Capítulo 14 ANOMALIAS CONGÉNITAS

Documentos relacionados
4. NATALIDADE E MORTALIDADE INFANTIL

GDH CID-9-MC A CID-9-MC é um sistema de Classificação de Doenças, que se baseia na 9ª Revisão, Modificação Clínica, da Classificação Internacional de

São as seguintes as mensagens existentes actualmente (por ordem numérica)

Morbilidade Hospitalar Serviço Nacional de Saúde

INDICADORES DE SAÚDE II

Capítulo 3 (ex-capítulo 7)

Sumário. 1. Visão geral da enfermagem materna Famílias e comunidades Investigação de saúde do paciente recém nascido...

PALAVRAS-CHAVE Morte Fetal. Indicadores de Saúde. Assistência Perinatal. Epidemiologia.

GESTANTES DIABÉTICAS E HIPERTENSAS: QUAIS OS RISCOS PARA O RECÉM-NASCIDO?

BOLETIM. Vol. 22 Janeiro - Abril 2001 CENTRO DA OMS PARA A CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS EM PORTUGUÊS

Disciplina: Específica

15º - AUDHOSP ANO 2016

* Depende do protocolo da Unidade Coordenadora Funcional

Proposta de Programa de Follow up de Recém- Nascidos de Risco

Codificação Clínica e Desempenho Hospitalar

ICD-9-CM - Estrutura. Curso de Formação em Codificação Clínica pela CID-9-MC ACSS, IP - Lisboa. Março de 11 ICD-9-CM - Estrutura 1

1. POPULAÇÃO RESIDENTE

AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL

Protocolo de Vigilância Materno-Fetal MATERNIDADE DANIEL MATOS

Estatísticas de saúde. Certificados de óbito.

Seminários de Codificação do. 3 de Julho de 2010 Temas de Codificação avulsos

Rotinas Gerenciadas. Departamento Materno Infantil. Divisão de Prática Médica/Serviço de Controle de Infecção Hospitalar

InDUÇÃO DO TRABALHO DE PARTO

CLASSIFICAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA

MESA REDONDA: INDICADORES

Recém-nascido de termo com baixo peso

Orientações Clínicas para profissionais de saúde. Evolução da taxa de cesarianas em Portugal

Instituto de Saúde Coletiva (ISC) Depto Epidemiologia e Bioestatística Disciplina: Epidemiologia II

HDM/GESTÃO IMIP CENTRO DE ESTUDOS DR. ALÍRIO BRANDÃO EDITAL DO PROCESSO SELETIVO PARA ACADÊMICOS DE MEDICINA DO HOSPITAL DOM MALAN/ GESTÃO IMIP

QUEIMADURAS. Vera Maria Sargo Escoto Médica Auditora da ULSNA Hospital de Santa Luzia de Elvas Queimaduras 1

Cesáreas eletivas: Iniqüidades sociais e efeitos adversos

APLICAÇÃO DE UMA CURVA DE GANHO DE PESO PARA GESTANTES

NORMAS COMPLEMENTARES AO EDITAL Nº 03 DE 2016 CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGOS DE PROFESSOR ASSISTENTE 1 DA UNIRV UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

Hospital de dia de Pediatria. Consulta Externa

TUTORIAL DE ANESTESIA DA SEMANA MONITORIZAÇÃO DOS BATIMENTOS CARDÍACOS FETAIS PRINCIPIOS DA INTERPRETAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA

Síndrome hipertensiva Gestacional e desfecho neonatal o que esperar

CID 9 - MC. Formato: A ICD 9 CM apresenta-se em VOLUME 1 LISTA TABULAR DAS DOENÇAS E LESÕES TRAUMÁTICAS

Unidade: Medidas de Frequência de Doenças e Indicadores de Saúde em Epidemiologia. Unidade I:

INSTRUMENTO PARA ENTREVISTA POR TELEFONE 45 A 60 DIAS APÓS O PARTO Nº DO QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA NA MATERNIDADE: Nome da entrevistada:

R E S I D Ê N C I A M É D I C A PROVA TIPO C C / NN - NEONATOLOGIA ANO OPCIONAL

Benchmarking em Cuidados Continuados: Clinical Governance para a melhoria da qualidade em saúde

