Gestão do Risco: Elaboração de Matriz

Documentos relacionados
Gerenciamento dos Riscos do Projeto (PMBoK 5ª ed.)

Manual do Revisor Oficial de Contas. Recomendação Técnica n.º 5

Adaptação com Base na Comunidade Lista de Controlo do Plano de Implementação do Projecto

A Implantação do Sistema do Sistema da Qualidade e os requisitos da Norma ISO NBR 9001:2000

CERTIFICAÇÃO. Sistema de Gestão

RELATÓRIO SOBRE A GESTÃO DE RISCOS BANCO ABN AMRO S.A. Setembro de 2013

Auditoria de Meio Ambiente da SAE/DS sobre CCSA

Inteligência de negócios do laboratório DESCUBRA INFORMAÇÕES ÚTEIS DE DADOS OPERACIONAIS DO LABORATÓRIO

Política de Gestão Estratégica de Riscos e Controles Internos CELESC

GLOSSÁRIO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Procedimento de Gestão

Engenharia de Software II

Sistemas Integrados de Gestão da Qualidade, Ambiente e Segurança

Certificação de Sistemas (Seminário Lipor)

Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná HEMEPAR Farm. Elvira Rosa Folda DVGQB Jul/2012

Copyright Proibida Reprodução. Prof. Éder Clementino dos Santos

1. Introdução. Gestão Orçamental. Júlia Fonseca 2010/2011. Gestão Orçamental

04/07/2008 Dra. Claudia Meira

Processo de Gerenciamento do Catálogo de Serviços de TIC

Gestão da Qualidade. Aula 13. Prof. Pablo

2 Workshop processamento de artigos em serviços de saúde Recolhimento de artigos esterilizados: é possível evitar?

Defender interesses difusos e coletivos, defender o regime democrático e a implementação de políticas constitucionais.

PROCEDIMENTO GERAL Gestão documental

Da Estratégia aos Resultados, a diferença está na Solução.

Q U E R O - Q U E R O F I N A N C I A D O R A S /A

Gestão da Qualidade Total para a Sustentabilidade 2013

Gestão da Segurança Gestão por Times. Nova Visão

ARTIGO. Sobre monitoramento a Distancia e aplicação automática de medicamentos. Sistema de monitoração a distancia e aplicação de medicamentos.

Análise de Requisitos

MODELO DE ANÁLISE E PRIORIZAÇÃO DE RISCOS PELOS PATROCINADORES DO PROJETO

Hot topics fiscais Maria Antónia Torres

Política de Responsabilidade Socioambiental

ENQUADRAMENTO DO VOLUNTARIADO NA UNIVERSIDADE DE AVEIRO

A empresa quantifica aspectos socioambientais nas projeções financeiras de:

AS MOTIVAÇÕES DA CERTIFICAÇÃO FLORESTAL

NORMA DE ELABORAÇÃO DE INSTRUMENTOS NORMATIVOS - NOR 101

Podemos definir o risco como a condição que aumenta ou diminui o potencial de perdas.

Laboratório de Sustentabilidade Sessão 6: A planificação estratégica. Maio de 2015

CONTRATO DE LICENÇA DO UTILIZADOR PARA PRODUTOS DE SOFTWARE DA STONERIDGE ELECTRONICS LTD

mercado de cartões de crédito, envolvendo um histórico desde o surgimento do produto, os agentes envolvidos e a forma de operação do produto, a

Propriedade Intelectual da Simples Soluções Slide 2

POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL CREDITÁ S.A. Crédito, Financiamento e Investimento

SISTEMA DE GESTÃO A EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA

Modelagem De Sistemas

Análise e Projeto de Sistemas

GUIA DE FUNCIONAMENTO DA UNIDADE CURRICULAR

O PAPEL E AS RESPONSABILIDADES DOS ÓRGÃOS ESTATUTÁRIOS NA GOVERNANÇA

Gerenciamento do Escopo do Projeto (PMBoK 5ª ed.)

