Localiza»c~ao de imagens em um sistema de espelhos angulares por meio de algebra matricial

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Localiza»c~ao de imagens em um sistema de espelhos angulares por meio de algebra matricial W. Gall eas 1 e V. M. Aquino Departamento de F ³sica - UEL 86051-990 Londrina, PR - Brasil (Recebido: 5 de dezembro de 001) Resumo: Neste trabalho, as posi»c~oes angulares das imagens de um objeto puntiforme em um sistema de espelhos angulares s~ao obtidas por meio de opera»c~oes sucessivas geradas por matrizes de rota»c~ao, de re ex~ao e produtos entre essas matrizes. O m etodo de solu»c~ao permite uma maior familiaridade dos estudantes com a algebra matricial, a qual nem sempre e ensinada aos estudantes no est agio inicial dos cursos de gradua»c~ao, epoca em que estudam optica geom etrica, assim como possibilita a solu»c~ao completa do problema, obten»c~ao do n umero de imagens e a posi»c~ao angular das mesmas. Palavras-chave: espelhos angulares, imagens em sistemas de espelhos angulares, optica e c alculo matricial Abstract: The determination of image positions of a point object in a system of angular mirrors is derived by successive operations generated by re ection and rotation matrices, and their product. The method is a pedagogical way to introduce students to the matrix formalism. Key words: angular mirrors, images in systems of angular mirrors, optics and matrix algebra 1 batosai111@hotmail.com verissim@ sica.uel.br

13 Revista Ci^encias Exatas e Naturais, Vol. 3, n o, Jul/Dez 001 1 Introdu»c~ao As posi»c~oes das imagens de um objeto pontual, formadas por um sistema de dois espelhos planos que formam entre si um ^angulo gen erico, podem ser encontradas por m etodos geom etricos. O n umero dessas imagens apresenta-se como fun»c~ao do ^angulo e, em alguns casos da posi»c~ao do objeto na regi~ao entre os espelhos. A solu»c~ao parcial desse problema pode ser encontrada em textos b asicos de f ³sica, apresentando como principais resultados que tais imagens s~ao dispostas sobre uma circunfer^encia de raio r, dist^ancia entre o ponto objeto e a linha de intersec»c~ao entre os espelhos e uma rela»c~ao entre o n umero de imagens n e o ^angulo para valores discretos desse ^angulo. A otica geom etrica e ensinada a estudantes do curso de f ³sica, de uma maneira geral, dissociada da algebra matricial, existindo pouqu ³ssimos textos onde tal conte udo e desenvolvido com o aux ³lio de matrizes (ver, por exemplo, as refer^encias [1] e []), onde a refra»c~ao nas interfaces, a propaga»c~ao dentro e fora de lentes e sistemas oticos s~ao analisados com a utiliza»c~ao desse recurso. Neste trabalho, as posi»c~oes angulares das imagens do ponto objeto em um sistema de espelhos planos s~ao obtidas por meio de transforma»c~oes geradas por matrizes de rota»c~ao entre sistemas com eixos x e x 0 pertencentes aos planos dos espelhos, transforma»c~oes de re ex~ao e transforma»c~oes geradas por combina»c~oes do produto entre essas matrizes. O m etodo de solu»c~ao permite n~ao s o uma maior familiaridade dos estudantes com algebra matricial, a qual nem sempre e aprendida pelos estudante no est agio inicial dos cursos de gradua»c~ao, licenciatura/bacharelado, epoca em que estudam optica geom etrica, assim como possibilita a solu»c~ao completa do problema, ou seja, obten»c~ao do n umero de imagens e posi»c~ao angular das mesmas para quaisquer valores do ^angulo. Na se»c~ao, apresentamos o problema, os resultados j a conhecidos e os elementos alg ebricos necess arios para a sua solu»c~ao, utilizando-se as matrizes de tranforma»c~ao. Na se»c~ao 3, a an alise dos resultados obtidos na se»c~ao e efetuada, o n umero de imagens e a posi»c~ao angular das mesmas s~ao calculados. Finalmente, na se»c~ao 4, uma ilustra»c~ao do m etodo e efetuada para uma situa»c~ao particular e os resultados j a conhecidos por utiliza»c~ao de outros m etodos s~ao recuperados. Imagens geradas por um sistema de dois espelhos planos Seja o problema encontrar-se as imagens de um ponto objeto I 0 geradas por um sistema de espelhos, conforme gura 1. As imagens podem ser encontradas por m etodos geom etricos (ver, por exemplo, as refer^encias [3] e [4]) e est~ao distribu ³das sobre uma circunfer^encia de raio igual µa dist^ancia entre o ponto objeto e a linha de intersec»c~ao entre os espelhos. O n umero n de imagens formadas e dado pela express~ao: v alida nos casos: n = ¼ 1 (1)

