O gerenciamento financeiro do estoque: comparativo entre comércio eletrônico (Americanas.com S/A) e comércio tradicional (Lojas Americanas S/A).



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1 O gerenciamento financeiro do estoque: comparativo entre comércio eletrônico (Americanas.com S/A) e comércio tradicional (Lojas Americanas S/A). Autoria: Altemar Carlos Cristiano, Silvana Dacol Resumo As aplicações do comércio eletrônico (CE) entre os agentes econômicos (pessoas, empresas e governos) são definidas de acordo com aqueles envolvidos nesta relação. Para as empresas que utilizam o CE visando atender o consumidor final, os benefícios podem ser obtidos através da promoção de produtos, tempo para comercialização e economia direta. Para o consumidor, os benefícios são decorrentes da possibilidade de escolha global, acesso a novos produtos e serviços e obtenção de respostas rápidas as suas necessidades. A comercialização de produtos através do CE, assim como no meio tradicional, necessita de estoque para atender a demanda por produtos. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é encontrar características que demonstrem diferenças ou semelhanças no gerenciamento dos recursos financeiros, destinados ao estoque de empresas virtuais e tradicionais. Assim, foram utilizadas informações das empresas Americanas.com S/A e Lojas Americanas S/A que atuam no varejo virtual e tradicional, respectivamente. A análise demonstrou que o gerenciamento financeiro do estoque deve ser tratado de forma diferenciada para estas duas empresas, todavia, a aplicabilidade destes resultados em outras empresas que atuam no CE dependerá de uma análise específica. Introdução Em função da contemporaneidade do CE, o gerenciamento dos recursos financeiros nas empresas virtuais ainda é pouco analisado no meio científico e acadêmico. Para avaliar se o gerenciamento financeiro do estoque é diferente ou similar nas empresas virtuais e tradicionais, é necessário comparar as informações financeiras e operacionais entre ambas as empresas. A realização de comparações entre empresas do mesmo segmento pode reduzir a possibilidade de distorções nos resultados obtidos, ocorridas pela redução de possíveis variáveis existentes em apenas um segmento. A conta estoque apresenta-se com a finalidade de atender o processo de venda, seja na empresa virtual ou tradicional. Desta forma, o objetivo deste trabalho é identificar diferenças ou semelhanças no aspecto do gerenciamento financeiro do estoque entre empresas varejistas tradicionais e empresas que operam através do comércio eletrônico (CE). Metodologia Para realizar este trabalho foi utilizado os valores investidos no estoque e faturamento da Americanas.com S/A (varejo virtual) e Lojas Americanas S/A (varejo tradicional) nos exercícios de 2000 e 2001, e seus respectivos trimestres. Para encontrar diferenças ou semelhanças no gerenciamento financeiro do estoque, foram realizadas comparações trimestrais e anuais entre o volume de recursos investido no estoque das duas empresas com o volume de receitas total, além dos aspectos de custo e risco apresentados por Souza, Luporini e Souza (1996). Para a análise do comportamento do estoque foi utilizado os resultados dos indicadores da permanência média do estoque (PME) e do giro do estoque (GE), resultados estes demonstrados por Cristiano (em preparação). Esses indicadores foram utilizados para demonstrar a relação de investimento no estoque com o volume de vendas obtido.