SUPERVISÃO Supervisão Comportamental

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO APSUS

Sérgio Luisir Díscola Junior

Estrutura de gerenciamento do risco de mercado

P24 Criar Plano Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação 2011/2012 Líder: Maria Cecília Badauy

Código: MINV-P-003 Versão: 03 Vigência: 03/2011 Última Atualização: 02/2016

BOAS PRÁTICAS NA PREPARAÇÃO, DEBATE E ADOPÇÃO DO ORÇAMENTO DA SAÚDE

Procedimento do SGI PSG-17. (Rastreabilidade)

Análise Qualitativa no Gerenciamento de Riscos de Projetos

PLANOS MUNICIPAIS DE EMERGÊNCIA PERGUNTAS E RESPOSTAS

Acidentes Industriais Graves: Planear por necessidade vs necessidade de planear

Etiquetagem Energética de Produtos Apresentação sumária

Gestão da Qualidade. Aula 5. Prof. Pablo

Data: 06 a 10 de Junho de 2016 Local: Rio de Janeiro

Exercícios 2ª Avaliação

ÍNDICE. 1.1 Apresentação do Centro Direitos Deveres Organização...3

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS DA BRASKEM

Experiência: Gestão Estratégica de compras: otimização do Pregão Presencial

Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos (LRH)

- Sessão 2 - Estratégias para ampliar a capacidade institucional para usar evidências na formulação e implementação de políticas de saúde

NBR ISO/IEC I. Políticas de segurança da informação. Organizando a Segurança da Informação; Gestão de Ativos; Segurança em Recursos Humanos;

Protocolo Integrado Evento Protocolo Integrado e Processo Eletrônico Nacional: Novos Paradigmas para a Administração Pública Federal

Arquitecturas de Software Enunciado de Projecto

REGULAMENTO DO PROJETO INTEGRADOR DOS CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA DA FACULDADE ARTHUR THOMAS

Certificação e Auditoria Ambiental

Manual Mobuss Construção - Móvel

POLÍTICA DE PREVENÇÃO E GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSE DO BANCO ESPIRITO SANTO NO ÂMBITO DAS ACTIVIDADES DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA

Trata-se do processo de gestão, organização e orientação da equipe do projeto;

Balcão Único de Atendimento

DESCRITORES (TÍTULOS E TERMOS)

Engenharia de Produção

Esta política abrange a todos os departamentos da Instituição.

Aula 2 Estágios de Uso Estratégico dos Sistemas de Informaçã

Gerenciamento de Integração. Prof. Anderson Valadares

SUPERVISÃO Supervisão Comportamental

Rabobank International Brazil

Capítulo I Disposições Gerais

CAPÍTULO I DA NATUREZA E DOS OBJETIVOS

MBA em Gerenciamento de Projetos. Teoria Geral do Planejamento. Professora: Maria Erileuza do Nascimento de Paula

Inteligência Artificial

O papel dos Planos de Recuperação na Supervisão Bancária. Paulo Sérgio Neves de Souza Junho de 2016

A METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO EM UMA EMPRESA DE MÓVEIS PLANEJADOS 1

Transcrição:

Gestão do Risco: Elaboração de Matriz Maria Cristina Marques PhD Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa mcmarques@ff.ulisboa.pt

Sumário Importância da Gestão do Risco nos Laboratórios de AC A visão do risco a partir da Norma ISO 9001:2015 e das NLC da Ordem dos Farmacêuticos de 2016 Ferramentas para a identificação dos riscos Análise e avaliação dos riscos Construção da matriz de risco Planificação, implementação, seguimento e revisão do Plano de gestão de riscos

Definição de Risco As organizações de todos os tipos e dimensões enfrentam factores e influências, internos e externos, que tornam incerto se, e quando, atingirão os seus objectivos. O efeito que esta incerteza tem nos objectivos de uma organização designa-se por risco. ISO 31000 2012 Gestão do risco, princípios e linhas orientadoras

Pensamento baseado no risco Contribui para promover a melhoria contínua, na medida que minimiza efeitos indesejados mas é também um recurso importante para analisar novas oportunidades de melhoria. ISO 9001:2015 Sistemas de Gestão da Qualidade - Requisitos

Importância da gestão do risco Favorece uma atitude pró-activa e não apenas reactiva das organizações de modo a reduzir e evitar efeitos indesejados na prossecução dos seus objectivos.

A visão do risco Nas Normas para o Laboratório Clínico - NLC/OF 2016 Gestão do risco do doente e do erro laboratorial Risco biológico (resíduos; malas de transporte de amostras) Melhoria A gestão do risco e a prevenção do erro laboratorial é central no SGQ do laboratório. As acções desenvolvidas para enfrentar estes riscos devem ser proporcionais ao potencial impacto na conformidade do serviço laboratorial e devem ser capazes de modificar os processos para reduzir ou eliminar os riscos identificados (Continua a referir a implementação de acções preventivas)

A visão do risco Na ISO 9001:2015 Avaliar os riscos e planear e implementar processos para os tratar (Gestão do risco) tendo em conta: Objectivos da organização (oportunidades) Contexto organizacional (interno e externo); Factores internos e externos; Requisitos das partes interessadas relevantes;

