CARREGAMENTO HIDRODINÂMICO SOBRE UMA ESTRUTURA CILÍNDRICA ESBELTA PROVENIENTE DE ONDAS E CORRENTES OCEÂNICAS

Documentos relacionados
PEF Projeto de Estruturas Marítimas ESFORÇOS NA PLATAFORMA FIXA

1 a experiência Escoamento ao redor de um cilindro

ESTE Aula 1- Introdução à convecção. A camada limite da convecção

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Aerodinâmica 1º Semestre 2012/13

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Aerodinâmica 1º Semestre 2012/13

MECÂNICA DOS FLUIDOS II. Introdução à camada limite. Introdução à camada limite. Conceitos:

4º Laboratório de EME 502 MEDIDAS DE VAZÃO

Sempre que há movimento relativo entre um corpo sólido e fluido, o sólido sofre a ação de uma força devido a ação do fluido.

RESISTÊNCIA E PROPULSÃO Engenharia e Arquitectura Naval Exame de 1ª Época 6/Janeiro/2005 Duração: 3 horas

Conceitos Fundamentais. Viscosidade e Escoamentos

Capítulo 6: Escoamento Externo Hidrodinâmica

Fenômeno de Transportes A PROFª. PRISCILA ALVES

CARACTERIZAÇÃO DE FLUXOS. Fluxos laminares e turbulentos Numeros de Froude e Reynolds Camada Limite e tensão de cizalhamento Rugosidade do fundo

DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS NUMÉRICAS PARA A ANÁLISE DINÂMICA NÃO-LINEAR DE RISERS UTILIZANDO O MEF

ESTUDO DA TRANSIÇÃO ENTRE ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO EM TUBO CAPILAR

Transferência de Calor 1

Disciplina: Camada Limite Fluidodinâmica

Corpos Não-Fuselados

Capítulo 6: Escoamento Externo Hidrodinâmica

0.5 setgray0 0.5 setgray1. Mecânica dos Fluidos Computacional. Aula 3. Leandro Franco de Souza. Leandro Franco de Souza p.

ESCOAMENTOS UNIFORMES EM CANAIS

Transferência de Calor

Fundamentos da Mecânica dos Fluidos

PME Análise Dimensional, Semelhança e Modelos

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Aerodinâmica 1º Semestre 2015/16

Escoamentos Externos

Escoamento completamente desenvolvido

Departamento de Engenharia Mecânica. ENG 1011: Fenômenos de Transporte I

28/07/2009. OBJETIVO DO CURSO: Fornecer noções básicas de hidrodinâmica de sistemas oceânicos flutuantes

Tubo de Pitot. Usado para medir a vazão; Vantagem: Menor interferência no fluxo; Empregados sem a necessidade de parada;

Transferência de Calor

Convecção Forçada Externa

2 Fundamentos Teóricos

FUNDAMENTAÇÃO HIDROMECÂNICA Princípios Básicos

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA VISCOSIDADE CINEMÁTICA E DINÂMICA ATRAVÉS DO VISCOSÍMETRO DE STOKES

Disciplina: Camada Limite Fluidodinâmica

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Aerodinâmica 1º Semestre 2013/14

Transferência de Calor

TRANSMISSÃO DE CALOR resumo

Escoamentos exteriores. Escoamento em torno de um cilindro/esfera. Matéria:

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Aerodinâmica 1º Semestre 2015/16

EM34B Transferência de Calor 2

Hidráulica Fluvial e Marítima

Universidade Federal do Paraná

Universidade Federal do Paraná

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Aerodinâmica 1º Semestre 2012/13

A queda em meio viscoso, a Lei de Stokes

FENÔMENOS DE TRANSPORTE

Escoamentos externos. PME2230 Mecânica dos Fluidos I

3 Modelos gerais ações mecânicas

PG0054 Transferência de Calor B

CONTEÚDOS PROGRAMADOS (Aerodinâmica de Turbomáquinas - EEK 511) Pás e escoamentos, trabalho, escalas. 2

Escoamentos exteriores

3 CONDUÇÃO DE ÁGUA (Cont.)

Laboratório de Engenharia Química I Aula Prática 01. Determinação do regime de escoamento: Experiência de Reynolds. Prof. Dr. Gilberto Garcia Cortez

