O Que solicitar no estadiamento estádio por estádio. Maria de Fátima Dias Gaui CETHO



Documentos relacionados
CAPÍTULO 2 CÂNCER DE MAMA: AVALIAÇÃO INICIAL E ACOMPANHAMENTO. Ana Flavia Damasceno Luiz Gonzaga Porto. Introdução

Atualidades na doença invasiva do colo uterino: Seguimento após tratamento. Fábio Russomano IFF/Fiocruz Trocando Idéias 29 a 31 de agosto de 2013

Diretrizes ANS para realização do PET Scan / PET CT. Segundo diretrizes ANS

Diretrizes Assistenciais

RM MAMÁRIA: quando indicar?

INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RS PORTARIA 13/2014

Parecer do Grupo de Avaliação de Tecnologias em Saúde GATS 25/07

TRATAMENTO PÓS OPERATÓRIO NO SEMINOMA E NÃO SEMINOMA DE ESTÁGIO I DE ALTO RISCO Daniel Fernandes Saragiotto

O sistema TNM para a classificação dos tumores malignos foi desenvolvido por Pierre Denoix, na França, entre 1943 e 1952.

COMO SEGUIR AS PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA? Dr. José Luiz B. Bevilacqua

André Salazar e Marcelo Mamede CANCER PATIENTS: CORRELATION WITH PATHOLOGY. Instituto Mário Penna e HC-UFMG. Belo Horizonte-MG, Brasil.

PET- TC aplicações no Tórax

Carcinoma de tireóide ide na infância

Estadiamento e Follow Up em Melanoma. Rafael Aron Schmerling

Como tratar o câncer de mama na paciente com mutação genética? Prof. Dr. Giuliano Duarte

ANÁLISE COMPARATIVA DOS GRAUS HISTOLÓGICOS ENTRE TUMOR PRIMÁRIO E METÁSTASE AXILAR EM CASOS DE CÂNCER DE MAMA

Gaudencio Barbosa R3 CCP Hospital Universitário Walter Cantídio UFC Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

Reconstrução de mama: Qual o tempo ideal? Dr. Fabrício P. Brenelli

TOMOSSÍNTESE MAMÁRIA CASOS CLÍNICOS

PELE - MELANOMA PREVENÇÃO

Tema: Uso do pet scan em pacientes portadores de câncer

Atualização do Congresso Americano de Oncologia Fabio Kater

DETECÇÃO, DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO DO CÂNCER DE MAMA

Radiology: Volume 274: Number 2 February Amélia Estevão

HISTÓRIA NATURAL DOS TIPOS RAROS DE CÂNCER DE MAMA

LETÍCIA RIGO Médica Nuclear

Câncer de Testículo Não Seminomatoso

Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Diagnóstico do câncer

CAMPANHA PELA INCLUSÃO DA ANÁLISE MOLECULAR DO GENE RET EM PACIENTES COM CARCINOMA MEDULAR E SEUS FAMILIARES PELO SUS.

Declaro não haver nenhum conflito de interesse.

CÂNCER GÁSTRICO PRECOCE

DR.PRIMO PICCOLI CANCEROLOGIA CIRÚRGICA.

Manuseio do Nódulo Pulmonar Solitário


CÂNCER DE MAMA NA SENILIDADE

RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA

Setor de PET/CT & Medicina Nuclear PET/CT (FDG) Agradecimento a Dra. Carla Ono por ceder material científico

29/10/09. E4- Radiologia do abdome

TOMOSSINTESE MAMÁRIA DIGITAL. Qual a diferença para a mamografia 2 D?

Caso Clínico para Site SBM

Os Trabalhos/Abstracts mais Relevantes em Avaliação genética e tratamentos preventivos

Declaro não haver nenhum conflito de interesse

1ª Edição do curso de formação em patologia e cirurgia mamária. Programa detalhado

Manejo do Nódulo Pulmonar

Câncer de Pulmão Estadiamento: o que mudou?

vulva 0,9% ovário 5,1%

Protocolo para Tratamento de Carcinoma Diferenciado de Tireoide

Diagnóstico diferencial de nódulos pulmonares suspeitos: quando e como investigar

Casos Clínicos: câncer de mama

Apresentador: Dr. Saul Oliveira e Costa Coordenador: Dr. Gustavo Caldas

Sérgio Altino de Almeida

ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA

ESTADIAMENTO. 1. Histórico

NLST: estamos prontos para o rastreamento do câncer de pulmão?

