REFLEXÃO SOBRE OS VAZIOS URBANOS NA CIDADE DE LAVRAS- MG

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Transcrição:

REFLEXÃO SOBRE OS VAZIOS URBANOS NA CIDADE DE LAVRAS- MG André Silva Tavares ¹ andresttavares@gmail.com ¹ Discente do curso de Geografia Licenciatura Universidade Federal de Alfenas UNIFAL-MG 1254 Palavras Chave: Vazios Urbanos; Desenvolvimento; Lavras- MG. Eixo 8 Geografia Urbana RESUMO A cidade de Lavras- MG possui, hoje, inúmeros loteamentos privados e condomínios fechados localizados em bairros de densidade demográfica alta, e nas zonas periferias do município. Problemas relacionados às questões de infraestrutura, impacto social e ambiental, ganham enfoque das autoridades do município, preocupados com o crescimento desordenado futuro. Os Vazios Urbanos presentes nas regiões central, intermediaria e periférica, tornam-se reflexos da especulação imobiliária e a desigualdade socioespacial no município. O contraste entre a concentração urbana e os terrenos vagos, estabelece a dimensão estruturada e dialética da realidade para a compreensão dos processos de constituição do espaço urbano. A reflexão sobre as consequências desse processo nos ajuda a compreender a importância da aplicação das leis e cumprimento das normas de Uso e Ocupação do Solo. INTRODUÇÃO Localizada em uma região privilegiada no mercado de produção, consumo e exportação, próxima ao eixo das principais capitais do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), a cidade de Lavras- MG se desenvolve com destaque na região nos últimos dez anos. Os índices de crescimento populacional, econômico e de qualidade de vida, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), apresentam um crescente aumento nas ultimas décadas. Porém, o processo de desenvolvimento não encontra na prefeitura do município a regulação urbana e o cumprimento das normas, assim como o aparato técnico necessário, no plano preventivo, para

evitar a expansão imobiliária desordenada e a regularização do uso e ocupação do solo urbano, criando brechas no controle da manutenção do solo urbano pelo setor privado, beneficiando somente uma parcela população. Diante deste fato, deparamos com inúmeros vazios urbanos, decorrentes da aprovação de empreendimentos ligados a loteamentos e condomínios fechados, sem nenhum estudo cuidadoso das condições de infraestrutura, impacto socioeconômico e ambiental, nas regiões onde estão localizados. A ocupação desordenada gera hoje, uma preocupação nas autoridades públicas do município, sendo um dos fatores a especulação do valor da terra e a falta de utilidade social da mesma, dividindo espaços públicos (condomínios/cidade) e influenciando aumento da desigualdade socioespacial. 1255 Teve início em abril de 2013 os trabalhos da Comissão de Uso e Ocupação do Solo, órgão independente criado para avaliar e observar as normas de uso e ocupação de terrenos, formado por membros da Prefeitura Municipal, Ministério Público Estadual, UFLA (Universidade Federal de Lavras) e Centro Universitário de Lavras (Unilavras). No intuito de realizar um amplo estudo sobre a expansão imobiliária no Município, com a identificação dos problemas e apresentação de propostas que venham a fazer parte de uma nova política pública que garanta o desenvolvimento sustentável do município para as próximas décadas. A recente criação da comissão possui um trabalho árduo a ser executado, sendo o estudo aqui iniciado uma contribuição na busca por melhorias referentes às normas e leis de uso e ocupação do solo já vigentes, afim de que se tornem mais eficazes, beneficiando um crescimento menos desigual e a concretização do desenvolvimento no município de fato. FIGURA 1 Localização estratégica do município no eixo; São Paulo,Rio de Janeiro e Belo Horizonte. (André Tavares)

OBJETIVOS A pesquisa em andamento busca compreender e identificar, numerando os vazios urbanos decorrentes da expansão desordenada no município de Lavras- MG, na perspectiva de auxiliar no estudo do crescimento urbano como um todo, na verificação dos problemas e possíveis decisões a serem tomadas pela Comissão de Uso e Ocupação do Solo e os órgãos públicos de Lavras- MG. METODOLOGIA No estudo histórico sobre o crescimento do município, a formação do espaço urbano e o sentido/direção percorrido pelo desenvolvimento na cidade, atráves do método dialético, é possivel analisar as contradições que trouxeram a formação dos vazios urbanos, na indicação dos principais fatores que permitiram seu aumento expressivo na últimas decadas. As entrevistas realizadas na prefeitura, com membros da Comissão do Uso e Ocupação do Solo, e moradores dos bairros perifericos nas localidades onde possuiem os vazios urbanos, contribuirá no entendimento entordo dos problemas causados na economia dos bairros, assim como na cidade como um todo. Portanto, a pesquisa será realizada em duas partes; a primeira baseada no levantamento de informações existentes na prefeitura do município de Lavras- MG, entrevistas, e levantamento bibliográfico. Na segunda parte serão identificados os vazios urbanos e condomínios fechados através do trabalho de campo, delimitando-os, utilizando o mapa digitalizado do município em ambiente SIG. O conceito central de Vazios Urbanos seguido neste trabalho é exposto por VILLAÇA (1983), que conceitua o termo como sendo, enormes extensões de áreas urbanas equipadas ou semi-equipadas, com grandes quantidades de glebas e lotes vagos. Outro conceito utilizado é referido por ALVAREZ (1994), sendo os vazios urbanos o processo de produção e reprodução das parcelas da cidade que não estão sendo utilizadas. 1256 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O debate sobre os vazios urbanos aparece no Brasil na década de 70, quando análises sobre o processo de urbanização capitalista mostravam como as cidades cresciam em direção às suas periferias, deixando nos interstícios desse crescimento terrenos vagos, mantidos fora de mercado à espera da valorização imobiliária. Essa forma de especulação esta associada às formas de intervenção do Estado no urbano. Ao instalar as infraestruturas necessárias às áreas mais periféricas, já ocupadas, o poder público acabava por valorizarem indiscriminadamente as terras vazias que haviam permanecido entre as áreas mais centrais e a fronteira da expansão urbana. (CARDOSO, 2008)