Mecânica dos Fluidos. Perda de Carga

3 Modelos gerais ações mecânicas

Capitulo 6. Escoamento Externo

MEC204 Dinâmica de Fluidos Computacional. Prof. Juan Avila

Aula 21 Convecção Natural

h coeficiente local de transferência de calor por convecção h coeficiente médio de transferência de calor por convecção para toda a superfície

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Aerodinâmica 1º Semestre 2016/17

FENÔMENOS DOS TRANSPORTES. Definição e Conceitos Fundamentais dos Fluidos

Segundo Exercício de Modelagem e Simulação Computacional Maio 2012 EMSC#2 - MECÂNICA B PME 2200

ALVARO ANTONIO OCHOA VILLA

+ MECÂNICA DOS FLUIDOS. n DEFINIÇÃO. n Estudo do escoamento de li quidos e gases (tanques e tubulações) n Pneuma tica e hidraúlica industrial

Tabela Número de Strouhal obtido nas simulações e resultados experimentais.

Camada limite laminar

Elementos de Máquinas II. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Aerodinâmica 1º Semestre 2015/16

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC CENTRO DE ENGENHARIAS DA MOBILIDADE CEM. Bruno Zagoto Toscan

RESUMO MECFLU P2. 1. EQUAÇÃO DE BERNOULLI Estudo das propriedades de um escoamento ao longo de uma linha de corrente.

Introdução a Cinemática Escoamento Laminar e Turbulento Número de Reinalds

Campus de Ilha Solteira. Disciplina: Fenômenos de Transporte

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DA SEPARAÇÃO DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO EM PENEIRAS VIBRATÓRIAS

TRANSFERÊNCIA DE CALOR POR CONVECÇÃO

Aula prática 09 a 12: CONDUTOS LIVRES

Máquinas de Fluxo I (ENG03332) Material de apoio à disciplina

Análise Dimensional e Semelhança

A Aerodinâmica da Bola de Futebol

Disciplina: Instrumentação e Controle de Sistemas Mecânicos. Mensuração da Vazão Parte 1

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE BIOSSISTEMAS AULA 3 ROTEIRO

Resistência ao avanço em embarcações

Ponto de Separação e Esteira

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica Aerodinâmica 1º Semestre 2014/15

Departamento de Física - ICE/UFJF Laboratório de Física II

Regime Permanente. t t

Disciplina: Camada Limite Fluidodinâmica

CONSTRUÇÃO DE MÓDULO DE REYNOLDS PARA VISUALIZAÇÃO DOS REGIMES DE ESCOAMENTO APLICADO AO ENSINO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS

Total 03. Pré-requisitos 2. N o

Mecânica dos Fluidos II (MEMec) Aula de Resolução de Problemas n o 8

EN 2411 Aula 4 Escoamento externo. Escoamento cruzado em cilindros e esferas

ORIGEM DA TURBULÊNCIA

5 Análise para antenas em espiras inclinadas em relação ao eixo da ferramenta

Saneamento Ambiental I

Escoamento potencial

Transferência de Calor

I-240 UTILIZAÇÃO DO MODELO DE HAARHOFF (1998) NO DIMENSIONAMENTO DE FLOCULADORES HIDRÁULICOS

Transmissão de Calor I - Prof. Eduardo Loureiro

ESTUDO NUMÉRICO DA INFLUÊNCIA DA VISCOSIDADE DO FLUXO BIFÁSICO NÃO-ISOTÉRMICO DE ÓLEO PESADO E GÁS NATURAL EM UM DUTO VERTICAL

Transcrição:

