PIBID, UM CONHECIMENTO ESSENCIAL DA REALIDADE NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Transcrição

1 Seminário de Avaliação do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência UFGD/UEMS/PIBID PIBID, UM CONHECIMENTO ESSENCIAL DA REALIDADE NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA Alline Laura de Freitas Ohara Taisa Mayumi Yara Serrano Uchoa Resumo: Este trabalho tem como objetivo descrever as atividades das bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), do curso de Ciências Sociais- Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). As atividades na escola foram realizadas na instituição de ensino Rita Angelina Barbosa Silveira (Dourados MS). Na escola pudemos acompanhar aulas de sociologia, bem como realizar oficinas orientadas por meio das reuniões do PIBID ocorridas no período de março a setembro de A finalidade do relato é apresentar sobre a experiência da oficina, bem como realizar apontamentos relevantes do projeto que contribuíram para a experiência acadêmica. Palavras-chave: ensino de sociologia; direitos humanos; sexualidade. O programa de iniciação à docência do curso de Ciências Sociais do campus Dourados-MS é voltado especificamente para uma de suas matérias de eixo do curso, a sociologia, que possui uma importância imprescindível na grade de conhecimento do aluno do ensino médio. Essa importância se deve não apenas por contribuir para sua formação pessoal como "cidadão crítico", mas também por aproximar o aluno de sua realidade social, despertando preocupações com o contexto vivido, fomentando uma busca pela compreensão da realidade e para a desnaturalização das concepções e fenômenos sociais.

2 O grupo de acadêmicos que participam do programa tem contato com a prática de formação e a oportunidade de ampliar seu conhecimento em sociologia na área da educação, aprendendo novas perspectivas da disciplina e principalmente trabalhando temas fundamentais a serem compartilhados com alunos do ensino médio. Ao longo do projeto foram discutidos diversos temas com o coordenador do projeto e os monitores de cada instituição, de modo que pudemos assimilar a maneira mais apropriada de interagir nas escolas e de aplicar as proposições necessárias. Entretanto há uma problemática quando se propõe a apresentar temas fundamentais, não apenas para a disciplina de sociologia, mas para a sociedade em geral, que tem apresentado resistências ao longo do processo histórico, prevalecendo ainda na atualidade, sobre questões como o da sexualidade e cultura. Todos estes temas estão relacionados à compreensão da diversidade, cujo paradigma a sociologia tem auxiliado a compreender e as discussões nas escolas tem sido um espaço importante para a discussão destas temáticas. Nesse sentido, parece importante a participação de acadêmicos ao lado de professores de sociologia do ensino médio, a fim de contribuir na formação do pensamento dos alunos para uma sociedade mais humana, sem preconceitos, respeitando suas diferenças de maneira harmoniosa e positiva. Dentro da perspectiva de formação apresentada acima, realizamos na Escola Estadual Rita Angelina Barbosa Silveira (Dourados-MS) uma intervenção pedagógica com o título Mídia e Estereótipos LGBTS. O objetivo da oficina foi apresentar sobre os modos como a mídia vem produzindo representações esteriotipadas sobre as pessoas LGBTS, com a finalidade de descontruir estes estereótipos ao longo da apresentação. No início da apresentação foi utilizada como metodologia na sala de aula uma roda de conversa. Neste primeiro momento apresentamos alguns conceitos, como heteronormatividade, papéis de gênero, estereótipo, estigma, com a intenção de familiarizar os estudantes do ensino médio com o conteúdo a ser desenvolvido. A finalidade desta abordagem inicial foi provocar a reflexão interativa, e demonstrar de que todo o processo que acontece no indivíduo também é coletivo, isto é, social. Os estranhamentos relativos aos diversos comportamentos de gênero e sexuais também são construídos socialmente e tivemos a intenção de desconstruí-los ao longo de nossa apresentação.

