A CONTRIBUIÇÃO DA LOGÍSTICA NA COMERCIALIZAÇÃO DE HORTALIÇAS EM UMA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL DO MUNICÍPIO DE CONCHAS-SP
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- João Vítor Terra Gabeira
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1 A CONTRIBUIÇÃO DA LOGÍSTICA NA COMERCIALIZAÇÃO DE HORTALIÇAS EM UMA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL DO MUNICÍPIO DE CONCHAS-SP Mariana Ribeiro, Osmar Delmanto Junior 2, Edson Aparecido Martins 3 1 Graduada do Curso de Tecnologia em Logística, Faculdade de Tecnologia, Botucatu, SP, Brasil. mary_ribeiro87@hotmail.com 2 Engº Agrônomo, Prof. Dr. Coordenador do Curso de Tecnologia em Agronegócio, Faculdade de Tecnologia, Botucatu, SP, Brasil. odelmanto@fatecbt.edu.br 3 Prof.Esp., Coordenador do Curso de Informática para Negócios, Faculdade de Tecnologia, Botucatu, SP, Brasil. emartins@fatecbt.edu.br Palavras chave: Agricultura familiar. Comercialização. Embalagem. Transporte 1 INTRODUÇÃO A agricultura familiar é um ramo de grande importância para a agricultura brasileira, ainda muitas pessoas tem uma visão errada de que agricultura familiar é um setor pouco produtivo e limitado, mas se enganam além de servir para o consumo próprio ela ocupa um grande espaço na produção brasileira. Anteriormente os agricultores familiares eram vistos como os pobres do campo, produtores de baixa renda ou pequenos agricultores, mas com o Programa de Apoio á Agricultura Familiar (Pronaf), estabelecido no Brasil durante os anos 90, apesar de todas as limitações impostas a sua adoção efetiva constitui uma expressão dessa mudança (GRANZIROLI et al, 2001). Com a produção de frutas e hortaliças, o Brasil representa aproximadamente 43 milhões de toneladas produzidas, tornando assim o terceiro maior produtor de frutas e hortaliças do mundo, perdendo apenas para China e Índia (FAO, 2004). Dentre a produção de alimentos, as hortaliças são aquelas com dinâmica de mercado próprio, os fatores que influenciam são: diversidade, sazonalidade e qualidade, devido à alta perecibilidade e mercado competitivo sofrem maior pressão de preços. A partir da organização de procedimentos no setor produtivo as hortaliças exigem um planejamento da propriedade, estratégias na condução do cultivo que minimizem perdas e melhorem a produtividade, resultando na diminuição dos custos. Segundo Buainaim e Batalha (2007), na gricultura a logística é fundamental para o sucesso do negócio, pois cada etapa que o produto sofre, seja temporal, espacial ou física, lhe é agregado valor e ligado a ele condições de melhor atendimento ao consumidor. No setor alimentar dada as características de elevada perecibilidade dos produtos e as questões de segurança alimentar, a eficiência da logística é de fundamental importância. Com as mudanças ocorridas pós 1990, a logística de frutas e hortaliças passou por uma reforma em relação à melhoria do fluxo de mercadorias, agregando valor ao produto e representando lucros adicionais ao produtor, devendo ser planejado de maneira adequada e eficiente, juntamente com os componentes logísticos de todo o processo. Neste contexto, este trabalho procurou evidenciar a importância e a necessidade da aplicação dos conhecimentos logísticos na agricultura e, em especial na agricultura familiar, no tocante à agregação de valor aos produtos comercializados numa pequena propriedade rural. 1.1 Objetivos O estudo teve por objetivo a analise da logística no processo de embalagem e comercialização de hortaliças numa pequena propriedade rural, visando buscar alternativas para a agregação de valor aos produtos atualmente comercializados pelo produtor rural