CARREGAMENTO HIDRODINÂMICO SOBRE UMA ESTRUTURA CILÍNDRICA ESBELTA PROVENIENTE DE ONDAS E CORRENTES OCEÂNICAS Flávio Costa Piccinini Mestre em engenharia oceânica pela FURG, Prof. da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, Macaé, RJ fcostaeng@yahoo.com.br RESUMO: A dinâmica da superfície do mar causa esforços significativos sobre as estruturas offshore. O dimensionamento das forças segue princípios clássicos da mecânica dos fluidos, como o escoamento ao redor de um cilindro por um fluido com velocidade constante, no que resulta na força de arrasto. Se acelerado, são induzidas as forças de inércia. Portanto, estas forças resultam da cinemática da partícula da onda e são calculadas pela equação de Morison, quando os efeitos de difração podem ser desconsiderados. Entretanto, a utilização desta equação requer a adoção da correta teoria de onda, entre outros requisitos. A teoria Linear é a mais simples, porém, está limitada a ondas de pequena amplitude. No presente exemplo os esforços serão calculados pela teoria de Stokes de 5ª ordem e pela Linear, com a elevação do limite superior da integração, isto é, no nível da crista e, por fim uma comparação entre as teorias. Os esforços são relativos a ação de duas ondas de projeto, de elevada altura, sobre uma hipotética estrutura. Os efeitos das correntes serão calculados para uma ocorrência independente de ondas. Palavras-chave: esforços, equação de Morison, ondas oceânicas. ABSTRACT: The sea surface dynamics causes expressives loads offshore structures. The estimative of such loads follows classical principles of fluid mechanics, as a steady flow over a cylinder producing a drag force. If the flow is accelerated, inertial forces take place. Under the influence of waves, inertial forces are consequence of the fluid element kinematics and they are computed using Morison Equation, if difraction effects can be neglected. However, the use of this equation requires a correct wave theory, among other requisites. The linear theory is the simplest one, but is restricted to low amplitude waves. In this example, loads were computed using a higher order theory, Stokes 5º, and linear theory with higher superior limit for integration, that is, the wave crest level. The use of both theories stands for comparison purpose. The loads are due the action of two design high waves on a hypothetical structure. The load of the current was computed for an independent occurrence of waves. Keywords: loads, Morison s equation, ocean waves. INTRODUÇÃO Uma significativa classe de estruturas em ambiente oceânico é composta por elementos estruturais com seção transversal circular. Entre os carregamentos ambientais a que estão expostas, certamente as ações resultantes do deslocamento de massas d água, provenientes de ondas e correntes, são as mais significativas na concepção do projeto. Isso pode ser evidenciado nas recomendações da DET NORSKE VERITAS, Rules for Offshore Installations [1]: Todos os fenômenos ambientais relevantes que podem influenciar no projeto devem ser considerados. Desse modo, como fenômenos devemos incluir:

-ventos; ondas; correntes; neve; temperatura, marés; incrustações de organismos marinhos; terremotos. Especificamente, na região central do oceano Atlântico, os ventos, as correntes oceânicas e as ondas são os eventos ambientais de maior impacto sobre as estruturas. As correntes e os ventos geram o arrasto. As ondas, além do arrasto, impõem as forças de inércia. O estudo destes esforços nos direciona a questões clássicas da mecânica dos fluidos, mais especificamente requer a análise dos escoamentos hidrodinâmicos ao redor dos cilindros. A força do arrasto é resultante da diferença de pressão entre a região anterior e posterior ao corpo, durante o escoamento. O elevado gradiente de pressões na camada limite leva à separação do escoamento da superfície do corpo, isto é, ocorre o desprendimento da camada limite. Em relação às ondas, o método usual para o cálculo das forças sobre uma estrutura cilíndrica esbelta foi proposto primeiramente por Morison, Johnson, O Brian and Schaaf em 1950, denominado de Equação de Morison [2]. Entretanto, a aplicação dessa equação está restrita a uma estrutura concebida como pequena, assim considerada quando a relação diâmetro/comprimento da onda for menor que 0.2 [3]. Nesse caso, a presença da estrutura não afeta as propriedades da onda e os efeitos de difração são negligenciados. Por exemplo, uma estrutura com 31 metros de diâmetro pode ser considerada como pequena para uma onda com 10 segundos de período. Porém, dois típicos problemas surgem para o emprego da fórmula de Morison: O primeiro, a teoria de onda a ser utilizada para a obtenção da velocidade e aceleração da partícula da onda; e, o segundo, os valores apropriados para os coeficientes hidrodinâmicos. Quanto ao primeiro, temos que a teoria adequada é aquela que mais aproximar o valor calculado ao valor real da cinemática da partícula da onda, ou seja, da velocidade e aceleração. Entretanto, a bibliografia nos disponibiliza limites de validação para o uso de uma onda de projeto, por exemplo, os limites sugeridos por Lê Mehaute (1969) [4]. Já a teoria Linear apresenta o mais simples modelo de formulação de uma teoria de onda, mas está limitada a uma onda de pequena amplitude [4]. A norma da DNV [1] recomenda que as limitações das teorias de onda devem ser devidamente consideradas, indicando para as ondas com elevada altura a teoria de Stokes de 5ª ordem. Entretanto, esta teoria tem solução complexa e é obtida mediante cálculo computacional. As típicas ondas oceânicas, no Atlântico, variam o comprimento de 160 a 230 metros, têm períodos de 10 a 12 segundos e a altura das ondas raramente ultrapassa 10 metros [5]. Na bacia petrolífera de Campos, ondas maiores que 12 metros de altura têm ocorrência de pequena probabilidade, próxima a 3% em um ano [6]. Quanto à questão dos coeficientes hidrodinâmicos, estes dependem do Reynolds e do Keulegan-Carpenter e da rugosidade da superfície, [7] mas merecem um estudo à parte. Tal enfoque não faz parte do presente trabalho, portanto, os

