UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA

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Transcrição:

UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA NUNES, Juliana Leandrin Ju_leandrin@hotmail.com MAIO, Eliane Rose (Orientadora) elianerosemaio@yahoo.com.br Universidade Estadual de Maringá Formação de professores e intervenção pedagógica No presente artigo, temos a intenção de trazer discussões acerca da formação de professores, vamos falar sobre a formação do professor na questão da educação sexual dentro das escolas, partindo de um curso de extensão Gênero e Sexualidade no Espaço Educativo: Oficinas de Capacitação para Profissionais da Educação Infantil, Ensino Fundamental que ocorreu dentro da Universidade Estadual de Maringá coordenado pela Professora e Doutora Eliane Rose Maio. Este curso foi oferecido pela Secretaria Municipal de Educação à equipe pedagógica dos Centros de Educação Infantil e Ensino Fundamental, do município de Maringá, para oportunizar a discussão entre estes profissionais da educação sobre questões de gênero, diversidade sexual, sexualidade humana e direito da sexualidade, para que possam saber como agir diante das descobertas dos seus alunos referentes ao seu corpo e sua sexualidade, apresentando possibilidades de trabalhos e discussões realizadas dentro de sala de aula. A formação destes profissionais para trabalhar com o tema educação sexual e gênero é de fundamental importância, para que não sejam repassados preconceitos ou ideias inadequadas, para que possam se tornar cidadãos emancipados em relação ao processo de construção do conhecimento histórico e social dentro das instituições de ensino em relação à educação sexual e gênero. Trabalho elaborado na pesquisa realizada para elaboração do trabalho conclusão de curso, orientado pela professora e doutora Eliane Rose Maio, no curso de Pedagogia, da Universidade Estadual de Maringá. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 1

A escola é um espaço de transmissão do saber sistematizado, científico e formal que se organiza historicamente e ao mesmo tempo não consegue falar abertamente sobre sexualidade com seus alunos como nos afirma Figueiró (2004 apud BRAGA, 2008. p.148). [...] a sexualidade é uma das questões que mais tem trazido dificuldades, problemas e desafios aos educadores, no seu trabalho cotidiano de ensinar. A manifestação da sexualidade dos alunos no espaço escolar ou, mais comumente, na sala de aula, está, de modo geral, exacerbada, tendo em vista a forma como a sociedade atual e os meios de comunicação, em especial, abordam-na. Temos observado forte instigação ao sexo, como também um rompimento com os valores morais e sexuais há muito estabelecidos. Braga (2008, p.150) nos fala que enquanto houver deboches, expressões vulgares, preconceito e discriminação sobre o tema, a escola deve promover projetos adequados sobre a educação sexual: [...] visando a diversos aspectos, entre os quais: reflexão sobre a educação sexual atualmente existente, considerando cada pessoa em sua singularidade e inserção cultural; fornecimento de informações e organização de espaços para reflexões e questionamentos sobre sexualidade; esclarecimento sobre os mecanismos sociais de repressão sexual a que estamos condicionados; ajuda às pessoas, para que possam obter uma visão mais positiva da sexualidade; ênfase ao aspecto social e cultural, a partir do coletivo, sem perder de vista o indivíduo, mas não tendo caráter de aconselhamento psicoterápico individual, isolado de um contexto histórico. A escola deve transmitir o conhecimento cientifico, sem ser um espaço de repressão quando falar sobre sexualidade. Louro (2010) nos mostra que a escola é um local privilegiado do conhecimento e mesmo assim vem tentando adiar ao máximo para falar sobre a educação sexual se tornando um local do desconhecido para as questões que surgem no espaço escolar. Na escola, pela afirmação ou pelo silenciamento, nos espaços reconhecidos e públicos ou nos cantos escondidos e privados, é exercida uma pedagogia da sexualidade, legitimando determinadas identidades e práticas sexuais, reprimindo e marginalizando outras (LOURO, 2010, p. 30-31). Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 2

