Crédito Tributário e Suas Formas de Lançamento art. 139 a 150 CTN
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- Zaira Belmonte Imperial
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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO. Aula Ministrada pelo Prof. Rubens Kindlmann AULA 23 31/05/17 CRÉDITO TRIBUTÁRIO E SUAS FORMAS DE LANÇAMENTO Crédito Tributário e Suas Formas de Lançamento art. 139 a 150 CTN Crédito Tributário e suas formas de lançamento constituição definitiva do crédito tributário, lançamento de ofício, declaração e homologação. Arbitramento na constituição do crédito tributário. Prazo de homologação dos tributos lançados nesta modalidade. Estudo de casos práticos. O lançamento do crédito tributário é um dos sinônimos de sua exigibilidade, sendo o fato gerador a consumação da hipótese de incidência. O fato gerador é um fato da vida que a norma prevê como fato tributável e possui dois pressupostos básicos: a previsão legal da norma + ocorrência do fato. A ocorrência do fato gerador por si só mão implica em fato tributável ou em sua exigibilidade. Por exemplo, o artigo 43 do CTN determina que incidirá IR sobre o produto do capital, do trabalho, da combinação de ambos e sobre proventos de qualquer natureza. Assim, aquele que, por ventura, achar R$500 mil, terá praticado o fato gerador, mas não será o devedor do imposto, pois sem a figura do lançamento, não há exigibilidade ou cobrança do crédito tributário. Art. 142 CTN. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
2 Artigo 142 CTN Lançamento: neste artigo, estão todos os requisitos do lançamento do crédito tributário. O ato administrativo do lançamento é vinculado e obrigatório. Ato Privativo da Autoridade Administrativa: é o ato que constitui o crédito tributário. Não comporta discricionariedade. É a forma como se constitui o crédito tributário (via ato administrativo): vinculado é a modalidade de ato administrativo. Verifica a ocorrência do Fato Gerador: o lançamento deve constatar a ocorrência do fato gerador e, assim, determinar qual é o fato e a matéria tributável. Determina a matéria tributável: é a função obrigacional do lançamento. Calcula o montante devido: identificação de cálculo, alíquota e fato gerador. Identifica o sujeito passivo: torna exigível contra quem de direito contribuinte, responsável ou terceiro. Se o caso, propõe a aplicação da penalidade (quando é o caso de aplicação de multa): penalidade não é e não deve se confundir com tributo. É ato vinculado e obrigatório, sob pena de responsabilidade funcional: a administração pública, ao tomar ciência da ocorrência de fato gerador, deverá proceder obrigatoriamente com o lançamento. O funcionário público que assim não o fizer, poderá ser pessoalmente responsabilizado pelo tributo não lançado. ATENÇÃO 1: Não há presunção de fato gerador para fins de cobrança de tributos. ATENÇÃO 2: O lançamento é a aplicação prática da RMIT. Por exemplo, sabemos que devemos o IPTU, mas só saberemos o valor quando efetivamente recebermos o carnê. ATENÇÃO 3: O lançamento deve especificar valores, do contrário, será um lançamento anulável, por estar viciado. A quantificação é requisito obrigatório do lançamento. ATENÇÃO 4: Quanto à cobrança de penalidade (multa), essa cobrança deve observar os mesmos critérios do lançamento de tributo (deve conter o valor, sujeito passível, descrição de qual é o fato gerador tributável, etc. Exemplo: multas de trânsito (não se confundem com tributo). Quando a Fazenda Pública levar a multa a efeito e essa cobrança não respeitar os mesmos critérios do lançamento do tributo, a cobrança será anulável, ainda que não seja tributo. Art. 144 CTN. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os
3 poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. Artigo 144 CTN O Lançamento e a Data do Fato Gerador: O lançamento se reporta à data da ocorrência do Fato Gerador. Mesmo que posteriormente alterado ou revogado, mas a lei nova se aplica no que tange aos novos critérios de apuração ou processo de fiscalização, como determina o 1º. Os critérios de apuração ou processo de fiscalização poderão ser renovados. O tributo deve ser lançado de acordo com as normas vigentes no momento do fato gerador (momento da prática do fato), ainda que a norma tenha sido revogada, alterada ou extinta. Isso não se confunde com retroatividade, a norma tributária é irretroativa. As modalidades de lançamento do crédito tributário são: 1) Lançamento por declaração 2) Lançamento por Homologação 3) Lançamento de Ofício Art. 147 CTN. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiros, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. Artigo 147 CTN Lançamento por Declaração Implica na prestação das informações pelo contribuinte ao Fisco. Sem essas informações a Administração desconhece, a princípio, a ocorrência do Fato Gerador. Após a ciência dada pelo sujeito passivo é que a Administração pública calcula o valor do tributo tornando-o exigível. O Contribuinte noticia ter praticado o Fato Gerador e o valor da Base de Cálculo. Somente então é que a fazenda pública tem condição de apurar o valor do tributo. Nesta modalidade, é a Fazenda Pública que recebe a informação do contribuinte. Assim, o contribuinte noticia o fato gerador e qual a base de cálculo e a Fazenda Pública depende dessa informação para prosseguir com o lançamento. Exemplos de tributos lançados por declaração: ITIBI e ITCMD. Art. 149 CTN. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - Quando a lei assim o determine; II - Quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
