FDG O ESCRITÓRIO DE PROJETOS

Documentos relacionados
Questionário de Avaliação de Maturidade Setorial: Modelo de Maturidade Prado-MMGP

Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos práticas do PMI

Questionário de Avaliação de Maturidade Setorial: Modelo PRADO-MMGP

Questionário de Avaliação de Maturidade Setorial: Modelo de Maturidade Prado-MMGP

Questionário de Avaliação de Maturidadade MMGP Darci Prado QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE MATURIDADE

Pesquisa realizada com os participantes do 12º Seminário Nacional de Gestão de Projetos. Apresentação

Trilhas Técnicas SBSI

Questionário de avaliação de Práticas X Resultados de projetos - Carlos Magno Xavier (magno@beware.com.br)

Gerenciamento de Projetos Modulo II Ciclo de Vida e Organização do Projeto

Oficina de Gestão de Portifólio

ISO/IEC 12207: Gerência de Configuração

Gerenciamento de Projetos. Douglas Farias Cordeiro

GESTÃO DAS INFORMAÇÕES DAS ORGANIZAÇÕES MÓDULO 11

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE MATURIDADE

Gerência de Projetos

MASTER IN PROJECT MANAGEMENT

As partes interessadas incluem todos os membros da equipe de projetos, assim como todas entidades interessadas, tanto externas quanto internas; Cabe

PMI-SP PMI-SC PMI-RS PMI PMI-PR PMI-PE

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Project Management Office: Uma visão Geral

A ESTRUTURA DA GESTÃO DE

Gerenciamento de Projetos Modulo II Clico de Vida e Organização

Governança Corporativa

PMI-SP PMI-SC PMI-RS PMI PMI-PR PMI-PE

ESCRITÓRIO RIO DE PROJETOS

F.1 Gerenciamento da integração do projeto

Ministério Público do Estado de Goiás

Gerenciamento de Projetos

Gerenciamento de Projetos

Introdução. Gerência de Projetos de Software. Sumário. Sistemas de Informação para Processos Produtivos

Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação Departamento de Ciência da

Metodologia de Gerenciamento de Projetos da Justiça Federal

GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Unidade I FINANÇAS EM PROJETOS DE TI. Prof. Fernando Rodrigues

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, ORGANIZAÇÕES, ADMINISTRAÇÃO E ESTRATÉGIA

Gerenciamento de projetos.

DECLARAÇÃO DE POSICIONAMENTO DO IIA: O PAPEL DA AUDITORIA INTERNA

Ano 3 / N ª Convenção dos Lojistas do Estado de São Paulo reúne empresários lojistas.

Gerenciamento de Projeto: Criando o Termo de Abertura III. Prof. Msc Ricardo Britto DIE-UFPI rbritto@ufpi.edu.br

MPU 2010 CESPE. Série Provas Comentadas. Cargo 25 Analista de Desenvolvimento de Sistemas

2ª avaliação - SIMULADO INSTRUÇÕES

Gerenciamento de Incidentes

Gerenciamento de Problemas

Organização e a Terceirização da área de TI. Profa. Reane Franco Goulart

SISTEMAS DE GESTÃO São Paulo, Janeiro de 2005

Termo de Referência. Prestação de Serviços de Treinamento na área de Gerenciamento de Projetos

10 maneiras de conduzir a Gestão de Dados ao fracasso

Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos práticas do PMI

Implantação da Gestão de Projetos na Gerência de Planos, Metas e Políticas de Saúde

Ambientação nos conceitos

Engenharia de Software II: Iniciando o Projeto. Prof. Msc Ricardo Britto DIE-UFPI rbritto@ufpi.edu.br

UNIDADE 4. Introdução à Metodologia de Desenvolvimento de Sistemas

Gerenciamento de projetos prof. Mário Garcia

INSTRUÇÃO DE TRABALHO PARA INFORMAÇÕES GERENCIAIS

CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA Jundiaí / SP QUESTÕES SIMULADAS DE GESTÃO DE PROJETOS PARA 1ª AVALIAÇÃO

O Papel Estratégico da Gestão de Pessoas para a Competitividade das Organizações

PMO DE SUCESSO PRECISA TER FOCO! Uma proposta de modelo para Escritórios de Projetos