2 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Material Para a utilização do trabalho, foram utilizados os seguintes materiais: - Micro-computador ADM Processor LE 1200, 2.1 GHz, 992 MB de RAM, com Impressora HP-C4480; - Softwares Microsoft Word, Windows XP ; - Máquina fotográfica digital Lumix 2.2 Métodos A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho foi embasada no método descritivo e dedutivo da situação encontrada no imóvel objeto de estudo, analisando-se os dados da produção feita pelo produtor, (receitas, despesas, custos e investimentos) feitos no período de janeiro a março de 2012, no tocante à agregação de valores, embalagens e comercialização dos produtos hortifrutigranjeiros de um pequeno produtor rural. livres, contando com a parceria do SEBRAE, para a melhoria da produção 2.4 Problemática O produtor rural vem produzindo hortaliças para venda em mercados, feiras-livres e entregas na merenda escolar, dentre as quais, rúcula, couve, alface, chicória, cheiro verde, cenoura, beterraba, etc. A comercialização é efetuada diretamente pelo produtor, que leva seus produtos in natura, Figura 1, até os pontos de venda, não efetuando qualquer processamento que venha agregar valor a seus produtos. A vista disso propõe-se algumas sugestões para que o produtor agregue valor a seus produtos, obtendo uma maior rentabilidade quando da comercialização. 2.3 Estudo de caso O trabalho foi desenvolvido numa pequena propriedade rural, localizada em uma área rural do Município de Conchas, bairro Santo Antônio, sítio Boa Vista com área de 3,0 alqueires paulista. As principais atividades nela desenvolvidas estão representadas pelo cultivo de hortaliças como alface, rúcula, couve, chicória, cenoura, almeirão etc. e também comercialização de leite in natura e pequenos animais. Para a condução das atividades desenvolvidas no imóvel, o produtor possui tratores, implementos e benfeitorias representadas por uma casa de morada e estábulo. A propriedade está passando por um sistema de mudanças. O produtor vem comercializando sua produção em supermercados e nas feiras Figura 1 Canteiros de produção 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Fluxos operacionais A partir dos elementos coletados na propriedade, verifica-se que atualmente o produtor vem obtendo os seguintes fluxos operacionais com as atividades desenvolvidas em sua propriedade; sendo Receitas O proprietário, nos meses de Janeiro a Março de 2012 obteve as receitas referentes às vendas efetuadas na feira livre, supermercado e merenda escolar, Tabelas 1 a 3. 2
3 Tabela 1. Vendas na feira livre Cenoura (Kg) Almeirão (mç 200g) , ,00 67,50 97,50 320,00 230,00 202,50 100,00 Total 2887,50 Tabela 2. Vendas para o supermercado ,70 0,70 1, , , ,00 868,00 Total 6599,50 Tabela 3. Vendas para a merenda escolar ,00 240,00 Total 1580, Custos Os principais custos com as atividades desenvolvidas na propriedade objeto de estudo, estão descritas na Tabela 4. Tabela 4. Custos desenvolvidos na propriedade Plantio 700,00 Sementes e mudas 1540,00 Adubo orgânico 390,00 Inseticida 135,00 Capina e colheita 2100,00 Energia elétrica 85,87 Total 4950, Despesas As principais despesas diretamente relacionadas às atividades desenvolvidas na propriedade objeto de estudo, estão descritas na Tabela Investimentos Os principais investimentos dizem respeito à irrigação das culturas cultivadas, Tabela 6. Tabela 6. Investimentos com irrigação Materiais Valor R$ Aspersores Caixa d água Canos Bomba d água 252,00 592,00 225,00 288,00 Total 1357,00 O consolidado das receitas que o produtor rural vem auferindo com suas vendas na feira livre, supermercado e merenda escolar, calculados pela média ponderada e, os custos variáveis, fixos e despesas em relação às atividades desenvolvidas, estão representados na Tabela 7, 8, 9 e 10 Tabela 5. Despesas desenvolvidos na propriedade Transporte 650,00 Embalagem plástica 180,00 Embalagem caixa 65,00 Total 895,00. 3
4 Tabela 7. Receitas (atual) Cenoura (Kg) Almeirão (mç 200g) ,85 1,31 1,05 0, ,48 67,50 97, , , , ,00 Total 14033,40 Tabela 8. Custos variáveis (atual) Plantio 700,00 Sementes e mudas 1540,00 Adubo orgânico 390,00 Inseticida 135,00 Energia elétrica 85,87 Total 2850,87 Tabela 9. Custos fixos (atual) Capina e colheita 2100,00 Total 2100,00 Tabela 10. Despesas (atual) Transporte 650,00 Embalagem plástica 180,00 Embalagem caixa 65,00 Total 895,00 Dos valores das tabelas acima, foi elaborado o Demonstrativo dos Resultados do Período, de Janeiro a Março de 2012, conforme Tabela 11. Tabela 11: Demonstrativo (atual) dos Resultados do Período Receitas ,40 100% C.Fixo 2 100,00 15% CMV 4 950,00 35% C.Variável 2 850,00 20% Lucro Bruto 9 083,40 65% D. Operacionais 895,00 6% LAJIR 8 188,80 58% D. Financeiras 0,00 LAIR 8 188,80 58% IR (isento) 0,00 Lucro Líquido 8 188,80 58% Margem Op. Bruta 64,73% Margem Op. Líquida 58,00% Do demonstrativo acima, verifica-se que atualmente o produtor vem obtendo uma Margem Operacional Líquida de 58% com as atividades desenvolvidas em sua propriedade rural, significando que para R$ de receita, obteve um lucro líquido de R$ 0,58 com a comercialização de seus produtos. 