Unidade III Narração, Narrativa e Roteiro

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Transcrição:

Unidade III Narração, Narrativa e Roteiro Narração e narrativa Você já viu que a narração é um tipo textual e que ele funciona como uma história, pois há um encadeamento lógico de ações. O texto no qual a narração predomina, ou seja, uma narrativa, em geral conta uma sucessão de eventos ou ações ao longo de um tempo; e tais eventos e ações estão encadeados logicamente entre si: uma ação tem uma conseqüência, gera novas ações e assim por diante. Dentre os gêneros que tipicamente se baseiam em narrativas, estão os romances e as novelas de televisão, por exemplo. Roteiros As histórias podem ser apresentadas como roteiros. É o que acontece com as peças teatrais, os roteiros de cinema e os de televisão, em que as ações são apresentadas em tempo real pelos próprios personagens. Nos roteiros, não há, em geral, um narrador que conte uma história ocorrida com ele mesmo ou com outros participantes da trama ou que descreva características físicas ou psicológicas das personagens. Acompanhamos a história se desenrolando através das próprias ações e falas dos personagens e conhecemos esses personagens e a forma como suas características pessoais vão interferir na história pelo modo como se apresentam e reagem aos acontecimentos. Algumas vezes, no entanto, o narrador está presente explicitamente e é ele mesmo um personagem. Podemos também considerar o ponto de vista da câmera (no cinema, na televisão, por exemplo), como um narrador invisível. [1]

Material Complementar Acesse o site a seguir para ler a peça A pele do lobo, de Artur Azevedo, como exemplo de roteiro teatral: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/detalheobraform.do?select_action=&co_obra=17 63 Todos os roteiros, que fazem as marcações das cenas, pressupõem os mesmos elementos: atores as pessoas participantes na cena papéis as funções atribuídas ou esperadas para cada um dos participantes planejamento - as estratégias que vão ser seguidas linguagem as formas de comunicação e verbalização nas cenas local o espaço em que a cena se dá, ou seja, o cenário ações conjunto de atos realizados temporalidade a seqüência cronológica ou lógica das ações condições os elementos necessários para que a cena se realize Podemos entender o conceito de roteiro em um sentido mais amplo. Os roteiros também estão presentes na vida real, na nossa vida de todo dia. Nossos roteiros cotidianos são os conjuntos de ações que realizamos de maneira sempre igual, ou parecida, para alguma finalidade: tomar café, pegar um ônibus, fazer compras... Essas são, assim, as nossas cenas particulares. [2]

Veja um exemplo de uma cena cotidiana e um roteiro possível para ela: AS COMPRAS atores cliente, vendedor, caixa. local loja, supermercado, barraca na rua. papéis o cliente vai a um estabelecimento de vendas em busca de um produto; o vendedor exibe os produtos e explica seu funcionamento; o caixa recebe o dinheiro do pagamento e fornece o troco e o recibo. planejamento - o cliente decide se vai olhar os produtos antes e perguntar depois ou se vai logo perguntar sobre o produto que procura; o vendedor decide se vai deixar o cliente à vontade ou se vai oferecer seus préstimos. linguagem o cliente faz perguntas; o vendedor responde, esclarece e, eventualmente, usa estratégias de persuasão. ações para o cliente as ações podem ser: procurar o produto, perguntar sobre ele, pedir informações adicionais, pedir par ver, perguntar o preço...; para o vendedor as ações podem ser: mostrar o produto, procurar outro no estoque, responder às perguntas... temporalidade o cliente, por exemplo, experimenta o produto antes de comprar; ou escolhe o tamanho e a cor, antes de pagar; e paga antes de receber o troco e o recibo. condições são necessários espaços compatíveis com as ações, produtos a serem comprados, balcão de atendimento, caixa registradora ou similar. É necessário também que o cliente tenha dinheiro ou outro meio de pagamento. Quaisquer dessas ações ou outras relacionadas são esperadas e aceitas em uma cena de compras, em que os participantes já têm o conhecimento do roteiro. Assim, frases como Quanto custa? ou Qual a durabilidade? são comuns nessa situação, ao passo que Você conhece minha prima Helena? ou Qual a circunferência da Terra?, não. [3]