W. Gall eas e V. M. Aquino 133 (a) quando a rela»c~ao ¼ e um n umero par, qualquer que seja a posi»c~ao do objeto I 0 entre os dois espelhos; (b) quando a rela»c~ao ¼ e um n umero ³mpar, estando o objeto no plano bissetor do ^angulo alfa. Como forma de resolver o problema, vamos separar as imagens em dois conjuntos A e B (ver gura ), onde as imagens do conjunto A constituem-se da imagem do objeto I 0 no espelho A, I1 A, a imagen em B de IA 1 tomado como objeto, IA, e assim sucessivamente. O conjunto B, da mesma forma, contitue-se da primeira imagem de I 0 observada em B, I1 B e todo o conjunto proveniente desta. Tais processos s~ao nalizados quando uma imagem e produzida na regi~ao entre o prolongamento dos espelhos denominada zona morta. Figura 1. Ilustra»c~ao do sistema de espelhos angulares. e o ^angulo de abertura entre os planos dos espelhos e o ponto objeto I 0 possui coordenadas polares r e µ 0. Figura. Conjunto de imagens A e B formadas por um sistema de espelhos planos. Sejam os referenciais S e S 0, onde S 0 e o referencial rodado de um ^angulo no sentido anti-hor ario em rela»c~ao a S, com coordenadas (x, y) e (x 0 ; y 0 ), respectivamente, para os quais representaremos um dado ponto I P por suas coordenadas dispostas na forma das matrizes coluna µ µ xp I P = ; IP 0 x 0 = P y P yp 0 ()

134 Revista Ci^encias Exatas e Naturais, Vol. 3, n o, Jul/Dez 001 As matrizes de transforma»c~ao que levam do conjunto de coordenadas (x; y) para o conjunto (x 0 ; y 0 ) e vice versa [5] s~ao dadas por R = µ cos sen sen cos de maneira que: I 0 P = RI P e I P = R 1 I 0 P. O conjunto A µ ; R 1 cos sen = sen cos Tomando-se o referencial S, com eixo x pertencente ao plano do espelho A (ver gura ), as coordenadas da primeira imagem do conjunto A s~ao obtidas pela opera»c~ao Ã! Ã! x A 1 x0 = P (4) µ 1 0 na qual P = e a matriz de re ex~ao [5]. 0 1 Simbolicamente, representamos tal opera»c~ao por y A 1 y 0 (3) I A 1 = P I 0 (5) A imagem I A corresponde µa imagem de IA 1 ; tomada como objeto em rela»c~ao ao espelho B e tem suas coordenadas com respeito ao referencial S 0 obtidas mediante a transforma»c~ao das coordenadas de I1 A para o referencial S 0 seguida da opera»c~ao de re ex~ao, ou seja I 0A = P RI A 1 (6) Tais coordenadas no referencial S s~ao de nidas pela rela»c~ao I A = R 1 P RI A 1 (7) Repetindo-se o processo, as coordenadas das pr oximas imagens do conjunto s~ao determinadas por I A 3 = P IA I A 4 = R 1 P R I A 3 I A 5 = P IA 4 I A 6 = R 1 P R I A 5. E interessante notar que, enquanto a matriz P realiza uma re ex~ao no espelho A, a matriz R 1 P R realiza uma re ex~ao no espelho B.

