Questões estruturais e conjunturais dos loteamentos em São Paulo: o caso do Village Campinas
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- Maria Vitória Quintanilha Rocha
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1 Questões estruturais e conjunturais dos loteamentos em São Paulo: o caso do Village Campinas Viviane Candoletta Arquitetura e Urbanismo CEATEC vivi_candoletta@ puc-campinas.edu.br Manoel Lemes da Silva Neto Requalificação Urbana CEATEC manoel.lemes@puc-campinas.edu.br Resumo: O presente trabalho visa analisar o caso do loteamento Village, Campinas- SP, utilizando para isso uma pesquisa geral de comparação com os loteamentos aprovados pela GRAPROHAB em SP, de uma forma mais ampla, até chegar a uma lista de loteamentos da década de 70 em Campinas, que permitiu identificar os bairros que foram aprovados no mesmo ano que o específico, os quais constituem uma família, que servirá de comparação e estudo, de modo a entender como foi o desenvolvimento e crescimento ao longo dos anos, principalmente quanto às questões de infraestrutura e equipamentos públicos. Palavras-chave: Loteamento, Década de 70, Infraestrutura. Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas Arquitetura e Urbanismo FAPIC/Reitoria. 1. INTRODUÇÃO O loteamento Village, Campinas- SP é, assim como todos os espaços, um lugar do acontecer solidário [1] associado a um entorno que influencia e interfere no todo, que será analisado. A pesquisa parte de uma análise mais abrangente, com o levantamento dos loteamentos aprovados pela GRAPROHAB em São Paulo, os quais foram georreferenciados e conduzem à uma percepção ampla do espaço e suas relações. Com isso, busca-se a partir de uma lista de loteamentos aprovados em Campinas após 1908, levantados pela autora junto à Prefeitura Municipal de Campinas, identificar o processo de urbanização da cidade nos últimos 40 anos. Dado que o bairro em específico é do ano de 1974, esta pesquisa seleciona os loteamentos de anos próximos (dois anos antes, e um ano depois), para fazer uma comparação principalmente quanto à infraestrutura e aos equipamentos públicos que atendem o local, sendo identificados a partir de uma observação em visita de campo, em alguns casos, e também utilizando o recurso do Google Street View, que permitiu andar pelas vias do bairro e levantar uma percepção própria da autora, sobre os problemas e as qualidades de cada loteamento. Sendo assim, foi possível entender o loteamento Village junto aos demais por serem do mesmo ano (ou próximo), visando os pontos peculiares e os pontos em comum. 2. Loteamentos aprovados pela GRAPROHAB Através de uma tabela com as informações sobre os loteamentos, foi possível através do programa QGIS georreferencia-los. Cada ponto representado com uma cor pela data de aprovação mostra que no ano de 2005 houve maior número de loteamentos. Além disso, é possível perceber a expansão linear da urbanização, partindo da cidade de São Paulo, onde há uma grande concentração seguindo a direção das cidades de Campinas e de São José dos Campos. Poucos loteamentos neste período encontram-se isolados no mapa ou próximos ao litoral. Figura 1- Mapa com os loteamentos aprovados pela GRAPROHAB. Fonte: Programa QGIS produzido por Viviane Candoletta.
