência Introduzido pela lei de responsabilidade fiscal. Accountability: termo da governança corporativa. Significa prestação de contas. Dever da administração pública (agentes, entidades, órgãos) de prestar contas do orçamento e dos resultados.

NOVOS CONCEITOS / PRINCÍPIOS (CONTINUAÇÃO)... Responsabilidade social dos gestores: é o dever do gestor de prestar contas dos resultados produzidos em sua gestão. Publicização: delegação de serviços não exclusivos para o setor privado. Ex: saúde, educação, cultura, pesquisa, meio ambiente. Assistência e previdência não. Segundo o plano diretor, são exclusivos do Estado.

NOVOS CONCEITOS GOVERNANÇA PROGRESSISTA: Apesar de no início a reforma gerencial surgir muito próxima do neoliberalismo, ao longo do tempo ela se distancia dele. É errado dizer que o gerencialismo defende um Estado Mínimo. O crescimento econômico, que segundo o neoliberalismo, seriam uma tendência natural, não veio. Houve insatisfação com as perdas em políticas sociais, (aumento de desemprego, criminalidade).

GOVERNANÇA PROGRESSISTA: Na década de 1990 novos grupos políticos assumem o poder, dando novos rumos para as mudanças no papel do Estado. Em 1993 assume o presidente democrata Bill Clinton nos EUA e em 1997 o partido trabalhista de Tony Blair assume o governo na Inglaterra. Estes irão formar, juntamente com FHC e outros líderes de Estado, a chamada Terceira Via.

GOVERNANÇA PROGRESSISTA Procura manter a disciplina econômica obtida com as reformas estruturais e democratizar a globalização, conjugando os benefícios do mercado com um estilo de governo mais focado nas questões sociais, que passaram a ser demandadas no final da década de 1990. Rejeita o estatismo burocrático da velha esquerda e os postulados neoliberais do "Estado mínimo".

GOVERNANÇA PROGRESSISTA Visa a redesenhar a administração pública para livrá-la de distorções para torná-la mais transparente e, portanto, mais forte e mais capaz de implementar políticas públicas. Ideais clássicos da solidariedade e coesão social: exigem um novo Estado capaz de assegurar o bem-estar a todos. política econômica conservadora e de uma política social progressista.

NOVA GESTÃO PÚBLICA: ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL As reformas da segunda metade do Século XX que buscavam implantar a administração gerencial ficaram conhecidas como a Nova Gestão Pública (em inglês,newpublicmenagemant). O NPM (NewPublicMenagement) é um conjunto de argumentos e filosofias administrativas aceitas em determinados contextos e propostas como novo paradigma de gestão pública a partir da emergência dos temas crise e reforma do estado nos anos 80.

CARACTERÍSTICAS PROPOSTAS PELA NOVA GESTÃO PÚBLICA 1) Caráter estratégico ou orientado por resultado do processo decisório; 2) Descentralização; 3) Flexibilidade; 4) Desempenho crescente e pagamento por desempenho/ produtividade; 5) Competitividade interna e externa; 6) Direcionamento estratégico; 7) Transparência e cobrança de resultados (accountability);

CARACTERÍSTICAS PROPOSTAS PELA NOVA GESTÃO PÚBLICA (CONTINUA): 8) Padrões diferenciados de delegação e discricionariedade decisória; 9) Separação da política de sua gestão; 10) Desenvolvimento de habilidades gerenciais; 11) Terceirização; 12) Limitação da estabilidade de servidores e regimes temporários de emprego; 13) Estruturas diferenciadas.

GERENCIALISMO PURO Inicialmente, as reformas gerenciais eram bastante próximas das ideias neoliberais. Seus principais objetivos eram reduzir os gastos públicos e aumentar sua produtividade. Logo, as modificações na burocracia estavam vinculadas a um projeto de reforma do Estado que se caracterizava como um movimento de retração da máquina governamental a um número menor de atividades. Margareth Thatcher: rolling back the state.

