ESTRUTURA DA Sacoglotts guanenss BENTH. NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ Estgarrba, F. (1) ; Aparíco, W. C. S. (1) ; Perere, L. C. B. (1) ; Galvão, F. G. (1) ; Gama, R. C. (1) ; Lobato, C. M. (1) fabyestgarrba@gmal.com (1) Unversdade Federal do Amapá - UNIFAP, Macapá - AP, Brasl. RESUMO A espéce Sacoglotts guanenss Benth. pertencente a famíla Humraceae, é uma planta característca das formações sem-abertas da regão Amazônca. O objetvo da pesqusa fo conhecer a estrutura ftossocológca da espéce arbórea Sacoglotts guanenss Benth., em quatro fragmentos de área de Transção Cerrado Floresta. O estudo fo realzado em quatro fragmentos florestas, possundo a seguntes coordenada geográfca, de 0 0 19.89 S e 51 5 6.38 O. A área de estudo localzam-se no Campus da Unversdade Federal do Amapá, na rodova Juscelno Kubtschek, Km 02, barro Jardm Marco Zero. Para amostragem da população de Sacoglotts guanenss, foram nstaladas sstematcamente 47 parcelas permanentes medndo 250m² (10 x 25), dstando 25m uma da outra, posconadas paralelamente ao ro Amazonas. No levantamento florístco efetuado foram amostrados 2431 ndvíduos de 90 espéces, das quas Sacoglotts guanenss Benth apresentou 190 ndvíduos uma das mas representatvas na área de estudo, também apresentou alto valor de frequênca Relatva de 3,67%, e Densdade Relatva de 4,02% e com dstrbução espacal agregada na área. Os fragmentos de Transção-Cerrado- Floresta apesar de estarem bastante antropzados apresentam altos valores de densdade e frequênca da espéce de Sacoglotts guanenss Benth, demostrando que a área anda é propca ao estabelecmento de espéces de grande mportânca econômca. Palavras-chave: Cerrado, Frequênca, Amazonas.
INTRODUÇÃO A Amazôna é formada por dferentes ecossstemas, com dversos conjuntos de espéces vegetas que ocorrem em áreas adjacentes sobre dversos e dferentes substratos, o que se observa que nos vegetas exstem a preferenca por habtat ou a varação na hstóra evolutva das mesmas. Porém o mpacto das ações antrópcas sobre os ambentes tem feto com que mportantes ecossstemas sejam descaracterzados sem que se tenha conhecmento da sua estrutura ftossocológca e composção florístca das espéces nos dferentes ambentes (PITMAN et al., 2001). Estudos realzados na Amazôna mostram que os ambentes florestas de terra frme apresentam alta dversdade, representada por poucos ndvíduos de cada espéces (PRANCE et al., 1976; LIMA FILHO et al., 2001). O acelerado desmatamento de extensas áreas, na Amazôna tem provocado grandes perdas de recursos genétcos de espéces vegetas raras e dstntas (NOBRE et al., 1991; HOUGHTON et al., 2000). Dversos fatores contrbu a complexdade nas pesqusas centífcas, de espéces exstentes do potencal de uso de recursos naturas da floresta Amazônca. Entre outros fatores podem ser ctados a grande dfculdade dos ecossstemas com as enormes extensões geográfcas, a ampla varação ambental bótcos, abótcos e as mutas nterferêncas antrópcas nas ftofsonoma, a falta de apoo à pesqusa 2
básca e prncpalmente o desmatamento rraconal (LIMA FILHO, et al 2001). Contudo a espéce Sacoglotts guanenss pertencente a famíla Humraceae, é uma planta característca das formações sem-aberta da regão Amazônca como Campos úmdos, Campnas, restngas arenosas, cerrados ntermedáro, várzeas e mata alta de terra frme. Possu potencal Almentíco, medcnal e ornamental, sua madera é utlzada em construção cvl e em obras externas como postes, dormentes e pontes (LORENZI, 1998). O conhecmento florístco e ftossocológco das florestas de terra frme são condções essencas para a conservação de sua elevada dversdade, onde a obtenção e a padronzação dos atrbutos florístcos e fsonômcos de dferentes ambentes são de extrema mportânca (OLIVEIRA et al, 2004). Dante de tas nformações o objetvo da pesqusa fo conhecer a estrutura ftossocológca da espéce arbórea Sacoglotts guanenss Benth, que possur um grande potencal econômco, encontrada em um fragmento de área de transção Cerrado Floresta, localzado no campus da Unversdade Federal do Amapá, afm de se obter nformações sobre a atual stuação dos fragmentos florestas, para assm contrbur com nformações que vsem a dssemnação do conhecmento centífco e a conservação da espéce. 3