W. Gall eas e V. M. Aquino 135 Em termos das matrizes P; I 0 ; R e R 1, as matrizes I A m s~ao dadas por I A 1 = P I 0 I A I A 3 I A 4 I A 5 I A 6 = R 1 P R P {z } I 0 = P R 1 P R P {z } I 0 = R 1 P R P {z } R 1 P R P {z } I 0 = P R 1 P R P {z } R 1 P R P {z } I 0 = R 1 P R P {z } R 1 P R P {z } R 1 P R P {z } I 0 E f acil veri car-se que as quantidades I A m podem ser escritas em termos das matrizes N = R 1 P R P e P na forma I A 1 = P I 0 I A = N I 0 I A 3 = P N I 0 I A 4 = N I 0 I A 5 = P N I 0 I A 6 = N 3 I 0 com a matriz N explicitamente dada por µ cos sen N = sen cos o que permite generalizar os resultados na forma (8) I A m = N m I 0 ; m = ; 4; 6; ::: (9) I A m = P N m 1 I 0 ; m = 1; 3; 5; ::: (10) Calculando-se N k para alguns valores de k inteiros e generalizando-se para um k gen erico obtemos µ N k cos k sen k = (11) sen k cos k µ P N k cos k sen k = (1) sen k cos k o que nos permite expressar as quantidades I A m na forma I A m = A mi 0 (13) na qual A m = µ cos m sen m sen m cos m m = ; 4; 6; ::: (14)

136 Revista Ci^encias Exatas e Naturais, Vol. 3, n o, Jul/Dez 001 e A m = µ cos(m 1) sen(m 1) sen(m 1) cos(m 1) m = 1; 3; 5; :: (15) Introduzindo os fatores ( 1) m e ( 1)m 1 ; os resultados para um m gen erico podem ser sintetizados na express~ao 0 1 cos(m 1 A m = @ + ( 1)m ) sen(m 1 + ( 1)m ) A (16) ( 1) m sen(m 1 + ( 1)m ) ( 1) m cos(m 1 + ( 1)m ) com m = 1; ; 3; 4; 5; ::: O conjunto B Os elementos do conjunto B s~ao obtidos por meio das opera»c~oes I1 B I B I3 B I4 B I5 B I6 B = R 1 P R {z } I 0 = P R 1 P R {z } I 0 = R 1 P R {z } P R 1 P R {z } I 0 = P R 1 P R {z } P R 1 P R {z } I 0 = R 1 P R {z } P R 1 P R {z } P R 1 P R {z } I 0 = P R 1 P R {z } P R 1 P R {z } P R 1 P R {z } I 0 ou em termos das matrizes J = R 1 P R e M = P J I1 B = J I 0 I B = M I 0 I3 B = J M I 0 I4 B = M I 0 I5 B = J M I 0 I6 B = M 3 I 0 com Veri cando-se que µ cos sen J = sen cos µ cos sen M = sen cos M k = µ cos k sen k senk cos k (17) (18) (19)

W. Gall eas e V. M. Aquino 137 JM k = podemos generalizar as express~oes para I m B Ã cos (k + 1) sen (k + 1) sen (k + 1) cos (k + 1) na forma! (0) ou ainda, I B m = M m I 0 ; m = ; 4; 6; ::: (1) I B m = JM m 1 I 0 ; m = 1; 3; 5; ::: () I B m = B mi 0 (3) na qual B m e dada por 0 1 B cos(m + 1 m = @ + ( 1)m+1 ) sen(m + 1 + ( 1)m+1 ) A (4) ( 1) m+1 sen(m + 1 + ( 1)m+1 ) ( 1) m cos(m + 1 + ( 1)m+1 ) com m = 1; ; 3; 4; 5; ::: 3 Obten»c~ao das imagens E evidente que as opera»c~oes na forma I A;B m A;B m ; geram vetores posi»c~ao na forma I A;B m = Ã x A;B m y A;B m = A;B m I 0 ; geradas pelas matrizes os quais correspondem ou n~ao a imagens do objeto I o no sistema de espelhos. E necess ario encontrar a maneira de nalizar o processo quando a imagem dos conjuntos A e B recaem na zona morta, caso em que s~ao as ultimas imagens do conjunto. No desenvolvimento a seguir, apresentamos a forma geral para determinarmos o n umero total de imagens do conjunto, a posi»c~ao angular de cada imagem e, conseqäuentemente, o n umero total de imagens do sistema para ^angulos de abertura gen ericos e qualquer posicionamento angular µ 0 do objeto. Considerando, primeiramente, o conjunto A, cujas posi»c~oes das imagens s~ao dadas pela equa»c~ao (13), que reescrita em coordenadas polares com µ µ x0 cos µ0 I 0 = = r (6) y 0 sen µ 0 Ã! Ã! x A Im A = m cos µm = r (7) ym A sen µ m e A m dada pela express~ao (16) resulta 0 @ cos µ 1 0 m A = sen µ m! @ cos(µ 0 + (m 1 + ( 1)m ) ) ( 1) m sen (µ 0 + (m 1 + ( 1)m ) ) 1 (5) A (8)