Informação baseada nos dados de rotina: EAM

INDICADORES DE MORTALIDADE - Porto Alegre

aula 6: quantificação de eventos em saúde

Referenciação à Consulta de Reumatologia

Microcefalia na atenção básica

PERDAS FETAIS E NATIMORTALIDADE NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO-SP, BRASIL, 1991 E 1992

HERANÇA MULTIFATORIAL

Dicionário de variáveis - Sistema de Informações sobre mortalidade (SIM) versão: 22/dez/2016

SÍNDROME HIPEROSMOLAR HIPERGLICÉMICA E CETOACIDOSE DIABÉTICA "

ÓBITO FETAL DEPARTAMENTO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA DA FMABC DISCIPLINA DE OBSTETRÍCIA PROF. TITULAR: MAURO SANCOVSKI

CARTÃO DA GESTANTE AGENDAMENTO. Nome. Endereço. Município. Bairro. Telefone. Nome da Operadora. Registro ANS. ANS- nº

CEAFi- CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM FISIOTERAPIA FABRÍCIA CARPENA BERTINETTI GIZELE MARA PICCOLI

Questão 01 Diagnóstico da gestação

INFORME TÉCNICO 01 VIGILÂNCIA DAS MICROCEFALIA RELACIONADAS À INFECÇÃO PELO VÍRUS ZIKA

Mortalidade Perinatal no Estado de São Paulo

Dados de Morbimortalidade Masculina no Brasil

Rede Nacional de Vigilância de Morbidade Materna Grave. Frederico Vitório Lopes Barroso

SECRETARIADO EXECUTIVO DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

Como Conduzir o Recém- Nascido com Malformações. Sessão Clínica da Pediatria Angelina Acosta - FAMEB/UFBA

5. MORTALIDADE E MORBILIDADE GERAL

DISCIPLINA: ESTÁGIO EM CLÍNICA PEDIÁTRICA-MÓDULO NEONATOLOGIA Coordenadora: Elaine Alvarenga de Almeida Carvalho

CUSTO DA HOSPITALIZAÇÃO COMPARADO COM ATENÇÃO AMBULATORIAL EM GESTANTES E PARTURIENTES DIABÉTICAS EM CENTRO TERCIÁRIO RIO NO BRASIL

VIVER COM. Narcolepsia. Sintomas Diagnóstico Tratamento ISTEL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ COORDENADORIA DE CONCURSOS CCV

ANÁLISE DA MORTALIDADE DE NEONATOS EM UMA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL DO VALE DO PARAÍBA

Repercuções das TRA na Gestante e no Concepto. Edson Borges Jr.

Imagem da Semana: Radiografia

B O L E T I M EPIDEMIOLÓGICO SÍFILIS ano I nº 01

Vigilância do RN de Risco

Estudo comparativo do número de óbitos e causas de morte da mortalidade infantil e suas componentes ( )

Sistema de classificação de doentes em MFRA FAQs

ACES Santo Tirso / Trofa

DISCURSIVA GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA ULTRASSONOGRAFIA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO. wwww.cepuerj.uerj.

22 - Como se diagnostica um câncer? nódulos Nódulos: Endoscopia digestiva alta e colonoscopia

Medidas de freqüência

GT Saúde do Servidor Amostra Nacional Gestão do Absenteísmo-Doença entre Servidores Estaduais Biênio

NASCER PREMATURO EM PORTUGAL Epidemiologia. Organização

SIARS ACES LINHA DIRECTA N. 2

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical 2016/2017

TÉCNICAS INVASIVAS DE DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA FETAL

Anexo 1 - Intervalo de tempo para indicadores Anexo 2 - Indicadores de Mortalidade Anexo 3 Declaração de Nascimento...

DIABETES: ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR (NOV 2016) - PORTO

[Entrevistador: As questões deste módulo são dirigidas às mulheres que tiveram o último parto posteriores a / / )

Reunião de casos clínicos

DEFICIÊNCIA DE ALFA1 ANTITRIPSINA

OBJETIVO: Conhecer o perfil de mortalidade infantil e adolescência no estado do Rio de Janeiro(ERJ), município(mrj) e região metropolitana (METRO).

