EMAGRECIMENTO: CONSIDERAÇÕES GERAIS



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I EMAGRECIMENTO: CONSIDERAÇÕES GERAIS O excesso de alimentação e a alimentação errada, a falta de atividade física aliada ao excesso de comodidades que promovem a inatividade, em associação a tendências muitas vezes genéticas e familiares para engordar, têm ocasionado uma epidemia global de ganho de peso, levando as pessoas, crianças e adultos, ao sobrepeso e à obesidade. Hoje, o acesso fácil a uma alimentação barata, manufaturada em larga escala, sem qualidade nutricional e altamente engordativa, praticamente democratizou o aumento de peso que atinge agora de forma indiscriminada todas as classes sociais. Além disso, esta mesma alimentação, que engorda muito e que é pobre em nutrientes essenciais e insuficiente para repor nossas necessidades diárias destes, tem sido a causa do aumento de uma série de doenças facilmente evitáveis, caso houvesse empenho em se promover uma informação acessível e educativa. Incentivara implementação de mudanças duradouras para novos e saudáveis hábitos alimentares, aliados a um estilo de vida mais ativo e dinâmico, tanto para o público de adultos e jovens quanto para as crianças, só será possível através de mais investimento e mais empenho na educação e divulgação destas medidas tão práticas e simples de prevenção e saúde. A vida depende de uma equação metabólica de troca contínua e eficaz de energia e nutrientes entre o ser vivo e seu ambiente. No caso do homem, atualmente esta equação encontra-se desequilibrada e desproporcional. O nosso ancestral, homem primitivo na idade da pedra (há uns 100.000 anos), usava na alimentação a caça, a pesca, os frutos e plantas silvestres, e esta foi a nossa dieta original. 19

Reeducação Alimentar, Emagrecimento, Saúde e Longevidade Para consegui-la ele tinha que queimar muita energia com uma atividade física diária e intensa. Todo animal, em seu ambiente natural, tem uma dieta. É uma dieta instintiva, que se perpetua passando de geração em geração, e que naturalmente lhe proporciona de forma mais adequada o equilíbrio saudável. Mesmo no cativeiro, fora do seu habitat, esta alimentação tem que ser mantida para que não surjam doenças. Há sempre aquela plaqueta nos zoológicos "não dê comida aos animais". Não é à toa. O alimento sempre foi parte do ciclo da vida de qualquer ser vivo, e o fator mais importante para alongar ou encurtar este ciclo, que envolve contínuo gasto e reposição de energia e nutrientes para o crescimento e desenvolvimento, a manutenção das funções biológicas, a reprodução para perpetuar a espécie, o envelhecimento e a morte. Na época de nosso ancestral primitivo, a alimentação era totalmente natural, de qualidade nutritiva adequada, e, principalmente, nada fácil de conseguir. O estoque de alimento não existia ou era mínimo, e o trabalho sempre intenso e diário para consegui-lo. Éramos, então, caçadores, coletores e nômades, e evidências de sítios arqueológicos mostram que, quanto mais evoluíamos, mais carnívoros nos tornávamos, consumindo cada vez mais as proteínas das caças. Isto porque, devido às variações climáticas, nem sempre o alimento vegetal estava disponível, embora fosse parte importante do nosso cardápio alimentar. Também porque, sendo coletores, os carboidratos disponíveis neste período eram as frutas, plantas silvestres comestíveis, as castanhas e nozes. Alimentos sazonais e que dependiam muito das variações climáticas. Ainda não tínhamos incorporado, neste cardápio, os grãos e cereais, visto que o desenvolvimento das técnicas agrícolas só foram implementadas mais recentemente (de uns 10.000 anos para cá). Foi uma grande e importante mudança, alterando profundamente nossos hábitos e nosso comportamento relacionado à alimentação. A esta transformação denominouse "revolução agrícola". 20