ROLLING BACK THE STATE Implicou em privatização, desregulamentação, devolução de atividades governamentais à iniciativa privada ou à comunidade e estratégias de redução de gastos públicos. Eixo central: conceito de produtividade. Marini: Foco na economia e na eficiência; é o fazer mais com menos, o que significa olhar o cidadão como contribuinte, que não quer desperdício, ao contrário, quer ver o recurso arrecadado ser aplicado eficientemente. Taxpayers.

GERENCIALISMO PURO TAXPAYERS Um dos fatores que levaram à crise do Estado de Bem-Estar: a crise de governabilidade, (Estado não conseguia atender às demandas da sociedade), que agravou a crise fiscal, desaguou na revolta dos taxpayers (contribuintes), que não aceitavam aumento na contribuição e a melhoria dos serviços públicos. O gerencialismo puro: resposta a esta crise: O Estado considera o cidadão como contribuinte e gaste seus recursos com eficiência, com consciência de custos.

AJUSTES: Cortar custos e pessoal. Modificar as engrenagens do modelo weberiano, definido como uma organização com estrutura rígida e extremamente centralizada, que se preocupa demais com regulamentos e procedimentos, além de avaliar o desempenho apenas com base na observância de normas. Quais as medidas?

MEDIDAS DO GERENCIALISMO PURO Clara definição das responsabilidades de cada funcionário das agências governamentais; Clara definição dos objetivos governamentais, analisados em sua substância, e não como processo administrativo; Maior consciência acerca do valor dos recursos públicos (Value Money), procurando maximizar a relação financeira entre os recursos iniciais e os gastos realizados, incorporando o valor da eficiência.

PROBLEMAS: Concentrava-se na estratégia de eficiência, relegando a um segundo plano outros valores importantes na atuação da administração pública, como a efetividade. Logo, se focava apenas na relação custo e produção, sem se preocupar com o real impacto da ação governamental na sociedade (efetividade).

NOVOS PARADIGMAS... A discussão em torno do modelo gerencial tornouse mais complexa e ganhou novos rumos a partir da metade da década de 1980. A mais importante Mudança: tentativa de se constituir de serviços públicos voltados para os anseios dos clientes/consumidores. Início do Consumerismo.

CONSUMERISM Introduz o conceito de qualidade no serviço público. Conceito de efetividade. O governo deve prestar bons serviços. Ótica da qualidade voltada para a satisfação do consumidor.

CARACTERÍSTICAS DO CONSUMERISMO: Medidas para tornar o poder público mais leve, ágil e competitivo: Descentralização administrativa, Criação de opções de atendimento: competição entre organizações públicas, Adoção de um novo modelo contratual.

TEXTO EMBLEMÁTICO Segundo Caio Marini: O outro, nesta linha evolutiva, recebeu a denominação de consumerismo a partir do foco na flexibilidade de gestão, na qualidade dos serviços e na prioridade às demandas do consumidor: é o fazer melhor. Note-se que, enquanto a primeira perspectiva quer recuperar a eficiência perdida, a segunda quer incrementar a qualidade dos serviços, olhando o cidadão como cliente.

MEDIDAS ESTRATÉGICAS PARA FLEXIBILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO A estratégia voltada à satisfação dos consumidores é reforçada pelo governo britânico através da adoção de três medidas para tornar o poder público mais leve, ágil e competitivo, desmontando assim o antigo modelo burocrático. 1) Descentralização; 2) Competição interna; 3) Contratualização.

ESTRATÉGIAS DO CONSUMERISMO: 1) Descentralização: significativa delegação de autoridade, partindo do princípio de quanto mais próximo estiver o serviço público do consumidor, mais fiscalizado pela população ele o será. 2) Competição: necessidade de dar opções ao cidadão. Para tanto, é mister a competição entre as organizações do setor público, sem monopólios. 3) Contratualização: gestão por resultados, em que se concede maior autonomia para os administradores públicos exigindo-se, em contrapartida, a responsabilização pelos resultados.