Não há como não falar sobre a educação sexual e gênero, desde o nosso nascimento ela está presente em nossas vidas, classificando o que somos e o que podemos fazer, determinando comportamentos e atitudes. Braga (2012) esclarece que o termo gênero vem para marcar diferenças entre homens e mulheres, atributos conferidos ao masculino e feminino pela cultura, sexo é atributo biológico, enquanto gênero é uma construção social e histórica. Figueiró (2006) defende a educação sexual emancipatória, na qual o sujeito tenha consciência de ser um participante ativo no processo de construção humana do conhecimento pessoal, social e sobre a sexualidade. Sexualidade é uma dimensão ontológica essencialmente humana, cujas significações e vivências são determinadas pela natureza, pela subjetividade de cada ser humano e, sobretudo, pela cultura, num processo histórico e dialético. A sexualidade não pode, pois, ser restringida a sua dimensão biológica, nem a noção de genitalidade, ou de instinto, ou mesmo de libido. Também não pode ser percebida como uma parte do corpo. Ela é, pelo contrario, uma energia vital de subjetividade e da cultura, que deve ser compreendida, em sua totalidade e globalidade, como uma construção social que é condicionada pelos diferentes momentos históricos, econômicos, políticos e sociais (FIGUEIRÓ, 2006, p.42). Assim, podemos reconhecer a importância de se falar sobre educação sexual e gênero dentro do espaço escolar e afirmar que os profissionais da educação necessitam de cursos de extensão, palestras e qualquer outro tipo de formação ou informação para trabalharem com o tema nas salas de aula, pois, ao dialogar sobre sexualidade na educação infantil e séries iniciais, permitem aos alunos, obter na escola, informações a respeito das questões que se referem ao seu momento de desenvolvimento e as questões que o ambiente coloca. Nesta pesquisa realizamos dois questionários, sendo o primeiro, realizado no mês de março, no início das oficinas, que contavam com cinquenta e sete inscritos, na sua maioria mulheres e apenas um homem e o outro questionário ao final no mês de junho. No primeiro questionário podemos contar com a colaboração de vinte e quatro participantes e no segundo com onze. Na primeira parte, abordamos os dados gerais dos entrevistados, que são: idade, formação acadêmica e atuação profissional. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 3

Na questão idade tivemos participantes entre vinte e nove e cinquenta e quatro anos, um grupo consideravelmente jovem, podemos perceber que estes profissionais buscam se atualizar com cursos de extensão para aperfeiçoar seu trabalho. Sobre suas formações encontramos três cursos de licenciaturas: Pedagogia, História e Letras, sendo que uma das participantes não respondeu sua formação e outra é publicitária, no qual a Pedagogia é o curso que mais tiveram representantes, devido ao próprio conteúdo oferecido pelo curso e por suas atuações profissionais declaradas que são: professor, assessora pedagógica, orientadora educacional, coordenadora pedagógica e assessora política. As outras questões abordadas no primeiro questionário pretendiam analisar o motivo, que levou estes profissionais da educação a procurarem as oficinas; saber o que eles esperavam encontrar nas oficinas; opiniões sobre cursos com este tema e quais são suas experiências sobre gênero e sexualidade na atuação profissional. Os motivos analisados para fazerem as oficinas são diversos, mas dentro do contexto em que estes profissionais procuram conhecer mais sobre o assunto, prevenção da violência sexual e até motivos pessoais, como citados pelos participantes: O motivo foi que sendo educadora e trabalhar com crianças entre cinco e dez anos o tema sexualidade não é abordado como deveria ser e eu também não tenho conhecimento metodológico para trabalha-lo com esta faixa etária. Interesse em aprender a trabalhar sobre sexualidade com os alunos que atendo. Grande urgência em se prevenir a violência sexual. Para ter mais subsídios para lidar e orientar crianças e jovens sobre a questão da sexualidade no meu trabalho, como também para ajudar na educação sexual da minha filha, que tem apenas seis anos de idade e esta cheia de perguntas. Nas expectativas em relação ao curso encontramos pessoas que querem adquirir mais conhecimento sobre a temática, desmistificar preconceitos. Vejam alguns relatos: Educação sobre como conversar com alunos e pais quando surgem dificuldades nas questões sobre sexualidade que surgem no espaço escolar. Também como elaborar projetos para prevenir problemas relacionados a sexualidade, como violência. A desmistificação sobre o assunto sexualidade, ou seja, tratar e falar da educação sexual, assim como qualquer outro assunto do currículo escolar. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 4

