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Transcrição:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOÃO ALVES DA SILVA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL N. 200.2008.014075-51001 RELATOR :Desembargador João Alves da Silva APELANTE :Mapfre Vera Cruz Seguradora S.A. (Adv. Milena Neves Augusto e outros) APELADO :Antonio Bezerra do Vale (Adv. Igor Arruda Gadelha e outros) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SINISTRO. CLÁUSULA DE PERFIL. VIOLAÇÃO. DESCABIMENTO. DECLARAÇÃO ELABORADA PELO FILHO SEGURADO. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. DEVIDO\O PAGAMENTO INTEGRAL DO VALOR DA APÓLICE. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. DESPROVIMENTO DO RECURSO. -A indicação de condutor do veículo, quando do preenchimento da cláusula perfil, não elide a responsabilidade da seguradora em relação ao fato de bem segurado estar sendo conduzido por outra pessoa quando da ocorrência do sinistro, especialmente quando há previsão na apólice. -A indenização por danos morais deve ser fixada em valores razoáveis, de forma que, mesmo servindo como desestimulo à reincidência do agente, não leve ao enriquecimento sem causa da vítima. VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em que figuram como partes as acima nominadas. ACORDA a Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, negar provimento ao recurso, integrando a presente decisão a. súmula de julgamento de fl. 298.

RELATÓRIO Trata-se de Apelação Cível interposta por Mapfre Vera Cruz Seguradora S.A contra sentença prolatada pelo juizo de direito da 13' 1 Vara Cível da Capital, que julgou procedente o pedido formulado na Ação de Cobrança de seguro c/c indenização por danos morais, postulando o pagamento do valor remanescente relacionado ao seguro do veiculo automotor descrito na apólice n. 201/0340/0027008/01, bem como indenização por danos morais. Na exordial, o autor sustentou haver realizado seguro automotor, restando consignado na apólice ser o principal condutor e que residia com pessoas menores de 26 (vinte e seis) anos que poderiam utilizar o veiculo no máximo por dois dias na semana. Aduziu que o filho do segurado, Antonio Bezerra do Vale Filho, com 20 (vinte) anos, sofreu acidente no dia 12 de maio de 2007 no veículo descrito na apólice. Prossegue, relatando que poucos dias após o acidente, seu filho foi procurado por preposto da ré que, utilizando-se de ardil, requereu declaraçã sentido de ser o principal condutor do veiculo, sob o argumento de agilizar a liberação do valor da apólice e que tal situação resultou na redução do seguro em 56,62% do valor contratado (R$ 12.079,77 doze mil e sessenta e nove reais e sete centavos). Suplicou o saldo remanescente e danos morais no episódio: Advindo decisão, reconheceu-se que a declaração realizada pelo filho do autor foi eivada de vicio, julgando procedente o pleito formulado na inicial, condenando a apelante a pagar ao autor integralmente o dano material experimentado no sinistro, ou seja, o remanescente de 43,38%, no valor de R$ 9.019,19 (nove mil e dezenove reais e dezenove centavos), bem como o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a titulo de danos morais, devidamente corrigidos e acrescido de juros de mora. Por fim, condenou o réu em custas e honorários advocaticios fixados em 20% sobre o valor da condenação. (fls. 224/238) O apelante, em suas razões, argui que o ocorrido não legitima o autor a pleitear danos morais já que não houve nenhuma ilegalidade e que houve violação da cláusula de perfil por parte do segurado ao mentir sobre o habitual condutor do veículo, nesse contexto, não fazendo jus às verbas reclamadas. (fls. 240/259) Devidamente intimado, o apelado ofereceu contrarrazões às fls. 267/282, rechaçando todos os termos do recurso apelatório e pugnando pelo seu desprovimento e manutenção da decisão vergastada. A douta Procuradoria-Geral de Justiça ofereceu parecer pelo desprovimento do apelo (f is. 287/291).