CONTRATUALIZAÇÃO: Aumento da qualidade pela introdução de relações contratuais de competição e de controle. Evita a situação de monopólio. Melhores condições para que os consumidores controlem e avaliem o andamento e a qualidade dos serviços públicos, a partir de um marco contratual.

CRÍTICAS Diferença entre o consumidor de bens no mercado e o consumidor dos serviços públicos. A relação do prestador de serviço público com a sociedade é mais complexa, visto que o serviço público não segue o mesmo modelo de decisão de compra vigente no mercado. Determinados serviços públicos têm natureza compulsória, (não há possibilidade de escolha), como serviços hospitalares e de segurança pública (serviços policiais).

PUBLIC SERVICE ORIENTATION (PSO) Traz os paradigmas do republicanismo e da democracia, utilizando-se de conceitos como accountability, transparência, participação política, equidade e justiça, questões até então fora do debate sobre o modelo gerencial. Conceito central do PSO: CIDADÃO. Cidadão: perspectiva coletiva. Participação política. Consumidor/cliente: perspectiva individual.

CAIO MARINI: O Public Service Oriented (PSO), está baseado na noção de equidade, de resgate do conceito de esfera pública e de ampliação do dever social de prestação de contas (accountability). Essa nova visão introduz duas importantes inovações: uma no campo da descentralização, valorizando-a como meio de implementação de políticas públicas; outra a partir da mudança do conceito de cidadão, que evolui de uma referência individual de mero consumidor de serviços, no segundo modelo, para uma conotação mais coletiva, incluindo seus deveres e direitos.

CAIO MARINI (CONTINUA)... (...) Desse modo, mais do que fazer mais com menos e fazer melhor, o fundamental é fazer o que deve ser feito. Isto implica um processo de concertação nacional que aproxima e compromete todos os segmentos (Estado, sociedade, setor privado, etc.) na construção do projeto nacional. Logo, entra em cena o conceito de efetividade, ou seja, as políticas públicas causam o efeito esperado na sociedade.

CONSUMIDOR/CLIENTE X CIDADÃO: O conceito de consumidor deve ser substituído pelo de cidadão. O conceito de cidadão é mais amplo do que o de cliente, pois aquele possui direitos e deveres e não só liberdade de escolher os serviços públicos. Cidadania relaciona-se com o valor de accountability, que pressupõe uma participação ativa na escolha dos dirigentes, no momento da elaboração das políticas e na avaliação dos serviços públicos.

ELEMENTOS DO CONCEITO DE ACCOUNTABILITY 1) Obrigação em prestar contas: demonstração contábil dos gastos e aplicações dos recursos públicos. 2) Responsabilização pelos atos e resultados: o administrador público deve responder não só em termos de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, mas também em termos de eficiência. 3) Responsividade: refere-se à sensibilidade dos representantes à vontade dos representados.

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL: 1) Descentralização administrativa, através da delegação de autoridade para os administradores públicos; 2) Descentralização do ponto de vista político, transferindo recursos e atribuições para os níveis políticos regionais e locais. 3) Organizações com poucos níveis hierárquicos, em vez de piramidal,

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL: 4) Pressuposto da confiança limitada e não da desconfiança total; 5) Controle por resultados ao invés do controle rígido dos processos; 6) Administração voltada para o atendimento do cidadão, ao invés de autoreferida.

SEGUNDO BRESSER PEREIRA, A ADMINISTRAÇÃO : É orientada para o cidadão e para a obtenção de resultados; pressupõe que os políticos e os funcionários públicos são merecedores de um grau real ainda que limitado de confiança; como estratégia, serve-se da descentralização e do incentivo à criatividade e à inovação; o instrumento mediante o qual se faz o controle sobre os órgãos descentralizados é o contrato de gestão.

