Prof. Ronaldo Lima dos Santos Prof. Dr. Faculdade Direito USP Procurador do Ministério Público do Trabalho
François Geny: a distinção entre dois tipos básicos de fontes, fontes materiais e fontes formais, a partir da consideração do direito no seu aspecto dado ou no seu aspecto construído. Fontes materiais : Também denominadas de substanciais As fontes materiais compreendem o conjunto dos fenômenos sociais que, contribuem para a formação da matéria do direito São os fatores ou elementos que definem a substância das normas jurídicas e o conteúdo do sistema jurídico
Constituem os dados, formados pelos elementos: materiais (biológicos, psicológicos, fisiológicos), históricos (a produção de certas habitualidades pela conduta humana no tempo), racionais (elaborações da razão humana), ideais (as diversas aspirações do ser humano que são descritas em postulados, valorativos dos seus interesses).
Fontes Materiais do Direito do Trabalho: Revolução Francesa de 1789; o advento do capitalismo; a questão social (Séculos XVIII e XIX), a Revolução Industrial, as lutas de classes, as doutrinas anarquistas e socialistas, o Manifesto Comunista de 1848, a doutrina social da igreja Encíclicas Rerum Novarum (1891), Quadragesimo Anno (1931), Mater et Magistra (1961), Populorum Progressio (1967), Laborem Exercens (1971) Centesimus Annus (1991), Caritas in Veritate (2009),
as Internacionais Socialistas ; a Revolução Russa de 1917, o corporativismo de Estado; a criação da Organização Internacional do Trabalho (1919), a consciência de classe, as declarações de direitos, as recomendações da Organização Internacional do Trabalho, os entendimentos do Comitê de Liberdade Sindical da OIT.
Correspondem ao construído À elaboração técnica do material (fontes materiais) Por intermédio de formas solenes que se explicitam em leis, normas consuetudinárias, decretos regulamentadores etc
Monismo jurídico Pluralismo jurídico
Estado leis; atos normativos; jurisprudência Sujeitos da relação de trabalho contrato de trabalho, usos e costumes, regulamento de empresa Atores sociais autonomia privada coletiva acordos e convenções coletivas Organismos internacionais OIT, ONU, OEA, com seus tratados e convenções Comunidades internacionais União Européia, Mercosul
Legislação: Constituição, Emendas, Leis Complementares, Leis Delegas, MP, Decretos Legislativos, Resoluções, Portarias do TEM) Sentença normativa Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho Regulamentos de Empresa Contrato de Trabalho Usos e costumes Laudo Arbitral Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta Jurisprudência Princípios Jurídicos Normas da Organização Internacional do Trabalho (resoluções, convenções e recomendações) Tratados e atos internacionais Doutrina
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
Princípios axiológicos dos direitos humanos princípio da igualdade princípio da liberdade princípio da solidariedade ou fraternidade Princípio da dignidade da pessoa humana Princípio da boa-fé Princípio da proibição do locupletamento ilícito Princípio da função social do direito Princípio da função social da propriedade Princípio da razoabilidade
Princípio da autonomia da vontade Princípio do pacta sunt servanda Princípio da cláusula rebus sic stantibus teoria da imprevisão Princípio da exceptio non adimplenti contractus Princípio da função social do contrato
1) Princípio da liberdade de trabalho 2) Princípio da liberdade sindical 3) Princípio das garantias mínimas do trabalhador 4) Princípio da multinormatividade do Direito do Trabalho 5) Princípio da norma mais favorável ao trabalhodor 6) Princípio da não-discriminação 7) Princípio da igualdade 8) Princípio da justa remuneração 9) Princípio do direito ao descanso 10) Princípio do direito ao trabalho 11) Princípio do direito à previdência social
Princípio protetor: Consiste num critério fundamental que orienta o Direito do Trabalho, pois este, ao invés de inspirar-se num propósito de igualdade, responde ao objetivo de estabelecer um amparo preferencial a uma das partes: o trabalhador. (Américo Plá Rodriguez). Direito comum: asseguramento da igualdade jurídica. Direito do Trabalho é tuitivo Direito do trabalho: proteção de uma das partes com o objetivo alcançar uma igualdade substancial e verdadeira entre as partes. Visa a atenuar no plano jurídico a vulnerabilidade de uma parte em relação à outra
Princípio da norma mais favorável princípio de hierarquia Princípio do in dubio pro operaio princípio de interpretação Princípio da condição mais benéfica...pressupõe a existência de uma situação concreta, anteriormente, reconhecida, e determina que ela deva ser respeitada, na medida em que seja mais favorável ao trabalhador que a nova norma aplicável. (Américo Plá R.)