É o relatório. VOTO O apelo merece conhecimento por preencher os requisitos de admissibilidade, quais sejam: adequação, tempestividade e preparo. O autor ajuizou ação de cobrança com base na apólice riq 201/0340/0027008/01 de contrato de seguro de automóvel, fls. 19/19v, firmado em 18/08/2006, tendo em vista ocorrência de sinistro em 12/05/2007 do qual lhe resultara um prejuízo de R$ 12.079,77 (doze mil setenta e nove reais e setenta e sete centavos)... No caso em exame, a seguradora negou o pagamento da indenização, alegando que o condutor do veículo segurado na ocasião do 'sinistro era o filho do autor, Antonio Bezerra do Vale Filho, o qual não estava relacionado nó perfil principal da apólice contratada entre a parte demandante e a seguradora. A especificação do seguro indica o demandante, Sr. Antal Bezerra do Vale como condutor do veículo, entretanto, tal indicação não implica serem os condutores exclusivos do automóvel, mormente em se tratando de pessoas que integram a mesma unidade familiar, informação esta que restou declarada quando do preenchimento de questionamentos feitos na proposta do seguro. Alega a seguradora que o autor omitiu a informação acerca de seu filho utilizaria o Veículo segurado como principal condutor, retirando assim a verdade fática vivenciada por ele, resultando em uma aparência de risco menor e por consequência a redução do prêmio devido pelo segurado. Ocorre que, analisando detidamente os autos, observo que não há que ser reformar a decisão nesse aspecto. Inicialmente, o acervo probatório comprova que preposto da promovida realizou visita na residência do autor e, mediante a alegação de agilização do processo de liberação do seguro, induziu o filho do promovente, de 20 (vinte anos) a declarar ser o mesmo condutor principal do veiculo, sem o conhecimento do segurado. Nesse sentido, destaco o depoimento de Pedro Luiz Luna dos Santos quando informa: "que perguntou se seria necessário redigir o documento mencionado pelo funcionário naquele momento, tendo este informado que sim, pois seria necessário para agilizar o processo de seg,uro"(fl. 206) Já Jovelino Carolino Delgado Neto expressou "que o referido funcionário informou que Antonio Filho tinha de redigir um documento para dá

entrada no processo de pagamento de seguro, informando que ele teria que afirmar que era o condutor principal do veiculo" (fl. 208) Noutro norte, ressalto que há testemunha confirmando que o filho do promovente não era o condutor condutor habitual do bem. Destaco: "promovente não costumava dirigir o referido veiculo com frequência; que o filho do promovente deslocava-se para a faculdade em transporte escolar" (fl. 206) Assim, como assentado na decisão de primeiro grau, restou comprovado que a declaração foi obtida com a utilização de estratagema. Destaca-se que a promovida sequer trouxe em Juízo o preposto da empresa, responsável pela coleta da declaração. Ademais o contratante não omitiu ao preencher a apólice a possibilidade de 'filhos menores de de 26 (vinte e seis) anos utilizarem o veicu segurado no máximo 2 dias por semana, fazendo-me crer que o autor tenha atuado de boa-fé, diferente como tenta fazer crer o recorrente. N, Além disso, cabível ressaltar que o contrato sub judice é um contrato de adesão, estando portanto, sujeito às normas do Código de Defesa do Consumidor. Nesse contexto, não há quebra de cláusula contratual pelo promovente, não podendo a Seguradora eximir-se da responsabilidade de indenizar o segurado em sua integralidade, como pactuado. Casos análogos ao dos presentes autos envolvendo contrato de seguro sob a modalidade 'perfil' já foram objeto de. apreciação pelos nossos Tribunais, entre os quais destaco: Apelação cível. Seguros. Ação ordinária de cobrança. Seguro de veiculo automotor. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos de seguro. Legalidade da cláusula de perfil para a determinação do preço do prêmio, não podendo ser invocada como recusa para o pagamento da indenização. A indicação de condutor do veiculo, quando do preenchimento da cláusula perfil, não elide a responsabilidade da seguradora em relação ao fato de bem segurado estar sendo conduzido por outra pessoa quando da ocorrência do sinistro. Pedido de indenização por dano moral. No caso concreto, a falha no serviço prestado não teve repercussão relevante na esfera moral do consumidor,