MATERIAL E MÉTODOS O estudo fo realzado em quatro fragmentos florestas possundo a segunte coordenada geográfca Central, de 0 0 19.89 S e 51 5 6.38 O. A área apresenta ftofsonoma de Transção Cerrado-Floresta. Localza-se no Leste do Amapá, no Campus da Unversdade Federal do Amapá, na rodova Juscelno Kubtschek, Km 02, barro Jardm Marco Zero. Todas as áreas foram georreferencadas com o auxílo do GPS Garmn GPS, o fragmento um possu 1 ha, o dos 1,65 ha, o três 1,38 e o quatro 5,81 ha. Segundo a classfcação de Köppen, a regão apresenta clma tpo Am possu um clma equatoral super- úmdo (Am) com poucas varações de temperatura, o período mas fro apresenta elevados índces de pluvosdade com precptação anual de cerca de 2.500mm e temperatura méda anual varando de 25 a 27 C (DRUMMOND, 2004). Para análse da espéce fo coletada ramos (fértes) e prensados e submetdos a secagem em estufa do Herbáro da Unversdade Federal do Amapá HUFAP, após montadas exscatas e duplcatas conforme os procedmentos usuas de herborzação. A dentfcação seguu o sstema de classfcação APG III (2009), a snoníma fo confrmada pelo Mobot-Mssour Botancal Garden. Foram analsados três ndvíduos da espéce, ressaltando suas característcas locas mas marcantes e anotados dados relatvos à morfologa da folha, dsposção dos ramos e 4
característcas geras do tronco, dados de frutfcação foram descrtos por lteratura especalzada. Para amostragem da população de Sacoglotts guanenss Benth, foram nstaladas sstematcamente parcelas permanentes medndo 250m² (10 x 25), dstando 25m uma da outra, posconadas paralelamente ao ro Amazonas, das quas cnco parcelas foram lançadas no fragmento um, oto parcelas no fragmento dos, sete parcelas no fragmento três e 27 parcelas no fragmento quatro, totalzando 47 parcelas como um todo. Para a medção arbórea utlzou-se a haste do podão, que apresenta uma seção modular de três metros e o restante estmado vsualmente com altura comercal. Para analse ftossocológca da área todos os ndvíduos arbóreos foram mensurados, com auxílo de fta métrca, as Crcunferêncas à Altura do Peto (CAP) 10 cm. e receberam placa de alumíno com numeração, foram coletadas amostras e depostadas no herbáro da unversdade Federal do Amapá HUFAP, segundo o sstema de classfcação Angosperm Phylogeny Group versão III (APG, 2009). O gráfco fo gerado por meo do Software Mcrosoft EXCEL for Wndows 2000, que consdera o número de pontos mínmos a serem amostrados e o ponto onde há a ntersecção da parte lnear crescente com a parte em forma de platô. 5
Para análse dos Parâmetros Ftossocológcos de frequênca absoluta e relatva, densdade absoluta e relatva, domnânca absoluta e relatva e valor de mportânca (Quadro 1), utlzou-se cálculos segundo a metodologa proposta por Felfl e Rezende (2003). Quadro 1. Fórmulas utlzadas para cálculos dos parâmetros ftossocológcos da espéce Sacoglotts guanenss, no fragmento de mata da Unversdade Federal do Amapá. FÓRMULAS DOS PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS Densdade Absoluta = DR n = 100 N Densdade Relatva n DA = = A U Frequênca Absoluta = = 100 Frequênca Relatva = U t Domnânca Absoluta = FA FR = FA 100 n FA = 1 DoA n G = = 1 DoA Domnânca Relatva= DoR = A n DoA = 1 Valor de mportânca = VI = DR + FR + DoR Em que: n= número de ndvíduos amostrados da -ésma espéce, N= número de ndvíduos amostrados, A= númer de ndvíduos amostrados, A= área amostrada, em hectares, U= número de undades amostras com a ocorrênca da -ésma espéce; UT= número total de undades amostras; FA= Frequênca absoluta de -ésma espéce; G= área basal da -ésma espéce, em metro quadrado por hectare; GT= área total, em metro quadrado por hectare. O padrão de dstrbução espacal fo analsado com base no Índce de Morsta (Im) (ZAR, 1999). No método, valores menores que 1,0 ndcam uma dstrbução unforme, valores guas a 1,0 ndcam 6
