ESTUDO SOBRE AS DIFICULDADES DE UM PEQUENO PRODUTOR DE HORTALIÇAS EM AGREGAR VALOR À SUA PRODUÇÃO. Área Temática: Agricultura Familiar

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Transcrição:

ESTUDO SOBRE AS DIFICULDADES DE UM PEQUENO PRODUTOR DE HORTALIÇAS EM AGREGAR VALOR À SUA PRODUÇÃO Thainá de Aquino Bento 1 (thaina.mococa@gmail.com); Mirina Luiza Myczkowski 2 (profmirina@gmail.com); Lucas de Oliveira Gomes 2 (lucas.gomes@fatec.sp.gov.br) 1 Discente Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio FATEC MOCOCA 2 Doscente Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio FATEC MOCOCA RESUMO Área Temática: Agricultura Familiar O objetivo foi identificar as principais dificuldades de um pequeno produtor de hortaliças e propor melhorias que tragam agregação de valor na sua produção. Realizado por meio de revisão bibliográfica sobre o assunto e um estudo de caso com um pequeno produtor de hortaliças em uma propriedade localizada no município de Tapiratiba SP. Foi verificado que o grande problema para os pequenos agricultores é a falta de informação e foi disponibilizado ao agricultor informações sobre a agricultura orgânica, sua importância ao meio econômico e a importância da certificação, além da identificação dos meios para a possível inserção no programa PNAE. Palavras-Chave: Hortaliça.Agricultura Familiar. Agregação de valor. ABSTRACT The vegetables have a high nutritional value and their consumption has increased, making it inevitable to increase production and demand for natural products, favoring the development of family farming. Even favoring family farming lack of knowledge of the producers is much, which led this work to a small property of the municipality of Tapiratiba - SP in order to assist the producer, as indeed is the process of organic production, since he only followed the system of organic vegetables without even being certified. Key Words: Vegetable. Organic. Family Farming. Certification. 1. INTRODUÇÃO A olericultura se caracteriza por ser uma atividade econômica por gerar grande número de empregos devido à elevada exigência de mão-de-obra desde a semeadura até à comercialização. Estima-se que cada hectare plantado com hortaliças possa gerar, em média, entre 3 e 6 empregos diretos e um número idêntico indiretos. (MELO e VILELA, 2007) Se, por um lado, a relevância da olericultura, enquanto atividade econômica é reconhecida por sua importância social, gerando emprego e renda, especialmente para o segmento da olericultura familiar, por outro lado, as hortaliças orgânicas ganham cada vez mais espaço no Brasil. (JUNQUEIRA e ALMEIDA, 2010)

Tanto que para Moreira (2013) a agricultura familiar cada vez mais tem dado importância em se produzir hortaliças com padrões de qualidade, livres de resíduos de agrotóxicos e que não comprometem o ambiente agrícola, respeitando-se, também, os princípios da segurança alimentar. O que muito dessas atividades, antes pouco valorizadas e dispersas, hoje assumem importantes fontes de renda para valorização e fortalecimento da agricultura familiar, no caso da produção de hortaliças sem uso de fertilizantes químicos e defensivos, com um valor agregado ancorado na sustentabilidade e na saúde. (JUNQUEIRA e ALMEIDA, 2010) O objetivo do presente estudo foi identificar as principais dificuldades de um pequeno produtor de hortaliças e propor pequenas melhorias que tragam agregação de valor na sua produção. 2. METODOLOGIA Este trabalho foi realizado por meio de revisão bibliográfica sobre o assunto abordado e um estudo de caso com um pequeno produtor de hortaliças em uma propriedade localizada no município de Tapiratiba SP 3. REVISÃO DE LITERATURA Uma ampla variedade de fatores tem sido investigada nos estudos dedicados a tecer comparações entre os sistemas de produção de alimentos orgânicos e convencionais, incluindo fatores econômicos, rendimento das colheitas, fatores agronômicos (propriedades químicas e físicas do solo, assim como a atividade microbiológica, etc). (SANTOS e MONTEIRO, 2005) A crescente preocupação quanto aos resíduos químicos e a possibilidade de contaminação dos alimentos têm levado ao aumento da demanda e da produção de alimentos orgânicos, o que representa uma maior segurança para os consumidores. Em virtude dessa demanda, o mercado de produtos orgânicos e as projeções futuras apontam para um crescimento ainda maior desse segmento. (SANTOS e MONTEIRO, 2005) A agricultura orgânica é viável em pequenas áreas e permite produção em pequena escala. Mesmo que a quantidade produzida por agricultor seja pequena, a comercialização de alimentos orgânicos diretamente aos consumidores é possível, quer seja por meio da distribuição em residências, quer seja pela venda em feiras livres especializadas (feiras de produtores orgânicos).(campanhola e VALARINI, 2001) Então o crescimento da agricultura orgânica se deve ao fato da agricultura convencional basear-se na utilização intensiva de produtos químicos, fazendo com que os consumidores vejam neste sistema de produção uma possibilidade de risco à saúde e ao meio ambiente, buscando produtos isentos de contaminação. (PINHEIRO, 2012) 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES O presente trabalho realizou um estudo de caso em uma propriedade localizada no município de Tapiratiba SP, com um pequeno agricultor no qual se dizia produtor de