NOTA TÉCNICA. Vigilância da Influenza ALERTA PARA A OCORRÊNCIA DA INFLUENZA E ORIENTAÇÃO PARA INTENSIFICAÇÃO DAS AÇÕES DE CONTROLE E PREVENÇÃO

Programa Analítico de Disciplina EFG370 Enfermagem na Saúde da Criança e do Adolescente

ACES Douro Sul. Perfil Local de Saúde Aspectos a destacar

CONJUNTO DE DADO DUQUE PARA ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL AGUDO

ACES Alto Tâmega e Barroso

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS (CIPHARMA) IMUNO-HEMATOLOGIA. Doutoranda Débora Faria Silva

TESTE DE AVALIAÇÃO. 02 novembro 2013 Duração: 30 minutos. Organização NOME: Escolha, por favor, a resposta que considera correta.

Simone Suplicy Vieira Fontes

Transcrição:

Capítulo 14 ANOMALIAS CONGÉNITAS As anomalias congénitas, patologias anormais presentes no nascimento, estão classificadas no capítulo 14 da CID-9-MC e nas categorias 740 759. LOCALIZAÇÃO DOS TERMOS NO ÍNDICE ALFABÉTICO A distinção entre patologias congénitas e adquiridas é, com frequência, apresentada no Índice Alfabético por um modificador não essencial associado ao termo principal ou subtermo. Quando esse termo aparece entre parêntesis com o termo principal, o termo alternativo pode geralmente ser encontrado como subtermo. De notar que algumas patologias são congénitas por definição e não têm versão adquirida; outras são sempre consideradas adquiridas. Certamente que para muitas patologias não é feita qualquer distinção. Quando a informação clínica não esclarece se a patologia é congénita ou adquirida, com frequência a CID-9-MC presume uma ou outra situação. O exemplo a seguir, do Índice Alfabético, demonstra essa prática: Deffomity... breast (acquired) 611.8 congenital 757.9 bronchus (congenital) 748.3 acquired 519.1 Neste exemplo o Índice Alfabético assume que a deformidade da mama sem outra qualificação é classificada como adquirida, enquanto a deformidade do brônquio é classificada como congénita se não houver outra especificação. A Lista Tabular pode oferecer orientação adicional através das notas de exclusão. Por exemplo, a entrada pela categoria 562 Diverticula of intestine, aponta ao codificador que o divertículo congénito do cólon é codificado noutra parte, com o código 751.5 Other anomalies of intestine. Para o código 751.5 a nota de inclusão indica que o divertículo congénito do cólon é correctamente codificado nesta subcategoria. As anomalias congénitas são classificadas primeiro pelo sistema corporal envolvido. Muitas anomalias congénitas têm códigos específicos na CID-9-MC Capítulo 14; outras são localizáveis no Índice Alfabéticomais genéricos como anomalias e deformidades em vez de sob do nome da patologia específica. Por exemplo: Malposição congénita do trato gastrintestinal 751.8 Hérnia do hiato congénita 750.6 Como estão identificadas cerca de 4 000 anomalias congénitas, não é possível ao sistema de classificação atribuir um código específico a cada uma delas. 197

