Mensagem de José Antonio Álvarez O ano de 2014 se caracterizou pela melhoria da situação econômica mundial, principalmente no caso das economias desenvolvidas, as mais afetadas pela crise financeira. Houve um avanço na situação financeira dos consumidores e das empresas, o que, associado às ações dos bancos centrais, está facilitando o acesso ao crédito por parte dos agentes econômicos. Entretanto, ao exercício não faltaram volatilidade e incertezas, como os riscos geopolíticos e as quedas nos preços das matérias-primas. As taxas de juros continuam baixando a nível mundial, especialmente na zona do euro, onde a taxa oficial ficou em 0,05%. O ambiente regulatório também continuou evoluindo com novas medidas de capital ou com novas provas de resistência, realizadas por diversos reguladores, as quais superamos e ficamos acima da média do setor em todos os casos. Nesse ambiente, o Grupo Santander gerou um lucro atribuído de 5,8 bilhões de euros em 2014, um crescimento de 39,3% em relação ao ano anterior. O lucro atribuído por ação ficou em 0,479 euro, 24,4% acima na comparação com 2013. Trata-se de um lucro de melhor qualidade, caracterizado por: aumento da receita em nove das dez principais unidades, principalmente pela melhoria das atividades comerciais; contenção de custos, com aumento abaixo da inflação média, à medida que absorvem investimentos para poder crescer; queda nas provisões em sete das dez unidades principais, especialmente em regiões afetadas por recessão ou desaceleração econômica nos últimos anos; incremento do lucro generalizado por unidade, já que, pela primeira vez desde 2007, todas aumentaram seu lucro antes de impostos em moeda local, reflexo de uma administração diferenciada e adaptada à situação de cada país. Jose Antonio Alvarez, CEO. Em relação ao balanço, o crédito inverteu a tendência e voltou a crescer no Grupo depois de vários anos de recuo. Além disso, esse crescimento é registrado tanto no caso de pessoas físicas como em empresas, e em todos os principais países, com exceção de Portugal. Isso foi possível graças ao esforço realizado para oferecer a nossos clientes novos produtos e serviços. 12
Do lado do passivo, compatibilizamos um incremento dos recursos em todos os países com uma administração focada em reduzir o custo do depósito, principalmente em geografias com taxas de juros em níveis mínimos. Assim, o Grupo encerra o exercício com um balanço mais elevado e também mais sólido: com melhor qualidade de crédito. A forte redução de entradas em mora se reflete na diminuição dos índices de inadimplência do Grupo e das principais unidades à medida que aumenta o nível de cobertura. com liquidez confortável. O índice de crédito/depósitos (LTD: 113% no Grupo) se mantém na zona de conforto, e cumprimos antecipadamente e com folga os requisitos regulatórios de curto prazo (Liquidity Coverage Ratio ou LCR) tanto no Grupo como nas principais subsidiárias; Pela primeira vez desde 2007, todas as regiões aumentaram o lucro antes de impostos em moeda local, reflexo de una administração diferenciada e adaptada à situação de cada país e com índices de capital reforçados por meio da geração orgânica, da emissão de capital adicional de nível 1 (Tier I) e, em janeiro de 2015, com um aumento de capital. A solidez do balanço, a recorrência de resultados e o modelo de negócio de baixo risco do Santander ficaram evidentes na avaliação global realizada pelo Banco Central Europeu com os principais bancos da União Europeia. A partir dos resultados dessas provas podemos tirar duas grandes conclusões: 1. O Santander apresentou um balanço limpo e avaliado de forma prudente. O Banco registrou um impacto irrelevante (200 milhões de euros em um balanço em torno de 1,3 bilhão) em função da análise de qualidade de seus ativos (Asset Quality Review - AQR), o menor entre seus concorrentes europeus. 2. Nosso modelo de negócio apresenta menor volatilidade em relação ao restante do setor e consome menos capital em situações econômicas desfavoráveis. No cenário pessimista das provas de resistência, fomos a instituição com menor impacto entre nossos concorrentes, com um superávit de capital sobre o mínimo requerido de aproximadamente 19,5 bilhões de euros. Resumindo, a evolução do lucro e do balanço se traduziu em aumento da rentabilidade para o Grupo Santander. Com relação ao ano anterior, a rentabilidade sobre o capital tangível (RoTE) aumentou 1,4 ponto percentual, chegando a 11%, da mesma forma que a rentabilidade sobre os ativos ponderados pelo risco (RoRWA), que apresentou melhoria até 1,3, alcançando um nível que, embora bastante comparável a muitos concorrentes, ainda se mostram distantes de nosso potencial. O Grupo encerra o exercício com um balanço mais amplo e também mais sólido 13