Objectivos dos Laboratórios de Análises Clínicas Fornecer resultados analíticos exactos e precisos, em tempo útil, de amostras biológicas, colhidas e mantidas nas condições adequadas. Ajudar o médico na prescrição dos testes e na sua correcta interpretação. Satisfazer os requisitos do utente e do médico prescritor. (satisfação dos clientes)

A visão do risco Na ISO 9001:2015 Avaliar os riscos e planear e implementar processos para os tratar (Gestão do risco) tendo em conta: Objectivos da organização (oportunidades) Contexto organizacional (interno e externo); Factores internos e externos; Requisitos das partes interessadas relevantes;

Contexto externo e interno Contexto externo inclui: Ambiente cultural, social, político, legal, regulatório, financeiro, tecnológico, económico, natural e competitivo, seja ao nível internacional, nacional, regional ou local; Relacionamento com, e percepções/valores das partes interessadas externas Contexto interno inclui: Cultura organizacional; Governança, estrutura organizacional, responsabilidades e autoridades; Politicas, objetivos e estratégias, Recursos (capital, tempo, pessoas, processos, sistemas e tecnologias); Sistemas de TI, fluxos de informação, processos de tomada de decisão (tanto formais com informais) ISO 31000-2012 Gestão do risco, princípios e linhas orientadoras

A visão do risco Na ISO 9001:2015 Avaliar os riscos e planear e implementar processos para os tratar (Gestão do risco) tendo em conta: Objectivos da organização (oportunidades) Contexto organizacional (interno e externo); Factores internos e externos; Requisitos das partes interessadas relevantes;

Factores externos e internos A organização deve: determinar factores externos e internos que são relevantes ao propósito e à direcção estratégica da organização e que afectam sua habilidade de alcançar os resultados pretendidos do SGQ e monitorar e analisar criticamente as informações sobre estes factores. Exs: Análise do impacto da nova legislação; Análise SWOT das forças e fraquezas da organização (recursos humanos, tecnológicos etc.)

A visão do risco Na ISO 9001:2015 Avaliar os riscos e planear e implementar processos para os tratar (Gestão do risco) tendo em conta: Objectivos da organização (oportunidades) Contexto organizacional (interno e externo); Factores internos e externos; Requisitos das partes interessadas relevantes;

Requisitos das partes interessadas A organização deve determinar quais são as partes interessadas relevantes ao SGQ, Determinar os requisitos das partes interessadas que são relevantes para o SGQ Monitorar e analisar criticamente informações sobre estas partes interessadas e seus requisitos relevantes Ex: Planear com que periodicidade são revistos estes requisitos e quem são os responsáveis pela sua revisão/actualização

Gestão do risco Conjunto de actividades coordenadas para dirigir e controlar a organização no que respeita ao Risco.

Gestão do risco Ao longo deste processo comunicam com e consultam as partes interessadas, monitorizando e revendo o risco e os meios de controlo que o estão a alterar, de forma a assegurarem que não é necessário um tratamento de risco suplementar. ISO 31000 2012 Gestão do risco, princípios e linhas orientadoras

Construção de uma matriz de risco 1 - Identificação das partes interessadas relevantes e seus requisitos Exs: utentes; Médicos prescritores, clientes internos 2 - Identificação dos riscos associados aos diferentes processos 3 - Análise do nível de risco 4 - Avaliação dos riscos 5 Construção da matriz de risco e sua monitorização

Requisitos relevantes das partes interessadas Utentes: exs: 1U- Rapidez e cortesia no atendimento; 2U- Informação sobre correcta preparação prévia para colheita; 3U- Colheita de sangue correcta (na primeira tentativa, rápida, indolor, sem deixar marcas); 4U- Rapidez dos resultados (ex: envio por SMS ou email); 5U- Cumprimento do prazo de entrega..

Plano para controlo dos requisitos relevantes das partes interessadas Partes Interessadas relevantes Utentes Requisitos Impacto Indicador Controlo Resultados 1U-Rapidez e cortesia no atendimento 2U-Informação sobre preparação para colheita 3U-Colheita de sangue adequada 4U-Rapidez dos resultados 5U- Cumprimento prazos de entrega Médio Médio Forte Médio Forte Inquérito satisfação Nº ocorrências/ Repetição de colheita Ocorrências/ Não conformidades Inquérito satisfação Ocorrências/ Não conformidades Semestral Mensal Mensal Semestral Mensal

Requisitos relevantes das partes interessadas Médicos: exs: 1M-Resultados exactos e em tempo útil; 2M-Fácil acesso aos especialistas do laboratório; 3M-Resultados das análises anteriores no boletim dos resultados; 4M-Arquivo da amostra para análises suplementares sem ser necessário fazer nova colheita (crianças) ou para comparação de resultados...