2 Comércio Eletrônico O ambiente digital permite que pessoas e empresas dos mais diferentes lugares do planeta realizem comunicações interativas, vendam e comprem produtos e serviços, além de proporcionar às empresas a realização de transações de negócios entre seus fornecedores, clientes e instituições financeiras, e ao governo a possibilidade de agilizar as relações com empresas públicas e privadas, pessoas físicas e demais instituições (Maemura, 1998). A utilização da Internet como meio de acesso ao ambiente digital proporcionou o surgimento de uma nova alternativa para a realização do processo de compra e venda entre os agentes econômicos (pessoas, empresas e governo), o comércio eletrônico (CE). O CE é a realização de toda cadeia de valor dos processos e negócios num ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e de informação, atendendo aos objetivos de negócio (Albertin, 2000). Assim, o CE pode ser entendido como uma atividade empresarial que comercializa bens e serviços, além de outras atividades relacionadas com negócios virtuais, como meio de transmissão de informações, administração de pagamentos e comercialização de ativos financeiros (Heng, 2000). As aplicações do CE referindo-se a realização do processo de compra e venda de produtos e serviços e disponibilização de informações é abordado por Albertin (2000), Coppel (2000) e Fleury (2001). Os autores apresentam as seguintes aplicações: Negócio-a-Consumidor (B2C) O processo de comercialização ocorre entre lojas virtuais e o consumidor. Segundo Fleury (2001) aplicam-se a esta divisão sites que operam no varejo, comercializando produtos em pequenas quantidades, serviços e informações. Negócio-a-Negócio (B2B) Refere-se as transações de negócios entre empresas. De acordo com Lucking-Reiley e Spulber (2001) esta aplicação do CE pode ser o comércio atacadista, compra de serviços, tecnologias, equipamentos, componentes e transações financeiras. Negócio-a-Governo (B2G) Consiste em disponibilizar via Internet meios para realizar a comunicação com os demais agentes econômicos. Esta aplicação permite aos governos disponibilizar editais de licitação para compra de produtos e serviços, comercializar títulos públicos e agilizar o processo que compete aos órgãos públicos. Consumidor-a-Consumidor (C2C) Esta aplicação do CE ocorre entre consumidores. De acordo com Coppel (2000) o Ebay.com, uma provedora de leilões virtuais, é um exemplo, sendo um dos primeiros sites de sucesso a prover condições para que os consumidores comercializassem entre si uma diversidade de bens e serviços. Consumidor-a-Negócios (C2B) Constituem atividades que criam um banco de dados com informações sobre pessoas físicas e disponibilizam para empresas. De acordo com Fleury (2001) os sites de bolsas de empregos, são um exemplo, onde pessoas interessadas em conseguir uma nova ocupação, disponibilizam suas informações para possíveis empresas interessadas em contratá-las. A utilização do CE, utilizando a Internet como meio de acesso, criou a possibilidade de uma feira verdadeiramente global, caracterizada por transações comerciais 24 horas por dia e 7 dias por semana (Rothaermel; Sugiyama, 2001). Assim, além de eliminar as barreiras

3 temporais e geográficas, o CE proporciona outros benefícios como oportunidades para novos negócios e redução de custos, entre outros. Segundo Albertin (2000) o CE apresenta benefícios diretamente mensuráveis e quantitativos, como a promoção de produtos, um novo canal de vendas, economia direta, inovação de produtos, tempo para realizar a comercialização e prestar serviços a clientes, como pós-vendas. Indiretamente o autor cita como benefícios, novas oportunidades de negócios, relacionamento com clientes, imagem da marca ou corporativa, aprendizagem de tecnologia e laboratório organizacional. O CE promete reduzir o custo das transações entre empresas automatizando muitos passos necessários ao processo de negócio (Lucking-Reiley; Spulber, 2000). De esta acordo com Periotto, Inácio Júnior, Caetano Júnior e Hirata (2001), o CE apresenta uma grande contribuição na redução do custo de transações, como por exemplo, aquelas que envolvem a interação humana a qual utiliza horas como medida de tempo, enquanto mesma transação, porém de forma eletrônica, pode ser reduzida a segundos. Para melhor compreender os benefícios do CE, é necessário realizar uma avaliação dos fatores que beneficiam empresas e consumidores. No quadro 01 é demonstrado os benefícios para as empresas sob o aspecto da oportunidade e, para o consumidor, sob o aspecto do benefício gerado pela oportunidade. Quadro 01 Oportunidades para empresas e benefícios para o consumidor verificados com a utilização do comércio eletrônico. Oportunidades para as empresas Presença global Aumento da competitividade Personalização em massa Redução ou eliminação da cadeia de fornecimento Economia substancial de custos Oportunidades de novos negócios Fonte: Adaptado de Souza, Ueoka e Paskin (2000). Benefícios o consumidor Escolha global Qualidade de serviço Produtos e serviços personalizados Respostas rápidas às necessidades Redução substancial de preços Novos produtos e serviços Conforme demonstrado no quadro 01, o CE, através da Internet, apresenta condições