DESCENTRALIZAÇÃO Maria Sylvia Zanella di Pietro diferencia estas duas formas de descentralização: Descentralização Política: o ente descentralizado exerce atribuições próprias que não decorrem do ente central (Estados, Municípios). Cada um desses entes locais detém competência legislativa própria que não decorre da União nem a ela se subordina. Descentralização Administrativa: o ente político cria novos entes, pessoas jurídicas, com funções especializadas para prestação de determinados serviços públicos.

DESCENTRALIZAÇÃO E SUAS DIMENSÕES: Dimensão social da descentralização, que corresponde a maior participação da sociedade na gestão pública. Trata-se de transferência de parcelas de poder, competências e funções da administração pública para a sociedade civil.

DESCENTRALIZAÇÃO: A descentralização é entendida como a transferência do poder decisório. Na política, é transferido para os entes federados, como estados e municípios; na administrativa, é transferido para outras pessoas jurídicas da administração indireta; na social, é transferido para a população.

DESCENTRALIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO POPULAR: A descentralização política permite que haja uma maior descentralização social. É nas comunidades que as pessoas podem participar das decisões do Estado. Exemplos: 1) Orçamento participativo, que tem bons resultados nos municípios, porque permite uma maior participação das pessoas. 2) Conselhos gestores municipais, criados para permitir que as pessoas possam participar das decisões referentes às políticas públicas.

GERENCIALISMO E PARTICIPAÇÃO DO CIDADÃO: A administração gerencial é participativa no nível do discurso, mas centralizadora no que se refere ao processo decisório, à organização das instituições políticas e à construção de canais de participação popular. Já a administração societal é participativa no nível das instituições, enfatizando a elaboração de estruturas e canais que viabilizem a participação popular.

E A ADMINISTRAÇÃO SOCIETAL? Nas provas, se a questão considerar que a administração gerencial tem como princípio a participação popular, será correto. Contudo, se mencionarem a administração societal, significa que estão adotando uma linha mais social, que considera a administração gerencial fechada. Bancas como o CESPE adotam esse entendimento.

EXERCÍCIO: (CESPE/MDS/2006) O modelo de administração pública societal incorpora aos modelos burocráticos e gerenciais tradicionalmente fechados práticas que ampliam a relação Estadosociedade, como a instituição de conselhos gestores de políticas públicas e o orçamento participativo.

GABARITO: Afirmativa correta.

EXERCÍCIO Na chamada Nova Gestão Pública há três principais vertentes, ou correntes conceituais importantes, as quais possuem vários traços em comum como, por exemplo, uma ênfase significativa nos resultados da ação governamental, ou seja, um deslocamento do foco nos processos para enfatizar os resultados. Uma delas tem sido denominada como um "neotaylorismo", isto é, uma proposta calcada na busca da produtividade e na implantação do modelo de gestão da empresa privada no setor público, outra busca a flexibilização da gestão pública, em que se observa a passagem da lógica do planejamento para a lógica da estratégia e nesta são levadas em conta as relações entre os atores envolvidos em cada política, de modo a montar cenários que permitam a flexibilidade necessária para eventuais alterações nos programas governamentais.

... CONTINUA... A terceira utiliza-se de conceitos como accountability, transparência, participação política, equidade e justiça, em que é preciso que no processo de aprendizado social na esfera pública se consiga criar uma nova cultura cívica, que congregue políticos, funcionários e cidadãos. Esta última corrente é conhecida como: a) Balanced Scorecard - BSC. b) Activity Based Management - ABM. c) Consumerismo. d) Gerencialismo Puro. e) Public Service Orientation - PSO.

GABARITO: Alternativa E.

FCC - TRE-CE - ANALISTA JUDICIARIO - ADMINISTRATIVA - 2012 Fundamenta-se nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exigência de formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas, descentralização de funções, incentivos à criatividade, avaliação sistêmica e principalmente recompensa por desempenho, ou resultados. São características deste paradigma de gestão pública a) patrimonialista. b) matricial. c) pós-burocrático. d) burocrático. e) Ad hocrático.