Nesse roteiro, ações como perguntar, escolher, pagar são aceitas, ao passo que ajoelhar e rezar, não (já que elas fazem parte de outro roteiro). Assim, um roteiro cotidiano é um molde ou modelo mental onde estão descritas as ações da narrativa. Roteiros também estão presentes na escola. Uma aula, por exemplo, é uma narrativa, pois apresenta uma sucessão lógica de eventos em que o professor e os alunos seguem um roteiro do evento aula. O roteiro indica as ações que vão se seguir em uma aula, os atores que dela fazem parte, as falas esperadas etc. Veja os exemplos abaixo, de roteiros resumidos de aulas e partes de aulas: 1) O professor apresenta a matéria, os alunos fazem perguntas, o professor responde e depois passa um exercício, os alunos fazem o exercício. 2) O professor leva os alunos para o laboratório, o professor dá as instruções para uma tarefa de pesquisa na Internet, os alunos fazem a pesquisa, o professor e a turma comentam os resultados. 3) Os alunos trazem o dever de casa e entregam para o professor, o professor redistribui os deveres, todos corrigem e tiram as dúvidas. Nas aulas tradicionais, os roteiros são lineares e cronologicamente organizados. Os atores seguem e se comportam conforme o modelo e todos os alunos realizam as mesmas tarefas no mesmo momento. E em uma aula virtual? Em uma aula virtual, os roteiros não seguem necessariamente uma linha de tempo prédefinida. Em uma aula virtual, com links e hipertexto, vários caminhos de ação são possíveis. E o mais importante é que cada aluno cada ator pode seguir um caminho diferente ou ter um ritmo próprio. Nesse sentido, a aula virtual deve possibilitar que cada participante tenha alguma autonomia para interferir no roteiro estabelecido. Essa autonomia decorre da maior ou menor interatividade permitida pelo roteiro inicialmente previsto e vai ter como conseqüência que o destino de cada personagem, o que ele faz, por onde caminha, dependa de suas próprias decisões e características pessoais. [4]

Já discutimos que todo texto permite uma leitura pessoal de cada leitor, e que, portanto, cada leitor, de alguma maneira, reconstrói os textos que lê. No caso dos roteiros e narrativas interativas, essa leitura pessoal é exacerbada e o texto final vai contar com a contribuição dos vários leitores (alunos e professor) que estão agindo simultaneamente. Texto em rede Mais de um texto, no ambiente virtual, pode coexistir na mesma tela, simultaneamente. Qual deles será a linha condutora da leitura não é previsível. Nesse ambiente, é a curiosidade do leitor em seguir os links indicados no texto que determina os caminhos da leitura. Assim, o modelo de leitura e de mundo deixa de ser cêntrico, hierárquico, linear, seqüencial, e passa a ser conexional: o texto inicial passa a fazer parte de uma rede de interseções, que pode ser ampliada, apagada, modificada. Podemos dizer, portanto, que o hipertexto modifica o conceito de autor e de leitor e que há, ao mesmo tempo, uma ruptura na previsibilidade e na seqüencialidade do discurso. Aliás, o fato de um texto se ligar a textos de outras pessoas através de links e a facilidade com que editamos um texto já publicado na internet fazem com que esses conceitos tenham de ser repensados. Roger Chartier, no livro Os desafios da escrita, observa que, além dessas mudanças na ordem dos discursos, a revolução digital provocou rupturas também na ordem das razões e na ordem das propriedades. Por rupturas na ordem das razões, Chartier se refere às mudanças relativas à formulação de argumentos em um texto e aos recursos de que o leitor pode se servir para aceitar ou rechaçar esses argumentos. Devido aos múltiplos links existentes em um texto, a lógica das argumentações já não seria mais linear nem dedutiva. O leitor, ao invés de confiar nas citações, notas de rodapé e referências apresentadas pelo autor, poderia diretamente consultar os textos originais (no caso de estarem digitalizados) e validar, ele próprio, as teses apresentadas. Essa possibilidade provoca uma ruptura no modo como se dá a construção do discurso do saber, que deixa de estar centrado na figura do autor do texto. [5]

