ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa APELAÇÃO CÍVEL N. 040.2008.000891-1/001. Relator: Marcos William de Oliveira, Juiz Convocado em substituição ao Des. José Di Lorenzo Serpa. Apelante: Unibanco AIG Seguros S/A (Adv. Adailza Cavalcanti). Apelada: Adriano Luiz do Nascimento (Adv. Patrício Cândido Pereira). Vistos. Trata-se de apelação cível (fls. 205/218) interposta pelo UNIBANCO AIG SEGUROS S/A, contra a sentença (fls. 200/203) da lavra do Juízo da Comarca de umbuzeiro, que julgou procedente o pedido formulado na ação de cobrança de seguro DPVAT, ajuizada por ADRIANO LUIZ DO NASCIMENTO. A sentença condenou a seguradora apelante a pagar ao apelado a indenização securitária obrigatória (DPVAT), no valor de R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais), devidamente corrigido desde a data da citação e com juros à razão de 0,5% (meio por cento) ao mês, condenando também em custas processuais e honorários advocatícios arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Nas razões da apelação, a seguradora recorrente alega, preliminarmente, a ilegitimidade passiva. das seguradoras consorciadas e a carência da ação, ante a falta de interesse processual. No mérito, questiona o valor condenatório, devendo ser considerado o grau de invalidez do apelado, sendo no caso, 'o valor máximo indenizável de R$ 9.450,00 (nove mil, quatrocentos e cinquenta reais) e não R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais). Roga pelo provimento do apelo.
Em contrarrazões recursais, encartadas às fls. 226/234, o apelado,pugna pela manutenção da sentença de primeiro grau. A Procuradoria de Justiça encartou Parecer às fls. 249/252, opinando pelo provimento do recurso para fixar a indenização em valor compatível com o grau de invalidez, fixando-se tal soma na liquidação da sentença. É o relatório. DECIDO: PRELIMINARES Ilegitimidade passiva ad causam das seguradoras consorciadas Não prevalece a tese, de defesa de ilegitimidade passiva das seguradoras consorciadas, por ser de responsabilidade da Seguradora Líder o pagamento das indenizações em virtude de acidente automobilístico. Não há que se falar em ilegitimidade passiva, visto que a recorrente é integrante do grupo de seguradoras que recebe valores oriundos do seguro obrigatório, razão pela qual responde por tais indenizações. Por sua vez, a Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S/A não é considerada a única legitimada passiva nas lides de seguro obrigatório. A seguradora mencionada pode, nas esteira da jurisprudênci-dwtria, integrar a lide como litisconsorte passiva, com condenação solidária com a seguradora originalmente integrante, não sendo o caso dos autos. Desta forma, rejeito a preliminar argüida. processual Carência de ação por falta de interesse
A preliminar de carência da ação por falta de interesse processual, alegada pela apelante, em razão da falta de pleito administrativo da indenização, não merece guarida. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5 2, XXXV, prevê que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. A ação judicial não resta prejudicada pela falta de pleito administrativo. Observa-se que o preceito constitucional não obriga o esgotamento das vias administrativas para então buscar o Poder Judiciário, sendo plenamente possível pleitear judicialmente antes de qualquer procedimento administrativo. Destarte, também rejeito a preliminar suscitada. MÉRITO Analisando o caso em comento, constata-se que o apelado moveu a presente ação visando receber indenização do seguro obrigatório DPVAT, tendo em vista acidente automobilístico sofrido no dia 13 de abril de 2008, o que acarretou na amputação da sua perna direita, no nível da coxa. A juíza sentenciante julgou procedente o pedido, para condenar a promovida ao pagamento do seguro no valor máximo, qual seja R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais). Nas razões recursais, o apelante alegou, em resumo, que o Magistrado não aplicou corretamente o quantum indenizatório, pois não considerou o grau de invalidez do apelado. Defende que a perda ạnatômica e/ou funcional completa de um dos membros inferiores é indenizável no percentual de 70% sobre o limite de R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais), o que resulta no valor de R$ 9.450,00 (nove mil, quatrocentos e cinquenta reais), e não em R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais), como fixado na condenação, tudo conforme regra prevista na Lei n 2 11.945/09. Com efeito, não merece provimento a pretensão da
recorrente. De início, observa-se que não deve ser levado em consideração, para pagamento de indenização de DPVAT, percentual de invalidez estabelecido na Lei n 2 11.945/2009, se o acidente noticiado nos autos ocorreu no dia 13 de abril de 2008, ou seja, anteriormente a sua entrada em vigor. No caso dos autos, deve ser aplicada a Lei n 2 Lei 11.482, que resultou da conversão da Medida Provisória n 2 340 de 29/12/2006, e a qual impôs novas modificações à Lei n 2 6.194/74, mais especificamente aos seus artigos 3 2 a 5 2 e 11, dentre as quais se destacou a alteração dos valores de indenização, que passaram a ser devidos em reais e não mais em salários mínimos, in verbis: Art. 8 2 Os arts. 3 2, 42 e 5 2 e 11 da Lei n 2 6.194, de 19 de dezembro de 1974, passam a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 3 2 Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2 2 desta Lei compreendem as indenizações por morte, invalidez permanente e despesas de assistência médica e suplementares, nos valores que se seguem, por pessoa vitimada: a) (revogada);, b) (revogada); c) (revogada); I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de morte; II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente; e III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas." A lei, portanto, não fazia distinção do grau de invalidez para- efeitd de pagamento da indenização, como também não prevê gradação com relação ao percentual do valor da indenização. Irrelevante, pois, a tabela mencionada pelo apelante,
contida na Lei 11.945/2009, já que na época do acidente não havia níveis estabelecidos para cada tipo de invalidez._ Ademais, encontra-se caracterizado como prova da invalidez o laudo de fls. 186, que atestou que o apelado sofreu amputação da perna direita, bem como de que restou debilidade permanente na função da marcha e do membro inferior esquerdo.. Assim, não assiste razão à apelante neste particular, eis que, considerando a data da ocorrência do sinistro, a indenização podia ser fixada na importância de R$13.500,00 (treze mil e quinhentos reais). A esse respeito calha transcrever o seguinte julgado do Tribunal de Justiça Gaúcho, a saber: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SEGUROS. DPVAT. ACIDENTE DE TRATOR NA LAVOURA. AMPUTAÇÃO PARCIAL DA PERNA. PROVA PERICIAL. GRAU DE INVALIDEZ. 1. O acidente com maquinário agrícola (trator), ocorrido em via pública ou privada, enseja á direito à parte acidentada a perceber a indenização correspondente áá seguro obrigatório. Incidência das Leis ns. 6.194/74 e 11.482/2007. 2. Desnecessária a realização de perícia para apuração do grau de invalidez da vítima quando o acidente de trânsito ocorreu anteriormente à Medida Provisória n. 2 451/2008, posteriormente convertida na Lei n. 2 11.945/2009. Incidência, no caso, do art. 5, 1 2, da Lei n. 2 6.194/74, que exige do autor apenas a prova do evento e do dano dele decorrente. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível N 2 70039292297, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel Dias Almeida, Julgado em 17/11/2010). Desse modo, NEGO SEGUIMENTO À APELAÇÃO CÍVEL, com fulcro no art. 557, do CPC, por ser manifestamente improcedente, já que baseada notadamente em Lei inaplicável ao caso em análise, mantendo incólume a sentença que condenou o apelante a
pagar indenização ao apelado no valor de R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais). Publique-se. Intime-se. João Pessoa, 17 de 4josto de 2011. DR. MARC $4 DE OLIVEIRA JU --CcON ADO RELA, OR
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