Quando a anomalia é específicada, mas não há códigopróprio, deve ser utilizado o código: Outra anomalia específicada do mesmo tipo e localização. Devem ser utilizados, tanto quanto possível, códigos adicionais para assinalar as manifestações dessa anomalia. RELAÇÃO ENTRE A IDADE E OS CÓDIGOS Os códigos do capítulo 14 podem ser utilizados em doentes de qualquer idade. Muitas anomalias congénitas, embora presentes no nascimento, apenas se manifestam mais tarde. Por outro lado, muitas não podem ser corrigidas e persistem para sempre; estas patologias podem ser reportadas a um doente adulto. A idade do doente não é o factor determinante na atribuição destes códigos. Eis alguns exemplos: Um doente, de 30 anos de idade, com síndroma de Marfan foi admitido para substituição de válvula cardíaca e reparação de aneurisma da aorta. Neste caso, o código de Síndrome de Marfan 759.82, é utilizado, apesar da idade do doente, porque a situação é uma perturbação hereditária autossómica dominante do tecido conjuntivo. Um doente, 25 anos, admitido para cirurgia cerebral, que revelou quisto colóide do 3º ventrículo. Neste caso, o código 742.4 Outras anomalias especificadas do cérebro, é apropriado porque um quisto colóide do 3º ventrículo é sempre congénito e a idade do doente não influencia a atribuição do código. RECÉM-NASCIDO COM MALFORMAÇÕES CONGÉNITAS Quando o diagnóstico de malformação congénita é feito durante o episódio de internamento em que ocorreu o nascimento, o código apropriado do capítulo 14 da CID-9-MC deve ser assinalado como código de diagnóstico adicional, associado ao código apropriado da categoria V30 a V39 que é sempre o código de diagnóstico principal. Por exemplo: Recém-nascido de termo, sexo masculino; lábio leporino incompleto à direita V30.00 (P) + 749.12 Recém-nascido de termo, sexo masculino; hipospádias V30.00 (P) + 752.61 Notar que este procedimento é uma excepção às normas de registo noutras situações. As malformações congénitas são registadas no processo clínico do episódio de nascimento, quando forem diagnosticadas. 198

DEFORMIDADES PERINATAIS VS. TRAUMATISMOS Certas malformações músculo-esqueléticas que resultam de factores mecânicos durante a gestação, como malposições ou pressões intra-uterinas, são classificadas na categoria 754 Certas deformidades músculo-esqueléticas congénitas, com um 4º dígito indicativo do local ou tipo de deformidade. - Metatarsus varus 754.53 As patologias resultantes de traumatismo do parto são classificadas como patologias perinatais na categoria 767 do capítulo 15 da CID-9-MC. Exemplos: Fractura da clavícula por traumatismo do parto 767.2 PATOLOGIA PERINATAL Tanto as patologias como as anomalias que têm origem no período perinatal estão classificadas no capítulo 15 da CID-9-MC e categorias 760 779. LOCALIZAÇÃO DOS CÓDIGOS PARA AS PATOLOGIAS PERINATAIS NO ÍNDICE ALFABÉTICO Os códigos para codificar as patologias perinatais encontram-se no Índice Alfabético nos termos principais Birth ou Newborn, ou nos subtermos affecting...fetus, newborn, ou infant. RELAÇÃO ENTRE A IDADE E OS CÓDIGOS Muitas patologias originadas no período perinatal são transitórias por natureza. Outras, contudo, persistem e algumas, ainda, só se manifestam tardiamente, e são classificadas no capítulo 15, independentemente da idade do doente. Exemplos: Mulher de 33 anos de idade, internada para tratamento de carcinoma vaginal devido à exposição intra-uterina a DES (dietilstilbestrol) tomado pela mãe durante a gravidez. São atribuídos os códigos 184.0 Neoplasia maligna da vagina e 760.76 Dietilstilbestrol, uma vez que exposição intrauterina foi um elemento importante na patologia da doente. Associa-se, também o código E de causa externa de lesão. 199