Como escolher um método de imagem? - Dor abdominal. Aula Prá:ca Abdome 1

Câmara Técnica de Medicina Baseada em Evidências. Avaliação de Tecnologias em Saúde. Sumário das Evidências e Recomendações sobre o uso

ATUALIZAÇÃO NO TRATAMENTO DO CARCINOMA INFLAMATÓRIO

Diretrizes Assistenciais. Protocolo de Conduta da Assistência Médico- Hospitalar - Mama

NEOPLASIA DE ESÔFAGO. Rodrigo Bordin Trindade

Discussão de Casos Clínicos Doença Localizada e Localmente Avançada Riad N. Younes William N. William Jr

TOMOSSINTESE : o que é e. Dra. Vera Aguillar Coordenadora do Serviço de Imaginologia Mamária do HSL

Check-ups Específicos

RASTREAMENTO EM CÂNCER CRITÉRIOS EPIDEMIOLÓGICOS E IMPLICAÇÕES

QUANDO SOLICITAR A RM DE PRÓSTATA COMO PARTE DO DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO? DR.PÚBLIO VIANA

O que é câncer de mama?

Seminário Metástases Pulmonares

PET/CT no estadiamento do câncer de esôfago e gástrico. Quando indicar?

Tumor Desmoplásico de Pequenas Células Redondas: Relato de um caso.

É possível omitir Radioterapia adjuvante em mulheres idosas com Receptor Hormonal positivo?

CANCER DE MAMA FERNANDO CAMILO MAGIONI ENFERMEIRO DO TRABALHO

Key Words: câncer de mama, quimioterapia neoadjuvante, quimioterapia, resposta patológica, carbopaltina.

RASTREAMENTO EM CÂNCER

Bioestatística. Organização Pesquisa Médica. Variabilidade. Porque existe variabilidades nos fenômenos naturais? Fontes de variação:

História natural de carcinoma lobular x ductal

INSTRUÇÕES PARA O CANDIDATO:

INSTRUÇÕES PARA O CANDIDATO:

EMENTA: Câncer urológico - Critérios de alta para pacientes com câncer CONSULTA

ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE SANTA CECILIA ATA DE REGISTRO DE PREÇOS Nº: 4/2015. Página: 1/7

Humberto Brito R3 CCP

Protocolo de Tratamento do Câncer de Mama Metastático. Versão eletrônica atualizada em Dezembro 2009

IESC/UFRJ Mestrado em Saúde Coletiva Especialização em Saúde Coletiva Modalidade Residência Disciplina: Epidemiologia e Saúde Pública

Estudos de Coorte: Definição

Entenda o que é o câncer de mama e os métodos de prevenção. Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca)

Os Trabalhos/Abstracts mais Relevantes em Câncer de mama Tratamento Adjuvante: Hormonioterapia. José Bines Instituto Nacional de Câncer

Estamos prontos para guiar o tratamento com base no status do HPV?

Descobrindo o valor da

ESTUDO DO PADRÃO DE PROLIFERAÇÃO CELULAR ENTRE OS CARCINOMAS ESPINOCELULAR E VERRUCOSO DE BOCA: UTILIZANDO COMO PARÂMETROS A

CÂNCER DE MAMA PREVENÇÃO TRATAMENTO - CURA Novas estratégias. Rossano Araújo

30/05/2016 DISTORÇÃO ARQUITETURAL DISTORÇÃO ARQUITETURAL. DÚVIDAS DO DIA-A-DIA DISTORÇÃO ARQUITETURAL e ASSIMETRIAS Como vencer este desafio?

Clube da Revista. Ano I - Número I - Julho 2010

Eduardo Henrique Laurindo de Souza Silva¹, João Ricardo Auller Paloschi 1, José Roberto de Fígaro Caldeira 1, Ailton Joioso 1

Gastroenteroanastomose

André Luís Montagnini Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo - HC/FMUSP

NOVO CONSENSO BRASILEIRO DE RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA POR MÉTODOS DE IMAGEM DR. HEVERTON AMORIM

Desigualdades no Acesso à Tecnologia: Relevância para Grupos de Pacientes

Parte II: Sumário narrativo das diretrizes práticas da NCCN PET e PET/CT

Módulo: Câncer de Rim Localizado

Nota referente às unidades de dose registradas no prontuário eletrônico radiológico:

Importância dos. em Ginecologia Ramon Andrade R2 Prof. Dr. Maurício Magalhães - Orientador

Transcrição:

O Que solicitar no estadiamento estádio por estádio Maria de Fátima Dias Gaui CETHO

Introdução Objetivo: Definir a extensão da doença: Estadiamento TNM (American Joint Committee on Cancer ). 1- Avaliação de doença loco-regional 2- Doença a distância Os exames indicados dependem do risco ou do estádio da doença.

1- Avaliação loco-regional Avaliação do tumor primário: Exame físico, mamografia, US e RM de mamas. RM de Mamas: Alta sensibilidade porém dobro o número de mastectomia (falso positivo ) e aumenta custo. Com sobrevida semelhante. Nos consensos a RM deve ser usada em mutações do BCRA1 e 2, primário oculto de mama ou para solucionar discrepâncias.

