1 ARQUITECTURA DO PRODUTO - MODULARIZAÇÃO E SISTEMAS DE PLATAFORMAS NA INDUSTRIA FERROVIÁRIA... 20.19.
ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO 1 ARQUITECTURA DO PRODUTO - MODULARIZAÇÃO E SISTEMAS DE PLATAFORMAS NA INDUSTRIA FERROVIÁRIA À semelhança do que acontece na industria automóvel, no sector ferroviário também está lentamente a transferir responsabilidades de desenvolvimento de peças e mais importantes, no design, produção e montagem de módulos e sistemas completos. No veículos de hoje, as laterais não são concebidas com componentes modulares ou assentes em plataformas. O SMAP pretende introduzir este conceito nos veículos ferroviários e influenciar directamente o papel actualmente desempenhado pelos fornecedores de componentes, as suas tecnologias e a sua conduta económica. E deste modo, promover a transferência de responsabilidades ao nível do design e da engenharia e a consequente aproximação à globalização dos fornecedores. Dando lugar ao fornecimento de sistemas e módulos mais complexos, com o objectivo de simplificar o próprio veículo e o processo de montagem..20. Neste contexto, o aumento da responsabilidade dos fornecedores, conduz a um inevitável investimento em I&D que responda as novas necessidades da engenharia. Adicionalmente, os fornecedores terão que desenvolver competências ao nível da gestão de projecto, desenvolvimento, produção e integração de sistemas. A capacidade de comunicação com outros intervenientes no processo de concepção e a discussão de interfaces entre os diversos componentes é a ferramenta mais importante para atingir bons resultados ao nível dos custos, qualidade e cumprimento de prazos. Na industria ferroviária a capacidade de inovar será fundamental para o desenvolvimento tecnológico e um importante factor competitivo. Consequentemente, o 2º nível de fornecedores do sector, caracterizado por PME s, sofrerá muitas pressões devido à reorganização da industria. Os investimentos associados ao desenvolvimento de novos produtos levará a que os fornecedores se especializem em determinados processos ou partes. Então, o alto investimento que a concepção requer vai igualmente contribuir para a fusão de empresas e parcerias a longo prazo, afim de atingir uma dimensão sustentável por forma a adquirir um conjunto de competências e partilhar os riscos ao nível financeiro, tecnológico e de mercado. A modularidade deverá considerar todo o processo de design. A standartização, envolve uma optimização desde a concepção à produção, a arquitectura do produto irá também influenciar a utilização e venda do produto final, aumentando a flexibilidade, adaptabilidade e variedade de oferta. Os relógios Swatch são um bom exemplo para compreender como o conceito plataforma acrescenta valor aumentando a flexibilidade para um numero alargado de diferentes
configurações do produto, onde é bastante claro cada componente que é mantido como plataforma e cada componente que faz a diferenciação dos diversos modelos do produto. No entanto, a fronteira entre a funcionalidade e a arquitectura do produto não é sempre tão evidente e tão fácil de definir em termos de modularidade e integração. A arquitectura do SMAP, combinada com a facilidade de assemblagem e as condicionantes técnicas, cria algumas limitações ao nível da diferenciação, no entanto a arquitectura do painel SMAP consegue um compromisso entre a standartização e diferenciação dos elementos, dado ser esta a chave para o sucesso de uma plataforma modular. A primeira fase deste processo envolve um conhecimento claro dos desafios do mercado dos veículos ferroviários e dos diferentes cenários estratégicos. Simultaneamente, é importante estar consciente que o desenvolvimento de uma plataforma modular requer a definição das fronteiras da modularidade, envolve uma maior interacção entre a forma do produto (design) e a cadeia de fornecedores e exige um esforço adicional na gestão de processos. A expressão plataforma não tem uma definição específica. É usada em diferentes contextos e gera por isso, algumas confusões. Ron Sanchez, propôs uma definição que transmite a ideia fundamental e as suas principais características:.21. A platform consists of strategically motivated and operationally coordinated modular product and process architectures designed to create specific forms of strategic flexibility