Homem de 18 anos de idade, internado para estudo por apresentar problemas respiratórios. Foi efectuado um diagnóstico de displasia broncopulmonar. É atribuído o código 770.7 Doença respiratória crónica originada no período perinatal porque a displasia broncopulmonar é uma patologia congénita. CLASSIFICAÇÃO DOS RECÉM-NASCIDOS É atribuído um código das categorias V30 a V39 como diagnóstico principal, de acordo com o tipo de nascimento, para cada recém-nascido. Os primeiros três dígitos definem se o nascimento é simples ou múltiplo; os códigos para nascimentos múltiplos indicam se o(s) outro(s) recém-nascido(s) nasceram vivos ou mortos. O quarto dígito indica se o nascimento ocorreu no hospital (0), imediatamente antes da admissão no hospital (1) ou fora do hospital, e o RN não foi hospitalizado (2). Para os nascidos no hospital, um quinto dígito indica se foi realizado ou não parto por cesariana. As categorias V33, V37 e V39 não devem ser usadas em hospitais de agudos, pois os registos clínicos deverão fornecer informação suficiente que permita atribuir um código mais específico. Os códigos desta categoria são usados apenas nos registos dos recém-nascidos e somente para o episódio em que ocorreu o nascimento. Se o recém-nascido é readmitido o Diagnóstico Principal será o da patologia responsável pela readmissão. Se for transferido para outro hospital, aí o Diagnóstico Principal será a patologia responsável pela transferência. Por exemplo, um recém-nascido único nascido vivo no hospital com um diagnóstico associado de hemorragia subdural, por traumatismo de parto, deve ser codificado como V30.00 (P) Recém-nascido único, vivo + 767.0 Hemorragia subdural e cerebral. Se a criança tem alta e é readmitida ou transferida para outro hospital para tratamento da hemorragia, o diagnóstico principal para essa readmissão/transferência deverá ser 767.0, e não pode ser atribuído nenhum código das categorias V30 a V39. OUTROS DIAGNÓSTICOS PARA RECÉM-NASCIDOS Os códigos das séries V30 a V39 indicam apenas que ocorreu um nascimento. São atribuídos códigos adicionais para todas as patologias com significado clínico, quando estas podem ter implicações futuras. As patologias não significativas ou transitórias que não carecem de tratamento não devem ser codificadas. Os registos clínicos dos recém-nascidos podem mencionar patologias como discreto exantema, modelação do couro cabeludo, ou discreta icterícia, que não condicionam investigação, tratamento ou acréscimo no tempo de internamento e, como tal, não são codificadas. 200

Nos registos clínicos do recém-nascido, se o médico assistente mencionar, por exemplo, os diagnósticos de anomalias congénitas (sindactilia e hidrocele), mesmo que não tratados no episódio de internamento do nascimento, deverão ser codificados. PREMATURIDADE, BAIXO PESO E PÓSMATURIDADE Os recém-nascidos cujo nascimento ocorreu antes de termo são definidos como imaturos ou prematuros e são classificados na categoria 765 como se segue: Extrema imaturidade (765.0x) implica um peso à nascença menor que 1 000 gramas e/ou uma gestação inferior a 28 semanas completas; Prematuridade (765.1x) implica um peso à nascença entre 1 000 e 2 499 gramas e/ou uma gestação de 28 a 37 semanas completas. Mesmo quando um recém-nascido não é prematuro, pode estar indicado atribuir um código da categoria 764 Baixo crescimento fetal e malnutrição fetal. Este código só deve ser atribuído quando no Processo Clínico houver referência a Atraso de crescimento intrauterino (ACIU), ou Recém nascido leve para a idade gestacional (LIG). Nestas situações deverá ser utilizado um código que especifique o número de semanas de gestação 765.2x. Existem quintos dígitos para os códigos de imaturidade (765.0), prematuridade (765.1) e baixo crescimento fetal e malnutrição fetal (764.0 764.9) para indicar o peso à nascença. Deve haver coerência entre o quarto e o quinto dígito. A posmaturidade é definida como um período total de gestação igual ou superior a 42 semanas completas. A categoria 766 classifica o RN como de gestação prolongada e/ou peso excessivo (grande para a idade gestacional). - 766.0 criança excepcionalmente grande (peso de 4 500 gramas ou superior); - 766.1 outras crianças grandes para a idade gestacional, independentemente do tempo de gestação; - 766.2 crianças postermo, não grandes para a idade gestacional ; gestação de 42 ou mais semanas. Não há limite de tempo para a utilização destes códigos; pode ser atribuído um destes códigos desde que o médico considere que o peso à nascença é um elemento importante na situação da criança. Por exemplo, uma criança nascida no Hospital A com 34 semanas de gestação e transferido para o Hospital B após 14 dias de internamento para avaliação posterior de uma anomalia congénita pode ainda, ter um código de prematuridade atribuído como diagnóstico adicional. O quinto dígito para estes códigos é sempre baseado no peso à nascença, não no peso da criança na altura da transferência ou readmissão. Estas linhas de orientação são gerais. Os códigos das categorias 764 e 765 nunca são atribuídos apenas com base no peso à nascença ou idade gestacional estimada, mas unicamente na avaliação clínica da maturidade do recém-nascido como indicada nos registos clínicos. 201