Na questão referente à importância da formação dos educadores, podemos verificar e entender o interesse destes profissionais, como professores em formação, os quais nos relataram que: Vejo como um momento de educadores aprender cientificamente e a tratar cientificamente sobre sexualidade com alunos, família e comunidade sem ofender a valores. Excelente, deveria haver mais trabalhos em relação ao gênero da sexualidade e sua diversidade cultural. Muitas pessoas se fecham quando se trata desse assunto. Estes profissionais, ao relatarem suas experiências sobre questões de sexualidade e gênero percebidas dentro das escolas destacam alguns fatos que podemos classificar como, preconceitos, divisão de gêneros e masturbação. Veja alguns relatos: Atitudes delicadas de alguns meninos e que passam a ser motivos para que colegas os chamem de mulherzinha, e as vezes de gay. Filas de meninos e meninas, brinquedo teca com brinquedos diferenciados, material escolar diferenciado, crianças imitando cenas cotidianas vivenciadas em casa (pai, dirigindo o carro, mãe cuidando dos filhos). Masturbação de meninos, meninos e meninas querendo mostrar os órgãos sexuais para os outros, entre si, dizendo que querem namorar, que viu os pais fazendo amor sem entender corretamente o que esta acontecendo O segundo questionário que se realizou no ultimo dia do encontro, quer saber se estes profissionais trabalham com seus alunos os temas abordados nas oficinas, quais as dificuldades, para se trabalharem com estes temas, se gostaram do curso e quais contribuições elas proporcionaram para sua vida. Na primeira questão abordada no segundo questionário, podemos analisar algumas experiências, que estes profissionais expõem em alguns relatos. Frequentemente a equipe pedagógica atende alunos que tem dificuldades em relação à sexualidade: crianças que passam a mão em outras, xingamentos são os mais frequentes. Mas também atendemos alunas que conversam conosco sobre situações que viveram fora da escola. Indiretamente por não estar em sala de aula. Tento abordar as questões aprendidas aqui nos momentos que possíveis, principalmente gênero. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 5

Diretamente, ensinando-os sobre o cuidado com o corpo e também a não achar feio tocar o próprio corpo, utilizo leituras, textos ou conversas. Podemos perceber nos relatos que a maioria destes profissionais trabalha com a educação sexual de forma indireta, devido suas profissões de orientadores, coordenadores ou assessores pedagógicos, em outros relatos vemos que o assunto só é trabalhado quando o aluno faz questionamentos ou dentro do que está programado, sem se estenderem muito, e outros profissionais já trabalham tranquilamente o tema, mas podemos perceber que ainda são poucos. As dificuldades relatadas pelos profissionais em se trabalhar sobre a educação sexual dentro da escola, podemos classificar em dificuldades profissionais, pessoais, problemas com familiares e alguns relatos que dizem não ter dificuldades para trabalharem com o tema. Na verdade há um certo apavoramento mais por parte dos professores de forma não intencional, por não terem sido preparados para trabalhar com o tema, ou por não terem tido uma educação sexual tranquila, por que o aluno em si é bem tranquilo. Resistência devido às convicções da própria família: nem todos aceitam. Dão valores diferenciados aos órgãos do corpo humano. Órgãos sexuais não são discutidos, esse tabu é difícil de desconstruir. Sempre gostei de trabalhar. Assim podemos encontrar relatos que vão dizer que suas dificuldades são devido a sua formação, material didático, ou até mesmo pessoal, em outros encontramos certo medo de se trabalhar este conteúdo devido à reação que a família vai ter e apenas dois relatos que dizem não terem problemas para se trabalhar com a educação sexual. Nas questões de numero três e quatro questionamos as considerações dos participantes em relação ao tema trabalhado e as contribuições que trouxeram para sua vida durante a realização das oficinas capacitação, destacamos então alguns relatos: Aprendi muitas coisas. As oficinas me auxiliaram a esclarecer vários pré-conceitos que foram empregados ao longo dos anos. Muito. A seriedade, cientificidade e criticidade de todos, foi muito gratificante e surpreendente para mim. Me toca profundamente os abusos relacionados a criança indefesa e a covardia de quem deveria proteger. O desenho animado da ultima oficina me tocou profundamente. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 6