valores atribuídos foram meramente estimados. Nesse contexto, este trabalho tem por propósito apresentar o cálculo dos esforços sobre uma estrutura offshore, destinada ao suporte de um aerogerador, que está sujeita ao carregamento de uma corrente oceânica e de duas ondas de projeto em diferentes profundidades, mas em ações distintas, isto é, as velocidades não serão somadas. Os esforços estão apresentados individualmente. Portanto, os objetivos deste estudo são os seguintes: - comparar os resultados da aplicação da teoria de Stokes de 5ª ordem com os da Linear; - comparar os valores entre si para as duas ondas de projeto; - simular os resultados elevando-se o limite de integração pela teoria Linear para o nível máximo da superfície livre da onda; e - quantificar o resultante das correntes. DIMENSIONAMENTO Figura1. Estrutura offshore DOS ESFORÇOS sujeita aos esforços de ondas e correntes. A estrutura é composta por uma torre de seção circular, com 6m de diâmetro, dimensionada para a fixação de uma 60 turbina m eólica, hipoteticamente projetada para duas situações, em uma profundidade com 29 metros e outra com 21 metros, para diferentes ondas de projeto. Os demais dados estão inseridos na própria figura. Esses esforços têm aplicação no dimensionamento da fundação da estrutura e no estudo da estabilidade da torre. ONDA: 1 ONDA: 2 Os resultados apresentados são comparados entre si para as duas ondas de projeto, além de serem comparados com os valores obtidos pela teoria Linear. ALTURA: São, 10,44 ainda, m ALTURA: 9,37 m analisados em função do domínio de aplicação para as diferentes PERÍODO: teorias 12 sde acordo com a Danish Standard PERÍODO: (DS 449 121983). s ESFORÇOS CORRENTE: DEVIDOS 2 m/s ÀS CORRENTES CORRENTE: 2 m/s O regime de escoamento uniforme ao redor de um cilindro é governado pelo número de Reynolds, sendo que na maioria dos casos práticos as estruturas expostas nível ao max. ambiente da onda oceânico estão sujeitas a um número de Reynolds bastante elevado (Re) >10 5. Conseqüentemente, significa nível max. da que onda a intensidade das forças viscosas, provenientes do escoamento como um todo, são muito pequenas, podendo ser preamar desprezadas. 1.0 Dessa forma, os efeitos nível médio da viscosidade do mar ficam restritos à camada-limite, uma fina camada em torno da 0.0 superfície -1.0 baixamar sólida. A partir dessa consideração, é possível analisar o escoamento considerando o fluido como ideal. O arrasto é a componente da força hidrodinâmica resultante do escoamento de um fluido com velocidade 6 m uniforme sobre um corpo [8]. Essa força atua paralelamente 29 m à direção do escoamento 21 e m tem como grandeza total a soma do arrasto devido à pressão. fundo do mar fundo do mar