Outra ruptura provocada pela revolução digital é a da ordem das propriedades. O texto digital é um texto flexível, aberto, que permite a construção de obras coletivas, em que a figura do autor se dilui. Um ótimo exemplo de texto coletivamente construído é a já citada Wikipédia, uma enciclopédia digital online multilingüe escrita voluntariamente por internautas de todas as partes do planeta. Outro exemplo de gênero construído coletivamente é o das narrativas e roteiros interativos. Nos jogos chamados de RPG (Role-Playing Games), por exemplo, temos personagens que possuem certas características que são dadas pelo mestre, em geral e certos desafios a serem superados e conquistas a serem atingidas. Há um fio simplificado das ações, mas o desempenho de cada jogador é que vai determinar o desenrolar da história e seu final. De forma semelhante, a improvisação teatral conta com personagens que são delineados e enredo simplificado. A interação entre atores e entre atores e platéia é que vai definir o curso do drama. Leia mais e veja alguns exemplos do uso de RPG na Educação em http://www.historias.interativas.nom.br/index.htm# Uso pedagógico do hipertexto e da interatividade Pedagogicamente, o uso do hipertexto deve trazer consigo uma mudança nos papéis sociais dos autores da construção do conhecimento. O professor perde a posição de voz privilegiada, que filtra as informações a serem aprendidas pelos alunos. Quem vai construir o caminho da leitura dos fatos e opiniões é o aluno que navega, com ou sem mapa prévio que chegue ao mesmo porto pelos mesmos caminhos. Os caminhos podem ser individuais, descobertos pela facilidade de navegação por links. O texto virtual exacerba as potencialidades do uso das linguagens visuais, do movimento, do som. Na escrita tradicional, a multimodalidade está presente na escolha da fonte, no tamanho das letras, na paragrafação, no uso de títulos, indentação, design da página etc. No texto virtual, as possibilidades de uso de linguagens diversas - que produzem significados diversos - ficam muito ampliadas. A investigação sobre os significados produzidos pelo visual, pelo movimento e pelo áudio é extremamente interessante na aprendizagem. [6]

Diversos conceitos que parecem difíceis de transmitir e compreender quando disponíveis apenas em linguagem verbal se tornam mais concretos por meio do filme, do desenho, da imagem gráfica. Por outro lado, há conceitos que são mais bem definidos por meio da linguagem verbal. É certamente mais fácil distinguir entre tons de uma cor através da imagem do que através da fala. Ao contrário, explicar o significado de um conceito abstrato será provavelmente mais fácil através da linguagem verbal. O hipertexto permite essa complementação: apontar um link para uma página visual ou um artigo digitalizado, incorporar música, filmes, desenhos. E não apenas o professor deve ser o responsável pela criação desses links: os alunos podem e devem colaborar, compartilhando as descobertas que fizeram em sua navegação com os colegas e integrando-as ao currículo. A ênfase em atividades que dependem da interação deve ser uma preocupação do professor: construir histórias coletivamente, criar personagens com características tais que lhes permitam chegar ao happy end, indicar cenários, enfim, incorporar o lúdico e a criatividade dos alunos ao ambiente escolar pode ser a ponte que ligue o conhecimento desejado pelo currículo ao conhecimento que o aluno traz de seu cotidiano. Ao longo da história, as tecnologias (escrita, imprensa, computador) têm gerado modelos e gêneros textuais, de acordo com novas necessidades sociais. Esse movimento é circular: as tecnologias reproduzem também as novas necessidades, captam os novos modelos e moldam novas formas. A tecnologia digital apresenta recursos e potencialidades a serem exploradas, mas traz também desafios a serem enfrentados e precauções a serem seguidas. Cabe a quem utiliza a tecnologia avaliar os limites de seus recursos e estabelecer a melhor equação custo-benefício. Material Complementar Vantagens educacionais: - Acesso ilimitado e imediato a várias fontes de informação - Possibilidade de o estudante construir diferentes percursos de leitura, em função de seu grau de conhecimento a respeito do assunto e dos objetivos específicos da leitura. - Possibilidade de acesso a documentos originais, no caso de estarem digitalizados. [7]

Precauções: - Perda da seqüência tópica. É preciso ter sempre em mente o objetivo da leitura, de modo a não perder-se no emaranhado de informações que a navegação pelos links possibilita. - Perda do discurso da autoridade, do especialista. É preciso avaliar cuidadosamente a qualidade dos sites, verificar quem são os organizadores e quem disponibiliza as informações. Atividade A atividade final desta unidade está disponível na última tela desta unidade, em Módulo > Conteúdo Módulo no e-proinfo. [8]