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Transcrição:

+ e.6 rfr 'o., 1 31 P"/ PODER JUDICIÁRIO Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba (Des. Antonio Carlos Coêlho da Franca) ACÓRDÃO Apelação Criminal n. 200.2003.039.584-8/001 3' Vara Criminal da Comarca da Capital Relator : Exmo. Dr. Fabio Leandro de Alencar Cunha Juiz convocado em substituição ao Exmo. Des. Antonio Carlos Coêlho da Franca) Apelante : Maria Nilva Martins Cardoso Souza (Adv. Francisco de Assis Galdino) Apelado : José Pedro dos Santos (Adv. Cícero de Lima e Sousa CRIMES CONTRA A HONRA. Queixa-crime. Conduta de detetive particular tipificadas nas penas dos artigos 138, 139 e 140, todos do Código Penal. Informações de fatos do interesse do cliente. Absolvição. Irresignação. Dolo evidente. Inocorrência. Ausência do interesse de ofensa. Animus narrandi caracterizado. Desprovimento do recurso. Inocorre crime contra a honra na conduta do detetive particular que, ao informar fatos do interesse de seu cliente, o profissional age com evidente animus narrandi, sem o propósito de ofender a vitima. VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os presentes autos em que é apelante Maria Nilva Martins Cardoso Souza e apelado José Pedro dos Santos; 11111 AC ORD Aa Colenda Câmara Criminal, do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba em, negar provimento ao apelo, em harmonia com o parecer. Unânime. RELATÓRIO Trata-se de Apelação Criminal interposta por Maria Nilva Martins Cardoso Souza (fls. 285/291) em face da decisão de fls. 277/284, da lavra da M.M. Juiz de Direito da 3 Vara Criminal da Comarca da Capital que julgou improcedente a queixa -crime, absolvendo o querelado José Pedro dos Santos, nos termos do art. 386, inc. III, do CPP, dos delitos capitulados nos arts. 138, 139 e 140, todos do Código Penal. Consta nos autos que no dia 25.11.2002, o esposo da querelante apresentou uma fita VHS, cujo conteúdo serviu de base para que o mesmo acreditasse que sua esposa seria adúltera. Acreditando no ocorrido o marido da querelante abandonou o lar. Não tendo o tempo se encarregado de resolver a questão, a fim de que o marido da querelante retornasse para o seu lar, a mesma resolveu investigar, visando descobrir quem teria feito o trabalho, já que seu marido não declinava o nome do inditoso. No mês de agosto de 2003, a querelante conseguiu descobrir o nome da pessoa que fez a filmagem de uma viagem sua até a cidade de Campina Grande, tratava-se

