AS ELEIÇÕES DE 2014 E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A POLÍTICA ECONÔMICA Abril/2013
Cenário Político 2 A conjuntura política brasileira aponta uma antecipação dos debates em torno da eleição presidencial de 2014, devido a um quadro que combina instabilidade na coalizão governista e desempenho bastante decepcionante em relação ao crescimento econômico. O desempenho abaixo do esperado pelo governo transforma-se, paulatinamente, em descontentamento político com a administração Dilma, o que precipitou as estratégias dos principais partidos. O PT aproveitou seu aniversário de dez anos no Planalto para construir um documento que sintetiza o tom da campanha eleitoral, a saber: polarização PT e PSDB. Os tucanos, por sua vez, sinalizam maior disposição para enfrentar a estratégia governista. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que até o presente momento optava por evitar confrontos diretos contra o governo, adotou uma plataforma política que parece dar mais espaço para o legado FHC. Elaboração: Tendências
Cenário Político 3 A movimentação eleitoral não ficou restrita aos principais partidos no plano nacional. A ex-ministra e candidata em 2010, Marina Silva, lançou seu projeto de partido, que foi criado, justamente, para dar base à sua candidatura nas próximas eleições, autorizada pelo excelente desempenho em sua primeira disputa. Ademais, o debate político ganhou um fato novo com a provável candidatura de Eduardo Campos (PSB-PE), o que representa um importante racha na base aliada. Elaboração: Tendências
Cenário Político pré-candidatos e seus desafios 4 Dilma tem o principal desafio de manter unida sua extensa base aliada. Os resultado econômicos decepcionantes no seu mandato geraram instabilidade política, presente no comportamento indisciplina dos partidos no legislativo e na possibilidade de racha eleitoral. Desempenho abaixo do esperado demanda criação de fato novo. Tempo de TV (9 min e 33 seg) e controle da agenda são os principais trunfos. Favorita à vitória em 2014. Elaboração: Tendências
Cenário Político pré-candidatos e seus desafios 5 Desafio principal de Aécio é garantir a coesão interna do PSDB que sofre com os efeitos negativos do personalismo político. Risco de saída do grupo político ligado à José Serra prejudica candidatura do mineiro. Maior força política na região Nordeste (27% do eleitorado) é imperativo para um bom desempenho. Bom desempenho nos dois maiores colégios eleitorais (MG e SP) é chave para sua competitividade. Construção de discurso alternativo, coeso e de fácil acesso ao eleitorado está no centro da agenda. Tempo de TV limitado é desafio. No cenário básico é o principal concorrente de Dilma. Elaboração: Tendências
Cenário Político pré-candidatos e seus desafios 6 O principal desafio de Marina Silva é viabilizar sua nova legenda (Rede Sustentabilidade). Eventual aprovação do projeto que muda acesso à fundo partidário e tempo de TV inviabiliza sua candidatura. Desafio principal é mobilizar forças partidárias para ampliar sua presença no horário eleitoral. Falta pragmatismo à candidata. Candidatura tem base social, o que sugere melhor desempenho em relação à eleição presidencial de 2010. Recall da disputa anterior é trunfo político. Ideologia deve limitar seu potencial de crescimento. Elaboração: Tendências
Cenário Político pré-candidatos e seus desafios 7 Desafio é aumentar sua exposição nas regiões Sul/Sudeste que respondem por cerca de 60% do eleitorado total. Além disso, falta construção de um discurso que explique a razão da sua candidatura, dado o histórico de aliança com o governo. Campos deve construir um discurso em busca da 3ª via. A tendência é que sua candidatura em 2014 prepare o terreno para a eleição de 2018. O eventual racha tucano em SP pode dar palanque para Campos no principal colégio eleitoral do país. Pouco tempo de TV (1 min e 52 seg) limita seu potencial. Elaboração: Tendências
Eleição presidencial cenário Tendências 8 O cenário básico da Tendências está apoiado na reeleição da presidente Dilma em função da estrutura partidária (tempo na TV, financiamento de campanha) do PT, bem como o natural poder da máquina em época de campanha. Nossa expectativa é de que sua popularidade continue bastante elevada até o final do seu primeiro mandato, o que sugere competitividade e favoritismo no pleito vindouro. Políticas com impacto popular, tal como a desonerações do setor elétrico cria agenda positiva para o governo Fonte: Datafolha Elaboração: Tendências
Cenário presidencial 9 Campanha eleitoral petista sempre se apoiou na contraposição entre dois projetos. Polarização PT versus PSDB ou Lula versus FHC ou ricos versus pobres. Possível cenário de fragmentação das candidaturas dificulta tal estratégia política. Nomes cogitados (Aécio, Marina e Eduardo Campos) podem ter boa votação em grandes colégios eleitorais. Chave para este cenário seria mudança da percepção de governo em relação a Lula. Pesquisas ainda apontam para percepção de continuidade entre mandatos Dilma e Lula. Fonte: CNI/IBope