hortaliças orgânicas, porém não atendendo as normas da produção orgânica e não tendo conhecimentos do cultivo. Para que se possa realizar o plantio da hortaliça orgânica o produtor deveria seguir a Lei no 10.831, que visa estabelecer critérios para a comercialização de produtos, define responsabilidades pela qualidade orgânica, pelos procedimentos relativos à fiscalização, à aplicação de sanções, ao registro de insumos e à adoção de medidas sanitárias e fitossanitárias que não comprometam a qualidade orgânica dos produtos. (HENZ et. al., 2007) Percebendo a falta de conhecimento e de informação do produtor que aos 60 anos de idade trabalha com sua mulher de 63 anos, porém com uma imensa força de vontade e amor pela prática do plantio, foi proposto um pequeno projeto em prol de ajudá-los, para que ao menos se tenha uma noção do conceito hortaliças orgânicas, mostrando como realizar o processo de produzir orgânico, meios para a venda de seus produtos e conscientizá-los das normas a serem adotadas. O proprietário e também produtor possui escolaridade até a 4º série, realiza o cultivo de hortaliças há dois anos, não utiliza internet e relatou nunca ter feito um curso mesmo que básico para o cultivo, iniciando sua produção por experiência que obteve com seus familiares e amigos. Os cursos têm a finalidade de levar aos agricultores familiares o conhecimento referente ao cultivo de hortaliças, visando à melhoria do desempenho da mão de obra familiar na atividade, incentivar o cultivo de hortaliças como mais uma atividade agrícola viável economicamente, procurando causar o mínimo de impacto ao meio ambiente e assegurar ao agricultor familiar melhoria na qualidade de vida, através do aumento de renda. (AMAZONIA, 2016). A certificação de produtos orgânicos torna-se necessária para garantir ao consumidor que estes foram produzidos sem agrotóxicos e que o produtor cumpre a legislação ambiental e trabalhista. Ao produtor, a certificação garante melhor preço por um produto diferenciado. (SANTOS e MONTEIRO, 2005) Ao ser questionado se possuía o selo de certificação, como já era previsto, o agricultor disse que não havia, pelo motivo da propriedade ser herança de família onde dificulta sua regularização. Portanto ele nunca procurou saber como regularizar e como funciona a certificação. Segundo Lourenzaniet al. (2008), muitas vezes a principal dificuldade dos agricultores familiares não são as técnicas burocráticas, mas sim na compreensão da atividade como um todo, como a falta de conhecimento e articulação de toda a gestão produtiva pré e pós-porteira. Como ele se dizia produtor orgânico fazendo até propaganda, foi levado ao seu conhecimento que uma vez que ele não possui o selo de certificação ele não poderia dizer que seus produtos são orgânicos, mas que sim fazem parte do sistema orgânico. No entanto o produtor deveria estar ao menos cadastrado para venda direta sem certificação, no qual poderia estar vendendo na feira, direto ao consumidor e fazer parte, por exemplo, do Programa Nacional de Alimentação PNAE (CEPAGRO, 2013), no qual são comprados alimentos para merendas escolares sendo que 30% deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural. (SEBRAE, 2014)

No caso de vendas em feiras o produtor deve estar sempre com o documento chamado Declaração de Cadastro, que comprova que ele está cadastrado junto ao MAPA, podendo apenas o produtor ou alguém da família na barraca para venda do seu produto. (AGRICULTURA, 2014) Foram disponibilizadas todas as informações de certificação ao produtor e entramos em contato com a IBD Associação de Certificação Instituto Biodinâmico para saber como realizar o Cadastro e dependendo da decisão do agricultor uma possível negociação para que seus produtos sejam regularizados. Foi aplicado um pequeno questionário ao produtor com perguntas básicas, de inicio ao perguntar o porquê ele havia escolhido o cultivo de hortaliça orgânica ele nos responde que ele tinha conhecimentos por seus familiares e por ser um cultivo que necessita de muita água e sua propriedade ser abundante. Tendo ele conhecimento que o cultivo convencional degrada o solo e sendo esse mais uns dos motivos de investir no plantio orgânico, foi perguntado se ele já havia feito uma amostra de solo, que por sua vez disse nunca ter feito e que nunca precisou, pois seu solo era bom e fértil. Foi explicado que fazendo a amostra de solo ele iria saber as doses de corretivos e os adubos a serem utilizados. Mostrando de forma lucrativa que o custo de uma analise de solo é aproximadamente 1% do valor do empreendimento, podendo proporcionar ganhos próximos a 50%. Para a adubação ele utiliza esterco de galinha e esterco de concheira, todo processo foi realizado pelo agricultor sem ajuda e nem mesmo orientação de um técnico. No seu cultivo de hortaliças o agricultor nos relatou que nunca utilizou agrotóxicos inorgânicos, mas que apenas uma vez utilizou agrotóxico orgânico para o controle de pragas. Segundo o produtor o espaço utilizado para o plantio das hortaliças seria de 80 metros de largura e 270 de comprimento. Na sua plantação o espaçamento entre um canteiro e outro seria de 50 centímetros, sendo o cultivo a partir de mudas e fazendo o uso de irrigação por aspersão. Os sistemas de irrigação por aspersão são os mais utilizados no cultivo de hortaliças por serem os que melhor se adaptam às diferentes condições de produção, tais como: tipo de solo, topografia, características agronômicas da maioria das hortaliças e aspectos econômicos. (MAROUELLI et al., 2008) No caso do produtor ele mesmo fez um reservatório artificial de água para o uso de irrigação, tendo também em sua propriedade uma nascente. Na água da propriedade foi feita uma amostra na qual foi considerada uma água potável. Como proposta ao produtor foi dito para usar embalagens para a comercialização com investimento ou até mesmo, se interessar, a possibilidade do uso de minimamente processados, pois seria uma forma simples que poderia agregar o valor de suas verduras e ser atrativo aos olhos dos consumidores. Mesmo dizendo vender um produto orgânico seus produtos não têm agregação de valor acabando sendo até mais em conta que os preços dos produtos convencionais. O produtor não tem um planejamento mensal de custos, ele não sabe o quanto gasto e nem o rendimento, acredita-se ele que tem um ganho mensal de R$500,00 reais. Se ele realmente investisse em ter um cultivo de hortaliça orgânica, ele seria o único da região a produzir e fazendo um planejamento com toda certeza ele teria um aumento de

