REVISÃO BIBLIOGRÁFICA RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E TEORIA DE GÊNEROS.
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- Clara Lopes Carneiro
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1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E TEORIA DE GÊNEROS. Jessica da Silva Miranda 1 Felipe Antonio Moura Miranda 2 Resumo: Meninas não gostam de cálculos e meninos são predispostos às exatas são alguns ditos construídos em torno da aprendizagem da Matemática. Neste artigo, analisaremos como as relações de gênero são produzidas na educação matemática e quais suas implicações, além de um levantamento bibliográfico sobre os principais artigos que abrangem esses dois temas. O artigo tem o objetivo de investigar a forma como as relações de gênero estão presentes no ensino da Educação Matemática. Palavras-chave: Educação Matemática. Gêneros. Revisão Bibliográfica. Introdução A teoria de gêneros é um assunto que vem conquistando um grande espaço atualmente. E uma das vertentes que justificam e baseiam teoricamente essa doutrina é o dualismo, estudado e apresentado por Anne Fausto-Sterling. A autora sugere que a antiga divisão absoluta que fazíamos de gênero (uma construção social sobre o que significa ser mulher ou homem) e sexo (características biológicas do corpo) está ultrapassada. E que as ciências biológicas e sociais têm que começar a trabalhar juntas para pensar o conceito sexo/gênero, como duas coisas inseparáveis, faces da mesma moeda. Além disso, a autora faz uma pequena relação entre a teoria de gêneros e educação matemática em seu texto Dualismo em duelo, onde a mesma afirma que: Se as meninas não podiam aprender matemática tão facilmente quanto os meninos, o problema não estava em seus cérebros. A dificuldade decorria das normas de gênero expectativas e oportunidades diferentes em relação a meninos e a meninas. Ter um pênis ou uma vagina é uma diferença de sexo. O desempenho superior dos meninos em relação ao das meninas em provas de matemática é uma diferença de gênero. É de se supor que estas possam ser mudadas, ainda que aquelas não o possam. (STERLING, 2011, p.8) De acordo com Cardoso e Santos (2014, p.1) meninas não gostam de cálculos e meninos são predispostos às exatas são alguns ditos construídos socialmente, ao longo dos tempos, em torno da aprendizagem da Matemática. Tais ditos provocam marcas, efeitos nos sujeitos escolares. Deste modo é criado um mito em relação ao cálculo e como este não é adequado pra meninas, uma vez que estas não têm pré-disposição aos números. 1 Estudante de Mestrado da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil. 2 Informe sobre a afiliação do/a coautor/a, incluindo instituição de origem, cidade e país. 1
2 Segundo Louro, as lembranças escolares parecem menos duras atualmente se as compararmos à educação de séculos passados. Mas, hoje, tem-se consciência de que a escola também deixa marcas expressivas nos corpos e ensina a usá-los de uma determinada forma. Ensinam-se meninos e meninas a serem dóceis, discretos, gentis, a obedecer, a pedir licença e a pedir desculpas (LOURO, 1997, p.11). Este artigo apresenta uma revisão bibliográfica sobre a relação entre gêneros e educação matemática. A pesquisa buscou publicações que relacionassem o ambiente da sala de aula, em específico a matemática, com a teoria de gêneros e o papel de meninos e meninas direcionados a esta disciplina de uma forma geral. O artigo tem o objetivo de investigar a forma como as relações de gênero estão presentes no ensino da Educação Matemática. Este trabalho está dividido em quatro seções, sendo a primeira esta introdução. A segunda apresenta a metodologia adotada na revisão da literatura e, na terceira, os resultados obtidos na busca dos artigos relacionados ao tema. E por fim, os comentários finais. Metodologia Esta revisão bibliográfica sobre a relação entre a teoria de gêneros e educação matemática foi dividida em duas etapas: a primeira etapa consistiu na procura e estudo de conceitos apresentados pelos principais autores sobre a teoria de gêneros. Depois foi feito um levantamento de artigos que envolvessem o tema que será estudado, utilizando a ferramenta de pesquisa google. Dois critérios foram estabelecidos para refinar os resultados: artigos que relacionassem o cotidiano da sala de aula de matemática com a teoria de gêneros, e, o idioma, português. Todas as buscas (Google/Literatura) foram realizadas no período de novembro de 2016 a dezembro de A seleção de artigos foi feita em conformidade com o assunto proposto, sendo descartados os estudos que, apesar de constarem no resultado da busca, não apresentaram metodologia para avaliação da relação proposta no objetivo. Resultados 2