4 IV - Quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - Quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI - Quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - Quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Artigo 149 CTN Lançamento de Ofício É a forma de lançamento que, quando a lei assim determina, independe da participação do contribuinte, pois a autoridade possui todas as informações para realizar o lançamento do tributo. Ou, quando for tributo que demande participação do contribuinte (declaração) não tenha sido feita no prazo e na forma da legislação tributária, ou, quando intimado, o contribuinte não preste as informações ou preste de forma incompleta. Os incisos II a IX tratam das hipóteses de revisão do lançamento. Esta modalidade de lançamento também é chamada de lançamento direto. Nela, a Fazenda Pública cobra do contribuinte, sem que haja qualquer participação deste. Assim, o contribuinte tem apenas uma função: a de pagar o tributo, pois não há interação entre Fazenda Pública e Contribuinte. A própria legislação estabelece que a Fazenda Pública cobre diretamente o contribuinte. Art. 150 CTN. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Artigo 150 CTN Lançamento por Homologação Ocorre quando a legislação atribui ao Sujeito Passivo o dever de antecipar o pagamento, sem exame prévio da autoridade administrativa devendo, ainda, levar informações à Autoridade Administrativa que pode homologar ou não a informação prestada. O pagamento antecipado + homologação = extinção do crédito tributário. Esta modalidade de lançamento também é chamada de lançamento misto. Seu pressuposto básico é de que deve haver pagamento pelo contribuinte somado à prestação de contas para o Fisco, com a homologação posterior da Fazenda Pública. No lançamento por homologação, o contribuinte leva a informação ao fisco, paga antecipadamente, mas a extinção do tributo somente se dará com a efetiva homologação posterior do Fisco da informação prestada. Dessa forma, a Fazenda Pública possui a
5 função de análise e o contribuinte, de prestação de contas e pagamento. Neste cenário, a prestação de contas do contribuinte é a obrigação acessória. O REFIS não está relacionado ao Lançamento por Homologação. REFIS é uma forma de parcelamento, prevista do artigo 151, inciso VI, e é uma das causas de suspensão do crédito tributário. Exemplo de tributos lançados por homologação: IR e ICMS. Caso o tributo seja declarado e não pago, o fisco homologará somente a informação prestada, mas o crédito tributário não será extinto. Para o CTN, o termo homologação refere-se à extinção do crédito tributário. ATENÇÃO 5: LANÇAMENTO POR ARBITRAMENTO é uma subclassificação do lançamento de tributo por ofício, classificada pela doutrina. Essa modalidade será utilizada quando a Fazendo Pública não tiver condições de apurar o valor exato do tributo, quando não houver registros, ou seja, quando a Fazenda Pública não tiver parâmetros para apuração do valor exato do tributo. CASO 1 Suponha que determinado contribuinte tenha deixado de realizar a declaração de imposto de renda da pessoa jurídica, em clara intenção de omitir da Receita Federal sua receita. Imagine, ainda, que trabalho de auditoria a Receita Federal tenha constatado tal omissão. Neste caso, como se dá o lançamento do Tributo? Neste caso, o lançamento do tributo se dará por ofício. CASO 2 Fulano de Tal faleceu em No momento em que a alíquota de ITCMD de seu estado era de 4%. A família apenas ingressou com o processo de inventário em Quando da partilha contatou-se que a alíquota vigente era de 7%. Neste caso, qual a alíquota que se deve recolher? Neste caso, a alíquota que se deve recolher é a de 4%, pois o momento do fato gerador do ITCMD é a data da abertura da sucessão (data da morte). Observação: a Resolução 9/92 prevê a alíquota máxima de 8%. CASO 3 Suponha que determinado contribuinte tenha auferido receitas ao longo de determinado período e que tenha, em razão dessas receitas, prestado todas as informações pertinentes, de modo que a Fazenda Pública tivesse ciência de todos os rendimentos. Em que pese as informações prestadas corretamente, o ente público constatou a inadimplência do contribuinte. Neste caso, quais as implicações do lançamento? Neste caso, não haverá homologação, nos termos do CTN, pois não houve pagamento. Consequentemente, o crédito tributário não será extinto.
6 A informação prestada sem o respectivo pagamento, acarretará na cobrança do tributo pela Fazenda Pública, somada à multa moratória juros. A multa não será punitiva, pois a informação foi prestada, ainda que não tenha sido paga. BONS ESTUDOS! Monitoria: Cristina Casares
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