A evolução do lucro e do balanço foi traduzida em um aumento da rentabilidade para o Grupo Santander Perspectivas por área de negócio As perspectivas econômicas para 2015 são melhores quando comparadas aos últimos exercícios. Esperamos especialmente que a recuperação na Europa se consolide e que seja registrado um crescimento mais amplo nos países emergentes. Entretanto, os bancos seguem operando em um ambiente muito complexo, com baixas taxas de juros e crescimento econômico inferior ao ciclo anterior. Paralelamente, o ambiente regulatório continuará evoluindo com rapidez visando contar com sistemas bancários mais fortes e transparentes. Estamos conscientes do seu objetivo favorável, mas também da complexidade crescente por ele gerada e de seu impacto na rentabilidade estrutural das instituições nos próximos anos. Assim, entendemos que o regulador deve avaliar o impacto que as reformas e o novo ambiente têm sobre o crescimento econômico e a capacidade dos bancos de realizar de maneira sustentável a função que recebeu: financiar o crescimento da economia e contribuir para a riqueza de famílias e empresas. Na carta da presidenta explicamos com detalhes quais serão as prioridades estratégicas do Grupo nos próximos anos. As páginas a seguir recapitulam a evolução das principais unidades em 2014 e suas prioridades de gestão em 2015. 19% 14% 11% Mercados desenvolvidos Reino Unido Em 2014, a transformação da rede comercial e o ambiente econômico favorável impactaram positivamente a atividade, a receita comercial e as provisões do Santander UK. Com isso, o lucro atribuído registrou alta de 30%, atingindo 1,2 bilhão de libras. Também destacamos o crescimento do segmento de empresas superior ao mercado, o aumento vinculado a pessoas físicas e a mudança de tendência no que diz respeito ao crédito imobiliário, que encerra o ano com um incremento de 1%. Essas dinâmicas de negócios, associadas à solidez de nosso balanço, fornecem uma base excelente para enfrentar 2015, ano em que manteremos as principais linhas estratégicas: aumento de clientes vinculados, de contas à vista e do crédito a empresas acima do mercado. Também continuaremos investindo em tecnologia digital, em combinação com uma nova melhoria no índice de eficiência. Espanha O ano de 2014 foi marcado pelo retorno do crescimento em resultados e volumes. O lucro atribuído mais que duplicou, alcançando 1,1 bilhão de euros, motivado pelo recuo do custo do passivo, pela redução de gastos e pela queda das provisões por conta da melhoria do risco de crédito. Também destacamos o aumento do crédito, pela primeira vez desde 2008, sustentando por empresas e PMEs, assim como o forte crescimento de crédito imobiliário novo. Em 2015, e em um ambiente macroeconômico que continuará melhorando, o lucro e a rentabilidade seguirão seu processo de normalização. Finalizada a integração, daremos um enfoque mais amplo no negócio comercial, na qualidade de serviço e na vinculação de clientes. Temos o objetivo de aumentar a participação de mercado nos segmentos mais atrativos do crédito, nos quais devemos voltar a superar o setor. Além disso, uma especial atenção na melhoria do custo do crédito e da excelência operacional afetarão positivamente os resultados. Santander Consumer Finance O Santander Consumer Finance (SCF) é um dos negócios de melhor evolução durante a crise, com um comportamento superior aos concorrentes. Em 2014, seu lucro atribuído alcançou 891 milhões de euros, 12% acima do exercício anterior, sustentado por produção e receita maiores, e em um custo de crédito bastante reduzido para seu tipo de atividade. Aliado a isso, conseguimos chegar a acordos que melhoram nossa posição e o potencial de crescimento futuro. Em 2015, o acordo com o Banque PSA Finance e o negócio adquirido da GE Nordics consolidarão nossa liderança em automóveis em 14