3 Os trabalhos de Santos e Cardoso (2012) e Barbosa e Coelho (2014) afirmam que a disciplina matemática ainda precisa de uma motivação contextualiza para tornar-se atrativa aos olhos dos alunos. É também salientado pelo Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que as políticas públicas têm se mostrado ineficazes na inserção de metodologias que contextualizem a matemática no cenário prático educacional. Desta maneira as Tendências em Educação Matemática não possuem estrutura para aproximar o estudante e os conteúdos curriculares. De acordo com PCN (1998, p.19): Os movimentos de reorientação curricular ocorridos no Brasil, a partir dos anos 20, não tiveram força suficiente para mudar a prática docente dos professores para eliminar o caráter elitista desse ensino, bem como melhorar sua qualidade. Além disso, ambos os trabalhos mostram que vida escolar de meninos e meninas é marcada pelas diferenças de comportamentos e desempenhos entre os dois gêneros. O sucesso na Matemática constitui um desafio dos sistemas educativos, não só porque a matemática é considerada como uma das disciplinas fundamentais do currículo escolar, mas também pela sua contribuição estruturante no desenvolvimento do conhecimento cognitivo e pelo caráter instrumental da maioria das aprendizagens matemáticas na vida adulta. A pesquisa realizada por Walkerdine (1995) sobre garotas e garotos e a Matemática revelou claramente as formas pelas quais essa relação não é uma simples questão de as garotas fracassarem e os garotos terem sucesso na disciplina. Na verdade, pode ocorrer de as garotas se saírem bem e os rapazes, mal. Essa autora argumenta, portanto, que não é que as garotas vão mal em matemática, mas que a verdade do desenvolvimento infantil patologiza e define seu desenvolvimento de uma forma que ele tem de ser lido como ruim (WALKERDINE, 1995). A pesquisa de Carvalho (2009) procurou perceber o que as professoras consideravam fundamental avaliar e como o faziam nas séries iniciais. Além disso, a autora avaliou em que medida suas opiniões sobre masculinidade e feminilidade interferiam nesses julgamentos e o que era mais valorizado no comportamento tanto de meninas quanto de meninos. Levando em consideração os trabalhos analisados, acredito em uma matemática fluida e em construção, onde nada pode ser estabelecido categoricamente sem uma averiguação criteriosa. As coisas também funcionam deste modo no que se refere à construção do gênero pelo sujeito, isto é, essa construção é influenciada pelas representações sociais e culturais que ganham força em um contexto histórico. O que é ser menino, ou menina, homem, ou mulher, em nossa sociedade atual? 3
4 Como o sujeito masculino e o feminino devem se constituir? Estas representações não são naturais, são históricas, assim como a Matemática e o seu ensino. Conclusão Diante de todas essas problematizações e questionamentos têm sido possível observar que pensamentos nesses moldes preconceituosos, re-definidores da falsa hegemonia masculina com relação à Matemática, são frutos de estruturas discursivas presentes nos mais diversos ambientes sociais que habitamos. A nossa sociedade ainda está cheia do machismo que acredita que meninas não são boas para cálculo. Segundo Barbosa e Coelho (2014) ao investigar as questões de gênero no âmbito da Educação Matemática, temos questionado tudo que diz respeito a essências inatas masculinas ou femininas, bem como universalidades intransmutáveis. Portanto, proponho que, deste modo, sejam realizados movimentos de desnaturalização de estruturas discursivas colocadas pelas relações de poder às quais estamos constantemente reféns. Além de apresentar ao professor, o verdadeiro significado da sua docência que é educar o aluno para o conhecimento, e desmistificar a ideia de que cálculo é um mundo reservado para meninos. Referências. BRASIL, Ministério de Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais - Matemática: Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental - Brasília, BARBOSA, L.A.L & COELHO P.I. Educação Matemática e Questões de Gênero: Enlaces Teóricos. 6ª Jornada Científica e Tecnológica. Porto Alegre CARDOSO, L.R. & SANTOS. J. Relações De Gênero Em Um Currículo De Matemática Para Os Anos Iniciais: Quantos Chaveiros Ele Tem. Ensino Em Re-Vista, v.21, n.2. Sergipe CARVALHO, M. P. Mau aluno, boa aluna? Como as professores avaliam meninos e meninas. Revista Estudos Feministas. 2009, p LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis. RJ: Vozes, STERLING, A.F. Dualismo em Duelo. Cadernos Pagu. EUA
5 WALKERDINE, V. O raciocínio em tempos pós-modernos. Educação e Realidade. Porto Alegre, v. 20. n. 2, p , jul./dez
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