PEN - Processo de Entendimento das Necessidades de Negócio Versão 1.4.0

FACULDADE PITÁGORAS DISCIPLINA: GESTÃO DE PROJETOS. Prof. Msc. Carlos José Giudice dos Santos

FACULDADE PITÁGORAS DISCIPLINA: SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

ATIVIDADES DE LINHA E DE ASSESSORIA

PLANEJAMENTO PLANEJAMENTO ESTRATÉGIA CICLO PDCA CICLO PDCA 09/04/2015 GESTÃO DE ESCOPO GERENCIAMENTO DE PROJETOS ACT

Pesquisa sobre: Panorama da Gestão de Estoques

ANEXO X DIAGNÓSTICO GERAL

Programa de Excelência em Atendimento aos Clientes

E-business: Como as Empresas Usam os Sistemas de Informação

Conceitos Básicos de Gestão de Projetos

Porque estudar Gestão de Projetos?

SETIS- III Seminário de Tecnologia Inovação e Sustentabilidade 4 e 5 de novembro de 2014.

G P - AMPLITUDE DE CONTROLE E NÍVEIS HIERÁRQUICOS

CARGOS E FUNÇÕES APEAM

ESTÁGIO DE NIVELAMENTO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS MACROPROCESSO DE GESTÃO DO PORTFÓLIO

Governança Corporativa. A importância da Governança de TI e Segurança da Informação na estratégia empresarial.

Alessandro Almeida 23/04/ Semestre de 2013

GUIA DO SGD. Transformação SISTEMA ELETROBRÁS. Conheça mais sobre o novo Sistema de Gestão do Desempenho (SGD) que entrará

Sistemas de Informação CEA460 - Gestão da Informação

Módulo 14 Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas Treinamento é investimento

POLÍTICA DE GESTÃO DE RISCOS DAS EMPRESAS ELETROBRAS

ADMINISTRAÇÃO I. Família Pai, mãe, filhos. Criar condições para a perpetuação da espécie

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Uma organização pode ser descrita como um arranjo sistemático, onde esforços individuais são agregados em prol de um resultado coletivo

Processos de gerenciamento de projetos em um projeto

Produto de Gerenciamento: Business Case

REGULAMENTO DA DISCIPLINA ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DOS CURSOS SUPERIORESDE GRADUAÇÃO DO CEFET-PR. Capítulo I DO ESTÁGIO E SUAS FINALIDADES

COORDENADOR SÊNIOR (CONSULTORIAS) (Candidaturas serão aceitas até o dia 22/2/2013 envie seu CV para asantos@uniethos.org.br)

A PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 11ª. REGIÃO, no uso de suas atribuições legais e regimentais,

PLANOS DE CONTINGÊNCIAS

Gerenciamento de Projetos Project Management Institute. Prof. Miguel Torres

PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO MÓDULO 17

3 Gerenciamento de Projetos

Empresa como Sistema e seus Subsistemas. Professora Cintia Caetano

MUDANÇAS NA ISO 9001: A VERSÃO 2015

Política de Divulgação de Informações Relevantes e Preservação de Sigilo

A experiência na Implantação do Escritório de Projetos do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso.

Gerenciamento de Projetos

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NA EMPRESA

MANUAL DE GESTÃO DE PROJETOS: Guia de referência do sistema de gestão de projetos do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região

Transcrição:

FDG O ESCRITÓRIO DE PROJETOS Darci Prado Extraído do livro: Prado, D. Gerenciamento de Projetos nas Organizações, Belo Horizonte, EDG, 2000, 205p