de realizar mudanças nas relações de varejo entre as empresas e o consumidor. Para a empresa permite expor produtos e serviços a um grande número de pessoas permanecendo em um único lugar, podendo melhorar sua competitividade no momento em que expande a possibilidade das pessoas terem conhecimento sobre seus produtos e serviços, que por sua vez amplia a possibilidade de crescimento das vendas, com o benefício da rapidez. A redução nos custos pode ser um fator que proporciona melhoria na condição de competitividade, criando condições para as empresa oferecerem produtos e serviços com preços menores. Para o consumidor o CE representa a possibilidade de ter acesso a um volume maior de produtos e serviços, sem a limitação temporal ou geográfica e caso as empresas tenham identificados suas necessidades, o cliente tem o benefício de conhecer e adquirir produtos e serviços criados especificamente para atender a sua necessidade. De acordo com Periotto, Inácio Júnior, Caetano Júnior e Hirata (2001) o CE está trazendo mudanças nos conceitos de matéria (valor de uma companhia), pessoas (mudanças nas estruturas de trabalho dentro das organizações) e mercado (a velocidade em que as informações se reproduzem). As transformações advindas do CE nas atividades que envolvem a comercialização de produtos e serviços, ainda são recentes, todavia, indicam mudanças significativas nas relações entre os agentes econômicos para satisfação de suas necessidades. O uso do CE com finalidades comerciais em específico a comercialização de produtos, exige uma estrutura física, composta por instalações e equipamentos. Também é necessário uma estrutura operacional constituída por pessoas que desempenham tarefas

4 administrativas, elaboram estratégias e planejam. Para criação e manutenção desta estrutura são necessários recursos financeiros. De acordo com Cristiano (em preparação), a empresa virtual que comercializa produtos, faz investimentos, realiza compras e pagamento junto a fornecedores, paga impostos e tributos, apresenta despesas com salários e encargos, fretes, aluguel e recebe os valores referentes as suas vendas. Segundo Chiavenato (2000), os recursos financeiros referem-se ao dinheiro sob a forma de capital, proveniente de empréstimos, financiamentos e demais créditos, podendo ser de disponibilidade imediata ou mediata para fazer frente aos compromissos futuros. De acordo com o autor é muito comum o dimensionamento dos recursos físicos ou materiais em termos financeiros, como valor de máquinas e equipamentos, o valor do estoque de matériasprimas e produtos acabados. No contexto do gerenciamento financeiro das empresas está incluso a gestão do estoque, tendo em vista a necessidade de investimentos de recursos financeiros nesse tipo de ativo. Desta forma, empresas que operam com venda de produtos através do CE e outras comercializando no varejo tradicional, devem necessitar de estoque. Portanto, é necessário analisar as características do estoque sob o aspecto do gerenciamento financeiro para empresa virtual e tradicional. Fundamentação Teórica Sobre Estoque O estoque é um investimento, no sentido de exigir que a empresa aplique o seu dinheiro nele, e pode ser classificado em mercadorias, produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas e embalagens, materiais de consumo e almoxarifado (Souza; Luporini; Souza, 1996; Gitman, 1997). Os principais aspectos relacionados com a administração financeira dos estoques são os custos e os riscos (Souza; Luporini; Souza, 1996). Com relação aos custos os autores ressaltam 03 aspectos, sendo: Custos de capital: correspondem aos recursos investidos em materiais e produtos estocados, nas instalações e equipamentos utilizados para movimentação; Custos de instalações: envolvem o valor da locação de galpões, prédios e instalações utilizadas, imposto predial, taxas e serviços públicos, limpeza, iluminação, seguro e depreciação; Custos de serviços: correspondem aos recursos financeiros gastos com mão-de-obra utilizada na recepção, armazenagem, deslocamentos internos e expedição, além das despesas administrativas. Com relação ao risco os autores citam o seguinte aspecto: Risco de estocagem: são relativos a furtos, deterioração, obsolescência, queda nos preços de mercado e outros. O investimento em estoque deve suprir a demanda da empresa, no sentido de atender as necessidades dos consumidores em quantidade e no tempo desejado. Deve-se também estar contemplado na definição do volume estoque, os períodos de sazonalidades, para que desta forma a empresa possa apresentar investimentos no estoque em conformidade com as perspectivas de produção ou vendas. De acordo com Gitman (1997) os níveis de estoque ideais apresentam pontos de vista distintos dentro das empresas, neste caso empresas comerciais. O administrador financeiro deseja assegurar que os fluxos de caixa da empresa sejam administrados eficientemente, desta forma procura certificar-se que a empresa não está investindo erroneamente em estoques, seja através de ativos com pouco giro ou excesso. A pessoa responsável pelo marketing, segundo o autor, preocupa-se com o nível de estoque, para ele o ideal seria um grande estoque de cada produto como forma de atender a toda demanda.