lucratividade grande, seus produtos agregariam valor e abririam um leque de participação de mercado. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio da pesquisa realizada em campo, juntamente com a pesquisa bibliográfica foi verificado que o grande problema para os pequenos agricultores é a falta de informação. Foi disponibilizado ao agricultor informações sobre a agricultura orgânica, sua importância ao meio econômico e a importância da certificação. Foi realizado também o contato entre o produtor e os representantes do governo do município para a possível inserção no programa PNAE. REFERÊNCIAS AGRICULTURA, M. Regularização Orgânica. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/desenvolvimento-sustentavel/organicos/regularizacaoproducao-organica > 2014. Acesso em: 19 de Agosto de 2016. AMAZONIA, I.Instituto Amazônia realiza curso de Produção de Hortaliças Orgânicas em Fonte Boa. Disponivel em: <http://www.institutoamazonia.org.br/institutoamazonia-realiza-curso-produção-hortaliças-organicas-fonte-boa/> Acesso em: 19 de agosto de 2016 CAMPANHOLA, C.; VALARINI, P. J. A agricultura orgânica e seu potencial para o pequeno agricultor. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v.18, n.3, p.69-101, set./dez. 2001. HENZ, G. P; et. al., Produção orgânica de hortaliças: o produtor pergunta, a Embrapa responde / editores técnicos. Embrapa Informação Tecnológica Brasília, DF 2007 JUNQUEIRA, A. M. R.; ALMEIDA, I. L. A participação da agricultura familiar na produção de hortaliças e o mercado de orgânicos. Grupo Cultivar. 2010. Disponível em: Acesso em 19 de agosto de 2016. LOURENZANI, W.L.; PINTO, L. de B.; CARVALHO, E. C. A. de; CARMO, S. M. ddo. A qualificação em gestão da agricultura familiar: A experiência da Alta Paulista. Revista Ciência em Extensão, v.4, n.1, p.64, 2008. MAROUELLI, A. W.; et. al. Irrigação por Aspersão em Hortaliças. Qualidade da Água, Aspectos do Sistema e Método Prático de Manejo. Embrapa Informaçăo Tecnológica Brasília, DF 2008 MELO, P. C. T.; VILELA, N. J. Importância da cadeia produtiva brasileira de hortaliças.palestra apresenta pelo 1º autor na 13ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Hortaliças / MAPA Brasília, DF. 2007 MOREIRA, M. R. S. Um olhar sobre a agricultura familiar, a saúde humana e o ambiente. Scielo. 2013. Disponível em:. Acesso em 19 de agosto de 2016. PINHEIRO, K. H. Produtos orgânicos e certificação: o estudo desse processo em uma associação de produtores do município de Palmeira - PR / Keren Hapuque Pinheiro. -- Ponta Grossa: [s.n.], 2012. 116 f. : il. ; 30 cm. SANTOS, G. C. dos.; MONTEIRO, M. Sistema Orgânico de Produção de Alimentos. Revista Alimentos e Nutrição, Araraquara, vol. 15, n.1, p. 73-86, 2005.

SANTOS, J. S; Oliveira, M. B. P. P; alimentos frescos minimamente processados embalados em atmosfera modificada. Braz. J. FoodTechnol., Campinas, v 15, n. 1, p. 1-14, jan/mar. 2012. Disponível em :http//www.scielo.br/pdf/bjft/v15n1/01pdf; Acesso em: 19 de Agosto de 2016 SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Agricultura Familiar: um bom negócio para o desenvolvimento local. Edição para gestores púlbicos. Brasília: Sebrae, 2014.