O Escritório de Projetos O Escritório de Projetos ou Escritório de Gerenciamento de Projetos (PO: Project Office ou PMO: Project Management Office) é um dos aspectos organizacionais de gerenciamento de projetos que vêm recebendo muita atenção ultimamente [1,2,3]. Em alguns segmentos da indústria, como, por exemplo,, informática, o PMO tem crescido enormemente. O motivo: o PMO simplifica, facilita e otimiza o gerenciamento de projetos a um custo muito baixo. Ele tem se mostrado muito útil em empresas que tocam muitos projetos simultaneamente, aliviando o trabalho dos gerentes de projetos ao compartilhar a execução das tarefas de planejamento e acompanhamento. Assim, sobra mais tempo aos gerentes de projeto para fazer as coisas acontecerem, acompanhando o desenvolvimento do produto, interagindo com clientes, liderando sua equipe, etc. De uma maneira sucinta, o PMO é um pequeno grupo de pessoas que têm relacionamento direto com todos os projetos da empresa, seja prestando consultoria e treinamento, seja efetuando auditoria e acompanhamento de desempenho. O PMO não é um conceito novo: já existia nos primórdios da gerência de projetos, na década de sessenta, utilizado por empresas de construção pesada ou por empresas que estavam executando um único projeto de grande dimensão e alta complexidade [4]. Era conhecido por Escritório do Projeto. Sua missão primordial era dar apoio ao gerente do projeto no planejamento e acompanhamento do projeto por meio de técnicas computacionais. Geralmente ocupava uma sala grande (war room), onde reuniões semanais eram realizadas com a presença de executores e a equipe do Escritório do Projeto, esta constituída de experts em softwares de gerência de projetos e conhecedores de planejamento e acompanhamento de projetos. Era o tempo da gerência de projetos tradicional, dos computadores mainframe e de uma pequena oferta de softwares, tais como Projacs e PMS-IV da IBM, Tempo da Unisys e ECPM da Booz, Allen & Hamilton. Na década de oitenta, este conceito começou a se expandir para empresas que tocam diversos projetos simultaneamente. Para estes casos, a posição do PMO na hierarquia da empresa também sofreu uma adaptação. Sua função foi expandida para se envolver também com uma metodologia de gerenciamento de 2

projetos, com a criação e manutenção de regulamentos, auditoria, garantia da qualidade dos projetos, gerência à vista, etc. Ultimamente este conceito tem se multiplicado nas empresas, chegando a existir um escritório de projetos corporativo, outro para obras, outro para informática, outro para engenharia, etc. Isto ocorreu em virtude de que muitas empresas tocam simultaneamente seus projetos em áreas tão diversas que exigem especializações diferentes. Hoje este conceito é muito utilizado por empresas americanas que têm dependência de projetos para a sua sobrevivência. Esta modalidade organizacional é muito conveniente em empresas tradicionais que utilizam a estrutura hierárquica funcional ou matricial fraca e nas quais o gerente de projetos tem pouca ou nenhuma autoridade. Nestes cenários, o Escritório de Projetos (PMO) e o Comitê (vide capítulo 9) representam um forma criativa de se obter mais agilidade e qualidade na condução de projetos interdepartamentais. Sua aplicabilidade vai de empresas privadas a governamentais. A. POSICIONAMENTO DO PMO NO ORGANOGRAMA O PMO é adequado para qualquer estrutura organizacional apresentada nos capítulos anteriores e seu posicionamento no organograma da empresa vai depender de qual estrutura está sendo utilizada para gerenciamento de projetos. Inúmeras variações têm sido observadas e o que mostramos a seguir são, apenas, aquelas que nos pareceram as mais dominantes. No entanto, acreditamos que este assunto receberá constantes melhoramentos vindos de experiências práticas nas organizações. Escritório de Projetos Corporativo Quando uma organização executa um grande número de projetos para uma finalidade estratégica da presidência, o PMO estar diretamente ligado à alta administração da empresa (Figura 8.1). Neste caso, o coordenador do PMO deve ser um profissional com visão empresarial compatível com os profissionais com os quais estará se relacionando (diretores). Este modelo é adequado para empresas que executam os projetos oriundos do planejamento estratégico corporativo. É conveniente também para órgãos do governo, nos quais existem dificuldades em se formalizar a carreira de gerente de projeto, conforme mostrado ao final deste capítulo. PRESIDÊNCIA PMO DIRETORIA A DIRETORIA B DIRETORIA C DIRETORIA D Figura 8.1: Escritório de Projetos Corporativo 3

