MANIFESTAÇÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO PREGÃO ELETRÔNICO Nº 075/2012-MP/PA PREGOEIRA: ANDRÉA MARA CICCIO EMPRESA RECORRENTE: PREMIUM SERVICE LTDA CONTRARRAZÕES: TREVO COMERCIO E SERVICO LTDA - ME OBJETO: Contratação de Empresa especializada na prestação de serviços de manutenção preventiva e corretiva em portas, divisórias, painéis e bandeiras em vidro temperado, instaladas nos prédios pertencentes ao Ministério Público na região metropolitana de Belém, com fornecimento, sem ônus para o MPPA, de peças e demais materiais necessários à execução dos serviços. I DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO A manifestação e motivação da intenção em recorrer foram registradas pela recorrente na própria sessão pública do Pregão em referência, sendo-lhe concedido o prazo de três dias para apresentação da fundamentação das suas alegações, e igual prazo concedido aos demais licitantes para a apresentação das contra-razões a partir do término do prazo da recorrente, caso entendam necessário. Dentro do prazo legal foram apresentadas as razões e as contrarrazões, portanto, tempestivos. II - DAS RAZÕES APRESENTADAS PELA EMPRESA. A empresa recorrente PREMIUM SERVICE LTDA, alega que não merecia prosperar o resultado deste certame, de acordo com as razões a seguir, in verbis: Nossa empresa foi desclassificada pela Comissão de Licitação, ao decidir que nosso Atestado de Capacidade Técnica, não cumpre as exigências determinadas no Edital. Justificamos que cumprimos sim, e o Atestado deve ser analisado como um todo, aonde o que fizemos foi a manutenção no maior, mas dentro deste maior existem diversos itens que tacitamente devem ser considerados. Porém, como foi decisão da comissão destituir nosso Atestado, considerando-o como não cumpridor das premissas do edital, solicitamos de imediato ao Órgão que nos forneceu o mesmo, um complemento do atestado fornecido, constando os itens que estão sendo solicitados por esta respeitável Comissão de Licitação, o que nada desabona a veracidade do que foi fornecido primeiramente. Esta é a nossa maior solicitação a esta Comissão, aceitar o nosso pedido de complemento do Atestado, para fins de justificativa dos itens. Quanto as classificação da empresa TREVO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA ME, temos alguns questionamento a Alencar: 1
a) A mesma não pode ser dada como vencedora, pois não cumpre o item 12.1.5 do Edital, aonde se refere QUALIFICAÇÂO TÈCNICA, ficando a mesma sem comprovar um Acervo Técnico emitido pelo órgão competente CREA, ferindo assim o que se pede no edital. b) A empresa TREVO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA ME, no conteúdo do seu Contrato Social e Alterações, não consta como Prestação de Serviços o NIC - SERVIÇOS DE MANUTENÇÂO PREVENTIVA E CORRETIVA, o que é o Objeto principal deste Certame, ferindo assim novamente os pré-requisitos que solicita o Edital, logo a mesma não pode ser Classificada e muito menos informada como vencedora. c) Pelas informações contidas nas alíneas a e b acima, a empresa TREVO COMERCIO E SERVIÇOS LTDA ME, não cumpriu os mandamentos do Edital Pregão eletrônico 075/2012 do Ministério Público do Estado do Pará, que é a Lei maior para a ocasião, não estando assim em conformidade com as exigências solicitadas, o que deve de imediata ser desclassificada. Da Conclusão: Através do exposto acima, solicitamos a V. Sa. dar andamento a este Recurso Administrativo interposto por PREMIUM SERVICE LTDA ME, no sentido de analisar e decidir quanto as solicitações de atender os nossos pedidos em receber o nosso Atestado Técnico com os complementos, onde se for necessário Diligenciar equipe interna para verificar a veracidade do mesmo, no Órgão ou empresa que forneceu o mesmo, e de desclassificar a empresa TREVO COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA ME, por não cumprir as premissas do edital, conforme descrito no item acima. III DAS CONTRARRAZÕES A empresa TREVO COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA-ME, alega em suas contrarrazões que os argumentos da empresa PREMIUM SERVICE LTDA não devem ser considerados, ipsis litteris: Aduz a recorrente que não estaria a recorrida qualificada tecnicamente para