138 Revista Ci^encias Exatas e Naturais, Vol. 3, n o, Jul/Dez 001 que forma um sistema de duas equa»c~oes que devem ser satisfeitas simultaneamente. Utilizando-se de algumas propriedades simples das fun»c~oes seno e cosseno, obtemos, se m for par µ A;P m = µ 0 + m (9) e, se m for ³mpar, µ A;I m = ¼ µ 0 + (1 m) (30) O fator ¼ em (30) foi introduzido de forma a termos as posi»c~oes angulares sempre medidas no sentido anti-hor ario e os ³ndices A; P; I foram introduzidos para caracterizar as imagens como pares ou ³mpares e pertencentes ao conjunto A. Considerando, agora, o conjunto B, cujas posi»c~oes das imagens s~ao dadas pela equa»c~ao (1), pelo mesmo procedimento, obtemos à cos µm sen µ m! = 0 o que faz resultar, se m for par e, se m for ³mpar, @ cos( µ 0 + (m + 1 + ( 1)m+1 ) ) ( 1) m+1 sen( µ 0 + (m + 1 + ( 1)m +1 ) ) 1 A (31) µ B;P m = ¼ + µ 0 m (3) µ B;I m = (m + 1) µ 0 (33) Com as posi»c~oes angulares das imagens dadas pelas equa»c~oes (9), (30), (3) e (33), podemos, ent~ao, determinar os elementos dos conjuntos A e B. De acordo com a estrutura de constru»c~ao das imagens, uma imagem pertencer a ao conjunto A, com ³ndice par ou B, com ³ndice ³mpar, caso µ m < ¼ +. As imagens ³mpares de A e pares de B pertencer~ao ao conjunto caso µ m > ¼. Em todos os casos, a imagem de ³ndice m ser a a ultima caso ¼ µ m ¼ +. 3.1 O conjunto A 3.1.1 Subconjunto par Seja q um n umero inteiro tal que ¼ = q + (34) na qual e um ^angulo sempre menor que. Para que uma dada imagem do subconjunto par perten»ca a A, a condi»c~ao µ m < ¼ + deve ser satisfeita. Para q par, a imagem de ³ndice q tem posi»c~ao angular dada por µ q = µ 0 + q = (µ 0 ) + ¼ (35) Como µ 0 < e <, µ q < ¼ + e a imagem de ³ndice q pertence ao conjunto A. Caso µ 0 0, ent~ao ¼ µ m ¼ + e a imagem de ³ndice q ser a a ultima