y Camada viscosa δ u U0 Vorticidade S Baixa pressão Camada limite Separação da camada-limite no ponto S O arrasto é quantificado pela integração das pressões sobre a superfície do cilindro para os limites do ângulo de separação. cilíndricas e θ s s F = p cosθ rdθ, onde p é a pressão, θ e r são coordenadas p θ θ s o ângulo de separação. Entretanto, para Reynolds elevado o escoamento é complexo e não há solução analítica para a determinação do ângulo de separação, que varia com a velocidade e com a rugosidade da superfície. Portanto, a força do arrasto é calculada com a utilização de um coeficiente obtido experimentalmente, o C D, que é função do número de Re. ESFORÇOS DEVIDOS ÀS ONDAS O carregamento induzido por onda é decorrente das ações das forças inerciais e das forças de arrasto. A importância relativa dessas forças é função do número de Reynolds e da relação entre o deslocamento orbital da partícula de fluido e a dimensão característica do corpo. Esta é resultante da resistência à progressão acelerada da onda, em decorrência da presença do corpo. A força de inércia é composta pela força necessária para acelerar o fluido localizado na vizinhança do corpo, denominada de massa adicional, e pela força de Froude-Krylov, que é a pressão gerada pelo campo de forças do fluido acelerado. A importância relativa das forças inerciais é definida pelo número adimensional Keulegan-Carpenter: UT KC =, onde U é a velocidade máxima, T o período do movimento D oscilatório e D o diâmetro do cilindro. A força das ondas é calculada pela equação de Morison. proveniente da cinemática da partícula da onda [9]. É 1 u u F = ρ C Du u + ρ C A + ρ A D m 12 4 2 4 3 1 4 44 2t 4 4 43 t FD FM

o primeiro termo (F D ) se refere ao arrasto e o segundo (F M ) à soma da força de Froude-Krylov com a massa adicional. RESULTADOS Esforços das correntes: força de arrasto. F D = 1 2 ρ C DU D 2 Para densidade ρ =1.025 kg/m³, diâmetro D= 6 m; velocidade, U=2 m/s e C D = 0,5, temos: F D = 6.150 N/m. Tal força é equivalente a uma força resultante F=178.350N para d=29 m; e F=129.150N para d=21 m. Entretanto, como o regime de escoamento na esteira é turbulento, a formação e o desprendimento dos vórtices não ocorre uniformemente ao longo do cilindro, mas em porções, na forma de cogumelos, ou seja, a força máxima é menor que o somatório das forças unitárias. Essa correção é realizada a partir de coeficientes experimentais em função do Re, mas foge ao escopo do presente trabalho. Esforços de ondas A utilização da equação de Morison implica na prévia verificação dos limites de validação da teoria de onda, como já referido. Um dos objetivos do presente estudo é verificar as distorções entre a teoria Linear e a teoria de Stokes aplicadas às citadas ondas de projeto. Na equação de Morison, a força obtida é relativa a um metro de estrutura, a força total resulta da integração das forças entre os limites do fundo - d à superfície livre η η F = ( F + F ) dz d D Os resultados podem ser visualizados pelos gráficos das figuras 2 a 5, para as duas ondas de projeto, cujas curvas estão expressas na aplicação da teoria de Stokes de 5ª ordem. Desse modo, visualizamos, na figura 2, o perfil da superfície livre da onda; nas figuras 3 e 4, as velocidades e as acelerações da partícula da onda no nível médio; na figura 5 o perfil vertical da velocidade para a fase t=0. M

Figura 2. Os gráficos da figura mostram que na aplicação da teoria de Stokes para as duas ondas o nível do mar possui maior amplitude na crista do que na cava. Por exemplo, para a onda 1 (azul) a amplitude da crista é de 5,78 m e da cava de 4,58 m.

Figura 3. As curvas de velocidade apresentam resultados relevantes. A principal evidência é que para a onda 2, de menor período e, em menor profundidade a velocidade da partícula é significativamente maior, isto é, inversamente a altura H, se comparada com a onda 1. Figura 4. Em relação aos valores da aceleração da partícula, aplica-se o mesmo comentário a respeito das velocidades. O significativo resultado é que a onda de menor altura e em menor profundidade, curva na cor vermelha, apresenta os maiores valores de aceleração.