that will be the drivers of business goals. [1] Modular é outro termo que assume muitos significados no discurso corrente da gestão. Seguindo a definição da modularização exposta na análise do caso da industria automóvel, alguns autores chamam-lhe Technical Modularity. Esta expressão pressupõe uma estreita interacção entre componentes por forma a permitir a substituição ou adição sem alterações de interface. Neste contexto o SMAP, como uma arquitectura desenhada permitir uma fácil configuração e reconfiguração de uma vasta família de painéis laterais, preparado para facilitar sucessivas actualizações para várias gerações do produto, será uma plataforma modular. Deve notar-se que os produtos modulares e a arquitectura do processo permite aos designers e engenheiros incluir um determinado tipo de formas que possibilitem futuras intervenções, garantindo alguma flexibilidade do produto e consequentemente dos atributos dos veículos. Assim, garante ao cliente, capacidade de acompanhamento de: tendências, modas, avanços tecnológicos e exigências dos utilizadores. Obtemos assim, uma variedade de tipos de painéis laterais, adequados aos diferentes segmentos de mercado que podem rapidamente ser configurados com diferentes combinações de componentes numa arquitectura modular. Adicionalmente, pode incentivar a reutilização dos
referidos componentes standard, bem como introduzir novas funções e soluções diferenciadoras, introduzidas just in time permitindo variedade e inovação sem comprometer a eficiência da cadeia de fornecedores e o custo final. Fig 10 - Plataforma Modular como solução para resposta just-in-time à mudança.22. Como uma plataforma modular, a arquitectura do painel SMAP integra diversos componentes, módulos e sistemas, no sentido de criar uma numero de modelos com diferentes combinações de funções, níveis de desempenho, atributos e qualidades estéticas. Fig 11 - Esquema da arquitectura modular do painel SMAP
A organização da arquitectura do painel, obedece a uma estratégia que considera: a interface com outros componentes do sistema a facilidades de produção e dependências de acções na montagem quantidade de peças comuns a todos os modelos (common components) Esta última optimização terá reflexo nos custos de produção em massa, bem como vantagens na substituição de peças durante a vida útil do produto, evitando riscos de descontinuação dos componentes de forma a possibilitar a reutilização dos componentes comuns. A orientação estratégica da arquitectura do SMAP baseou-se em estratificação por níveis de custo, exigências relacionadas com a diversidade do produto e nas capacidades dos fornecedores, num horizonte de 5 e 10 anos. (ver capítulo Empreender na Cadeia de Fornecedores).23. A concepção de produto deve estar estritamente relacionada com o objectivo e estratégia de marketing da empresa esta forme de conceber e projectar os produtos obriga a uma análise detalhada de todas as fases do projecto e cumprir todos os requisitos dos clientes. Só após esta analise e esta visão global de todo o processo é que de está em condições para definir o objectivo do negócio e a estratégia a seguir. O sucesso dos produtos não depende unicamente da sua forma e características tecnológicas, está directamente dependente das capacidades dos fornecedores compreenderem todas as implicações dos diferentes modelos e variações dos produtos. Os resultados obtidos na indústria automóvel evidenciam que as plataformas modulares são uma poderosa ferramenta mas que requer uma definição minuciosa da arquitectura do produto e muita disciplina entre cada parte interveniente no processo. A direcção estratégica seguida na definição da arquitectura do produto e a integração de sistemas nos fornecedores está a tornarse gradualmente parte integrante das praticas de gestão. A abordagem modular no desenvolvimento de veículos ferroviários, irá contribuir para a criação de um mercado especializado de painéis laterais, que tenderá para o alargamento de mercado para as indústrias de auto-caravanas, ou autocarros. Na perspectiva do fabricante de veículos ferroviários, estimamos que este novo conceito de painéis laterais, reduzirá os tempos de fabrico de uma carruagem de 28 dias para aproximadamente 12 dias. Esta é uma vantagem competitiva que será bastante evidente numa perspectiva de economia de escala.