2 3. Loteamentos de Campinas Com o georreferenciamento pelo programa QGIS dos loteamentos na cidade de Campinas, de 1908 até 2014, foi possível identificar os loteamentos, que foram aprovados no mesmo ano que o objeto de estudo, o bairro Village. 4. Loteamentos 1972/ 1973/ 1974 Para entender melhor o Village, quatorze loteamentos, que foram aprovados em anos próximos, foram identificados. Figura 4- Localização dos loteamentos que serão analisados. Fonte: Google Mapas modificado no Power Point pela autora. Figura 2- Loteamentos de Campinas. Fonte: Programa QGIS produzido por Viviane Candoletta Loteamentos da década de 70 Sabendo que o loteamento Village teve sua aprovação do ano de 1974, um mapa dos loteamentos desa década foi elaborado de modo a identificá-los, permitindo uma aproximação do caso em estudo. A fim de compará-los, foi utilizada uma metodologia de observação, tendo como fonte, basicamente as imagens satélites do Google Earth, em que foi possível percorrer pelas ruas, através do Google Street View, e caracterizar o loteamento quanto a presença de equipamentos públicos, transporte público, a existência ou não dos pontos de ônibus Chácaras Primavera (1972) de três linhas de ônibus, que pelo tamanho do bairro, parecem atender as necessidades. Os pontos de ônibus encontram-se apenas com a cobertura em 50% dos casos. As vias são bem pavimentadas, porém não há calçadas ao longo de todas elas, o que implica numa passagem ruim dos pedestres, pelo local. Quanto a arborização observada, há cerca de 30% das vias sem qualquer sombra proporcionada pela vegetação nas vias Jardim Santa Genebra (1972/ 1975) Figura 3- Loteamentos década de 70 de Campinas. Fonte: Programa QGIS produzido por Viviane Candoletta. de três linhas de ônibus, que por estar próximo ao Shopping Dom Pedro, onde há um terminal ao lado,
3 parece atender as necessidades dos moradores, mas com concentração de linhas que passam exclusivamente em poucas vias do bairro. Os pontos de ônibus estão em bom estado, com cobertura e banco para os usuários. As vias são bem pavimentadas, e apenas 30% dele encontra-se sem calçamento para a passagem dos pedestres. A arborização é encontrada em apenas 65% do bairro de forma significativa Mansões Santo Antônio (1972) de três linhas de ônibus, que pelo tamanho do bairro, parecem atender as necessidades. Não há pontos de ônibus com cobertura e bancos, a maioria encontrada está sinalizada com uma placa de parada. As vias são 90% pavimentadas, porém não há calçadas ao longo de todas elas, o que implica numa ruim passagem dos pedestres, pelo local. É um dos bairros pouco arborizados, cerca de 30% Vila Lemos (1972/ 1974) Neste bairro foram encontradas duas escolas, sendo elas uma faculdade, e uma escola municipal de ensino fundamental, conta com a passagem de três linhas de ônibus, que parecem atender as necessidades. Não há pontos de ônibus com cobertura e bancos em sua maioria, apenas há uma sinalização com um pequeno poste amarelo. Há pavimentação nas vias e calçadas ao longo de todo o loteamento. Apenas 30% do loteamento é arborizado Vila Orozimbo Maia (1972) Neste bairro foram encontradas duas escolas, uma de ensino fundamental e outra de ensino infantil, além de um centro de saúde. Há duas linhas que atendem ao bairro, apesar de poucas, elas passam por vias estratégicas, próximas a esses equipamentos, sendo que, 90% dos pontos de ônibus são sinalizados com um pequeno poste azul e branco. As vias são 80% pavimentadas, porém não há calçadas ao longo de todas elas. Este loteamento é 20% arborizado, sendo o segundo com menor arborização encontrado. Neste bairro também foram encontradas ocupações que não possuem ruas pavimentadas ao longo do Ribeirão Anhumas Jardim São Marcos (1973) O bairro localizado na região norte de Campinas possui uma escola municipal de ensino fundamental e uma escola estadual próxima. Conta apenas com duas linhas de ônibus, que passam por um único trajeto, o qual parece não ser suficiente para atender os moradores. Os pontos de ônibus, porém, são encontrados em bom estado, com cobertura e bancos. Neste bairro, foi encontrada uma ZEIS ao longo do Ribeirão do Quilombo, o que resulta num bairro em que apenas 70% das vias são pavimentadas com calçadas, e arborização em apenas 50% do local Jardim do Lago II (1973) Este loteamento conta com a presença de três escolas municipais e um centro de saúde. Há três linhas que atendem ao bairro, mas que não possuem pontos de ônibus sinalizados. Este bairro possui poucas vias pavimentadas, e as mesmas, não possuem calçadas adequadas. O loteamento é predominantemente constituído de ocupações irregulares, ou em processo de regularização, como é o caso do Parque Oziel. É o bairro com as menores porcentagens em pavimentação, apenas 15%, calçamento 10%, e arborização 10%, o que significa que o desenvolvimento ao longo dos anos foi menor em relação aos demais casos Nova Campinas (1973/ 1974) O loteamento não possui escolas públicas nem centro de saúde. Há apenas uma linha que passa no perímetro no bairro, visto que é constituído de residências de alto padrão. Os pontos de ônibus são cobertos e com bancos, mas são distantes do todo. É o único loteamento desta década que encontra- se plenamente pavimentado, com arborização e calçadas Vila Aeroporto (1974) Localizado no Distrito de Ouro Verde, o loteamento possui quatro escolas públicas. Conta com apenas uma linha de transporte público que corta o bairro, e parece não atender às necessidades dos moradores, mas com a presença de pontos de ônibus. O bairro conta com 70% das vias pavimentadas, calçadas ao longo de 80% dele e 40% de arborização.