5 Os investimentos em estoque são determinados por fatores inerentes a atividade da empresa. Dentre estes, os citados por Assaf Neto e Silva (1997) servem com critérios a serem analisados para determinar o volume de estoque das empresas, principalmente as comerciais, sendo: - Sazonalidade no consumo; - Disponibilidade de produtos; - Perspectiva de aumento ou redução no preço; - Custos de estocagem; - Rentabilidade do estoque comparado com outras formas de investimento dos recursos financeiros disponíveis; e - Política de vendas do fornecedor. O gerenciamento financeiro do estoque, apresenta fatores relevantes na definição do volume de recursos necessários a ser investido neste ativo, e sua avaliação pode reduzir impactos negativos na empresa, principalmente na sua capacidade de pagamento e condição de atender o consumidor de acordo com o que ele quer na hora desejada. O principal propósito da administração de estoques é determinar e manter o nível deste ativo, satisfazendo os pedidos dos clientes em quantidades suficientes e no tempo exigido, além de evitar que ocorram investimentos desnecessários, pois os recursos financeiros investidos no estoque impedem o aproveitamento de outras oportunidades lucrativas (Groppelli; Nikbakht, 1998). Os investimentos em estoques (produtos) podem estar sujeito a duas situações, conforme apresentado por Cristiano, Fráguas e Tuler (2000). A primeira refere-se ao pagamento a fornecedores, posteriormente ao recebimento dos valores decorrentes das vendas, neste caso a empresa não utiliza recursos próprios, ou seja, o fornecedor é a fonte de financiamento do estoque e dos produtos vendidos, porém, esta afirmação com relação ao estoque de produtos somente é válida se o prazo médio do estoque não for superior ao prazo de pagamento junto ao fornecedor. A segunda situação, refere-se as empresas que realizam pagamentos aos fornecedores anteriormente ao recebimento das vendas, ou que apresentam períodos de permanência do estoque superiores aos prazos estabelecidos pelos fornecedores para pagamentos, ou em ambos os casos. Quando a empresa apresenta esta situação o gerenciamento do estoque deve utilizar os critérios apresentados por Assaf Neto e Silva (1997). Os meios utilizados para avaliar os estoques são considerados como indicadores ou índices de atividades, como definido por Groppelli e Nikbakht (1998). Os indicadores de atividade visam à mensuração das diversas durações de um ciclo operacional, o qual envolvem todas as fases operacionais típicas de uma empresa, que vão desde a aquisição de insumos básicos ou mercadorias até o recebimento das vendas realizadas (Martins; Assaf Neto, 1986). As empresas que comercializam produtos no CE e através do meio tradicional, apresentam características semelhantes nos processos que compõe o ciclo operacional, existindo a aquisição de mercadorias, a comercialização e o recebimento dos valores provenientes das vendas. Todavia, o tempo de conclusão para cada etapa do ciclo operacional pode ser diferente para cada empresa, desta forma, torna-se necessário a utilização de indicadores para avaliar o estoque e determinar o período que compreende a aquisição de mercadorias até a sua comercialização. O período de aquisição inicia-se quando as mercadorias são contabilizadas. Indicadores Utilizados Para Avaliar o Estoque Segundo Groppelli e Nikbakht (1998) a rápida conversão dos estoques em caixa geralmente, indica um uso eficaz desse ativo, todavia, um índice sozinho não fornece informações suficientes sobre a capacidade dessa empresa em gerar caixa através dos estoques.