vários países europeus, permitindo a entrada em mercados como França e Suíça, onde não operávamos antes. A prioridade do exercício será alcançar uma integração exemplar das novas operações para extrair todo seu potencial, sem que nos esqueçamos do crescimento das outras unidades a margens adequadas a cada mercado. Estados Unidos Em 2014, o Santander EUA obteve um lucro atribuído de 1,061 bilhão de dólares, número similar ao de 2013. Esse montante não cresce por conta dos minoritários principais do SCUSA depois de sua saída para a bolsa. Antes dos minoritários, o lucro aumentou 4% como resultado de estratégias diferenciadas por unidades. O Santander Bank, nosso banco comercial no Nordeste dos EUA, focou seu crescimento no segmento de empresas e auto finance, ao mesmo tempo em que reposicionou seu balanço em termos de rentabilidade com a redução de ativos improdutivos e cancelamento de dívida a longo prazo com custo além do mercado. 10% O SCUSA, nossa financeira de consumo especializada em automóveis, aumentou a originação e a venda de créditos, após o acordo conseguido com a Chrysler, assim como o peso da atividade de administração de recebimentos de terceiros (servicing). Em 2015, nossos dois objetivos fundamentais são: por um lado, continuar melhorando a rede comercial para conquistar mais participação em uma economia em crescimento; por outro lado, reforçar as estruturas de governança e controle por meio de investimentos adicionais em tecnologia, riscos e conformidade regulatória, que permitam cumprir com a maior rapidez possível as exigências do regulador. Levará tempo, mas construiremos um banco melhor. Portugal Em um contexto de mercado ainda frágil, o Santander Totta continua sendo o banco mais rentável do país. Obtivemos um lucro atribuído de 189 milhões de euros, 65% superior a 2013, com receita, custos e provisões contribuindo com o crescimento. Em 2015, continuaremos a normalização do lucro. Em um ambiente com concorrentes em situação de fragilidade, temos a oportunidade de ganhar participação rentável nos próximos anos, crescendo em clientes e receita. Além disso, vemos novas melhorias de custos e quedas de provisões. 2% Mercados Emergentes Brasil Em um ambiente de ajuste e baixo crescimento, estamos melhorando nosso modelo de negócios para fazê-lo mais sustentável, com o incremento da atividade comercial, maior vinculação, maior recorrência de receita e menor risco. Em 2014, os resultados começaram a refletir essa estratégia. O lucro atribuído foi de 1,5 bilhão de euros, 8% superior a 2013 à taxa de câmbio constante. As alavancas desse crescimento são uma redução de provisões e um crescimento de custos muito inferior ao da inflação. Por outro lado, a receita ainda reflete pequeno crescimento devido à mudança de mix em direção a negócios de menor risco e de margens maiores, já refletidos no custo do crédito. 19% Para 2015, teremos iniciativas dirigidas a aumentar o número de clientes vinculados, a manter o crescimento no segmento de empresas e naqueles setores onde nossa presença é menor, e a continuar melhorando a eficiência. A isso se somam a aquisição de participações minoritárias e os investimentos em GetNet e no Bonsucesso, que, além de demonstrarem confiança do Banco no potencial de médio e longo prazo do país, terão um efeito positivo nos resultados diretamente falando. 15
8% 6% 6% 4% México Em 2014, o Santander México continuou ampliando e fortalecendo sua franquia. Consequentemente, o lucro antes de impostos chegou a 1,057 bilhão de euros, 9% a mais que em 2013 à taxa de câmbio constante, apoiado no incremento da receita por volume e na melhoria do custo do crédito. Seu lucro atribuído, afetado pela elevação de impostos, registrou um recuo de 3%. Em 2015, aliaremos os investimentos no negócio multicanal e na abertura de agências ao plano de eficiência. Nosso objetivo é crescer além do mercado, principalmente no que diz respeito a clientes de alta renda (Select), PMEs (Advance) e empresas. Estamos preparados para aproveitar a recuperação econômica e queremos ser um dos bancos líderes no financiamento do Plano de Infraestrutura anunciado pelo Governo. Chile O Santander Chile obteve um lucro atribuído em 509 milhões de euros, 35% superior relativamente a 2013 à taxa de câmbio constante. Um excelente resultado gerado pelo crescimento em segmentos-chave, melhoria em aplicações e impacto favorável da receita na carteira UF (indexada pela inflação), em um ano em que a mesma foi superior ao esperado. Durante o ano, o Banco focou na melhoria da gestão comercial e na vinculação de clientes, o que contribuiu para elevar a satisfação em todas as redes e canais. Em 2015, o tom mais expansivo da política