Outra missão apropriada a um PMO corporativo pode ser a de disseminação do conhecimento de gerenciamento de projetos ou gerenciamento por projetos em toda a organização. Para esta missão, quando ele se torna um centro de excelência, suas funções principais são de assessoramento aos outros setores da organização no uso destes conhecimentos. Escritório de Projetos Setorial O PMO pode se localizar em uma diretoria ou departamento de uma empresa, no qual são tocados muitos projetos. Um exemplo: diretoria de informática. Estrutura Matricial Na estrutura matricial, o PMO se localiza logo abaixo do gerente da área (veja Figura 8.2) e um pouco acima dos gerentes de projeto. DIRETORIA PMO Funcional Funcional Funcional do Projeto A Projeto A do Projeto B Projeto B do Projeto C Projeto C Figura 8.2: O Escritório de Projetos na Estrutura Matricial Estrutura por Projeto Na estrutura por projeto, o PMO se localiza logo abaixo do gerente do projeto (veja Figura 8.3). Neste caso, geralmente o gerente do projeto está tocando um único projeto, grande e complexo. A função do PMO aqui é assessorar este gerente de projeto. do Projeto PMO Área A Área B Área C Área D Figura 8.3: O Escritório de Projetos na Estrutura Por Projeto 4

B MEMBROS DO PMO (FUNÇÕES) Abaixo mostramos as funções exercidas pelos membros do PMO. Dependendo do porte da PMO, cada uma das funções abaixo podem ser exercidas por uma única ou por diversas pessoas. Coordenador do PMO (Controller) É o gerente do escritório e pode, ainda, presidir as reuniões do Comitê (veja capítulo 9). Preferencialmente deve ser uma pessoa experiente, com fácil trânsito nas áreas com as quais se relaciona. Deve se relacionar tanto com a alta administração, fornecendo-lhe informações sobre todos os projetos sob sua responsabilidade, como com gerentes de projetos e com gerentes de departamentos ou de diretorias, nas quais os projetos são executados. Deve participar da formulação estratégica da empresa e do desenvolvimento do Plano Estratégico Anual. Sua autoridade deve ser compatível com o nível de pessoas com que ele se relacionará. Esta autoridade deve ser explicitada, pela alta administração, no ato de criação do PMO. Profissionais nesta posição têm muita visibilidade dentro da organização e, sendo bem-sucedidos, são sérios candidatos a desafios maiores na organização. Especialista no Negócio e na Metodologia de Gerenciamento de Projetos Este profissional tem a missão de acompanhar e avaliar a execução dos projetos, emitir relatórios, criar regulamentos (padronização), avaliar propostas, efetuar a garantia da qualidade dos projetos, gerência à vista, etc. Preferencialmente deve ser um profissional sênior, pois deve interagir com gerentes de projetos de igual para igual. Deve ser um conhecedor dos negócio da empresa (construção de barragens, desenvolvimento de produtos, montagem de equipamentos, manutenção de aeronaves, etc). Deve conhecer a metodologia de gerenciamento de projetos e os softwares utilizados. Especialista em Software A missão do especialista em software de gerenciamento de projetos é prestar consultoria, assessoria e treinamento a toda a empresa e também aos outros membros do PMO. Deve ser um profundo conhecedor das ferramentas de informática, tais como software de gerenciamento de projetos, banco de dados, linguagem de programação, etc. É muito comum surgir a necessidade de desenvolvimento de novos aplicativos como interface entre o software de gerenciamento de projetos e os outros aplicativos da empresa. Ainda que esta tarefa seja executada pelo departamento de informática da empresa, ele deve se envolver com ela. Outros Com o crescimento da equipe do PMO, é possível agregar pessoas que sejam especialistas em assuntos complementares, tais como outras metodologias, comunicações, engenharia de software, organização & métodos, etc. Certamente, um grande escritório necessitará também de funções administrativas, como uma secretária. C ATRIBUIÇÕES DO PMO As atribuições do PMO são as seguintes: 5