dstrbução aleatóra e valores maores que 1,0 ndcam dstrbução agregada. Optou-se pela utlzação do Índce de Morsta para análse da dstrbução espacal já que, segundo Barros (1984), este é pouco nfluencado pelo tamanho da undade amostral. A sgnfcânca estatístca fo verfcada através do valor de X² (qu-quadrado), com sgnfcânca de 5%. O Índce de Morsta (Im) e Teste qu-quadrado (X 2 ) foram obtdos por: Em que Id: índce de Morsta; n: número total de parcelas amostradas; N: número total de ndvíduos por espéces,contdos em n parcelas; X²: quadrado do número dos ndvíduos por parcela; s: número de espéces amostradas. RESULTADOS E DISCUSSÃO No levantamento florístco efetuado foram amostrados um total de 2431 ndvíduos, 90 espéces, pertencentes em 40 famílas, das quas a famíla Humraceae fcou em tercero lugar com 225 ndvíduos abaxo apenas das famílas Fabaceae e Burseraceae. A espéce Sacoglotts guanenss Benth da famíla Humraceae apresentou 190 ndvíduos 7
uma das mas representatvas na área de estudo, também apresentou alto valor de Frequênca e Densdade, representando os seguntes parâmetros ftossocológcos, conforme a Tabela 1. Tabela 1. Parâmetros Ftossocológcos da espéce Sacoglotts guanenss Benth. Inventarada numa floresta de transção cerrado-floresta de terra frme, Macapá, Amapá, Brasl. Onde: N numero total de ndvíduos; FRA frequênca absoluta; FR frequênca relatva; DRA densdade absoluta; DR densdade relatva. Descrmnação N FRA FR DRA DR Dstrbução Espacal Sacoglotts guanenss Benth Total dos fragmentos 190 59,57 3,67% 834,04 4,02% Agregada 2.431 1623,40 100% 20757,45 100% - Os altos valores em números de frequênca relatva, frequênca absoluta, densdade relatva e densdade absoluta, demonstrou que a espéce Sacoglotts guanenss possu uma boa adaptação e preferêncas a áreas de ftofsonomas de Transção de Cerrado-Floresta, ndcando que a espéce não é muto exgente quanto as condções do meo em que vve. A área é localzada em um perímetro urbano sso torna o local bastante antropzado com nterferênca humana como construções cvs, o que vem causando o desaparecmento da fauna no local. A quantdade de ndvíduos da espéce Sacoglotts guanenss Benth. encontrada mostra que a área está propca para seu desenvolvmento 8
mesmo levando em consderação de ser um ambente bastante antropzado. As espéces se dstrbuem conforme a unformdade de seus parâmetros ftossocológcos (MATOS; AMARAL, 1999). O que pode se dzer que os resultados da densdade, frequênca e domnânca adotam valores sgnfcatvos, que relata a mportânca ecológca que a espéce ocupa dentro da comundade amostrada. A baxa densdade de uma espéce tem tendênca a apresentar um padrão de dstrbução espacal aleatóra. Enquanto que em mutos casos, espéces com maores densdades como apresentou a Sacoglotts guanensss apresentou dstrbução agregada. Segundo Aparíco (2011) os padrões espacas são própros de cada espéce dependendo mutas vezes do lugar em que ela se encontra, o que determna sua dspersão dos frutos e sementes edáfcos do síto. A espéce apresentou um padrão de dstrbução agregada, com um Índce de Morsta superor a 1, confrmada com o valor do Ququadrado calculado > que o Qu-quadrado tabelado. A dstrbução espacal de uma espéce em estudo oferece nformações sobre ecologa, subsda a defnção de estratéga de manejo e/ou conservação, auxlando no processo de amostragens ou smplesmente 9
esclarecer a estrutura de uma espéce no local em que a mesma se encontra (ANJOS, 2004 apud VASCONCELOS, 2011). CONCLUSÃO Os fragmentos de Transção-Cerrado-Floresta apesar de estarem bastante antropzados apresentam altos valores de densdade e frequênca da espéce de Sacoglotts guanenss Benth. demostrando que a área anda é propca ao estabelecmento de espéces de grande mportânca econômca. A espéce se encontra dstrbuída de forma agregada o que pode estar lgada ao seu processo de dspersão. A espéce apresenta uma grande quantdade de ndvíduos jovens em desenvolvmento e em processo de regeneração. Estudos sobre a estrutura são mportantes para o local, uma vez que são subsídos para compreender a dnâmca de uma floresta. REFERÊNCIAS APG III, 2009. An update of the Angosperm. Phylogeny Group classfcaton for the orders and famles of flowerng plants. APG III Botancal journal of the Lnnean Socety. 161: 105-121. APARÍCIO, W. C. DA S.. Estrutura da Vegetação em Dferentes Ambentes na Resex do Ro Cajar: Interações Solo-Floresta e Relações com a Produção de 10
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