HIPÓXIA E ASFIXIA DO RN É atribuído um código 768.x para o sofrimento fetal no recém-nascido, com um quarto dígito que indica o momento em que a condição ocorreu: 768.2 antes do início do trabalho de parto; 768.3 durante o trabalho de parto; 768.4 tempo de início não especificado. O Código 769 destina-se ao Síndrome de dificuldade respiratória do RN ( Doença da membrana hialina). Na categoria 770 codificam-se Outros problemas respiratórios do feto e/ou RN, correspondendo o 770.1 ao Síndrome de aspiração de mecónio. DOENÇA HEMOLÍTICA DO RECÉM-NASCIDO PASCOAL (VOLTAR A VER) As crianças nascidas de mães Rh negativas desenvolvem, com frequência, doença hemolítica devida à incompatibilidade feto-materno de grupo sanguíneo. Estas patologias são classificadas na categoria 773 Doença hemolítica do feto ou recém-nascido, devida a isoimunização. Note-se que a indicação de incompatibilidade num teste de rotina ao sangue do cordão não é conclusiva. Não é de atribuir um código da categoria 773 apenas com base nestes achados; um diagnóstico de isoimunização ou doença hemolítica requer confirmação por teste de Coomb s positivo (anticorpo directo ou antiglobulina directa). OBSERVAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RECÉM-NASCIDOS E CRIANÇAS É atribuído um código da categoria V29 Observação e avaliação de recém-nascidos por condições suspeitas e não confirmadas quando uma criança ou recém-nascido é estudado por patologia suspeita que não se confirma. Os códigos desta categoria podem ser utilizados, quer, como código de Diagnóstico Principal, quer como código de diagnóstico adicional INFECÇÕES COM ORIGEM NO PERÍODO PERINATAL Muitas infecções específicas do período perinatal são consideradas congénitas e devem ser classificadas no capítulo 15 da CID-9-MC. Os códigos são encontrados pelo termo principal de infecção e depois identificando subtermos como neonatal, recém-nascido, congénito ou materno afectando feto ou recémnascido. No entanto, certas infecções perinatais (por exemplo, a sífilis congénita) podem aparecer no capítulo 1 da CID-9-MC, Infecções e doenças parasitárias. 202

As infecções que ocorrem após o nascimento mas surgem durante o período neonatal de 28 dias podem ou não ser classificadas no capítulo 15. Por isso, quando não é encontrado nenhum dos subtermos mencionados acima, deve ser atribuído o código de infecção. Filhos de mães HIV positivas têm, frequentemente, serologia positiva para o HIV.Este resultado indica a presença de anticorpos circulantes da mãe, que poderão persistir durante 18 meses. Esta circunstância deverá ser codificado com o código V01.7 Contacto ou exposição a doença viral. CONDIÇÕES MATERNAS AFECTANDO O RECÉM-NASCIDO Os códigos das categorias 760 a 763 só devem ser utilizados nos registos dos recém-nascidos e apenas quando a patologia materna é causa de morbilidade ou mortalidade perinatal. Recém-nascido de termo, vivo, mãe diabética, parto por cesariana, é codificado como V30.01. Não é atribuído nenhum código das categorias 760 a 763 uma vez que os registos clínicos não documentam qualquer problema que afecte o recém-nascido Quando é identificada uma patologia específica da criança que resulta de condição da mãe, deve ser atribuído um código dessa condição em vez de um código das categorias 760 a 763. Por exemplo, algumas crianças filhas de mães diabéticas apresentam níveis baixos de glicose (hipoglicemia), classificadas como 775.0 Síndrome de crianças de mães diabéticas ; outras apresentam níveis elevados (hiperglicémia), muitas vezes referidas como pseudodiabetes, e são classificadas como 775.1 Diabetes mellitus neonatal. SUPERVISÃO DE CRIANÇAS SAUDÁVEIS A subcategoria V20.1 Supervisão de criança saudável que recebe cuidados. Utiliza-se sempre que uma criança saudável é admitida no hospital para acompanhar a mãe doente. 203