GABARITO Alternativa C. O gerencialismo é também conhecido como modelo pós-burocrático.

FCC - TRE-CE - ANALISTA JUDICIARIO - ADMINISTRATIVA - 2012 Na flexibilização da gestão pública intentada nas últimas décadas percebeu-se nitidamente a passagem da lógica do planejamento para a lógica da estratégia, em que na primeira estabelece-se a racionalidade técnica ou plena, decidindo-se pelo melhor plano, enquanto na segunda são ponderadas as relações entre os atores envolvidos em cada política, de modo a formular-se cenários que permitam a flexibilidade necessária às eventuais alterações nos programas governamentais. Assim, a descentralização administrativa com grande delegação de autoridade, tendo por princípio estar mais próximo do consumidor do serviço público e ser mais fiscalizado pela população, gerar competição entre as organizações do setor público, com a extensão no fornecimento de serviços públicos entre o setor público, privado e voluntário, numa estrutura de pluralismo institucional, caracterizam na gestão pública o:

ALTERNATIVAS: a) gerencialismo puro. b) paradigma do consumidor (consumerism). c) empreendedorismo governamental. d) Public Service Orientation - PSO. e) Balanced Scorecard.

GABARITO Alternativa B.

FCC - TRE-CE - ANALISTA JUDICIARIO A busca por prestação de serviços de qualidade para o cidadão na gestão pública flexibilizada como estratégia para alcançar a satisfação do consumidor, em que o cidadão deixa de ser visto como mero financiador do sistema, por meio de pagamento de impostos, e passa a ser a razão de existir dos serviços públicos, caracterizou o estágio da administração pública conhecido por a) modelo racional-legal. b) gerencialismo puro. c) consumeirismo. d) patrimonialismo. e) empreendedorismo.

GABARITO Alternativa C. Consumerismo.

CESPE - MPE - PI - TÉCNICO MINISTERIAL - ÁREA ADMINISTRATIVA - 2012 Com relação às abordagens clássica, burocrática e sistêmica da administração pública, tendo por base as reformas administrativas no Brasil após 1930, julgue os itens a seguir. Em seu sentido original, burocracia representa um sistema de execução da administração pública caracterizada pelo excesso de papéis e de regulamentos e pela demora dos atendimentos.

GABARITO: Afirmativa Falsa. No sentido original, a burocracia não possuía esse significado. Essas características disfuncionais apareceram após o transcurso do tempo.

FCC - PREFEITURA DE SÃO PAULO - AUDITOR FISCAL TRIBUTÁRIO MUNICIPAL - GESTÃO TRIBU - 2012 Com relação à introdução do paradigma pósburocrático na administração pública brasileira, considere: I. A partir de meados dos anos 1990 houve flexibilização e, posteriormente, ruptura do modelo burocrático, tendo em vista que as organizações públicas abandonaram a racionalidade formal como paradigma de ação. II. Apesar de todas as mudanças recentes, as organizações ditas pós-burocráticas ainda estão vinculadas à lógica racional-legal, base do modelo criado por Max Weber.

AFIRMATIVAS III. A organização pós-burocrática teria como principais características a centralização e a estruturação em redes hierarquizadas articuladas por fluxos verticais de informação. IV. As organizações pós-burocráticas podem ser caracterizadas como orientadas para a solução de conflitos e problemas, e estão baseadas na participação, confiança e compromisso de todos em torno de resultados. V. O tipo organizacional pós-burocrático é construído em torno de processos tecnologicamente intensivos, fortemente preocupados pela formação de consensos baseados no personalismo.

ALTERNATIVAS: Está correto o que se afirma APENAS em a) I, II, III e IV. b) II e IV. c) III e V. d) I, II e III. e) III, IV e V.

GABARITO: Alternativa b. Apenas as afirmativas II e IV são corretas.