1- Avaliação loco-regional Avaliação de doença regional: Linfonodos axilares Exame físico: palpação valor preditivo positivo: 61% a 84% e negativo 50% a 60%. US + PAAF. FDG-PET : sensibilidade de 57 100% e especificidade de 66 100%. Sub-estima o envolvimento axilar quando comparado com esvaziamento axilar. Padrão: Linfonodo sentinela. Linfonodo de mamária interna: Somente 5% das pacientes LNF- terão mamária interna positiva. Esta cadeia não é rotineiramente investigada porém afeta o estadiamento.

2-Avaliação de doença a distância História Clinica e Exame Físico. Exames laboratoriais: Hemograma completo, glicose, provas de função hepática e renal, fosfatase alcalina e cálcio. Exames especiais: (Tratamento) Medida de estradiol e FSH em pacientes perimenopausa. Teste de gravidez. Outros exames direcionados pela história clinica. Pacientes com estádio I e II menos de 2% de metastases.

2-Avaliação de doença a distância Marcadores tumorais séricos Marcadores séricos: CA 15.3,CA 27 e CEA. Dados compilados mostram uma incidência de elevação de 5 a 30% no estádio I, 15 a 50% no II, 60 a 70% no III e 65 a 90% no estádio IV. CEA (cut-off 5 U/ml) e CA 15.3 (cut-off 35 U/ml). Tumor marker utility grading system: a framework to evaluate clinical utility of tumor markers. Hayes DF, Bast RC, Desch CE, et AL.J Natl Cancer Inst. 1996;88(20):1456 Existe correlação do nível sérico e do estadiamento. Porém não pode ser usado para prever o estádio. Em pacientes com doença avançada o CEA é menos sensível (50 a 60%)do que o CA 15.3 (75 a 90 %). Não recomendado no estadiamento (ASCO 2007 por ausência de evidência)

2-Avaliação de doença a distância Exames de Imagem Cintilografia US abdome RX de torax óssea Estádio I 0.5% 0% 0.1% Estádio II 2.4% 0.4% 0.2% Estádio III 8.3% 2% 1.7% Falso + 10 a 22% 33 a 66% 0 a 23% Revisão sistêmática: 5407 pacientes em 9 estudos Myers RE, Johnston M, Pritchard K, Levine M, Oliver T, Breast Cancer Disease Site Group of the Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative.CMAJ. 2001;164(10):1439

2-Avaliação de doença a distância Exames de Imagem Tomografia e RM de abdome e tórax são mais sensíveis do que US de abdome e RX de tórax. Entretanto maior índice de falso positivo, maior custo e maior irradiação. Em análise retrospectiva de uma única instituição: 1703 pacientes assintomáticos submetidos a TC de tórax e fígado: 266 apresentaram alterações no exame porém e 26 metastases (1.5% de todos os pacientes e 9.8% dos alterados). Foram detectadas metastases em 0.2 % do estádio I, 0% do II e 6% do III. Kim H, Han W, Moon HG, Min J, Ahn SK, Kim TY, Im SA, Oh DY, Han SW, Chie EK, Ha SW, Noh DY Breast Cancer Res Treat. 2011;126(3):637.

2-Avaliação de doença a distância FDG-PET/CT Tamanho e histologia afetam a acurácia do PET Scan. Em tumores > 2cm a acurácia é alta. Em < 1cm pode falhar em 1/3 dos casos. O PET é mais eficaz na detecção de CDI do que CLI e não é util em CDIS. Mais eficaz em tumores mais agressivos. FDG-PET tem sensibilidade de 80 97% e especificidade de 75 94% em detectar metastases a distância. PET tem maior acurácia do que CO em metastases predominantemente líticas. Estudo prospectivo em 131 pacientes IIA, IIB e IIIA. PET x outros exames (MRI de mama TC de abdome e CO). O PET modificou o estadiamento em 5.6% : IIA, 14.6% IIB e 27.6% IIIA. No estádio IIIA com N2 56%. ( J Nucl Med. 2011 Oct;52(10):1526-34. Epub 2011 Aug 30)

2-Avaliação de doença a distância FDG-PET/CT Recomendado para estádios III. Especialmente útil em carcinoma inflamatório, onde detecta metastases em 25 a 50% a mais do que TC e CO. Não recomendado em estádios iniciais pelo alta taxa de falso Positivo e alto custo.

Avaliação Sistêmica visando tratamento Avaliação de função cardíaca: Ecocardiograma ou multiple gated acquisition (MUGA) scan Densitometria óssea.

TAKE HOME MESSAGE - Estádio I : História e exame físico, hemograma e provas de função hepática. Mamografia, Us de mama ou RMI. - Estádio II: Todos acima. Outros exames de estadiamento dependendo da sintomatologia. Inclusive RM de cerebro. - Estádio III: CO, US ou TC ou RM abdome, pelve e tórax. Pet/TC útil em carcinoma inflamatório. Guidelines ESMO (Annals of Oncology 22 (Supplement 6) 2011. Guidelines ASCO (Journal of Clinical Oncology, Vol 24, No31 2006 ) NCCN 2010.