.. do Senhor José Pedro dos Santos, que tem por hábito o exercício da atividade de detetive particular. Juntamente com sua filha, a querelante entrou em contato com o detetive, que subordinou tal encontro à compra de uma cópia da multicitada Fita, cobrando a exorbitante quantia de R$300,00 (trezentos reais). A vítima achou por bem comunicar o fato à polícia, que no dia 21.08.03, na hora da entrega, o querelado foi preso, juntamente com uma parceira, por policiais da 10a Delegacia Distrital Policial desta capital. Com isso, oferecida pela vítima a queixa crime contra o querelado José Pedro dos Santos, dando-o como incurso nos arts. 138, 139 e 140, todos do CP, este foi absolvido, em primeira instância, em virtude da ausência do elemento subjetivo do dolo. 1111 A vítima, ora apelante, recorreu, às fls. 285/291, alegando que o dolo está caracterizado, no momento que o apelado assumiu o risco de estar jogando na lama o nome de uma dona-de-casa, com mais de 50 anos de idade, com mais de 33 anos de casada, com 05 filhos em comum com o único homem de sua vida, seu marido, o Sr. José Abimael. Por fim, pugna pela reforma da sentença a quo, no que se refere aos crimes de difamação e injúria, seja o apelado responsabilizado pelas infrações cometidas. Nas suas contra-razões, de fls. 293/294, a Promotoria de Justiça requer o desprovimento do recurso, com a conseqüente manutenção da sentença absolutória objurgada. A douta Procuradoria de Justiça emitindo parecer de fls. 312/313, opinou pelo desprovimento do recurso. É o relatório. VO TO: Dr. Fábio Leandro de Alencar Cunha Juiz convocado. Vi-- Como visto, que no dia 25.11.2002, o esposo da querelante apresentou uma fita VHS, cujo conteúdo serviu de base para que o mesmo acreditasse que sua esposa 4110 seria adúltera. Acreditando no ocorrido o marido da querelante abandonou o lar. Não tendo o tempo se encarregado de resolver a questão, a fim de que o marido da querelante retornasse para o seu lar, a mesma resolveu investigar, visando descobrir quem teria feito o trabalho, já.. que seu marido não declinava o nome do inditoso. No mês de agosto de 2003, a querelante conseguiu descobrir o nome da pessoa que fez a filmagem de uma viagem sua até a cidade de Campina Grande, tratava-se do Senhor José Pedro dos Santos, que tem por hábito o exercício da atividade de detetive particular. Juntamente com sua filha, a querelante entrou em contato com o detetive, que subordinou tal encontro à compra de uma cópia da multicitada Fita, cobrando a exorbitante quantia de R$300,00 (trezentos reais). A vítima achou por bem comunicar o fato à polícia, que no dia 21.08.03, na hora da entrega, o querelado foi preso, juntamente com uma parceira, por policiais da 10 a Delegacia Distrital Policial desta capital. Processado regularmente o feito, restou o acusado e ora apelado absolvido, nas penas dos artigos 138, 139 e 140, todos do Código Penal, nos termos do art. 386, inc. III, do CPP. 2

Conforme exposto, a apelante, nessa fase recursal, argüiu que o dolo está caracterizado, no momento que o apelado assumiu o risco de estar jogando na lama o nome de uma dona-de-casa, com mais de 50 anos de idade, com mais de 33 anos de casada, com 05 filhos em comum com o único homem de sua vida, seu marido, o Sr. José Abimael. De início cumpre ressaltar que no crime de calúnia, art. 138 do CP, é indispensável que a atribuição feita tenha por objeto um fato determinado e falso, definido como crime, o que in casu, não podemos considerar, vez que o adultério foi revogado pelo Código Penal vigente, não merecendo a questão maiores delongas. Já no crime de difamação (art. 139 do CP), incrimina-se o comportamento de quem ofende a reputação de terceiro, tendo como elemento subjetivo do tipo, em primeiro lugar o dolo de dano: a intenção de macular a reputação da vítima. 1111 Quanto ao crime de injúria (art. 140 do CP), o agente dirige a ofensa contra a dignidade ou ao decoro de outrem. Protege-se a honra subjetiva que constitui o sentimento próprio a respeito dos atributos físicos, morais e intelectuais de cada um. Só se pode intentar a ação penal quando se imputa a alguém um fato típico, que se subsuma em uma descrição abstrata da Lei. Se o fato narrado na queixa não se amolda a um tipo penal, não há tipicidade e a inicial deve ser rejeitada. Indiscutível, portanto, inclusive a atipicidade quando da inexistência do elemento subjetivo do crime, dolo ou culpa. In casu, a responsabilidade pelo ocorrido através da fita gravada, não tem o lugar deliberado da injúria, difamação ou calúnia, perfazendo-se imperioso demonstrar que o ofensor teria agido com o intuito específico de agredir moralmente a vítima. Com efeito, não se consegue aferir o alegado animus difamandi, eis que em nenhum momento o acusado fez qualquer afirmativa dirigida à vítima que tivesse a intenção nítida e deliberada de denegrir a sua honra, dignidade e decoro. Na verdade, observa-se que o apelado limitou-se a narrar fatos de um possível adultério, sem dirigir à apelante qualquer acusação pessoal ou palavras desabonadoras de sua moral, o que desnatura a intenção de difamar, caluniar ou injuriar. É indispensável para a caracterização dos delitos contra a honra, a existência do dolo, ou seja, a vontade de imputar a outrem, falsamente, a prática do crime; entretanto, não havendo, nos autos, prova capaz de estabelecer a intenção da parte em prejudicar a adversa, mister se faz a improcedência do pedido. Aliás, este tem sido também o entendimento jurisprudencial, vejamos: PENAL PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA A HONRA. INJÚRIA E DIFAMAÇÃO CONTRA CIRURGIÃO PLÁSTICO. TERMOS USADOS PELA PACIENTE EM COMUNICAÇÃO AO CRM. ANIMUS DIFFAMANDI E INJURIANDI. INEXISTÊNCIA. AÇÃO PENAL. ATIPICIDADE DO FATO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. TRANCAMENTO. POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. A falta de justa causa para a ação penal deve ser reconhecida quando, de plano, sem a necessidade de exame valorativo do conjunto fático-probatório, evidenciar-se a 3