a prestação do serviço exigido no edital, pois deixou de cumprir o item 12.1.5, visto que deixou de apresentar o Acervo Técnico emitido pelo CREA, em descumprindo as regras do edital e que no conteúdo de seu Contrato Social e Alterações, não consta como Prestação de Serviços o NIC - SERVIÇOS DE MANUTENÇÂO PREVENTIVA E CORRETIVA, o que supostamente seria o objeto principal deste certame, contrariando assim o que solicita o edital. Respectivas afirmações não devem ser consideradas e tampouco prosperarem, vez que o edital, em momento algum, mesmo no tópico das condições de participação, faz tais exigências, tanto o é que a recorrente não cita de forma coerente qualquer previsão da exigência, fazendo acusações e levantando hipóteses infundadas, somente como forma de tumultuar o processo licitatório. 2
Neste sentido, é importante lembrar que o ordenamento jurídico pátrio estabelece que a Administração Pública, em matéria de licitação, encontra-se afeta, dentre outros, ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, estabelecido no art. 41 da Lei 8.666/93, que é claro ao dispor: Art. 3 - A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. Art. 41 - A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada. Como dito, no caso em análise, em momento algum a Recorrente provou que o edital especificou que era necessária a comprovação de habilitação com apresentação do CREA e constar no conteúdo do Contrato Social e Alterações como Prestação de Serviços o NIC - SERVIÇOS DE MANUTENÇÂO PREVENTIVA E CORRETIVA para realização dos serviços constantes do Objeto desta licitação, até mesmo porque não conseguiria, vez que não existe previsão alguma. Daí extrai-se que a recorrida cumpriu estritamente as regras editalícias, razão pela qual não poderá ser desclassificada do certamente licitatório. III CONCLUSÃO: Desta forma, extremamente relevantes os fundamentos invocados nesta contra razão, para manter a decisão dessa Comissão de licitação, que declarou vencedora dos itens constantes do edital de n. 75/2012 do MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARÁ, a empresa recorrida, o que desde já se requer. III DA ANÁLISE DO PEDIDO De acordo com o aduzido no recurso interposto pela empresa PREMIUM SERVICE LTDA, o Atestado de Capacidade Técnica-Operacional apresentado pela mesma atende ao exigido no certame licitatório. Ocorre que o objeto da licitação, conforme expresso no instrumento convocatório, consiste na manutenção preventiva e corretiva em portas, divisórias, painéis e bandeiras em vidro temperado, atividade esta que, mesmo após a minuciosa análise realizada pela Sra. Pregoeira, não consta no Atestado submetido pela Empresa recorrente. Desta forma, a empresa foi devidamente declarada inabilitada, em virtude da inobservância ao disposto no item 12.1.5.1 do Edital, posto que o Atestado de Capacidade Técnica apresentado não comprova a capacidade operacional da licitante para o desempenho da atividade pertinente e compatível, em características, quantidades e prazos, com o objeto da licitação. 3
Declarada a inabilitação da Empresa, a Sra. Pregoeira procedeu ao recebimento dos documentos de habilitação da segunda colocada, a qual foi declarada habilitada, após análise da documentação apresentada. Inexiste na presente fase do certame licitatório, portanto, a possibilidade de aceitação de complementação do Atestado de Capacidade Técnica da Empresa PREMIUM SERVICE LTDA e diligência junto ao órgão emissor do mesmo, conforme requer em seu recurso, haja vista que não há previsão para tal procedimento na legislação pertinente, tampouco no instrumento convocatório do certame. Ademais, aceitar a complementação suscitada pela empresa recorrente ensejaria uma excessiva demora na conclusão do procedimento, o que macularia de pronto a celeridade do certame, característica precípua do Pregão Eletrônico, bem como a violação do direito da empresa declarada habilitada no momento oportuno. Neste diapasão, pelo respeito eminente aos princípios da isonomia, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e da celeridade, dentre outros que orientam continuamente a condução do procedimento licitatório, esta Pregoeira entende pela não adequação do Atestado de Capacidade