JOGO, BRINQUEDO E BRINCADEIRA NA ESCOLA HOSPITALAR: AS CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR PARA CRIANÇAS HOSPITALIZADAS COM CÂNCER Cristina Bressaglia Lucon (Mestranda em Educação, Universidade Federal da Bahia) cristinab.lucon@uol.com.br Resumo O presente estudo teve como objetivo refletir sobre o brincar na escola hospitalar e, como essa atividade contribui para a construção do conhecimento e para o desenvolvimento global da criança, em especial nesse estudo, para a criança hospitalizada com câncer. A metodologia utilizada foi a observação participante. Os instrumentos de pesquisa foram a observação e o diário de campo. Para interpretação dos dados utilizou-se a análise de conteúdo. A pesquisa demonstrou que ao brincar as crianças puderam explorar o novo espaço ao qual estavam inseridas (espaço hospitalar), também puderam melhorar sua agilidade física, experimentar seus sentidos, e desenvolver seu pensamento. O contexto lúdico pode-se realizar sozinho, ou, na companhia de outras crianças, desenvolvendo também o comportamento em grupo e o respeito às regras. Sendo assim aprenderam a conhecer e a respeitar a si próprios, e aos demais, dentro de um novo ambiente, sendo esse novo ambiente, a escola hospitalar. Palavras-chave: Educação especial - Escola hospitalar - Criança hospitalizada - Brincar Introdução Quando ocorre a patologia, tanto de forma aguda ou em uma apresentação crônica que não possa ser atenuada em caráter ambulatorial, prescreve-se a hospitalização como uma medida emergencial. Assim, o hospital aciona sua instrumentalização e seu manejo de controle e tecnologia para obter, se não a cura, ao menos a possibilidade da melhora do paciente para a sua reinserção na sociedade. O evento hospitalização traz consigo a percepção da fragilidade, o desconforto da dor e o medo da morte. É um processo de desestruturação do ser humano que se vê em estado de permanente ameaça. Este quadro torna-se mais agravante quando a criança ou o adolescente recebe o diagnóstico de câncer. Há neste momento a inquietude, a surpresa, a perplexidade diante do real ali exposto e das possibilidades de tratamento e cura que se apresentam.
Embora, o câncer seja hoje considerado uma doença crônica grave, mas passível de tratamento e recuperação, continua sendo vivido como uma sentença de morte. Para os pais e filhos esta experiência, dificilmente compreensível, desdobra-se em um relato doloroso de perda de referência, dito como fatalidade: agora estamos aqui, por que com meu filho/ a, o que fizemos de errado meu Deus!. Também uma das indagações mais prementes que se presentifica ao ser prescrita para a criança ou adolescente a hospitalização eventual ou recorrente, não diz somente do evento em si, ou da necessidade de recomposição do organismo enfermo, mas a preocupação também com a escola. No Brasil, a legislação reconheceu por meio do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do adolescente. Declaração dos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados, através da Resolução nº. 41 de 13 de outubro de 1995, no item 9, o Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar (BRASIL, 1995). Em 2002 o Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação Especial, elaborou um documento de estratégias e orientações para o atendimento nas classes hospitalares e atendimento domiciliar, assegurando o acesso à educação básica (MEC, 2002). Classe Hospitalar é entendida por Fonseca (2003, p. 30); como Locus específico de Educação destinado a prover acompanhamento escolar a alunos impossibilitados de freqüentar as aulas em razão do tratamento de saúde que implique internação hospitalar ou atendimento ambulatorial. Já para outros pesquisadores, o lúdico, é uma ferramenta do saber/ conhecer que ultrapassa as imposições do adoecimento para atingir a expansividade da criança. É uma intervenção educacional por meio de atividades recreativas sem o rigor da continuidade da vida acadêmica, que estimula as habilidades cognitivas, perceptivo-motoras e expressão artística. Observa-se que, são enfoques diferenciados que convergem em um ponto: o cuidado acerca da atenção educativa prestada ao paciente-aluno com vias de preservação da qualidade em saúde. Barros (1999) destaca que crianças e adolescentes internados em hospitais, independente da patologia são considerados alunos temporários de educação especial
por se acharem afastados do universo escolar e privados da interação social propiciada na vida cotidiana e terem pouco acesso aos bens culturais. Portanto, eles correm um risco maior de reprovação e evasão, podendo configurar um quadro de fracasso escolar. A criança hospitalizada, assim como qualquer outra criança, apresenta o desenvolvimento que lhe é possível de acordo com uma diversidade de fatores com os quais interage e, dentre eles, as limitações que o diagnóstico clínico possa lhe impor. De forma alguma podemos considerar que a hospitalização seja, de fato, incapacitante para ela. Um ser em desenvolvimento tem sempre possibilidades de usar e expressar de uma forma ou de outra, o seu potencial. Diante do exposto, percebe-se a importância de se ter no hospital, uma multiplicidade de práticas que precisam ser viabilizadas na tentativa de contribuir para o desenvolvimento da criança hospitalizada e, que façam com que ela descubra desejos e expectativas para enfrentar os obstáculos que a doença, como o câncer, lhe impõe. Dentre essas práticas, pode-se citar o brincar dentro do contexto hospitalar. O brincar surge ao longo da história da humanidade relacionado à criança e à educação, assumindo diversos significados como recreação, excesso de energia, atividade inútil, expressão de qualidades espontâneas, re-criação. Entretanto, antropólogos, sociólogos e lingüistas contemporâneos criaram referenciais teóricos para explicar o