Cenário presidencial 10 70 60 50 40 30 20 10 0 Eleição de 2010 mostra que avaliação positiva não se traduz naturalmente em votos. 37 Dilma - 1º Turno (%) 47 SP RJ MG PE 44 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 62 78 Aprovação de Governo (set) Lula II 47 Votos Válidos 1º turno Pré-candidatos especulados têm bom desempenho em Estados-chaves para eleição nacional. Dilma pode perder votos em MG, RJ e PE. Fonte: TSE e Datafolha
Eleição presidencial força da oposição em perspectiva comparada 11 O pleito presidencial de 2014 deve ser bastante competitivo, especialmente se confirmado o cenário de fragmentação das candidaturas alternativas. No pleito de 2010, as condições políticas (estabilidade na base aliada) e econômicas (crescimento na renda real) deixavam improvável a derrota de Dilma. Situação para 2014 não será tão favorável, por isso esta incerteza precisa ser incorporada no quadro prospectivo para o Brasil. Perspectiva comparada dá algum sinal para força da oposição Elaboração: Tendências
Cenário Político dinâmica do conflito presidencial 12 Resultado nas regiões Norte e Nordeste são centrais. Desafio do PSDB é unir MG e SP. 60 50 40 30 Eleição presidencial - Sudeste (%) 20 10 0 1989 1994 1998 2002 2006 2010 *2014 Eleição presidencial - Nordeste (%) PT PSDB 80 70 60 50 40 30 20 Bom desempenho de Eduardo Campos na região Nordeste pode afetar hegemonia do PT na região. 10 0 1989 1994 1998 2002 2006 2010 *2014 PT PSDB Fonte: TSE Elaboração: Tendências
Cenário Político dinâmica do conflito presidencial 13 Dilma aposta na gestão Haddad como vitrine para melhor desempenho em São Paulo que representa 25% do eleitorado total. Aécio precisa manter o bom desempenho do PSDB no estado. PT( vermelho) PSDB (azul) Marina teve desempenho bastante positivo (32%) no Rio de Janeiro acima da sua média nacional (19%). Dilma pode ter votação menor em 2014 no terceiro maior colégio eleitoral do país. PT( vermelho) PSDB (azul) Elaboração: Tendências
Cenário Político dinâmica do conflito presidencial 14 Nas eleições anteriores, o PT obteve excelente desempenho em Minas que é uma das bases da força do PSDB. Expectativa é que Aécio roube votos do PT no Estado. PT( vermelho) PSDB (azul) Candidatura de Eduardo Campos deve ter efeito importante na votação em Pernambuco. A possível votação de Eduardo na região Nordeste pode dificultar a vitória do governo em primeiro turno. PT( vermelho) PSDB (azul) Fonte: TSE Elaboração: Tendências
Cenário presidencial possível efeito Chile? 12 Chile: Unemployment Rate (%) 15 Eleição chilena mostra possibilidade de dissociação entre economia e percepção do governo 11 10 9 8 7 6 2009 2010 2011 2012 Mesmo com queda na taxa de desemprego, avaliação positiva do governo Piñera é de apenas 27%.
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 O modelo brasileiro rigidez estrutural 16 O sistema político brasileiro por meio da constitucionalização das políticas públicas gera rigidez nas regras do jogo. Poder decisório é razoavelmente descentralizado, limitando o escopo das mudanças. 55 45 35 25 15 5 Poupança doméstica (% PIB) 40 Carga Tributária (% PIB) Brasil China Coréia Chile India 35 30 25 20 15 Mesmo com queda na taxa de desemprego, avaliação positiva do governo Piñera é de apenas 27%. 10 Brasil Chile China Índia Coreia Fonte: FMI Elaboração: Tendências
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Eleição de 2014 e política econômica mudança de governo? 17 Nova matriz macroeconômica não deve trazer resultado esperado pelo governo. Sua adoção para administração Dilma se explica pelo contexto internacional excepcional, mas principalmente por uma escolha econômica de governo. 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% -1% 0% 1% -2% -3% -4% -5% Collor: -1,3% Itamar 5,0% FHC - I: 2,5% PIB (%YoY) FHC - II: 2,1% Lula - I: 3,5% Lula - II: 4,6% Dilma*: 2,5% 13% 12% 11% 10% 9% 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% 0% Lula - I: 10,9% Taxa de desemprego Lula - II: 8,0% Dilma*: 5,4% A presidente Dilma centralizou as decisões de política econômica. Normalização do cenário internacional e os resultado obtidos ao longo do primeiro mandato são a fonte de incentivo para mudança.
Cenário Pessimista Cenário Otimista Cenário Básico Cenários para gestão macroeconômica A Nova Matriz Econômica, em oposição ao antigo tripé, baseia-se em: Desonerações tributárias, Câmbio desvalorizado e Juros baixos Este grupo de medidas tem como restrição o teto da meta de inflação. 18 ΣCONOMIЛ Retomada do tripé macroeconômico, que vigorou de 1999 a 2010, que consiste de: Regime de metas de inflação Câmbio Flutuante e Superávits Fiscais Este cenário envolveria alterações na equipe econômica e blindagem das decisões de juros de influências políticas. Neste contexto, a nova matriz econômica seria utilizada à exaustão. Reduções de juros mesmo diante de pressões inflacionárias; Forte expansão de gastos fiscais e aumento da contabilidade criativa; Inflação administrada por manobras que aumentam distorções setoriais.
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