4 4.10. Jardim José Martins (1974) O loteamento possui um centro de saúde e uma escola pública no limite do bairro, com quatro linhas de transporte públco que passam também pelo perímetro do bairro, mas que são muito distantes do todo. O local é totalmente pavimentado, com calçadas e arborização encontradas em cerca de 80% do total Village (1974) O bairro está localizado no Distrito de Barão Geraldo e possui um centro de saúde e uma escola estadual. Há três linhas de ônibus que passam pelo local, em poucos horários, em péssimo estado e que levam somente até o Terminal Barão Geraldo. Este é o único loteamento em que não há vias pavimentadas e calçadas para a passagem de pedestres, o que mostra que apesar de ter sido aprovado no mesmo ano dos loteamentos aqui apresentados, é o único que não se desenvolveu quanto à estas questões. Mas, por estar numa área predominantemente rural, o bairro é bem arborizado Vila Perseu Leite de Barros (1975) O bairro está localizado no distrito de Ouro Verde em Campinas. Existem nele, duas escolas públicas, uma estadual, e outra de ensino infantil. Foram encontradas seis linhas de ônibus que passam pelo bairro, e parecem atender o local. Apenas 10% dos pontos de ônibus possuem cobertura e banco. As vias são todas pavimentadas, e há presença de calçadas em todas elas. Entretanto, a vegetação no bairro é a menor em relação aos demais loteamentos, com apenas 10% de arborização. Também, através das informações fornecidas pela Prefeitura Municipal de Campinas, foi possível fazer uma comparação entre dados frios, através das estatísticas encontradas, e dados quentes, levantados pela observação da autora. Tabela 1- Comparação dos loteamentos de 1972/ 1973/ 1974/ Fonte: Elaborado no Excel pela autora Sítios Gramado (1974) O bairro está localizado na região leste de Campinas e não possui equipamentos públicos. Há duas linhas de transporte público que passam pelo bairro e parecem não atender suficientemente. Os pontos de ônibus que representam os 100% dos encontrados, estão sem cobertura e banco, apenas com o pequeno poste azul e branco. É bem arborizado e pavimentado, visto que é constituído predominantemente de condomínios fechados, com calçadas ao longo de 70% do loteamento Jardim do Lago I (1975) O loteamento não possui equipamentos públicos. Há seis linhas que passam pelo bairro, e atendem principalmente próximo ao Campinas Shopping. Os pontos de ônibus, não foram encontrados em sua maioria, a não ser um pequeno poste amarelo. Há uma parte do loteamento não pavimentada, sem calçadas e arborização, ao lado do córrego. É um loteamento 20% arborizado, o que é pouco em relação aos demais, com calçadas ao longo de 80% das vias que são 90% pavimentadas. 5. CONCLUSÃO A partir da observação e análise de quatorze loteamentos entre os anos de 1972 a 1975, é possível perceber, que apesar de aprovados na mesma década, o desenvolvimento ao longo dos anos, foi bastante diverso, pois há desde ocupações irregulares, como o Jardim do Lago II, que pelas porcentagens da tabela 1 é um dos mais precários em infraestrutura, a loteamentos de alto padrão, como o bairro Nova Campinas. Além disso, sete desses loteamentos, não possuem equipamentos públicos, no caso, escolas estaduais ou municipais e centro de saúde, são geralmente atendidos por três ou mais linhas de transporte pú-
5 blico, encontram-se predominantemente pavimentados, a passagem dos pedestres pela calçada, é parcialmente encontrada, e a arborização é bastante variável. O caso específico, Village, Campinas (1974), é o único que se encontra distante da área central de Campinas, ou até mesmo, próximo à rodovias e avenidas importantes da cidade, além de estar situado numa zona predominantemente rural. Diante disso a infraestrutura do bairro é precária em relação aos demais, com vias não pavimentadas, sem calçadas, com linhas de ônibus que não atendem as necessidades dos moradores, com a menor densidade habitacional, porém bastante arborizado. Assim, a análise geral em relação ao caso específico, mostra que todos os loteamentos, evoluíram em relação ao Village, exceto o bairro Jardim do Lago II que também possui vários problemas de infraestrutura. minhas amigas que estiveram ao meu lado, e contribuíram para a realização deste trabalho. REFERÊNCIAS [1] SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo; razão e emoção. São Paulo: Hucitec, [2] SILVA, P. F. F. A expansão urbana de Campinas através de condomínios e loteamentos fechados ( ). Dissertação, USP Carlos, AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço a Deus por me iluminar e dar sabedoria para a realização desta pesquisa. Depois à professora Nelly Nahum, pelas orientações e todo o apoio transmitido, assim como ao meu professor orientador. Por último, à minha família e às
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