brincar como uma ação metafórica, que contribui para o desenvolvimento integral da criança e propicia a construção do conhecimento. Portanto, o objetivo desse artigo é refletir sobre a importância desse brincar que contribui para a construção do conhecimento e para o desenvolvimento da criança, em especial aqui, para a criança hospitalizada com câncer, pois ela não tem direito somente à saúde, mas também à educação, pois os seus interesses e necessidades intelectuais e sócio-interativas também estão presentes no ambiente hospitalar. Justifica-se a relevância desse estudo: demonstrar a importância e o desafio do trabalho do pedagogo no hospital, ou seja, trabalhar a potencialidade e não o fracasso da criança enferma. A proposta não é trabalhar o que elas estão impedidas de fazer porque estão doentes e, sim, o que elas podem fazer mesmo estando hospitalizadas com câncer. O câncer é uma célula que deixa de desempenhar suas funções normais, perde marcas que a identificam com determinado órgão e torna-se capaz de se transformar em qualquer tecido. Esta célula começa a se dividir e então nasce um aglomerado de células
estranhas com acelerada capacidade de multiplicação. Algumas vezes, essas células se destacam deste aglomerado e caem na corrente sangüínea ou no sistema de circulação da linfa e começam a se reproduzir em outro local. Não fosse essa possibilidade de migração da doença, a maioria dos tipos de câncer seria curável (SHILLER, 2000). As neoplasias mais freqüentes na infância (INCA, 2008) são as leucemias (glóbulos brancos), tumores do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático). Observa-se que pela falta do conhecimento, do que seja o câncer, a discussão em torno da doença, ainda hoje, é um tabu principalmente nos países em vias de desenvolvimento. A criança com câncer vive em um ambiente no qual é confrontada continuamente com a possibilidade da cura ou da morte. Na sociedade ocidental falar sobre morte ainda é algo difícil, embora já se observe um certo avanço por parte dos estudos dos pesquisadores da área do comportamento humano. No entanto, não se fala desse tema de maneira natural, e hoje o que se observa é que a morte vem ocorrendo muito mais nos hospitais do que nos lares, como era antigamente. Essa pode ser a forma que a sociedade encontrou para amenizar o sofrimento causado pelo confronto da perda, pois nos parece que a morte já não pertence mais ao moribundo, nem tão pouco a sua família. Ela é burocratizada e tratada como algo que deve ser bem administrada para incomodar o menos possível, em prol do beneficio de todos. Diante do supracitado, qual é a importância do brincar para crianças hospitalizadas com câncer? Para continuarmos essa discussão vamos realizar a diferenciação entre jogo, brinquedo e brincadeira com base nos estudos de Brougère citado por Kishimoto (2006) e assinalar o que é espaço de brincar segundo Benjamim (1987). O jogo para Brougère citado por Kishimoto (2006) pode ser visto em três aspectos: No primeiro aspecto o jogo é visto como o resultado de um sistema lingüístico que funciona dentro de um contexto social, dessa forma, enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. Segundo como um sistema de regras que permite identificar, em qualquer jogo, uma estrutura seqüencial que especifica sua modalidade. O xadrez tem regras explícitas diferentes do jogo de dama, loto ou amarelinha. A existência de regras em todos os jogos é uma característica marcante. Há regras explícitas, como os jogos supracitados e regras implícitas como na brincadeira de faz de conta, em que a menina se faz passar
por médica que cuida do paciente. São regras internas ocultas, que ordenam e conduzem a brincadeira. Para Piaget (1975) faz-de-conta ou jogo simbólico implicam a representação, isto é, diferenciação entre significantes e significados, onde um objeto qualquer é usado como símbolo para representar situações não percebidas no momento. Nesse sentido uma caixa deslocada para frente e para trás pode ser usada pela criança para representar simbolicamente um automóvel. Os significantes empregados para representar os significados são puramente subjetivos, isto é, individuais e específicos para cada sujeito. De acordo com Singer (1973), a maior parte dos jogos de faz-de-conta também tem qualidade social no sentido simbólico. Envolvem transações interpessoais, eventos e aventuras que englobam outras características e situações no espaço e no tempo. O jogo imaginativo acontece com pares ou grupos de crianças que introduzem objetos inanimados, pessoas e animais que não estão presentes no momento. No terceiro aspecto o jogo é visto como um objeto, ou seja, o xadrez materializa-se no tabuleiro e nas peças que podem ser fabricadas de papelão, madeira, plástico, pedra ou metais. O brinquedo para Brougère citado por Kishimoto (2006) não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos do jogo, pois conota criança e tem uma dimensão material, cultural e técnica. Enquanto objeto, é sempre suporte de brincadeira. É o estimulante material para fazer fluir o imaginário infantil. A brincadeira para o autor supracitado é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Dessa forma brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a criança e não se confundem com o jogo. Por sua vez, acredita-se que jogo, brinquedo e brincadeira podem ser englobados em um universo maior, chamado de ato de brincar, ou simplesmente, brincar. Não somos favoráveis a uma rigidez dos termos, pois se por um lado a discussão sobre os mesmos pode ampliar a perspectiva lúdica de nossa prática pedagógica, por outro pode seccionála em hora do jogo ou hora da brincadeira. Podemos observar que brincar não significa simplesmente recrear-se, isto porque é a forma mais completa que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo.