. Requisitos relevantes das partes interessadas Clientes internos (processo analítico): exs: 1CI- Correcta identificação do utente e marcação das amostras; 2CI- Ficha acompanhada da informação clínica; 3CI- Amostra em quantidade suficiente e bem armazenada; 4CI- Amostra colhida nas condições correctas (paciente e tubos) para os parâmetros analíticos a analisar. 5CI Tubos marcados correctamente

Plano para controlo dos requisitos relevantes das partes interessadas Partes Interessadas relevantes Médicos prescritores Cliente interno (processo analítico).. Requisitos Impacto Indicador Controlo Resultados...

Identificação dos riscos Objectivos: Identificar riscos e soluções para os mesmos para os diferentes processos do laboratório Técnicas: Qualitativas - Brainstorming ou Grupo nominal (8-10) Quantitativas - Diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe (analisa problemas e as suas soluções numa forma gráfica)

Exemplo de diagrama em espinha de peixe Recursos Falta material Falta de coordenação Tubo mal armazenado Tarefa Identificação incorrecta Falta de formação Falta informação do técnico Paciente Mal informado inexperiência Veias difíceis Incumprimento condições colheita Repetição de colheita Carga de trabalho excessiva Organização Técnico Condições laborais

Análise e avaliação dos riscos Análise: Processo destinado a compreender a natureza do risco e a determinar o nível de risco. Avaliação: Processo de comparação dos resultados da análise do risco com os critérios do risco para determinar se o risco e/ou a respectiva magnitude é aceitável, tolerável ou intolerável.

Análise do nível dos riscos A determinação do nível de risco tem por base a gravidade e a probabilidade de ocorrência do mesmo: Exs: Gravidade Classificação Probabilidade Classificação Baixa 1 Remota 1 Limitada 2 Ocasional 2 Moderada 3 Frequente 3 Severa 4 ----------------- -----------------

Análise do nível e dos critérios dos riscos 1 a 3 risco aceitável: monitorizar 4 a 6 risco tolerável: plano de acção 8 a 12 risco intolerável: plano de acção imediato Exs: Frequência Gravidade 1 2 3 4 1 1 2 3 4 2 2 4 6 8 3 3 6 9 12

Data Probabilidade Gravidade Grau de Risco Construção da matriz de risco MATRIZ DE RISCO PROCESSO PRÉ -ANALÍTICO AVALIAÇÃO INICIAL Questão interna/ externa Requisitos das partes Actividade interessadas Riscos Consequência / Impacto Responsável Interna 2U/1M Realizar análises sem cumprir Colheita Recepção/. condições pré-analíticas com compromisso de resultados 1 2 2 Repetição de colheita/médio Técnico de colheitas Externa/ interna Interna 3U/1M 5CI/3U Colheita Colheita Amostra hemolisada ou coagulada. Impossibilidade de efetuar análise Identificação do produto incorrecta, por troca de etiquetas, entre processos 2 3 6 1/2 4 4/8 Repetição de colheita/forte Repetição de colheita/ Troca de resultados entre 2 utentes/forte Técnico de colheitas Técnico de colheitas Interna/ externa 5U/1M Recepção Analítica Pós - analítica Má monitorização das urgências: atraso na hora ou dia de entrega do resultado. 2 3 6 Atraso no diagnóstico/ Perda de consulta/forte Recepção

Data da avaliação Construção da matriz de risco MATRIZ DE RISCO PROCESSO PRÉ ANALÍTICO GESTÃO DA RESPOSTA AO RISCO Plano de acção Monitorização Periodicidade Verificação Plano de acção Novo nível de risco Não Sim. Identificar as causas (técnico ou utentes) Mudar material colheita Formar os técnicos Nº de repetições de colheita por má preparação do utente Nº de repetições de colheita por hemólise ou coágulo Mensal.. Não se aplica Não Mensal.. (Observações) Sim Sim. Formação dos técnicos. Alteração do processo. Sim. Alteração do processo Nº de repetições de colheita por má marcação. Auditorias internas Nº de ocorrências/não conformidades Mensal Trimestrais Mensal ---------- --------- (Observações) Sim (Observações) Sim

Muito obrigada pela vossa atenção!!