4.2 Proposta de mudança Do estudo realizado na propriedade, verificou-se da possibilidade do produtor rural agregar valor a seus produtos, que atualmente são vendidos in natura, passando a comercializá-los na forma de minimamente processados. Como sugestão e pela análise da produção atual de hortaliças, num primeiro momento, o produtor poderia começar a vir a alterar a forma de comercialização de produtos como a couve e cenoura, produtos de sua atividade rural, passando a comercializálos na forma de minimamente processados, com embalagens de bandejas de isopor recobertas por filme plástico de PVC e devidamente rotuladas, Figura 2. Figura 2 Bandejas de isopor Para tanto, o produtor poderia destinar 30% da produção de couve e cenoura in natura, que atualmente são comercializados em sua totalidade nas feiras livre, supermercado e merenda, para 4
5 a venda em supermercados com o produto minimamente processados, agregando valor a esses produtos, Tabela 12. Tabela 12: Receita com os produtos minimamente processados Hortaliças Quant. R$/un. Total Cenoura 15 1,80 27,00 Couve 363 1,80 653,40 Total 378 1,14 680, Consolidado das novas receitas e investimentos O consolidado das novas receitas e investimentos com a proposta sugerida no presente estudo, com a inclusão dos produtos minimamente processados (cenoura e couve MP), que o produtor rural poderá auferir com a comercialização de seus produtos na feira livre, supermercado e merenda escolar, calculados pela média ponderada e os investimentos necessários, estão representadas nas Tabela 13 e 14. Tabela 13: Receitas (proposta) em relação às atividades desenvolvidas Hortaliças Quant. R$/un. Total Alface , ,48 Cenoura in natura 45 67,50 Cenoura MP 15 1,80 27,00 Almeirão 65 97,50 Couve , ,10 Couve MP 363 1,80 653,40 Chicória ,00 Rúcula , ,25 Cheiro-Verde , , Total , ,80 Tabela 14: Investimentos necessários para os produtos minimamente processados Bens permanentes Valor R$ Embaladora Impressora/rotuladora Processador Walita 349,00 490,00 125,00 Total 964,00 Dos valores constantes das tabelas acima referenciadas, foi elaborado o Demonstrativo dos Resultados do Período, de Janeiro a Março de 2012 que o produtor rural pode vir a obter com a proposta da implantação dos produtos minimamente processados para serem comercializados (cenoura e couve), conforme Tabela 15. Tabela 15: Demonstrativo (propostos) dos Resultados do Período, com a inclusão dos produtos minimamente processados Receitas ,80 100% C.Fixo 2 100,00 15% CMV 4 950,00 35% C.Variável 2 850,00 20% Lucro Bruto 9 763,80 65% D. Operacionais 895,00 6% LAJIR 8 868,80 60,27% D. Financeiras 0,00 LAIR 8 868,80 60,27% IR (isento) 0,00 Lucro Líquido 8 868,80 60,27% Margem Op. Bruta 66,36% Margem Op. Líquida 60,28% Taxa de Retorno 920% Pay Back 13 dias 5 CONCLUSÕES Do trabalho realizado, verifica-se que se o produtor vier a implantar a comercialização por meio de produtos minimamente processados para apenas dois de seus produtos (cenoura e couve), o mesmo poderá aferir um aumento de 2% na sua lucratividade, mostrando dessa maneira a viabilidade econômica da implantação da proposta do presente estudo. Os conceitos de logística, foram de fundamental importância para a identificação dos principais gargalos existentes na propriedade objeto de estudo, que culminaram com a identificação da deficiência em relação à comercialização que o produtor rural vinha destinando seus produtos, de forma in natura, não agregando valor aos mesmos REFERÊNCIAS FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF DE UNITES NATIONS (FAO). Production of fruits and vegetables and share in the world, Disponível em: < http: //faostat.fao.org/site/339/default.aspx>. Acesso em: 29 agosto GRANZIROLI, C.; Et al. Agricultura familiar e Reforma Agrária no século XXI. Rio de Janeiro: Garamond,
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