3 Avaliamos que na mídia não há interesse efetivo em representar de maneira menos caricatural pessoas LGBTS. Em partes esta dificuldade está relacionada a não contratação de atores LGBTS para representar os papeis e que possam, por sua vez, questionar o modo como vem sendo representados pela grande mídia. Os mesmos personagens são interpretados na maioria das vezes por atores e atrizes heterossexuais, objetificando e trazendo aspectos que contribuem para uma perspectiva padronizada e heteronormativa dos papeis de gênero. A produção midiática sobre pessoas LGBTS reflete os modos como a sociedade tem se relacionado com a temática, bem como, muitas vezes agrava a maneira como essas representações são feitas, por trazer experiências muito caricaturais. Isso é consequência de uma sociedade que possui um longo histórico de opressão contra a população LGBTS e que faz a sua manutenção através do senso comum e a falsas representatividades. Durante a apresentação foi possível perceber na fala dos alunos e alunas, que comentavam os acontecimentos pessoais, que algumas das interpretações sobre os personagens e histórias que estavam discorrendo carregavam o preconceito, muitas vezes naturalizando-o. Mas os estudantes trouxeram também a oportunidade de um novo raciocínio e a possibilidade para que houvesse a construção e desconstrução desses estereótipos e estigmas. A recepção no todo foi positiva, os estudantes participativos e o processo foi bem produtivo, tendo grande interesse dos alunos e alunas presentes. Na oficina foram levantadas várias dúvidas a respeito da identidade de gênero e orientação sexual, que por vezes foi confundida como algo que possui o mesmo significado. Assim, tivemos a oportunidade de discutir com eles como a temática tem sido pensada dentro das ciências humanas, isto é, sexo e gênero são coisas diferentes e descoladas. Por exemplo, uma pessoa pode ter um corpo de mulher, ser homem e querer namorar outros homens. Dentre os temas trabalhados uma das questões que tiveram maior ênfase foi a transexualidade, principalmente pelos personagens que abordam os dilemas de Ivan/Ivana (personagem da atriz Carol Duarte), que está realizando a transição de gênero ao longo da novela. A autora também vem dando destaque a Nonato (Silvero Pereira) na trama. Ela é um travesti, que se reconhece pelo nome de Elis Miranda. Foi de extrema contribuição os alunos citarem esses personagens, pois aparecem no horário

4 onde há uma maior audiência de telespectadores e trouxe uma maior aproximação com a atualidade, por ser uma novela recente. Deste modo, o PIBID proporciona o espaço de formação de futuros docentes que possam desenvolver a autocrítica e formas diferenciadas do método atual de ensino. Assim, o conhecimento não é algo a ser depositado, mas deve possibilitar melhores condições para a contribuição dos alunos na sala de aula, principalmente por este ser um tema que não traz apenas a diferenciação da orientação sexual, gênero, papel de gênero, sexo biológico, e os problemas dos estereótipos, mas fala também sobre a vida das pessoas, como elas se sentem no mundo. As leituras e debates foram fundamentais para a atividade e no final dela percebemos que falar sobre identidade de gênero sem o cuidado necessário pode conduzir a ideia de imposição, de ter que pertencer ou se encaixar a uma forma de classificação. Procuramos apresentar o conceito de identidade de gênero com a existência de inúmeras possibilidades de ser. Debater sobre identidade de gênero foi para nós, pibidianas, um espaço de responsabilidade e privilégio. Debater na escola um dos movimentos sociais que mais ganha espaço político na atualidade e poder trabalhar identidade e o respeito para com as outras identidades, foi um momento importante da nossa formação e nos possibilitou buscar e praticar a formação da educação em direitos humanos. Agradecimentos Agradecemos às instituições UFGD, PIBID e CAPES, aos nossos coordenadores Márcio Mucedula e Aline Crespe e aos alunos e funcionários da Escola Estadual Rita Angelina Barbosa Silveira. Referências SILVA, Afrânio. PIRES, Vinicius. (orgs.) Sociologia em Movimento. Brasil: PNLD, P. 77 e MACHADO, Igor. BARROS, Celso. (orgs.) Sociologia hoje. São Paulo: PNDL

5 Reunião do grupo na moradia estudantil para planejamento da oficina

6 Conversa em roda na intervenção sobre Mídia e Esteriótipos LGBTS