6 Os resultados dos indicadores podem ser utilizados como ferramentas no planejamento do volume de estoque, além de proporcionar condições para que a empresa compare os seus resultados com os de outras empresas concorrentes ou do setor onde atua. O estoque é avaliado através do giro do estoque (GE) e do prazo médio de estoque (PME) e para obtê-los utilizam-se as expressões apresentada por Groppelli e Nikbakht (1998): GE = Custo dos produtos vendidos (CPV) Estoque médio PME = 360 dias GE De acordo com Martins e Assaf Neto (1986) o PME e GE podem ser obtidos através das seguintes expressões: PME = Estoque Médio x 360 Custo dos Produtos Vendidos GE = 360 PME As expressões apresentas pelos autores utilizam a mesma fonte e, portanto, apresentam o mesmo resultado. Investimento em estoques caracterizam ativos circulantes menos líquidos (Groppelli; Nikbakht, 1998). O gerenciamento dos recursos investidos em estoques deve atender ao objetivo de converter esses ativos em títulos a receber de clientes. Esta conversão deve ocorrer de forma rápida, dando condição à empresa para realizar a aquisição de ativos mais rentáveis ou que apresentem uma maior demanda. Para que o gerenciamento do estoque possa realizar a sua função com eficiência, é necessário conhecer os fatores abordados anteriormente que determinam as necessidades do volume de estoque. Características do Estoque em Empresas Varejistas Virtuais e Tradicionais O gerenciamento financeiro de forma eficaz e eficiente é importante nas empresas tradicionais e virtuais. No caso das empresas tradicionais existem trabalhos que abordam o aspecto do gerenciamento financeiro do estoque, porém o mesmo não acontece para as empresas que utilizam o CE para comercializar seus produtos. Diante disto optamos por analisar este aspecto na Americanas.com e Lojas Americanas S/A (LASA). A LASA é uma empresa de varejo tradicional que opera em 17 estados brasileiros com 97 lojas, recebendo semanalmente 5 milhões de pessoas e operando com 5 grandes seções (infantil, lar, lazer, beleza e confecção). A empresa obteve em 2000 uma receita com produtos de R$1.652.261.000,00 e, em 2001 a receita foi de R$1.663.085.000,00. A Americanas.com iniciou suas atividades em 15 de novembro de 1999, período que ainda fazia estudos de mercado. Comercializa aproximadamente 30 mil produtos através do site (90% do faturamento), telefone e quiosques Internet (situados dentro do espaço físico da LASA, totalizando 26 quiosques disponíveis apenas na cidade do Rio de Janeiro). A receita com produtos foi de R$23.952.000,00 em 2000 e R$78.035.000,00 no ano de 2001. Para identificar as características que indicam aspectos do gerenciamento do estoque nas duas empresas, é necessário demonstrar o comportamento deste ativo. Cristiano (em preparação) descreve os resultados do PME e GE para as duas empresas, conforme descrito no quadro 02.

7 Quadro 02 Indicadores do estoque da empresa Lojas Americanas S/A (LASA) e Americanas.com S/A para os anos de 2000 e2001. Índices/indicadores Empresas Lojas Americanas S/A Americanas.com S/A 2001 2000 2001 2000 Prazo médio do estoque (PME) 61,4 61,27 33,21 41,62 Giro do estoque (GE) 5,59 5,87 10,84 8,65 Fonte: Adaptado de Cristiano (em preparação). Os resultados do PME e GE demonstram que o prazo de conversão do estoque em títulos a receber ocorre com maior velocidade na Americanas.com, quando comparado a LASA. Esta característica exige da LASA um volume de recursos financeiros superior a Americanas.com, para ser investido no estoque de produtos. De acordo com Cristiano (em preparação) para cada R$1,00 de faturamento a LASA apresentou R$0,40 de investimento médio em estoque no ano de 2000 e R$0,43 em 2001, ao passo que a Americanas.com para obter a mesma receita equivalente, ou seja, R$1,00 o investimento médio no estoque foi de R$0,31 em 2000 e R$0,26 no ano de 2001. A Americanas.com tem demonstrado ser possível realizar crescimento nas receitas sem aumentar a participação relativa dos recursos investidos no estoque. Esta condição permite que a empresa redirecione recursos para outras finalidades. O fato de apresentar redução no volume de estoque com crescimento nas receitas, demonstra que este negócio, ou seja a comercialização através do CE, permite a Americanas.com realizar o processo de vendas com estoque menor, comparado ao meio tradicional de comercialização utilizado pela LASA. Para apresentar esta relação entre a necessidade do estoque com o volume de vendas, a Americanas.com pode estar utilizando alternativas como aquisições em lotes menores, seleção de produtos que apresentam condições favoráveis a comercialização através do CE (CDs, livros, aparelhos eletroeletrônicos). Pode ainda estar utilizando margens de lucro bruto menores, que permite oferecer produtos com preços reduzidos, ganhando-se pouco por unidade, mas aumentando a quantidade comercializada e gerando um tempo de permanência menor do estoque. De acordo com Cristiano (em preparação), a margem de lucro bruto da Americanas.com foi de 28,78% em 2000 e 34,21% em 2001, contra 39,10% em 2000 e 40,96% em 2001 da LASA. A rotatividade do estoque demonstrada no quadro 02 revela o seu comportamento anual, todavia esta análise pode não revelar algumas características sazonais ou específicas a um determinado período do ano em relação ao volume de vendas e a necessidade de estoque. Desta forma, acreditamos que períodos menores podem melhorar o entendimento sobre a variação dos recursos investidos no estoque, no caso da LASA e Americanas.com. O quadro 03 demonstra o volume de recursos investidos no estoque de produtos pelas duas empresas, juntamente com as receitas obtidas neste período, neste caso correspondendo a 3 meses.

