Como organizar um processo de planejamento estratégico



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Transcrição:

Como organizar um processo de planejamento estratégico Introdução Planejamento estratégico é o processo que fixa as grandes orientações que permitem às empresas modificar, melhorar ou fortalecer a sua posição face à concorrência. É uma ferramenta de apoio à gestão com vista ao desenvolvimento futuro da empresa, especificando a forma e os timings de execução. É a direção central que tem a responsabilidade de definir e pôr em prática todo o processo de planejamento. Ao definir as linhas de orientação gerais relativamente à missão, política e estratégia empresariais, estabelece as bases sobre as quais cada unidade de negócios individual delineará o seu próprio plano de negócios. A autonomia das unidades de negócios depende da própria cultura organizacional: umas empresas dão liberdade a cada divisão para estabelecer as suas próprias estratégias e objetivos de vendas e lucros; outras estabelecem os objetivos mas deixam ao critério das unidades a definição da estratégia; outras ainda, definem os objetivos e envolvem-se diretamente na concepção das estratégias individuais. Em qualquer caso, o planejamento estratégico será definido a dois níveis: pela empresa mãe - planejamento estratégico empresarial - e, posteriormente, por cada unidade de negócios - planejamento estratégico das unidades de negócio (nota: as empresas com apenas uma unidade de negócio terão que integrar ambos os processos). Os processos são diferentes, como poderemos constatar em seguida. Planejamento estratégico empresarial Cabe à direção central fazer o planejamento estratégico global de toda a organização. Este processo inclui as quatro fases ilustradas na figura seguinte.

Fase 1: Definição da missão empresarial Todas as empresas têm uma missão, ou seja, algo que pretendem atingir ao longo da sua vida e que deve ficar clara desde o início. E deve servir como forma de motivação dos empregados. Ao longo do tempo, a missão pode ter que ser alterada, por ter perdido a sua relevância face às novas condições da envolvente empresarial. A missão deverá definir uma visão e o rumo para os próximos 10 a 20 anos da empresa, tendo em conta: Condições da indústria: Inclui todas as indústrias em que a empresa opera. Poderá ser apenas uma, ou um conjunto de indústrias, relacionadas, ou não. Segmentos de mercado: São as parcelas de mercado que incluem segmentos de clientes com determinadas características em comum e que a empresa se compromete a satisfazer. Tipo de integração: Uma empresa pode estar integrada vertical ou horizontalmente. No primeiro caso, as operações da empresa incluem todos os processos desde a produção à venda (isto no limite); no segundo caso, a empresa subcontrata todas as operações e serve apenas como intermediário para a venda ao cliente final. Entre estes dois extremos, existe uma infinidade de alternativas. Segmentação geográfica: Inclui o conjunto de regiões ou países em que a empresa pretende operar. Fase 2: Identificação das unidades de negócios estratégicas A maioria das empresas, mesmo as mais pequenas, operam em diversos negócios. Mas estes poderão nem sempre ser claros: uma empresa com 12 divisões, por exemplo, não tem necessariamente 12 negócios. Uma divisão pode incluir, por exemplo, dois ou três negócios distintos. Por isso, é importante que a empresa-mãe defina todos os negócios para que cada um deles possa ser gerido como uma unidade individual com uma estratégia própria. Fase 3: Análise do portfólio e da estratégia das unidades de negócio O objetivo da identificação das unidades de negócio é a definição de objetivos estratégicos e de um montante de investimento apropriado a cada uma delas. Para tal, a empresa-mãe tem que analisar o plano de negócios de cada unidade, decidindo posteriormente quais serão mantidas, quais necessitam de maior investimento e quais é que desaparecerão. Para tal, os gestores de topo terão que conhecer o seu portfólio de negócios e avaliar o seu potencial futuro. Fase 4 - Novo plano de negócios empresarial Os planos da empresa para os seus negócios permitirão aumentar as suas vendas e a rentabilidade. Ela terá três alternativas de crescimento: Crescimento intensivo: Neste caso, a empresa optará