Assessoria à Alta Administração Conforme vimos anteriormente, as informações sobre o andamento dos projetos são fornecidas à alta administração (presidência, diretoria, gerente, etc) pelo Coordenador do PMO. Assim, as atividades são: Assessorar a alta administração relativamente aos projetos. Assistir na contratação/escolha de gerentes de projeto. Assistir na contratação de fornecedores externos. Avaliar o desempenho dos gerentes de projetos. Auxiliar no estabelecimento de políticas salariais para gerentes de projetos. Auxiliar no estabelecimento da carreira do gerente de projeto. Participar, junto com a alta administração, de reuniões com os principais acionistas ou com stakeholders (interessados ou envolvidos com o projeto). Fornecer informações resumidas à alta administração sobre o andamento dos projetos. Assessoria aos gerentes de projeto A interação do PMO com os gerentes de projeto é intensa. Aqui temos: Assessorar o gerente do projeto. Participar dos eventos de lançamento (kickoff) dos novos projetos. Participar, junto com o gerente do projeto, das reuniões de avaliação inicial de risco e dos fatores críticos de sucesso, bem como do acompanhamento destes itens. Participar, junto com o gerente do projeto, das avaliações de desempenho do projeto. Participar, junto com o gerente do projeto, do encerramento do projeto (elaboração de documentação do histórico do projeto, etc). Auditoria Efetuar fiscalização e auditoria dos projetos tocados pelos gerentes de projetos; Efetuar auditoria dos documentos produzidos (propostas, etc). Envolvimento com Outros Setores da Organização O PMO pode se envolver com outros setores da organização, tanto para obter serviços (por exemplo, com o setor de informática, ao solicitar o desenvolvimento ou aquisição de aplicativos para gerenciamento de projetos) como para influenciar no sentido de agilizar ou resolver conflitos que afetam os projetos (por exemplo, com o setor de suprimentos, para agilizar a compra de equipamentos, para um determinado projeto). Coordenação do Comitê Diretivo (Câmara ou Steering Committee) O coordenador do PMO pode ser o líder das reuniões do comitê diretivo. Padronização (ou regulamentação) A padronização de processos de gerenciamento de projetos pode ser realizada pelo PMO. Neste sentido, temos (veja também o capítulo Padronização ): Padronizar (regulamentar) procedimentos e documentos. Escolher ferramentas. 6

Escolher os softwares (pode ser feito junto com o Departamento de Informática). Treinamento O PMO deve proporcionar treinamento a toda a empresa tanto no uso de recursos de informática como no uso da metodologia. O treinamento pode ser ministrado por elementos do PMO ou por profissionais externos. O PMO deve, também, auxiliar na escolha de fornecedores externos que estejam alinhados com os padrões e metodologia utilizados na empresa. Garantia da Qualidade do Projeto (Quality Assurance) Esta atribuição é exercida pelo especialista no negócio e na metodologia. Os planos de ação de cada projeto devem ser analisados para verificar se foram confeccionados conforme os padrões estabelecidos e também: Se existe ligação clara entre a meta e o escopo do projeto. Se existe ligação clara entre as tarefas do cronograma e o escopo do projeto. Se as revisões estão sendo realizadas conforme planejado. Se outros aspectos (análise de risco, auditoria, análise de fatores críticos de sucesso) estão sendo contemplados e acompanhados. O exercício da garantia da qualidade do projeto é permanente. Em cada reunião do representante do PMO com o gerente do projeto, são estabelecidas atividades a serem cumpridas em um determinado prazo. Ao final da reunião é determinada a data da reunião seguinte. Uma importante função de garantia da qualidade é exercida na elaboração de propostas para clientes externos, conforme mostrado abaixo. Suporte na Elaboração de Propostas Para empresas que executam projetos para clientes externos, a elaboração de uma boa proposta tem ligação direta com vitória em uma licitação, com a garantia do lucro, com a imagem da empresa, minimização de riscos, etc. Assim, o PMO participa como assessor (criando regulamentos) e como auditor na documentação final. Guardião das Melhores Práticas (Best Practices) O envolvimento do PMO com todos os projetos sob sua responsabilidade permite-lhe criar uma coleção das melhores práticas de gerenciamento de projetos na empresa. Estas práticas podem alterar os regulamentos e padrões da empresa e podem ser utilizadas para influenciar o planejamento e controle de futuros projetos. Emissão de Relatórios O PMO pode se incumbir de elaborar relatórios e gráficos tais como: Desdobramento de metas; Situação de progresso dos projetos; Desempenho de execução dos projetos; Projeções e tendências; 7