8 Quadro 03 - Relação trimestral entre o volume investido no estoque com as receitas do mesmo período de 2000 e 2001 da Lojas Americanas S/A e Americanas.com S/A Lojas Americanas S/A Americana.com S/A 2000 Vendas Estoque (%) Vendas Estoque (%) 1 Trimestre 344.100.000,00 196.009.000,00 56,96 760.240,00 869.000,00 114,31 2 Trimestre 394.800.000,00 140.077.000,00 35,48 3.707.170,00 1.441.000,00 38,87 3 Trimestre 369.003.000,00 168.473.000,00 45,66 7.318.310,00 2.443.000,00 33,38 4 Trimestre 544.358.000,00 159.335.000,00 29,27 12.166.280,00 2.736.000,00 22,49 Média 413.065.250,00 165.973.500,00 40,18 5.988.000,00 1.872.250,00 31,27 TOTAL 1.652.261.000,00 23.952.000,00 2001 1 Trimestre 353.600.000,00 193.758.000,00 54,8 8.982.824,00 3.201.000,00 35,63 2 Trimestre 422.200.000,00 150.708.000,00 35,7 14.538.768,00 4.544.000,00 31,16 3 Trimestre 400.800.000,00 189.221.000,00 47,21 23.564.648,00 4.484.000,00 19,03 4 Trimestre 486.485.000,00 186.175.000,00 38,27 30.903.760,00 7.785.000,00 25,19 Média 415.771.250,00 179.965.500,00 43,28 19.508.750,00 5.003.500,00 25,65 TOTAL 1.663.085.000,00 78.035.000,00 Fonte: Cristiano (em preparação). Conforme demonstrado no quadro 03, a necessidade de recursos financeiros para investimentos em estoques é menor para a Americanas.com em comparação a LASA em todos os trimestres, exceto nos dois primeiros do ano de 2000, justificado pelo início das atividades. Os resultados indicam que há períodos onde a necessidade de estoque é diferente para ambas as empresas. O estoque da Americanas.com apresentou nos trimestres de 2000 constantes reduções relativas do montante de recursos investidos no estoque, todavia, isto não impediu o crescimento das vendas. Em 2001, os resultados foram semelhantes ao ano anterior, com redução na participação relativa e crescimento nas receitas, exceto no quarto trimestre, quando houve aumento da participação relativa do estoque em comparação ao volume de vendas, fato este que pode ser decorrente de uma expectativa de venda não confirmada ou a demonstração de uma tendência de crescimento desta relação, entretanto esta informação apenas os exercícios futuros poderão comprovar. De acordo com o quadro 03, a participação dos investimentos em estoques comparado com as receitas da LASA, é superior a Americanas.com em todos os trimestres, indicando que o negócio da LASA demanda um volume de recursos financeiros superior para investir em estoque, e este fato ocorre em todos os trimestres de cada ano, excluindo o período de início das atividades da Americanas.com. As duas empresas apresentam uma característica em comum, o primeiro trimestre é o pior período de vendas e o último trimestre apresenta o melhor resultado. Em relação ao primeiro trimestre as duas empresas apresentam maior participação relativa do estoque em relação ao volume de vendas do período, fato este observado em 2000 e 2001. No último trimestre de 2000 a redução relativa do estoque frente as vendas ocorreu para ambas as empresas, porém, no último trimestre de 2001 houve um comportamento diferente, as vendas deste período foram as maiores, todavia, a relação para as duas empresas não foi a menor do ano, como aconteceu no ano anterior. Esta situação pode ser reflexo de uma expectativa de vendas não atingida no último trimestre do ano de 2001. De acordo com Cristiano (em preparação) a concentração no volume de vendas à vista na LASA foi de 59%, em 2000 e 62% no ano de 2001, em contrapartida na Americanas.com ocorre praticamente o inverso, onde 85% das receitas foram realizadas na condição de pagamento a prazo. Segundo o autor, a concentração nas formas de pagamentos, à vista e a prazo podem refletir diferentemente no resultado de políticas de abertura de crédito, seja para aumentar as receitas de forma geral, ou em específico para determinados

