Planejamento Tributário Empresarial 1 Dos ilícitos e crimes tributários Na inobservância da lei tributária, o contribuinte poderá infringir a sanção ou mesmo cometer um crime. Da infração tributária e suas sanções O direito tributário impõe ao contribuinte diversas obrigações, como a obrigação de dar, obrigação de fazer, ou de deixar de fazer, (obrigações principal e acessória), conforme prevê a lei. O descumprimento constitui-se infração tributária, prática considerada ilícita. Com o descumprimento destas obrigações, seja obrigação principal ou acessória, será atribuída ao contribuinte uma sanção imposta pelo Fisco, penalidade essa pelo descumprimento da Norma Tributária. Estes sanções podem ser de diversas modalidades. Aqui elencaremos as sanções punitivas tributárias administrativas, como: multa, apreensão e perdimento de bens, interdição de estabelecimentos e outros procedimentos de fiscalização. Espécies de ilícito tributário Infração puramente tributária é aquela que se configura exclusivamente pela lei fiscal. Infração apurada por procedimento meramente administrativo. Tem por finalidade o pagamento do tributo ou de penalidade. Ex.: ao classificar um produto cuja tributação gere pagamento a menor do tributo, o que pode ocorrer na classificação do produto para o pagamento do IPI. Na infração tributária e penal o contribuinte comete uma infração administrativa tributária e outra de caráter penal (tipificado no Código Penal). Neste caso, há a aplicação da sanção administrativa e da sanção penal pela violação da lei penal.
Planejamento Tributário Empresarial 2 Ex.: apresentação de documento falso que importa na falta do pagamento do tributo. Pela falta do pagamento, a sanção é administrativa tributária, e a falsidade do documento, sanção penal. Já na infração exclusivamente penal o contribuinte pratica um ato que fere somente a lei penal, ficando o autor sujeito à apuração do crime. Ex.: quando o servidor de qualquer sujeito ativo (Fazenda Pública) consciente de que um imposto não deve ser lançado a um contribuinte e mesmo assim exige o seu pagamento. Dos crimes tributários e crimes contra a ordem tributária Quando falamos em crime quanto à ordem tributária, temos que ter a certeza que o ato que o constitui deve estar descrito no Código Penal Brasileiro ou nas Leis que tratam sobre os crimes contra a ordem tributária. Crimes especificamente tributários no Código Penal Contrabando É a importação ou exportação de mercadoria proibida, inexistindo incidência fiscal sobre qualquer mercadoria. Não há tributo a pagar por ser produto proibido, tratando-se de infração exclusivamente penal. Descaminho É a ação de deixar de pagar todo ou parte de imposto devido pela entrada e/ou pela saída de mercadorias. Aqui a mercadoria não é proibida, entretanto, o tributo é devido, tratando-se de infração administrativa e penal. Crimes indiretamente tributários no Código Penal Violação de segredo funcional
Planejamento Tributário Empresarial 3 Refere-se indiretamente à matéria tributária. Por exemplo, revelar a fortuna ou patrimônio do contribuinte. Excesso de exação Consiste no fato do funcionário público exigir imposto, taxa ou emolumento que sabe indevido, ou quando devido, emprega na cobrança meio gravoso não autorizado por lei. Prevaricação Consiste em retardar ou deixar de praticar ato ou praticá-lo contra disposição expressa de lei para satisfazer interesse pessoal. Falsidade ideológica Consiste em omissão em documento público ou particular, declaração que dele devia constar ou inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade dos fatos. Aqui podemos exemplificar como fornecer ou apresentar certidão com informação inverídica. Crimes contra a ordem tributária Sonegação é ocultação do fato gerador com o objetivo de não pagar o tributo devido de acordo com a lei, sem que tenha havido qualquer modificação na estrutura da obrigação ou na responsabilidade do contribuinte. Fraude Falsificação de documentos fiscais, na prestação de informações falsas ou na inserção de elementos inexatos nos livros fiscais, com o objetivo de não pagar o tributo ou de pagar importância inferior.
Planejamento Tributário Empresarial 4 Conluio É quando dolosamente duas ou mais pessoas naturais (pessoa física) ou jurídicas visam obter os efeitos da sonegação ou fraude. Os exemplos são diversos, como tratar com profissionais da saúde para deixarem de declarar o valor dos serviços; tratativa entre locador e locatário para ambos não declarem o valor recebido/ pago. Revendo os impostos em espécie Nesta aula e nas duas últimas aulas nos aprofundaremos nos tributos em espécies, o que dará um reforço no conhecimento aprendizado. As informações anteriormente apresentadas estão baseadas na legislação em vigor na época de sua elaboração e em informações colhidas em diversas fontes oficiais e secundárias. Portanto, é indispensável que todas as informações sejam confirmadas, complementadas e atualizadas junto aos órgãos competentes, como a Receita Federal do Brasil e outros. Dos impostos federais Imposto de importação tem função extrafiscal, isto é, é um instrumento regulador do comércio exterior e será sempre devido quando houver importação de mercadoria e a sua formalização no desembaraço aduaneiro. Sua alíquota e forma de aplicação estão previstas na CF/88 e ainda no artigo 23 do CTN, tendo em vista o modo de medir do produto: o valor do imposto multiplicado pelo seu quilo, pelo metro, pela dúzia etc. Ainda temos outras formas de tributação de acordo com leis especiais, como a que trouxe a tributação por importação por via terrestre (as importadas do Paraguai). Imposto de exportação
Planejamento Tributário Empresarial 5 Esse imposto também tem como função extrafiscal, isto é, instrumento regulador do comércio exterior e será sempre devido quando houver exportação de mercadoria e a sua formalização na emissão da guia de exportação ou documento equivalente. Ainda nos ensina que a alíquota é de 10%, podendo ser reduzida a zero ou aumentada até quatro vezes, nos termos da Constituição citada e do Código Tributário Nacional. Imposto de renda e proventos de qualquer natureza O imposto de renda se sujeita ao princípio da anterioridade do exercício financeiro, mas não se sujeita à noventena. Seu fato gerador é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza, desde que implique acréscimo patrimonial. Para melhor entender, renda é todo o produto do capital ou do trabalho, ou, ainda, a combinação de ambos. Proventos são todos os outros acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda. Estão sujeitos a esta tributação pessoas físicas, jurídicas que tenham registrado acréscimo patrimonial. Imposto de renda pessoa jurídica São contribuintes do imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ): as pessoas jurídicas e as empresas individuais. As disposições tributárias do IR aplicam-se a todas as firmas e sociedades, registradas ou não. As entidades submetidas aos regimes de liquidação extrajudicial e de falência sujeitam-se às normas de incidência do imposto aplicáveis às pessoas jurídicas, em relação às operações praticadas durante o período em que perdurarem os procedimentos para a realização de seu ativo e o pagamento do passivo. As empresas públicas e as sociedades de economia mista, bem como suas subsidiárias, são contribuintes nas mesmas condições das demais pessoas jurídicas.