O espaço para brincar, segundo Benjamin (1987), é o local onde pode surgir o brincar, não se trata de um lugar determinado, portanto, o hospital pode ser este espaço onde o brincar acontece. Brincar é caracterizado pelos signos do prazer, da alegria e do sorriso. Esse processo traz inúmeros efeitos positivos aos aspectos cognitivo, afetivo, corporal e social. Ousaríamos aqui dizer que brincar para criança hospitalizada é vida para ela. As situações de brincadeiras possibilitam, também, às crianças, o encontro com seus pares, fazendo com que interajam socialmente, em qualquer espaço, inclusive no espaço hospitalar. No grupo descobrem que não são os únicos sujeitos da ação, e que para alcançar seus objetivos precisam levar em conta o fato de que outros também têm objetivos próprios que querem satisfazer. Os jogos infantis, nos dizeres de Piaget (1994), constituem-se admiráveis instituições sociais e através deles as crianças vão desenvolvendo a noção de autonomia e de reciprocidade, de ordem e de ritmo. Por meio de seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem oportunidade de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo, com o mundo dos adultos, onde ela estabelece seu controle interior, sua auto-estima e desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outros. Ao brincar, no espaço hospitalar a criança lida com sua realidade interior e faz uma tradução livre da realidade exterior por ela vivenciada. Permitir à criança espaço para brincar, proporcionando-lhe interações que vêm, realmente, ao encontro do que ela é, aliado às nossas tentativas no sentido de compreendê-la, efetivamente, nestas atividades, é dar-lhes mostras de respeito. Assim, fica-nos evidente a importância do brincar no âmbito hospitalar. Destaca-se que o brincar ou o jogo infantil somente pode ser jogo ou brincadeira quando escolhido (a) livre e espontaneamente pela criança, caso contrário, é trabalho ou ensino. Ressalta-se que, quando mencionamos o adoecimento, não se pretende restringir a questão a uma internação hospitalar. Essa situação foi especificamente apresentada justamente por seu caráter extremo e, por vezes, persecutório. No entanto, defende-se a importância do brincar de um modo geral.
Desenvolvimento Essa investigação buscou compreender a importância do brincar para crianças hospitalizadas com câncer, portanto a abordagem qualitativa foi a mais indicada. A observação participante foi eleita o principal procedimento metodológico. Como instrumento de pesquisa optou-se pela observação que, segundo Ludke e André (1986), é caracterizada pela não diretividade, um dos instrumentos básicos para a coleta de informações dentro da abordagem qualitativa de pesquisa. Outro instrumento metodológico utilizado nesse estudo, que funciona como um registro de memória do pesquisador, foi o diário de campo. Para análise e interpretação dos dados pesquisados, utilizou-se a técnica, análise de conteúdo, ou seja, a construção de um conjunto de categorias de análise do tipo descritiva (BARDIN, 1977). Os participantes dessa pesquisa foram 16 crianças de ambos os sexos, na faixa etária entre 4 e 9 anos de idade, que estiveram internadas, por um tempo mínimo de sete dias, na unidade oncológica de um hospital infantil público na cidade de Salvador-BA. Os pais ou responsáveis das crianças, mediante assinatura de um termo de consentimento, permitiram a participação das mesmas nessa pesquisa. Na instituição pesquisada há uma classe hospitalar e uma brinquedoteca, a pedagoga realiza atividade em ambas as salas. Essa investigação, por sua vez, aconteceu na brinquedoteca, onde pode-se destacar as seguintes categorias de brincar: brincar de faz de conta, brincar de brincadeiras tradicionais, brincar de construção, brincar com jogos educativos. Categoria 1: Brincar de faz de conta Nessa categoria pode-se perceber as interações entre as crianças, seus brinquedos e brincadeiras preferidas, os papéis que cada criança gosta de representar, as crianças que demonstram mais facilidade para interagir com outras crianças, as que demonstram ser mais introvertidas. Também percebemos que a doença, a hospitalização e o tratamento estão presentes em suas brincadeiras de faz de conta, isso ocorre porque o conteúdo do imaginário provém de experiências anteriores adquiridas pelas crianças em diferentes contextos (KISHIMOTO, 2006). A importância dessa modalidade de brincadeira justifica-se pela aquisição do símbolo. É alterando o significado de objetos, de situações, é criando novos significados que se