Criação e Manutenção da Sala do PMO (War Room) Nesta sala, onde ficam os membros do PMO e é praticada a gerência à vista, fica também toda a documentação relativa ao gerenciamento de projetos da empresa: regulamentos, melhores práticas, históricos, etc. Ela deve conter espaço suficiente para seus ocupantes, além de um espaço, com alguma privacidade, para reuniões com gerentes de projetos, fornecedores, acionistas ou controladores, realização de palestras, etc. Gerência à vista A gerência à vista é praticada para mostrar graficamente a evolução dos projetos. Os gráficos, confeccionados conforme padrões pré-estabelecidos, são exibidos em paredes. Cada gráfico funciona como um placar de um jogo de futebol para mostrar se se está ganhando ou perdendo o jogo. A gerência à vista deve ser praticada na sala do PMO (war room) e nos setores que tocam os projetos. Comunicações O gerenciamento de comunicações pode ser efetuado pelo PMO. Esta função permite enviar a todos os interessados as informações adequadas assim como verificar se as informações distribuídas estão atingindo seu objetivo. Além da geração e emissão de relatórios e a gerência à vista, já apresentados, ela envolve a distribuição de atas de reuniões, de memorandos, confecção de relatórios anuais, jornalzinho, etc. D COMO MONTAR UM PMO O PMO deve ser criado por um ato formal da presidência, do qual conste sua composição, modo de operar, autoridade de seu coordenador, etc. Neste momento, as questões que normalmente surgem são: Onde ele deve se posicionar no organograma da empresa? Qual será o seu porte? Quais as etapas a serem cumpridas? O aspecto organograma já foi tratado anteriormente. Quanto ao porte, a decisão geralmente está condicionada aos seguintes aspectos: A quantidade de projetos tocados simultaneamente. Em uma empresa de informática da área governamental, que toca algumas centenas de projetos simultaneamente, o PMO pode chegar a 10 pessoas, incluindo funções administrativas (secretária, digitador, etc). A complexidade de cada projeto e a necessidade de apoio que ele demandará. Se uma empresa toca 10 projetos bastante complexos, talvez necessite de um profissional de apoio para cada projeto. Um único projeto bastante complexo (exemplo: construção de uma usina hidrelétrica) pode demandar um escritório com dez profissionais. A localização geográfica dos projetos: a necessidade de efetuar viagens podem implicar um aumento da equipe. O menor escritório do projeto é formado por duas pessoas: um especialista em software de gerenciamento de projetos e um especialista no negócio e no uso de uma metodologia para gerenciamento de projetos. Quando a empresa é de 8

pequeno porte, este escritório pode ser virtual e ter seus profissionais emprestados, em tempo parcial, de outros departamentos. Etapas A idéia do PMO deve ser comprada pela alta administração, o que não é difícil, pois as vantagens de um PMO são enormes para uma empresa que tem forte dependência de seus projetos para sua sobrevivência e progresso. O custo de um PMO pode ser facilmente pago pelos resultados vindos de projetos bem-sucedidos. A partir de um levantamento de dados será possível efetuar um estudo de viabilidade da existência de um PMO. Este estudo definirá seu porte e áreas de atuação. Um documento deve consolidar este estudo. A seguir é montada a equipe. O PMO deve começar exercendo suas funções em projetos pilotos, até atingir um nível de maturidade adequado para, então, se expandir a todos os projetos. É também conveniente que palestras sejam realizadas naqueles setores que serão impactados por sua atuação. Isto contribuirá para minimizar expectativas negativas. s de projeto são receosos da função de auditor do PMO, ou de que ele diminuirá sua importância dentro da empresa na tomada de decisões. Muitos poderão achar que o PMO será apenas mais um órgão burocrático dentro da empresa, a exigir-lhes relatórios inúteis. Todos terão algum receio de ser controlados pelo PMO. D EVOLUÇÃO DO PMO Em empresas que possuem esta estrutura há mais de um ano, tem se notado que o PMO passa por um processo de amadurecimento no qual evolui para um estágio de excelência em gerenciamento de projetos. Este amadurecimento também se reflete nas pessoas da empresa que tocam projetos e interagem com o PMO. Assim, o PMO torna-se um centro de excelência em gerenciamento de projetos e sua equipe passa a ser vista e respeitada como formada por especialistas de alto nível. O relacionamento direto com a diretoria e com as metas da empresa passa a ser rotineiro. Por conta desta constatação, é importante que, desde o momento da criação do PMO, se tenha em mente a escolha de pessoas que sejam adequadas ao esperado crescimento de suas responsabilidades. Um plano agressivo de treinamento para a equipe do PMO deve ser executado. Um outro aspecto do amadurecimento diz respeito às transformações em suas funções. Logo após sua criação, a dedicação do PMO se prende mais a atividades de assessoria e treinamento na metodologia e no uso do software, mas, com o tempo, estas tarefas tendem a diminuir conforme a empresa vai se tornando auto-suficiente. Outras funções começam a se consolidar: assessoramento à alta diretoria e auditoria nos projetos. Após pouco tempo de existência do PMO, os resultados aparecem. O sucesso dos projetos passa a ter íntima ligação com a atuação deste órgão. A organização se beneficia dele, por um permanente amadurecimento conjunto em gerenciamento de projetos, podendo atingir um patamar de excelência. É comum ser reconhecido, pela diretoria, como um dos pontos fortes da empresa. 9