atipicidade do fato, a extinção da punibilidade, a ilegitimidade da parte ou a ausência de condição exigida pela lei para o exercício da ação penal (CPP, artigo 43, 1, 11 e 111). No tocante aos crimes de difamação e injúria, restou evidenciada, no caso concreto, a atipicidade do fato ante a falta do elemento subjetivo consubstanciado no propósito de ofender a reputação do médico e sua esposa, ou a sua dignidade e decoro. Para o recebimento da queixa-crime é necessário que a petição inicial venha instruída de maneira a indicar a plausibilidade da acusação, ou seja, um suporte mínimo de prova e indício de imputação. Os crimes contra a honra reclamam, para a sua confieuracão, além do dolo, um fim específico, que é a intenção de macular a honra alheia. Inexistente o dolo específico - a intenção de ofender e injuriar - elementos subjetivos dos respectivos tipos, vale dizer, o aeente praticou o fato ora com animus narrandi, ora com animus criticandi, não há falar em crime de injúria ou difamação. Ordem CONCEDIDA para trancar a ação penal. (STJ - HC 43955 / PA - Ministro PAULO MEDINA - DJ 23.10.2006 p. 357) GRIFEI. Ainda adstrito ao tema: O dolo específico nos crimes contra a honra na definição de Nelson Hungria consubstancia-se, verbis: "na consciência e vontade de ofender a honra alheia (reputação, dignidade ou decoro), mediante a linguagem falada, mímica ou escrita. Ê indispensável a vontade de injuriar ou difamar, a vontade referida ao eventus sceleris, que é no caso, a ofensa à honra." (Nelson Hungria, Comentários ao Código Penal, volume VI, arts 137 ao 154, 5 * Ed., Rio de Janeiro, Forense, 1982, p. 53). Destarte, ainda que se vale de minuciosa a gravação da fita pelo detetive particular, a conduta é limitada ao animus narrandi e não tem o condão de elevar a questão à condição de ilícito penal. Por tais razões, em harmonia com a Procuradoria de Justiça, nego provimento ao recurso inserto, mantendo in totum a sentença objurgada. É como voto. Presidiu o julgamento o Exmo. Des. Nilo Luis Ramalho Vieira. Participaram ainda do julgamento o Exmo. Dr. Fábio Leandro de Alencar Cunha (Juiz convocado em substituição ao Exmo. Des. Antonio Carlos Coêlho da Franca), Relator, o Exmo. Des. Leôncio Teixeira Câmara, e o Exmo. Des. Joás de Brito Pereira Filho. Procuradora de Justiça. Presente a Sessão a Exma. Dra. Kátia Rejane Medeiros Lira Lucena, Sala de sessões da Egrégia Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, aos 12 dias do mês de junho do ano de 2008. \m". Dr. Fábio Leandro UI A ncar Cunha Juiz com, ' c de 4

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