Tranquilidade, esclarecimento, segurança e conteúdo para lidar e trabalhar com a temática. Muitas. Contribuiu no desenvolvimento do meu trabalho, orientando melhor alunos e profissionais da educação como trabalhar o gênero e sexualidade nas escolas e centro de educação infantil. Refletir e repensar a minha prática profissional no que diz respeito à educação sexual de crianças. Para vida familiar e escolar e saber que posso deixar marcas boas e ruins nos nossos alunos. Por isso é muito importante saber e retomar alguns conceitos e posturas. Contribuíram para reflexão sobre nossa prática no sentido de estarmos alertas as questões sexistas que surgem no nosso cotidiano e que são tratadas de forma tão natural. A partir destas considerações, podemos ver que todos se sentiram marcados de certa forma, por algum debate exposto nas oficinas, todas vão refletir melhor a sua atuação profissional dentro de um tema que esta em evidência, todos os dias em casa ou na escola. As questões referentes à sexualidade não se restringem ao âmbito individual. Pelo contrário, muitas vezes, para compreender comportamentos e valores pessoais é necessário contextualiza-los social e culturalmente (BRASIL, 1997). As contribuições relatadas pelos participantes são de grande importância não somente para este trabalho de análise, mas para cada um que pode crescer profissionalmente e pessoalmente com este curso, percebemos que ao se falar mais sobre o assunto, quebramos tabus que vem sendo construídos desde a nossa infância até a nossa formação. Acreditamos que o essencial nos cursos de formação para professores é trabalhar com a desmistificação do tema, trabalhar os conhecimentos científicos a fim de realizar um trabalho pedagógico consciente e sem preconceitos. Foucault (2009, p. 30-31) contribui dizendo que deve-se falar do sexo, e falar publicamente, de uma maneira que não seja ordenada em função da demarcação entre o lícito e o ilícito [...] cumpre falar do sexo como de uma coisa que não se deve simplesmente condenar ou tolerar, mas gerir, inserir em sistemas de utilidade, regular para o bem de todos, fazer funcionar segundo um padrão ótimo. O sexo não se julga apenas, administra-se. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 7

Falamos sobre os nossos órgãos ou partes do corpo de forma natural, mãos, braços, pés, sistema respiratório, sistema digestório, mas ao se falar sobre os sistemas genitais feminino e masculino, vulva e pênis criamos barreiras, medos que nos foram incutidos ao longo da nossa vida, por isso ressaltamos a importância de cursos de formação, pois os profissionais da educação demonstram dificuldades ao trabalharem com o tema da sexualidade. Braga (2012) defende que Uma proposta de educação sexual adequada, consciente e emancipadora poderia contribuir para o objetivo de tornar toda a comunidade educativa apta a discutir assuntos importantes para discernimento na área da sexualidade.. Nos relatos dos professores encontramos diversos motivos que os incentivaram a procura destas oficinas e ao final podemos analisar as contribuições que as mesmas lhes proporcionaram, assim podemos perceber a importância de se discutir sobre as questões referentes à sexualidade com os profissionais da educação para que posteriormente eles possam dentro da escola fazer um trabalho consciente e sem preconceitos em relação ao tema. A professora e doutora Eliane Rose Maio, está engajada nesta discussão desde sua graduação, se preocupando como este tema é visto e trabalhado dentro das instituições escolares, sempre debatendo e falando sobre a sexualidade e assim busca nestas oficinas oferecer conhecimentos científicos acerca da sexualidade, trazendo discussões e propostas de mudanças sobre as questões da sexualidade, gênero, direito e diversidade sexual no espaço educativo oportunizando a troca de experiência e debates entre os educadores. REFERÊNCIAS BRAGA, Eliane Rose Maio. Palavrões ou Palavras: um estudo com educadoras/es sobre sinônimos usados na denominação de temas relacionados ao sexo. (Doutorado). Tese Doutorado. UNESP/Araraquara, 2008. BRAGA, Eliane Rose Maio. Gênero, Sexualidade e Educação: questões pertinentes a Pedagogia. In: CARVALHO, Elma Júlia Gonçalves de. FAUSTINO, Rosangela Célia. (Org.) Educação e Diversidade Cultural. 2. ed. Maringá: Eduem, 2012. p. 209-222. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 8

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, educação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997. FIGUEIRÓ, Mary Neide Damico. Formação de educadores sexuais: adiar não é mais possível. Campinas: mercado de letras; Londrina: Eduel, 2006. (Coleção Dimensões da Sexualidade. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1987. FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade: a vontade do saber. 19.ed Editora Graal, 2009. LOURO, Guacira Lopes. Corpos que escapam _1. Labrys, estudos feministas, número 4, ago/dez 2003, p.? LOURO, Guacira Lopes. Pedagogias da sexualidade:. O corpo educado: Pedagogias da sexualidade. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 9 33. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM, 2012 9