Com a revolução agrícola, técnicas rudimentares, porém revolucionárias para a época, começaram a ser adquiridas, fixando os indivíduos antes nômades e com isto estabelecendo grupamentos maiores e mais estáveis. Esta mudança fez com que novos hábitos alimentares fossem incorporados e uma nova classe de alimentação mais energética (carboidratos de amido e cereais) fosse adicionada ao cardápio alimentar, como o trigo, o arroz, a cevada, as leguminosas e outros cereais. Embora já se modificasse o padrão alimentar para uma maior ingestão de carboidratos mais energéticos, era ainda uma alimentação artesanal e natural, com alto teor de fibras e nutrientes em sua composição, tornando, portanto, mais modulado o aporte energético e calórico destes alimentos, com menor repercussão na produção de insulina para esta função. Dessa forma, conseguiu-se ainda manter um esvaziamento gástrico mais lento, adiando a fome e proporcionando saciedade por mais tempo. Todo este mecanismo só era possível pelo grande índice de fibras e nutrientes presentes na composição destes alimentos, o que diminuía consideravelmente o índice glicêmico e a carga glicêmica destes carboidratos. Proporcionava-se assim um aporte mais gradual e uniforme da transformação destes alimentos em energia, promovendo um fornecimento mais contínuo e duradouro desta energia, para todas as atividades diárias, que sem dúvida eram intensas. Logo em seguida, neste mesmo período e como evolução natural deste processo, os grupamentos sociais foram se tornado cada vez mais organizados e complexos, e sabemos, através da exploração de sítios arqueológicos da época, que além do processamento dos grãos e amiláceos que modificaram e aumentaram a ingestão na dieta de carboidratos mais glicêmicos, iniciavase também a domesticação e criação de aves e mamíferos para o consumo, tornando sua carne mais gordurosa e conseqüentemente mais rica em gorduras saturadas. Além disto, uma maior disponibilidade alimentar começava 21

Reeducação Alimentar, Emagrecimento, Saúde e Longevidade a surgir. Inevitavelmente, as populações começaram a se distribuir em castas de diferentes níveis sociais, com atividades e obrigações cada vez mais diferenciadas, e, assim, o sobrepeso e a obesidade já começavam ser observados naqueles que faziam parte das classes mais abastadas, dotadas de maior fartura alimentar e também maior sedentarismo. Não precisavam fazer muito esforço para adquirir seus alimentos. Esta constatação evidenciava que o excesso de alimentação, a alimentação desbalanceada (mais gordura e mais carboidratos), associada à falta de atividade física (sedentarismo), eram fatores mais do que determinantes para o aumento do peso e a obesidade. A partir do século 19, com a revolução industrial, os alimentos processados e de baixa qualidade, como farinhas de trigo brancas, fubá de milho e seus subprodutos manufaturados, começaram a ser mais disponíveis e adquiridos com maior facilidade. Foi justamente neste século que aconteceu também a revolução do açúcar, o qual, devido a uma maior produção e, em conseqüência, um maior barateamento, tornou-se muito mais disponível e acessível para todas as camadas sociais da população. Daí por diante, juntem-se as farinhas e o açúcar com as gorduras e frituras e teremos todos os pãezinhos, brioches, bolachas, bolos, biscoitos, doces, pudins e quitandas em geral. Simultaneamente, a criação dos animais em larga escala favorecia o consumo de carnes mais gordurosas. Tudo isto contribuiu para diminuir cada vez mais a atividade física do homem no sentido de obter seu alimento, além de facilitar seu acesso a um maior consumo alimentar. Este período coincide também com o começo dos avanços da ciência e principalmente da ciência médica, quando surgem os primeiros relatos de associação entre determinadas doenças à alimentação desequilibrada e de determinados alimentos aos problemas de saúde. Embora 22