monetária e fiscal prevê uma revitalização da atividade. A estratégia do banco continuará dirigida ao aperfeiçoamento da experiência dos nossos clientes, à transformação do banco comercial e ao aprofundamento do modelo de relacionamento com empresas e grandes corporações. Polônia Em 2014, e em um cenário de forte queda de taxas de juros, o BZ WBK obteve um lucro atribuído de 358 milhões de euros, 7% superior ao ano anterior à taxa de câmbio constante. Destacamos a melhoria da receita comercial, um diferencial frente a seus concorrentes, por conta do êxito das campanhas comerciais que permitiram o aumento de créditos e depósitos. Enfrentamos 2015 com bom posicionamento de mercado, uma vez concluída a integração de BZ WBK e Kredyt Bank. Teremos como base a liderança em cartões, o banco móvel e o banco eletrônico, nossa capacidade para oferecer soluções inovadoras a pessoas físicas e empresas e o desenvolvimento do programa estratégico Next Generation Bank, que tem como principal objetivo converter a BZ WBK em Banco de primeira escolha dos clientes. Argentina Em um ambiente complexo, o Santander Río apresentou aumento de 33% para o lucro atribuído, atingindo 298 milhões de euros. Continuamos como primeiro banco privado do país por volume, contamos com um modelo de negócios com forte base em transações e com um balanço sólido e de baixo risco estrutural. Em 2015, continuaremos desenvolvendo uma estratégia voltada à melhoria de nosso posicionamento comercial para aproveitar a maior bancarização do país, com aumento do foco em pessoas físicas de alta renda, PMEs e em produtos transacionais. 16
Negócios globais O Santander Global Banking and Markets registrou em 2014 um lucro atribuído de 1,6 bilhão de euros, 16% superior ao ano anterior em euros constantes, fortemente sustentado na solidez da receita de clientes e em recuo de provisões. Em 2015, o Grupo continuará desenvolvendo suas capacidades para expandir nossa presença no segmento de grandes empresas multinacionais operando junto às nossas principais regiões: Europa e Reino Unido, América do Norte e América Latina. Private Banking, Gestão de Ativos e Seguros continuaram elevando sua contribuição ao Grupo. Em 2014, foram 4,5 bilhões de euros de receita total, incluídos os cedidos às redes comerciais, 7% superior relativamente a 2013 a taxas de câmbio e perímetro homogêneos, o que equivale a 10% da receita do Grupo. A isso se soma o bom andamento dos acordos estratégicos com especialistas de produto em vários países a fim de impulsionar os negócios de seguros e gestão de ativos nos próximos anos. Conclusões Quero concluir resumindo as ideias básicas quanto às perspectivas do Santander nos próximos anos: Iniciamos 2015 com boa dinâmica de resultados e volumes. Contamos com posições folgadas de liquidez e capital para crescer em um ambiente de maior atividade em nossos principais mercados. Sabemos o que fazer para ter sucesso comercial: colocar o cliente no centro de nossa gestão. Manteremos nosso foco na excelência operacional para simplificar os processos internos, transformar o banco em termos digitais e melhorar a eficiência e o serviço ao cliente. Reforçaremos a gestão dos riscos, prioridade para o Santander. Utilizaremos o capital de maneira muito mais eficiente, saindo de negócios não estratégicos e centrando em áreas de crescimento. Nosso objetivo final é melhorar a rentabilidade sobre o capital empregado. Espero que nos próximos anos o lucro se normalize em níveis anteriores aos da crise econômica. Como indica a presidenta em sua carta, queremos alcançar uma rentabilidade sobre o capital tangível de 12-14%, com uma distribuição de dividendos majoritariamente em dinheiro e de acordo com o crescimento dos resultados, o que repercutirá positivamente na valorização da nossa ação. Para implementar nossa estratégia e obter nossos objetivos, contamos com uma equipe experiente e com capacidades de gestão adequadas, o que continuaremos reforçando por meio do plano estratégico de recursos humanos, que tem como objetivo fazer do Santander o melhor banco para trabalhar. Tenho confiança de que, com respaldo e motivação de nossos funcionários e com a confiança de nossos clientes e acionistas, poderemos alcançar todos os objetivos propostos para 2015. Nosso objetivo final é melhorar a rentabilidade sobre o capital empregado. Desejamos alcançar uma rentabilidade sobre o capital tangível de 12-14% José Antonio Álvarez CEO 17