Técnica- Operacional apresentado pela Empresa PREMIUM SERVICE LTDA ao objeto da licitação, bem como pela impossibilidade de aceitação de complementação do referido Atestado. Concernentemente às razões do Recurso da Empresa PREMIUM SERVICE LTDA que pugnam pela inabilitação da Empresa TREVO COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA, inicialmente, temos que resta completamente inconsistente a afirmação de que esta Empresa não atendeu ao disposto no item 12.1.5 do instrumento convocatório, pois ficou a mesma sem comprovar um Acervo Técnico emitido pelo órgão competente CREA, ferindo assim o que se pede no edital, in verbis. Ocorre que inexiste no Edital do Pregão Eletrônico nº 075/2012-MP/PA a exigência de apresentação do Acervo Técnico para a comprovação da qualificação técnica da Empresa, que será auferida apenas através do Atestado de Capacidade Técnica-Operacional (item 12.1.5.1) e do Atestado de Visita Técnica (item 12.1.5.2), únicas exigências do item 12.1.5 e que foram devidamente atendidas pela Empresa TREVO COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA, certificando sua aptidão para o desempenho das atividades pertinentes ao objeto licitado. Em seguida, afirma a empresa recorrente que no conteúdo do Contrato Social da Empresa TREVO COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA não consta com Prestação de Serviço o NIC SERVIÇO DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CORRETIVA, o que é o objeto principal deste Certame ferindo assim novamente os pré-requisitos que solicita o Edital, logo a mesma não pode ser Classificada e muito menos informada como vencedora. Neste momento, convém esclarecer que, no que se refere ao Contrato Social da Empresa, o que se busca averiguar é a compatibilidade que obrigatoriamente deve existir entre as atividades constantes do objeto social da licitante e o objeto do certame licitatório. Isto posto, cabe à Administração apenas verificar se 4
as atividades dispostas nos documentos constitutivos da empresa são compatíveis, de forma geral, com o objeto da licitação. Inexiste a exigibilidade de que esteja expressamente prevista no Contrato Social a atividade específica objeto da licitação, isto porque não vigora no âmbito do procedimento licitatório o chamado Princípio da Especialidade, que restringe a atuação das pessoas jurídicas aos limites do objeto social descrito em seus atos constitutivos. O doutrinador Marçal Justen Filho leciona: o problema do objeto social compatível com a natureza da atividade prevista no contrato se relaciona com qualificação técnica. Se uma pessoa jurídica apresenta experiência adequada e suficiente para o desempenho de certa atividade, a ausência de previsão dessa mesma atividade no seu objeto social não poderia ser empecilho a sua habilitação. (MARÇAL JUSTEN FILHO, Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 13ª Ed., pág.396). Neste mesmo sentido é o entendimento maciço da jurisprudência pátria: "REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANCA. LICITAÇÃO. QUALIFICACÃO TÉCNICA. A INABILITAÇÃO TÉCNICA DE EMPRESA POR FALTA DE QUALIFICAÇÃO TÉCNICA É RESTRITA ÀS HIPÓTESES DO ARTIGO 30 DA LEI N 8666/93. O SIMPLES FATO DE O OBJETO SOCIAL DA EMPRESA NÃO COINCIDIR PRECISAMENTE COM O OBJETO CENTRAL DA LICITAÇÃO NÃO É MOTIVO SUFICIENTE PARA SUA INABILITAÇÃO. SENTENÇA CONCESSIVA DA SEGURANÇA MANTIDA EM REEXAME NECESSÁRIO. (Reexame Necessário Nº 599042074, Primeira Câmara de Férias Cível, Tribunal de Justiça do RS)". A decisão proferida pela Pregoeira, portanto, é inteiramente adequada aos fins da licitação, em consonância com doutrina e jurisprudência pertinentes à temática. IV CONCLUSÃO E DECISÃO DA PREGOEIRA Diante de todo o exposto e à luz dos princípios basilares da licitação pública, a Pregoeira decide por ADMITIR o presente recurso, para no mérito julgá-lo IMPROCEDENTE, mantendo a decisão proferida pela Sra. Pregoeira no Pregão Eletrônico Nº 075/2012-MP/PA. Submeto a presente manifestação à consideração superior de Vossa Excelência, para julgamento, conforme previsão do art. 18, inciso XXII, b, 5, da Lei Complementar n 057/2006, do Ministério Público do Estado do Pará. Belém, 21 de Novembro de 2012 Andréa Mara Ciccio Pregoeira MPE/PA 5