simultaneamente por: penetração de mercado, ou seja, pelo aumento da quota de mercado, conquistando terreno aos concorrentes; desenvolvimento do mercado, ou seja, diversificando os negócios para áreas atrativas não relacionadas com os negócios atuais; desenvolvimento do produto, que consiste na identificação de novas oportunidades relacionadas com os produtos e os negócios atuais da empresa. Crescimento integrado: Consiste na integração de novos negócios na empresa, relacionados com os atuais, que lhe permitirão diminuir a sua dependência de outras empresas da indústria às quais subcontratava determinadas funções, por exemplo, a produção e a montagem. Crescimento pela diversificação: Faz sentido só quando existem boas oportunidades de negócio fora dos negócios tradicionais da empresa. Uma boa oportunidade é aquela cuja indústria é altamente atrativa, desde que a empresa tenha as capacidades de que necessita para ser bem sucedida. Processo de planejamento estratégico das unidades de negócio Tendo como ponto de partida o planejamento estratégico definido pela empresa-mãe, cada unidade de negócios define o seu próprio planejamento estratégico, que se resume nas fases da figura seguinte: Fase 1 - Definição da missão do negócio Cada unidade de negócios define a sua missão para o futuro, enquadrada na missão mais global da empresa. Deverá definir os objetivos e políticas das unidades. Fase 2 - Análise SWOT Consiste na identificação dos pontos fortes (strenghts) e fracos (weaknesses) da empresa e das oportunidades (opportunities) e ameaças (threats) do

mercado. Análise da envolvente externa: Nesta fase, são analisadas com detalhe as oportunidades e ameaças da indústria. Exemplos de oportunidades: novos desenvolvimentos tecnológicos, novos canais de distribuição, etc. Exemplos de ameaças: entrada de novos concorrentes, aumento dos custos dos produtos, etc. Análise da envolvente interna: Identifica os principais pontos fortes e fracos da unidade de negócios. São fatores internos que a unidade deverá avaliar periodicamente. Pode, inclusivamente, criar um formulário com várias funções e avaliá-las numa escala, que pode ser numérica ou qualitativa. Fase 3 - Definição dos objetivos Depois de ter determinado a sua missão e analisado as suas envolventes externa e interna, a unidade de negócios deverá definir os objetivos que pretende atingir. Estes poderão incluir: o aumento da rentabilidade, o crescimento das vendas, o aumento da quota de mercado e o aumento do ritmo de inovação, entre outros. Fase 4 - Formulação da estratégia Os objetivos dizem o que é que a empresa quer atingir; a estratégia indica como é que o poderá fazer. Michael Porter identificou três tipos genéricos de estratégia, que são bons pontos de partida para o pensamento estratégico: Liderança pelo preço: A unidade de negócios trabalha arduamente para alcançar o mínimo de custos de produção e distribuição, para poder praticar preços de venda mais baixos do que a concorrência e conquistar mais clientes. Diferenciação: A unidade de negócio concentra-se em ter um desempenho superior numa determinada área, por exemplo: qualidade do produto e/ou do serviço, tecnologia de ponta, etc. Enfoque: Neste caso, a unidade concentra-se num ou mais segmentos de mercado restritos e tenta conhecer o melhor possível o seu alvo. Fase 5 - Implementação Mesmo com uma estratégia bem definida, as empresas podem falhar na implementação. A consultora McKinsey define os sete elementos chave de uma estratégia de sucesso: estratégia, estrutura da empresa e sistemas/infraestruturas de apoio, estilo de gestão, qualidade dos recursos humanos, qualificação do pessoal e cultura organizacional. Fase 6 - Controle Assim que se inicia a implementação da estratégia, é necessário ir controlando a sua evolução e verificar se os resultados reais não têm grandes desvios relativamente aos objetivos previstos. A unidade de negócios também deverá estar preparada para fazer quaisquer tipos de ajustes ao processo de planejamento se constatar que serão necessários para cumprir os seus objetivos.