desenvolve a função simbólica, o elemento que garante a racionalidade ao ser humano. Ao brincar de faz de conta a criança está aprendendo a criar símbolos. Categoria 2: Brincar de brincadeiras tradicionais Esta brincadeira implicou a intervenção de regras. A regra supõe necessariamente as relações sociais ou interindividuais. A regra é uma regularidade imposta pelo grupo e sua violação representa uma falta. Há os jogos de regras que são transmitidos de geração em geração, tais como a amarelinha, jogar pião, jogar saquinhos, elástico, entre outros que foram usados pelos alunos no contexto hospitalar. A brincadeira tradicional infantil, filiada ao folclore, incorpora a mentalidade popular, expressando-se, sobretudo, pela oralidade. A importância de se trabalhar com essas brincadeiras explica-se pelo poder da expressão oral. Enquanto manifestação livre e espontânea da cultura popular, a brincadeira tradicional tem a função de perpetuar a cultura infantil, desenvolver formas de convivência social e permitir o prazer de brincar. Por pertencer a categoria de experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da criança, a brincadeira tradicional infantil garante a presença do lúdico, da situação imaginária. Categoria 3: Brincar de construção Nessa categoria pode-se destacar as brincadeiras onde as crianças hospitalizadas utilizaram jogos de construção como: quebra-cabeça, jogos de encaixe (tipo lego) de vários tamanhos, cores e formas, pequeno construtor (tijolinhos para realização de construções). Enfatiza-se que esses jogos têm uma estreita relação com a brincadeira de faz-de-conta. Não se trata livremente de manipular tijolinhos de construção, mas construir casas, móveis ou cenários para as brincadeiras simbólicas. As construções se transformam em temas de brincadeiras e evoluem em complexidade conforme o desenvolvimento da criança. Para se compreender a relevância das construções é necessário considerar tanto a fala como a ação da criança que revelam complicadas relações. É importante, também, considerar as idéias presentes em tais representações, como elas adquirem tais temas e como o mundo real contribui para a sua construção. Os jogos de construção, também, são considerados de grande importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades da criança.
Categoria 4: Brincar com jogos educativos O brinquedo educativo é entendido como recurso que ensina, desenvolve e educa de forma prazerosa, na brinquedoteca pesquisada este brinquedo materializou-se no quebra-cabeça destinado a ensinar formas e cores, nos brinquedos de tabuleiro que exigem a compreensão do número e das operações matemáticas, nos brinquedos de encaixe, que trabalham noções de seqüência, de tamanho e de forma, nas brincadeiras com carrinhos munidos de pinos que se encaixam para desenvolver a coordenação motora, músicas, danças, instrumentos musicais, dobraduras, entre outros. Utilizar o brinquedo ou jogo educativo significa transportar para o campo do ensinoaprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora. O uso do jogo educativo potencializa a exploração a construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico. Conclusão Essa pesquisa demonstrou as contribuições do brincar para o desenvolvimento integral e construção do conhecimento de crianças hospitalizadas com câncer. Ao brincar as crianças puderam explorar o novo espaço ao qual estavam inseridas (espaço hospitalar), também puderam melhorar sua agilidade física, experimentar seus sentidos, e desenvolver seu pensamento. O contexto lúdico pode-se realizar sozinho, ou, na companhia de outras crianças, desenvolvendo também o comportamento em grupo e o respeito às regras. Sendo assim aprenderam a conhecer e a respeitar a si próprios, e aos demais, dentro de um novo ambiente, sendo esse novo ambiente, a escola hospitalar. Esse estudo também constatou a importância e o desafio do trabalho do pedagogo no hospital, ou seja, trabalhar a potencialidade e não o fracasso das crianças hospitalizadas. A proposta não é trabalhar o que elas estão impedidas de fazer porque estão doentes e, sim, o que elas podem fazer mesmo estando doentes. Quando o aluno-paciente se vê capaz de produzir, aprender e brincar ganha vida. A doença vai-se minimizando diante da possibilidade de brincar e aprender. Como ressalta Fontes (2005, p. 24) a aprendizagem no hospital é vida.
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