Hipócrates, considerado o pai da medicina, tenha sido surpreendentemente avançado para sua época (400 anos a.c), com a sua colocação irretocável até os dias atuais, de que o alimento deve ser o seu remédio ou poderá ser a sua doença. Hoje a caça é no supermercado. Alimentos de baixa qualidade nutricional, com alto índice glicêmico e alto valor calórico. Geladeiras e armários sempre cheios destes alimentos ricos em maus carboidratos e muita gordura ruim. Alimentação desorganizada, excessiva e com o máximo de comodidade que a tecnologia e conforto oferecem para que o esforço físico seja o menor possível. Pode-se dizer que a revolução industrial e tecnológica mudou novamente a dieta e o estilo de vida do homem moderno. Mínima atividade física e maior consumo de alimentos com muito açúcar, muita massa e muita gordura. Isto tudo acompanhado de muito estresse, que libera uma gama de substâncias nocivas ao organismo. Muita competitividade, ansiedade, frustrações e muita, muita pressa. Alimentação corrida, mal mastigada, mal digerida, mal absorvida e mal aproveitada. Uma realidade bem distante das carnes de caça magras e peixes frescos conseguidos com muito suor e das frutas e plantas silvestres colhidas com o trabalho exaustivo, porém recompensador. Além dos benefícios de um maior tempo para descanso e relaxamento, que propiciava um maior e melhor convívio grupal, social e afetivo, gratificante em todos os aspectos e principalmente no da sobrevivência, pois era fundamental uma maior necessidade de integração e ajuda mútua. Bastante diferente do que vivenciamos hoje, sobretudo nas grandes cidades, onde, muitas vezes, as pessoas da mesma família mal se encontram. Vivem tão atribuladas, que praticamente perdem o sentido de grupo (família). A alimentação, que desde os tempos longínquos era para o "grupo" o momento de maior congraçamento e união, fortalecendo laços, é hoje na grande maioria feita de maneira desordenada, apressada, esquentada ou requentada e inadequada. Perde-se a qualidade alimentar 23

Reeducação Alimentar, Emagrecimento, Saúde e Longevidade como também o calor humano e valores de cunho social e familiar. O resultado da nossa realidade não poderia ser outro: populações inteiras assoladas pelo excesso de peso, sobrepeso e obesidade e o desenvolvimento precoce das doenças decorrentes desta epidemia, como o diabetes, a hipertensão, a arteriosclerose, o excesso de gorduras no sangue (colesterol e triglicérides), problemas cardíacos e infarto do miocárdio. Excesso de gordura no fígado (esteatose), derrames (AVCs), alguns tipos de reumatismo e até muitos tipos de cânceres. Isto sem falar no problema da reposição deficiente de nutrientes essenciais, que, por si só, já compromete a saúde do organismo. Além do desajuste social e emocional que o sobrepeso, o excesso de peso e a obesidade acarretam. Para se ter uma amostra do impacto que a mudança de um hábito alimentar ancestral e adequado, e de um estilo de vida natural e saudável, pode acarretar em uma população, basta se informar sobre o que está a acontecer nas populações indígenas ao redor do planeta. Recentemente, na abertura de uma conferência internacional sobre diabetes em Melbourne, o professor Paul Zimmet revelou que uma verdadeira epidemia de diabetes e obesidade, a "diabesidade", era uma ameaça a estes povos, que poderão desaparecer até ao final do século se este mal não for contido. Estas etnias estão, em particular, expostas a esta doença, diabesidade (diabetes devido à obesidade), como resultado da mudança muito rápida que fizeram, de seus hábitos primitivos e milenares para nossos hábitos alimentares e para nosso estilo de vida sedentário e "moderno". Com estes novos hábitos menos saudáveis, que levam à obesidade ao diabetes, aumentaram também os riscos de enfermidades cardíacas e renais. Só para se ter uma idéia mais clara do problema, esta transição muito rápida em uma ou duas gerações destas populações indígenas, para os hábitos alimentares ocidentais e sedentários, levou o diabetes 24

e a obesidade a se transformarem na primeira causa de enfermidades, substituindo as doenças infecciosas como a principal ameaça para a sobrevivência destes povos, relata o especialista canadense, professor Stewart Harris. Propostas foram elaboradas e encaminhadas às Nações Unidas, para que medidas possam ser implementadas visando prevenir o avanço destas doenças e preservar estas populações e seu patrimônio cultural. Para viver com saúde, é necessário saber comer. Embora a alimentação devesse depender, em princípio, apenas de seu valor nutricional, sabemos que é difícil separar a racionalidade da nutrição, do simples prazer de comer. Conquanto devemos compor os novos hábitos alimentares de maneira agradável, nutritiva e objetiva, porém sem exageros e isolamento social. É claro que a alimentação errada e desequilibrada repercute de maneira desfavorável no desenvolvimento, na vitalidade, na saúde e na longevidade de nosso organismo. Porém, o fato de estarmos alertas, determinados a tomar os cuidados adequados e promover mudanças, já é um bom começo. Sem, entretanto, esquecer que, na falta da atividade física, nosso organismo enferruja e adoece em todas as suas funções. Deve-se comer pouco e certo, caminhando sempre, para com saúde continuar comendo e caminhando por muito mais tempo. 25