9 produtos com baixo giro. De acordo com a composição dos pagamentos a abertura de crédito, no caso da Americanas.com, tende a apresentar resultados mais expressivos comparados a esta mesma política sendo adotada na LASA. Portanto, a abertura de crédito na LASA, tende a impactar proporcionalmente menos na melhoria do PMG e GE, em comparação ao resultado desta estratégia implantada na Americanas.com (Cristiano, em preparação ). Avaliação do Estoque Sob o Aspecto dos Custos e Riscos Utilizando a abordagem de Souza, Luporini e Souza (1996) onde estes autores relacionam três aspectos de custos e um de risco com a administração financeira de estoques, acredita ser possível identificar características que demonstrem diferenças ou semelhanças na administração financeira de estoques. Os custos de capital demonstram que o estoque da LASA e da Americanas.com devem apresentar gerenciamento financeiro diferenciado. Os resultados do PME, GE e o quadro 03, indicam que os negócios das duas empresas apresentam prazos de conversões diferentes do estoque e cada empresa apresenta uma necessidade de investimentos em produtos específica para cada volume de vendas. Como a Americanas.com possui um estoque menor em comparação a LASA, pode utilizar instalações físicas menores, o que representa menos investimentos neste item. Todavia, a rotatividade de produtos na Americanas.com pode exigir maiores investimentos em equipamentos para carga e descarga de produtos. Os custos de instalações são menores para a Americanas.com em comparação a LASA, pois pode utilizar instalações com espaço físico menor, possibilitando a redução de despesas com locação, imposto predial, limpeza, seguros. Os custos de serviços da Americanas.com podem ser superiores a LASA. Quanto mais rápido os produtos entram e saem dos depósitos, podem exigir um número maior de funcionários, além de outras despesas administrativas. Contudo, modernos sistemas de logística podem ser uma alternativa para reduzir estas despesas decorrentes do grande fluxo de produtos. Em relação ao risco de estocagem, a Americanas.com apresenta características que demonstra haver diferenças em comparação a LASA. Como o estoque da Americanas.com tem maior rotatividade o risco de queda nos preços, obsolescência, deterioração e furtos é sempre menor quando comparado ao estoque da LASA. Portanto, sob este aspecto o gerenciamento financeiro dos recursos utilizados no estoque da Americanas.com apresenta-se diferente em relação a LASA. Considerações Finais A contemporaneidade do CE influencia diretamente na obtenção de uma série de dados mais ampla, entretanto, os números obtidos nos exercícios de 2000 e 2001 permitiu avaliar o comportamento do estoque para os respectivos períodos e trimestres. Desta maneira, a análise sobre o estoque, utilizando os períodos descritos anteriormente, limita-se a projetar um comportamento futuro sob o aspecto do PME/GE e dos valores a serem investidos para atender o processo de venda na quantidade desejada e no tempo solicitado. Esta limitação pode ser objeto de estudos futuros. Este estudo demonstrou os conceitos que designam as aplicações de negócios no CE e apresentou algumas transformações nas relações entre empresas e consumidores provenientes da utilização do CE para fins comerciais. O gerenciamento dos recursos financeiros destinados ao investimentos em estoque, deve ser tratado de forma diferente para a Americanas.com S/A e Lojas Americanas S/A. Os resultados do PME e GE demonstraram comportamentos diferenciados entre o estoque do varejo virtual explorado pela Americanas.com e a atividade do varejo tradicional exercida pela LASA. O negócio explorado no CE tem demonstrado ser possível realizar um processo