Consiste na impossibilidade jurídica de o trabalhador privar-se voluntariamente de uma ou mais vantagens concedidas pelo direito trabalhista em benefício próprio. (Américo Plá R.) Limitação da autonomia da vontade Artigos 9º, 444 e 468 da CLT
Informa que a relação de emprego é essencialmente de trato sucessivo, de forma que deve-se garantir a permanência da relação empregatícia, com a integração do trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais. Segurança ao trabalhador Valorização da antiguidade Incorporação do trabalhador na empresa CF/88. Artigo 7º, I Sucessão de empregadores. Artigos 10 e 448 da CLT
Preferência pelos contratos de duração indefinida Amplitude para a admissão das transformações do contrato Viabilidade da manutenção do contrato, apesar dos inadimplementos e nulidades Resistência em admitir a rescisão do contrato exclusivamente pela vontade patronal Interpretação das paralisações/encerramentos temporários dos contratos como simples casos de suspensões/interrupções Prorrogação/manutenção do contrato em casos de substituição do empregador Elevação temporal dos direitos trabalhistas
significa que as relações jurídico-trabalhistas se definem pela situação de fato, isto é, pela forma como se realizou a prestação de serviços, pouco importando o nome que lhes foi atribuído pelas partes (Alice Monteiro de Barros). Artigos 2º e 3º da CLT Mario de La Cueva: O contrato de trabalho é um contrato realidade Abrange todas as condições de trabalho
a assunção dos riscos da atividade empresarial é ônus do empregador, proibindo-se à sua transferência para o trabalhador ou grupo de trabalhadores. CF/88, artigo 7º, XI artigos 2º e 3º da CLT responsabilidade do novo empregador nas sucessões, fusões, etc.
Consiste o poder de auto-regulamentação das relações de trabalho, ou de matérias correlatas, pelos grupos profissionais e econômicos, por meio de suas organizações representativas. A negociação coletiva é o seu instrumento, as normas coletivas de trabalho o seu produto. (Ronaldo Lima dos Santos) Procedimento. Negociação coletiva Produto. Acordos coletivos, convenções coletivas e contratos coletivos
Convenção Coletiva de Trabalho Consiste no o acordo de caráter normativo pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho (art. 611, caput, da CLT).
Conceito Legal É facultado aos sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho (art. 611, 1º, da CLT).
Consiste o regulamento de empresa num conjunto de normas e regras, impessoais e abstratas, regulamentadoras de direitos e obrigações para os sujeitos da relação de emprego e de condições gerais e especiais de trabalho no âmbito da empresa. Unilateral, bilateral ou multilateral. Seus dispositivos integram os contratos de trabalho. Sujeito ao princípio da inalterabilidade do contrato de trabalho
a) normas técnicas sobre a realização dos serviços, b) regras disciplinares, c) regras sobre promoção e ascensão na carreira, d) disposições sobre salários, e) jornada de trabalho, f) complementação dos proventos de aposentadoria, g) convênios médicos e odontológicos etc.
Consiste na decisão dos Tribunais Trabalhistas proferida nos processos de dissídios coletivos de trabalho pela qual o Judiciário Trabalhista exerce o denominado pode normativo, isto é, o poder de estabelecer normas e condições de trabalho para as categorias representadas, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente (art. 114, 2º, da CF/88).
Costumes: prática reiterada que gera a expectativa de repetição do ato, gerando uma obrigatoriedade jurídica Sua validade repousa na crença do grupo social acerca da exigibilidade de uma conduta, aliada à tradição deste grupo em praticar a conduta. Elementos: a) prática continuada b) convicção de obrigatoriedade (opinio necessitatis sive obligationis)
Espécies: Secundum legem conforme a lei salário in natura art. 458 da CLT Habitualidade nas relações de trabalho Praeter legem em complemento ou suplemento à lei estabilidades em normas coletivas, 14º salário etc. Contra legem contrário à lei descontos ilegais
Usos: rotinas decorrentes de precedentes admitidos pelos sujeitos Sua força nasce da habitualidade e não da obrigatoriedade. São simples hábitos desprovidos da convicção de obrigatoriedade Ex: pausas para o cafezinho; não desconto de salário por atraso no início do expediente
Consiste assim a jurisprudência no conjunto de decisões judiciais que reiteradamente convergem para uma mesma solução na aplicação do direito aos mesmos casos sub judice, consolidando o entendimento dos Tribunais, de modo a criar expectativas jurídicas ou manifestar força vinculativa em determinadas hipóteses. TST: Súmulas Orientações Jurisprudenciais (SDI I e II e SDC) Precedentes normativos
Arbitragem Lei n. 9.307/96 Método extrajudicial de solução de conflitos Autocomposição x heterocomposição Relações Coletivas de Trabalho Art. 114, 1º e 2º, da CF/88 Relações individuais?