Planejamento Tributário Empresarial 6 Formas de tributação das pessoas jurídicas As PJ, por opção ou por determinação legal, são tributadas através do lucro presumido ou lucro arbitrado. Do lucro presumido O lucro presumido é uma forma de tributação simplificada para determinação da base de cálculo o imposto de renda e da CSLL (contribuição sobre o lucro líquido) das pessoas jurídicas que não estiverem obrigadas, no ano-calendário, à apuração do lucro real. O imposto de renda é devido trimestralmente, podendo ser antecipado e apurado mensalmente e ao final do trimestre feito o seu ajuste. Ingresso no sistema A opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido será manifestada com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário. Note que somente o pagamento já torna a empresa optante por esta forma de apuração. A pessoa jurídica que iniciar atividades a partir do segundo trimestre manifestará a opção com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido relativa ao período de apuração do início de atividade (BRASIL-RF. 2012). A opção pela apuração do imposto de renda com base no lucro presumido é irretratável para o anocalendário (Lei nº 9.718, de 1998, art. 13, 1º). Atenção: Veja as observações importantes trazidas na Lei. Não poderão optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido as pessoas jurídicas que exercerem atividades de compra e venda, loteamento, incorporação e construção de imóveis, enquanto não concluídas as operações imobiliárias para as quais haja registro de custo orçado.
Planejamento Tributário Empresarial 7 As pessoas jurídicas de que tratam o inciso I e III a V do art. 14 da Lei n 9.718, de 1998, que optarem pelo REFIS Programa de Recuperação Fiscal, poderão, durante o período em que submetidas ao REFIS, adotar o regime de tributação com base no lucro presumido, a partir de 2000. Saída do sistema A saída do sistema de tributação pelo lucro presumido será efetuada quando a pessoa jurídica deixar de se enquadrar nas condições para permanecer nele. Veja as condições da obrigatoriedade da opção pelo Lucro Real a seguir. Pagamento do imposto Local e forma de pagamento Os contribuintes deverão pagar o imposto de renda da pessoa jurídica nas agências bancárias integrantes da rede arrecadadora de receitas federais. O pagamento será feito mediante a utilização do Documento de Arrecadação de Receitas Federais Darf sob o código 2089. Prazo para pagamento O imposto de renda devido, apurado trimestralmente, será pago em quota única, até o último dia útil do mês subsequente ao do encerramento do período de apuração. À opção da pessoa jurídica, o imposto devido poderá ser pago em até três quotas mensais, guais e sucessivas, vencíveis no último dia útil dos três meses subsequentes ao de encerramento do período de apuração a que corresponder. Nenhuma quota poderá ter valor inferior a R$1.000,00 (um mil reais) e o imposto de valor inferior a R$2.000,00 (dois mil reais) será pago em quota única. As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic, para títulos federais, acumulada mensalmente, a
Planejamento Tributário Empresarial 8 partir do primeiro dia do segundo mês subsequente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de 1% (um por cento) no mês do pagamento. Escrituração A pessoa jurídica que optar pela tributação com base no lucro presumido deverá manter: Escrituração contábil nos termos da legislação comercial ou livro Caixa, no qual deverá estar escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária. Livro registro de inventário no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término do ano-calendário abrangido pelo regime de tributação simplificada. Livro de apuração do lucro real, quando tiver lucros diferidos de períodos de apuração anteriores e saldo de lucro inflacionário a tributar. A documentação relativa aos atos negociais que os contribuintes praticarem ou em que intervierem, bem como os livros de escrituração obrigatória por legislação fiscal específica e todos os demais papéis e do cumentos que serviram de base para a escrituração comercial e fiscal, deverão ser conservados em boa ordem e guardados nquanto não decorrido o prazo decadencial do direito da Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios (BRASIL- RF,2012). Receitas e rendimentos não tributáveis Consideram-se não tributáveis as receitas e rendimentos relacionados a seguir: Recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas, e cujas perdas não tenham sido deduzidas na apuração do lucro real em períodos anteriores. A reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas, desde que o valor provisionado não tenha sido deduzido na apuração do lucro real dos períodos anteriores ou que se refiram ao período no qual a pessoa jurídica tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado. Os lucros e dividendos recebidos decorrentes de participações societárias, caso refiramse a períodos em que sejam isentos de imposto de renda.