W. Gall eas e V. M. Aquino 139 do conjunto. Caso µ 0 < 0, ent~ao µ q < ¼ e a imagem de ³ndice q estar a fora da zona morta. Analisando a imagem de ³ndice q + ; obtemos µ q+ = µ 0 + (q + ) (36) = µ 0 + q + (37) µ q = µ 0 + ¼ + > ¼ + (38) Assim, a imagem de ³ndice q+ est a al em da zona morta, de forma que n~ao pertence ao conjunto A. Logo, caso µ 0 < 0, a imagem de ³ndice q + 1 ser a a ultima do conjunto A. Observe que tal conclus~ao poderia tamb em ser obtida pela an alise da posi»c~ao angular da imagem de ³ndice q + 1 equa»c~ao (8). 3.1. Subconjunto ³mpar Para que uma dada imagem do subconjunto ³mpar perten»ca a A, a condi»c~ao µ m > ¼ deve ser satisfeita. Para q ³mpar, a imagem de ³ndice q tem posi»c~ao angular dada por µ q = ¼ µ 0 + (1 q) (39) = ¼ µ 0 + + ¼ (40) = ¼ µ 0 + + > ¼ (41) Logo, a imagem de ³ndice q pertence a A. Caso µ 0 0, temos que ¼ µ q ¼+ e a imagem de ³ndice q ser a a ultima do conjunto. Caso µ 0 > 0, a imagem de ³ndice q estar a fora da zona morta. Analisando a imagem de ³ndice q + ; obtemos µ q+ = ¼ µ 0 (q + 1) (4) = ¼ µ 0 ¼ + (43) = ( µ 0 + ) + ¼ < ¼ (44) Dessa forma, a imagem de ³ndice q + est a al em da zona morta e a imagem de ³ndice q + 1 e a ultima imagem do conjunto. Observe que quando µ 0 > 0; a ultima imagem do conjunto e de ³ndice q + 1; seja q par ou ³mpar, assim como, se µ 0 0; a ultima imagem ser a a de ³ndice q. 3. O conjunto B 3..1 Subconjunto par A posi»c~ao angular da imagem de ³ndice q e dada por µ q = ¼ + µ 0 q (45)

140 Revista Ci^encias Exatas e Naturais, Vol. 3, n o, Jul/Dez 001 Assim, para que ela perten»ca a B, a condi»c~ao µ q > ¼ deve ser satisfeita. Utilizando-se a express~ao (3), obtemos µ q = ¼ + µ 0 + ¼ (46) = ¼ + µ 0 + > ¼ (47) Logo, a imagem de ³ndice q pertence a B. Caso + µ 0, a imagem de ³ndice q est a na zona morta e e a ultima imagem do conjunto. Se + µ 0 >, a imagem de ³ndice q esta fora da zona morta. Analisando a imagem de ³ndice q + obtemos µ q+ = ¼ + µ 0 (q + ) (48) = ¼ + µ 0 ¼ + (49) = ¼ + (µ 0 + ) < ¼ (50) de maneira que a imagem de ³ndice q + est a al em da zona morta e n~ao pertence ao conjunto B. A imagem de ³ndice q + 1 e ent~ao a ultima imagem do conjunto B. 3.. Subconjunto ³mpar A posi»c~ao angular da imagem de ³ndice q e µ q = (q + 1) µ 0 (51) = ¼ + ( + µ 0 ) < ¼ + (5) Como µ q < ¼ +, a imagem de ³ndice q pertence a B. Caso ( +µ 0 ), a condi»c~ao ¼ µ q ¼ + estar a satisfeita e a imagem de ³ndice q ser a a ultima imagem do conjunto. Caso ( + µ 0 ) >, a imagem de ³ndice q estar a fora da zona morta e uma an alise da posi»c~ao angular da imagem q + ou q + 1 demonstrar a que a imagem de ³ndice q + 1 e a ultima imagem do conjunto B. Reunindo todas as condi»c~oes obtidas, podemos sintetiz a-las na seguinte forma: Conjunto A: µ 0 > : fi 1 ; I ; :::; I q g (53) µ 0 < : fi 1 ; I ; :::; I q+1 g (54) Conjunto B: µ 0 + 6 : fi 1 ; I ; :::; I q g (55) µ 0 + > : fi 1 ; I ; :::; I q+1 g (56)