10 de venda em crescimento, com um volume de investimentos em estoque inferior a necessidade deste mesmo negócio, porém explorado no varejo tradicional. Algumas características, como os melhores e piores trimestres de faturamento são similares para as duas empresas, porém o volume de recursos investidos no estoque são diferentes, em trimestres de grande receita e de pouco faturamento. Os resultados encontrados para essas duas empresas, não refletem o comportamento do estoque para as demais empresas de varejo que operam no CE e no meio tradicional. Portanto, torna-se necessário ampliar o estudo sobre o estoque das empresas que operam no CE, confrontando com outras do mercado tradicional, e desta forma encontrando características sobre o estoque, que justifiquem afirmar se o gerenciamento financeiro deste ativo é igual ou diferente entre o mercado varejista virtual e o tradicional. Bibliografia ALBERTIN, A. L. Comércio eletrônico: modelo, aspectos e contribuições de sua aplicação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 242 p. ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. 200 p. CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2000. 416 p. COPPEL, J. E-Commerce: impacts and policy challenges. OECD Economic Outlook, no. 67, June 2000. Disponível em: <http://netec.mcc.ac.uk/wopec/data/papers//oedoecdec252.html>. Acesso em: 14 Jun. 2001. CRISTIANO, A. C.; FRÁGUAS, J. R.; TULER, S. N. Redução de preço e aumento do prazo de recebimento: os reflexos nas contas do capital de giro, Caderno de Administração, Maringá, v. 8, n. 2, p. 33-46, jul./dez. 2000. CRISTIANO, A. C. O comércio eletrônico e o gerenciamento financeiro: o caso das Lojas Americanas S/A e Americanas.com S/A Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Em preparação. FLEURY, A. L. Dinâmicas organizacionais em mercados eletrônicos. São Paulo: Atlas, 2001. 108 p. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. Tradução Jacob Ancelevicz. 3. ed., São Paulo: Harbra, 1997. 794 p. Título original: Principles of managerial finance. GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração financeira. Tradução André Olimpio Mosselman Du Chenoy Castro. São Paulo: Editora Saraiva, 1998. 535 p. Título original: Finance. HENG, M. S. H. Understanding electronic commerce from a historical perspective. Research Memorandum, no. 2000-38, Dec. 2000. Disponível em: <http://netec.mcc.ac.uk/wopec/data/papers/dgrvuarem2000-38.html>. Acesso em: 15 jun. 2001. LUCKING-REILEY, D.; SPULBER, D. F. Business-to-business electronic commerce. Journal of Economic Perspectives, v. 15, p. 55-68, Spring 2001. MAEMURA, S. K. Comércio eletrônico: uma análise dos agentes intermediários no varejo virtual. 1998. 173 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Análise Econômica) - Fundação Getúlio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo, São Paulo. MARTINS, E.; ASSAF NETO, A. Administração financeira: as finanças das empresas sob

11 condições inflacionárias. São Paulo: Atlas, 1986. 559 p. PERIOTTO, A J.; INÁCIO JÚNIOR, E.; CAETANO JÚNIOR, J. M. V.; HIRATA, N. Comércio eletrônico: características e barreiras. Caderno de Administração, Maringá, v. 9, n. 2, p. 77-96, jul./dez. 2001. ROTHAERMEL, F. T.; SUGIYAMA, S. Virtual Internet communities and commercial success: individual and community-level theory grounded in the atypical case of TimeZone.com. Journal of Management, v. 27, p. 297-312, 2001. SOUZA, A. F.; LUPORINI, C. E. M.; SOUZA, M. S. Gestão do capital de giro. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 1-8, 2 Sem. 1996. SOUZA, I. C.; UEOKA, R.; PASKIN, R. Comércio eletrônico. [S. l.], 2000. Disponível em: <http://www.ime.usp.br/~ceriba/indice.html>. Acesso em: 22 Mar. 2000.