E PMO EM ÓRGÃOS DE GOVERNO Um grave dilema no gerenciamento de projetos em órgãos do governo reside na sua estrutura hierárquica, na qual os diretores ou chefes de departamento não aceitam compartilhar sua autoridade com gerentes de projeto. No máximo, admitem um coordenador de projeto que trabalhe diretamente sob sua orientação. Esta orientação é adequada para projetos integralmente pertencentes ao setor, mas é ineficiente para a gestão de projetos interdepartamentais. Nestes casos, a chance de atraso é muito grande e a desculpa usual é a culpa é do outro. O PMO pode contribuir para solucionar o impasse quando um órgão governamental deve executar uma série de projetos, sendo diversos deles multi-departamentais, e não se deseja criar uma diretoria de projetos. A sugestão abaixo imagina um órgão governamental composto de uma diretoria e diversos departamentos. O diretor do órgão governamental deve deixar clara sua vontade de que os projetos sejam bem-sucedidos. Deve-se utilizar uma estrutura matricial fraca, com gerentes de projeto diretamente ligados ao diretor e com menos autoridade que respectivos chefes de departamento, aos quais se subordinam. Esta tática permite evitar conflitos de poder entre gerentes de projeto e chefes de departamento. Os gerentes de projetos a serem escolhidos devem ser originários dos departamentos que têm maior responsabilidade ou envolvimento com o projeto. Deve ficar bem claro que o projeto pertence àquele departamento ou diretoria. Criação de um PMO corporativo, acima dos chefes de departamento. Criação de um comitê (presidido pelo coordenador do PMO) para a resolução de problemas comuns. O PMO terá atuação forte no planejamento e acompanhamento dos projetos. Conflitos comuns são resolvidos no comitê. A sinergia positiva surgirá da ligação do PMO à alta administração. Por relatar a evolução dos projetos ao diretor, será criada uma competição saudável entre chefes de departamentos, pois nenhum deles gostará de ver os projetos que estão sob sua responsabilidade com má visibilidade. Assim, eles farão de tudo para que os seus projetos sejam bem-sucedidos. Para situações que envolvem projetos de grande envergadura, o mais adequado é a criação de uma diretoria de projetos (pode receber outro nome), de existência temporária. Neste caso, os gerentes de projeto pertenceriam a esta diretoria, e o PMO teria a missão de coordenar a execução de todos os projetos. Referências 1. Miller, J., Project Office One of the Fastest Growing Segments in Information Systems, Proceedings of the 29 th Annual Project Management Institute 1998 Seminars & Symposium, PMI, USA. 2. Haldane, D. Megatrends in Project Management, Proceedings of the 29 th Annual Project Management Institute 1998 Seminars & Symposium, PMI, USA. 10

3. Dinsmore, P.C., Transformando Estratégias Empresariais em Resultados Através da Gerência por Projetos, QualityMark, Rio de Janeiro, 1999, p.75-94. 4. Archibald, R. D., Managing High-Tecnology Programs and Projects, John Wiley, USA, 1976, p.111-134. 11