tratando-se de transtorno involuntário que não alcançou o limiar necessário a justificar reparação pecuniária. Enfoque do caso sob o prisma constitucional, a partir do que se verifica inexistir agressão à dignidade humana em face da pessoa da autora. Pedido de indenização por lucros cessantes não acolhido porque, além de ser risco não coberto, não restaram suficientemente demonstrados para ser apurada a responsabilidade extracontratual da seguradora. Primeiro apelo desprovido. Segundo apelo provido em parte. APELAÇÃO CIVEL. CONTRATO DE SEGURO. FURTO DE VEÍCULO. NEGATIVA DE PAGAMENTO. DESCABIMENTO. CLÁUSULA PERFIL. É ônus da seguradora provar a existência de fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito do autor, uma vez que, nos contratos de seguro, a regra é a obrigação da segurador indenizar o dano suportado pelo segurado. No caso em mostra-se de todo descabida a negativa da seguradora arcar com a indenização sob o argumento de que, em tendo firmado contrato de seguro 'perfil' do condutor, uma vez que o veiculo fora furtado e, ainda, na data da contratação já se encontrava registrado em nome do filho do segurado, fato que não pode alegar que desconhecia. Irrelevante para o deslinde da lide o fato de que o automóvel se encontrava com o filho do segurado, pos respondeu afirmativamente ao ser questionado se residia com pessoa menor de 26 anos e habilitada para dirigir. SENTENÇA CONFIRMADA. APELO IMPROVID0. 2 SEGURO. VEÍCULO. COBERTURA. Preliminar de nulidade da sentença, por cerceamento de defesa, rejeitada. Tratando-se de contrato de seguro em que fora eleita a modalidade perfil, com indicação do principal condutor do veiculo, não elide a responsabilidade da seguradora o fato de o mesmo ter sido conduzido por outra pessoa, quando ocorrido o sinistro. Principal condutor que não significa o único. Inexistência de razão contratual para isentar a seguradora da indenização. Apelação desprovida. Sendo assim, e obrigação da parte indenizar nos moldes avençados, ou seja os 43.38 % remanescentes que somam o importe de R$ 9.019,19 (nove mil e dezenove reais e dezenove centavos). 'Apelação Cível Ne 70010831865, Tribunal de Justiça do RS. Relator: Nev Wiedemann \leto. Julgado em 0510/2005 2 Apelação Cível Ne 70010947851, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Maria Nedel Scalzilli. Julgado em 14/07/2005

Quanto à irresignação recursal referente ao dano moral fixado na decisão guerreada, não rende melhor sorte ao recorrente.. É que, conforme acima explicitado a conduta dolosa da parte promovida em produzir documento utilizando de ardil, alterando a verdade dos fatos para obter benefício financeiro, demonstrou claramente má-fé, atingindo a integridade moral e psíquica do demandante e de toda sua família. Quanto ao valor fixado é assente na jurisprudência que o quantum indenizatório devido a titulo de danos morais deve assegurar a justa reparação do prejuízo sem proporcionar enriquecimento sem causa do autor, além de levar em conta a capacidade econômica do réu. O quantum deve ser arbitrado pelo juiz de maneira que a composição do dano seja proporcional à ofensa, calcada nos critérios da exemplarieclade e da solidariedade. A referida indenização pretende compensar a dor do.lesacib constitui um exemplo didático para a sociedade e para o réu de que o Direit repugna a conduta violadora, porque é incumbência do Estado defender e resguardar a dignidade humana. Ao mesmo tempo, objetiva sancionar o causador do dano, inibindo-o em relação a novas condutas, e, por isso, deve corresponder a Um valor de desestimulo. - ' Logo, examinando-se as circunstâncias,.a situação da lesada, a condição da agente, a gravidade do dano, e apresentando-se o valor arbitrado a título de reparação de danos morais dentro do princípio da razoabilidade, não há que se falar em reforma da sentença guerreada. Por tais razões, penso que o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), arbitrados a título de dano moral está dentro do razoável. Diante de todo exposto, em harmonia corno parecer ministerial, NEGO PROVIMENTO ao apelo, mantendo incólume a decisão vergastada. É como voto. DECISÃO A Câmara decidiu, por votação unânime, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Presidiu o julgamento, com voto, o Exmo. Des. João Alves da Silva. Participaram do julgamento o Exmo. Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira e o Exmo. Des. Frederico Martinho da Nóbrega Coutinho.

Presente a representante do Ministério Público, na pessoa da Dra. Lúcia de Fátima Maia de Farias, Procuradora de Justiça. Sala das Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, em 24 de fevereiro de 2011. (data do julgamento). João Pessoa, 25 de fever de 2011. Desembargador Repo lves da Silva

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