Figura 5. As curvas mostram os perfis das velocidades das partículas da onda, na fase t=0, da crista até o fundo (-d). O significativo resultado, já mencionado, é que a onda da curva superior, na cor vermelha, apresenta as maiores velocidades. Porém, refere-se à onda de menor altura em menor profundidade. A figura 6, a seguir, apresenta o valor das forças sobre a estrutura, incluindo-se os resultados obtidos pela teoria Linear. Nesta teoria, a condição de contorno superior é o nível médio do mar. Desse modo, a contribuição da crista nas forças é negligenciada, e forças extras, inexistentes, em face da cava, são introduzidas. Como meio alternativo se eleva o limite superior da integração para o valor da amplitude da onda, cujo procedimento está aplicado na citada figura. As curvas se referem à profundidade de 29 metros, ou seja, para a onda 1 de projeto, na cor azul. A outra curva se refere à profundidade de 21 metros, representada pela onda 2, na cor vermelha.

Figura 6. As curvas fornecem os valores das forças em cada fase da onda. O dado mais relevante se refere à que a força da onda 2, de menor altura e em menor profundidade, paradoxalmente, exerce a maior força sobre a estrutura, inversamente com o que ocorre na aplicação da teoria Linear para a quantificação das forças. A condição superior para a teoria linear é o nível médio do mar. Desse modo, a contribuição da crista nas forças é negligenciada. No cálculo desta força foi adotado um procedimento alternativo que elevou o limite superior da integração para o valor da amplitude da onda. CONCLUSÃO A partir dos resultados expressos nos gráficos, pode-se extrair o seguinte: - A aplicação da teoria de Stokes de 5ª ordem resulta em esforços 70 % superiores àqueles obtidos pela teoria Linear, mesmo com a elevação do limite de integração. - Quanto maiores os valores da velocidade e a aceleração da partícula, maior a discrepância entre as teorias de onda. Portanto, o fator determinante não é a altura da onda, mas, sim, a cinemática da partícula. - As máximas forças têm fases aproximadamente coincidentes para as duas teorias. - Contrariamente à intuição, a onda de menor altura em menor lâmina d água exerce uma força ligeiramente maior sobre a estrutura. Tal fato é justificado ao se comparar os valores da velocidade e da aceleração da partícula da onda, que são maiores para a onda de menor altura. - As forças calculadas pela teoria Linear não apresentaram a situação anteriormente descrita pelo fato de que a diferença entre as velocidades é bem menor, ou seja, quanto maior a onda em maior lâmina, maior o esforço. - A força máxima não é dominada pelo arrasto, não ocorre na crista, ou seja, o diâmetro de 6 metros tem forte influência na inércia. Há um regime intermediário entre o arrasto e a inércia. Tal fato pode ser analisado pelos baixos valores do número de Keulegan-Carpenter. - A teoria Linear apresenta grande distorção quando utilizada para uma onda de projeto com elevada altura, portanto, não se recomenda a sua utilização para esses casos. BIBLIOGRAFIA 1. Rules For Offshore Installations, Norway, july 1995.

2. OVE DITLEVSEN, Stochastic Wave Loads on Tubular Offshore Structures -Models for dynamics and reliability analysis. Department of Civil Engineering Technical University of Denmark, april 2001. 3. FALTINSEN, O. M., Sea Loads on Ships and Offshore Structures, Press Syndicate of the University of Cambridge, New York, 1990. 4. DEAN, R. G. e DALRYMPLE, R. A. Water Wave Mechanics for Engineers and Scientists, World Scientific Publishing Co. Pte. Lld., 2001. 5. IAN R. Y. e GREG J. H., Atlas of the Ocean, Wind and Waves Cimate, British Library, 1996. 6. PICCININI, F. C. A onda de projeto por meio da análise estatística de extremos a partir de dados medidos por satélite. Revista Visões, jan/jun/2007. 7. SARPKAYA, T. e ISAACSON, M., Mechanics of Wave Forces on Offshore Structures, Van Nostrand Reinhold Company, New York, 1981. 8. SUMER, M. e FREDSOE, J., Hydrodynamics Around Cylindrical Structures, World Scientific Publishing Co. Pte. Lld., 1997.