Soares (1995) em seu estudo sobre a cidade de Uberlândia- MG apresenta como consequências dos problemas urbanos relacionados ao crescimento da cidade, alguns aspectos que podem ser observados, em menores proporções, no município de Lavras- MG, são eles: Área urbana central congestionada, tanto demograficamente em termos de concentração de atividade econômicas, com problemas de trânsito e transportes, poluição sonora, expansão de um comércio ambulante pelas calçadas de suas principais avenidas, inúmeros vazios urbanos circundados por bairros de alta densidade habitacional/populacional, uma expansão horizontal acelerada e induzida pela especulação imobiliária, em que os incorporadores atuando sem o controle do Poder Público, impõem a incorporação de novas áreas à cidade, em detrimento da ocupação dos vazios já existentes. Com a aprovação de inúmeros loteamentos e condomínios, preferencialmente em regiões periféricas, o município de Lavras- MG se encaixa no aspecto da destinação dos vazios urbanos assim como das camadas populares, proposto por SILVA (1999); 1257 A ocupação dos vazios urbanos pelo mercado formal mesmo os situados nos anéis intermediário e periférico não tem significado uma ampliação do atendimento às faixas de menor renda. Como regra geral, o preenchimento de vazios pelo mercado se faz com construções de padrão (e preço) superior ao dos bairros, influindo na valorização geral. A solução habitacional para a população mais pobre se dá cada vez mais por superocupação de lotes já existentes e das favelas. Com isso o mercado imobiliário abriu novas fronteiras de valorização, principalmente nos setores de escritório e de lojas, mas também no setor de empreendimentos residenciais para as classes alta e média. O promotor da área de Urbanismo de Lavras, e membro da comissão de Uso e Ocupação do Solo, Eduardo de Paula Machado, ressalta em seu discurso a existência de sérios problemas a serem enfrentados no que pertine a dezenas de loteamentos em fase de implantação no município, envolvendo questões de legislação, infraestrutura e de meio ambiente, redundando em problemas de mobilidade urbana. A importância do zoneamento, das normas gerais de conduta e procedimentos que garantam o crescimento ordenado da cidade. RESULTADOS PARCIAIS

Sabe-se que o município conta com dezenas de áreas de loteamentos aprovados recentemente, e inúmeras em fase de aprovação. Mudanças ocorridas nas normas públicas, através de leis complementares municipais do Uso e Ocupação do Solo Urbano, entraram em vigor alterando a lei municipal, e beneficiando as construtoras do setor privado. Porém, com a mudança política ocorrida nas ultimas eleições, no mandato do novo prefeito, é criado, há aproximadamente um ano após a aprovação da lei complementar anterior, a comissão de Avaliação do Uso e Ocupação do Solo, que visa combater a realidade do desordenamento, especulação imobiliária, entre outros problemas evidenciados no município. Nesse aspecto, com uma nova conduta, através da criação da comissão e a preocupação com o município, inicia-se as primeiras informações a respeito do tema. A falta de políticas habitacionais destinadas à camada popular contribui para o crescimento horizontal das cidades em direção à periferia, constituída, em grande parte, por favelas, loteamentos clandestinos e conjuntos habitacionais públicos. Alias, os conjuntos habitacionais da Cohab e CDHU estimulam a especulação imobiliária na periferia, uma vez que, em sua passagem, criam o vazio urbano. Geralmente, as áreas utilizadas para as construções de habitações pela COHAB e CDHU, são áreas pouco valorizadas e localizadas distantes das áreas já urbanizadas. Isso ocorre tendo se em vista o barateamento do investimento. Na maioria dos casos, essas construções são realizadas próximas aos vazios urbanos, possibilitando, assim, a valorização de futuras ocupações. (PEREIRA, 2005) 1258 REFERÊNCIAS SOARES, Beatriz Ribeiro. Uberlândia: da cidade Jardim ao Portal do Cerrado imagens e representações no Triângulo Mineiro. São Paulo. FFLCH/USP, 1995 (tese de doutorado). SILVA, Helena Menna Barreto. Vazios urbanos requalificando o problema na Grande São Paulo. Texto apresentado no International Seminar on Vacant Land: Challenges and Opportunities. Rio de Janeiro, 26-30 de Abril, 1999. CARDOSO, Adauto L. Vazios urbanos e função social da propriedade. Revista Trimestral de Debate da FASE, n 116, IPPUR/UFRJ, 2008. VILLAÇA, F. Análise do parcelamento, da edificação e da utilização compulsórios. São Paulo: Fundação para a Pesquisa Ambiental; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo USP, 1983. ALVAREZ, Ricardo. Os Vazios Urbanos e o Processo de Produção da Cidade. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas de Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994. PEREIRA, Sandra de Castro. Os loteamentos Clandestinos no Distrito do Jaraguá (SP): Moradia e Especulação. Dissertação de Mestrado; Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), 2005.