W. Gall eas e V. M. Aquino 141 4 Redu»c~ao aos casos particulares e ilustra»c~ao do m etodo Os casos particulares apresentados na se»c~ao est~ao relacionados com a situa»c~ao na qual ¼ e um n umero inteiro. Nessa situa»c~ao, distinguimos os casos nos quais ¼ e um n umero par (caso a, abaixo) e onde ele e um n umero ³mpar com µ 0 = (caso b). De acordo com nossa an alise, esses casos s~ao obtidos quando ¼ caso a : = q ( = 0) ¼ caso b : = q + 1 ( = µ 0 = ) 4.1 Caso a Para o caso a, µ 0 > ; de forma que o conjunto A apresenta q imagens. Como µ 0 + 6, o conjunto B tamb em deve apresentar q imagens. Para q par, temos as seguintes posi»c~oes angulares das ultimas imagens de A e B µ A q = ¼ + µ 0 Para q ³mpar, temos que µ B q = ¼ + µ 0 µ A q = ¼ + µ 0 µ B q = ¼ + µ 0 Podemos ver que, independentemente de q ser par ou ³mpar, as posi»c~oes angulares das ultimas imagens do conjunto A e do conjunto B se sobrep~oem, de forma que s~ao observadas n = q 1 imagens. Assim, com o valor de q do caso a, recuperamos o resultado particular dado pela equa»c~ao (1). 4. Caso b Para o caso b, = µ 0 ; de forma que o conjunto A apresenta q imagens. Tamb em temos que + µ 0 = ; de forma que o conjunto B tamb em apresenta q imagens. Para q par, temos as seguintes posi»c~oes angulares das ultimas imagens Para q ³mpar, temos que µ A q = ¼ µ B q = ¼ + µ A q = ¼ + µ B q = ¼ Podemos ver que n~ao h a sobreposi»c~ao de imagens em ambos os casos de forma que e observado um n umero total de imagens n = q. Com o valor de q do caso b, recuperamos, ent~ao, a express~ao (1).

14 Revista Ci^encias Exatas e Naturais, Vol. 3, n o, Jul/Dez 001 4.3 Ilustra»c~ao do m etodo Consideremos o caso espec ³ co em que = 37 0 e µ 0 = 1 0, caso em que ¼ = 4; 864, de forma que q = 4 e = 0; 864 = 3 0. Veri camos que + µ 0 > ; o que implica que o conjunto B apresenta q + 1 imagens. O conjunto A tamb em apresenta q + 1 imagens, pois µ 0 <. A fra»c~ao ¼ n~ao e um n umero inteiro, de forma que as ultimas imagens n~ao se sobrep~oem. Assim, s~ao observadas n = (q + 1) = 10 imagens. Um exemplo simples no qual as imagens se superp~oem e o caso em que = 90 0 e µ 0 = 45 0, o qual recai no caso particular discutido na se»c~ao 4.1. Nesse caso, q = e = 0; de maneira que existem duas imagens no conjunto A e duas no conjunto B. As duas ultimas imagens dos conjuntos se sobrep~oem na posi»c~ao angular µ A;B = 5 0 ; de forma que podem ser observadas tr^es imagens. As posi»c~oes das imagens µ 1 A e µb 1 podem ser calculadas com a utiliza»c~ao das express~oes (30) e (33) e resultam iguais a 315 0 e 135 0, respectivamente. 5 Conclus~ao Apresentamos, nas se»c~oes anteriores, uma forma diferente de encontrar-se as imagens de um objeto puntiforme geradas por um sistema de espelhos. A vantagem do m etodo e permitir encontrar as posi»c~oes angulares dessas imagens por meio de express~oes alg ebricas (equa»c~oes (9), (30), (3) e (33)) e o n umero total das mesmas (express~oes (53) a (56)) a partir do conhecimento da abertura angular entre os espelhos e da posi»c~ao angular µ 0. Todos esses resultados podem ser obtidos tamb em por m etodos geom etricos, mas o presente m etodo apresenta-se como uma forma elegante de resolver-se o problema, assim como uma maneira didaticamente interessante de introduzir o formalismo matricial a jovens estudantes dos cursos de F ³sica. Refer^encias [1] Allen Nussbaum, Geometric Optics An Introduction, Addison - Wesley, Massachusetts: 1968. [] Robert M. Eisberg e Lawrence S. Lerner, F ³sica - Fundamentos e Aplica»c~oes, Vol IV, McGraw-Hill do Brasil: 1983. [3] Francisco Ramalho Jr. et al., Os Fundamentos da F ³sica, Vol., Editora Moderna: 1988. [4] D. Halliday, R. Resnick, e J. Walker, F ³sica 4, 4 a edi»c~ao, Rio de Janeiro, Livros T ecnicos e Cient ³ cos: 1988. [5] Herbert Goldstein, Classical Mechanics, Addison-Wesley, Singapore: 1973.