"Planejamento Forrageiro em Sistemas Intensivos de Produção de Bovinos de Corte"



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Transcrição:

"Planejamento Forrageiro em Sistemas Intensivos de Produção de Bovinos de Corte" Quando falamos em planejamento, logo pensamos em META, pois, quem não sabe para onde ir qualquer caminho basta e uma META para ser atingida ela deve atender a alguns requisitos básicos: 1. Especifica: Podemos traçar diversas metas, porem ela deve ser específica para alguma coisa, ou seja: ela pode ser financeira, de sustentabilidade, de preservação do meio ambiente, de evolução do rebanho, de melhoria da genética e assim por diante. 2. Mensurável: Ela deve ser medível, quantificável. Ex.: Se tracei uma meta para evolução do meu rebanho, vou medi-la em cabeças ou em UAs. É fundamental que consigamos medir sua evolução para avaliarmos quantos % já avançamos na META. 3. Atingível: Questione-se: é possível realizar e atingir esta META? Se for, vá em frente porque ela é atingível, do contrário, seria um devaneio, uma utopia e não valeria à pena investirmos nela. 4. Realizável: Este ponto é fundamental! Devemos dividir a META em pequenas ações. Cada ação, cada etapa cumprida vamos comemorá-la de forma intensa, com alegria, pois somente assim nos manteremos motivados a dar continuidade e chegarmos a atingí-la. 5. Temporal: A META obrigatoriamente deve ter uma data para acontecer para que não fiquemos perdidos no tempo. Você deve atrelar cada etapa a uma data, mesmo que esta sofra algumas alterações durante o percurso. Mas o importante é: ter sempre uma data base para cada ação.

Além dos pontos acima estabelecidos é fundamental montarmos uma base de dados para tomarmos como ponto inicial do planejamento. Neste levantamento devemos ter os números atuais da propriedade, da média nacional e aqueles desejados por você, que pode tomar, como referência, os números já obtidos por outra propriedade já intensificada. Veja a tabela abaixo. Índices Média brasileira Tecnologia média Meta desejada Natalidade 60% 80% >80% Mortalidade até a desmama 8% 5% 2% Taxa de desmama 54% 70% 88% Mortalidade pós desmama 4% 2,5% 1% Idade à 1ª Cria 4 anos 2 a 3 anos 1,7 a 2 anos Intervalo de partos 21 meses 16 meses 12 meses Idade de abate 4 anos 3 anos 1,5 a 2 anos Taxa de descarte de matrizes xxxx xxxx 15 a 20% Taxa de abate 17% 21% >35% Lotação UA/ha 0,7UA/ha 1,2UA/ha >2,5UA/ha Adaptado da EMBRAPA - 2007 É importante lembrar que tais índices envolvem uma série de fatores, entre eles: pastagem, mão de obra qualificada, estratégia, maquinários, consultoria, genética e investimentos. Pastagem Para se planejar a produção de uma pastagem é fundamental que avaliemos o seu estado atual e para facilitar criaremos uma classificação para podermos planejar sua melhora assim como também escolher àquelas a serem mais usadas intensamente e as que devem ser poupadas para uma recuperação ou reformadas. Pensando nisso desenvolvi uma metodologia bastante simples, que denominei Quadrante Wagner Pires. Venho o aplicando em minhas consultorias há algum tempo nos permitindo visualizar a situação como um todo, auxiliando bastante na tomada de decisão (veja após Outras plantas).

Existem quatro fatores principais que levam a degradação de uma pastagem e são eles: Plantas daninhas: estas plantas começam a sair nas pastagens quando estas perdem o seu vigor de rebrota causado pelo manejo inadequado ou queda da fertilidade do solo. As plantas daninhas são plantas edaficamente adaptadas, ou seja, elas conseguem sobreviver às condições climáticas locais e condições de fertilidade do solo, portanto elas são muito mais agressivas que as plantas forrageiras. Sem falar que elas não são palatáveis e muitas vezes possuem espinhos que repelem os animais. Estas plantas acabam roubando espaço das pastagens e diminuindo sua capacidade de suporte (mais adiante teremos um capitulo especifico sobre plantas daninhas). Fertilidade do solo: ocorre uma grande extração de nutrientes através dos bovinos de corte e leite que saem da propriedade e dos processos de erosão que normalmente ocorrem no ambiente pastoril. Com o tempo a fertilidade do solo vai decaindo e junto com ela decai a produção de massa verde da pastagem (falaremos também sobre isso adiante). População de capim: existem diversos fatores que podem levar a diminuição da população de plantas por metro quadrado, mas quando ela diminui damos espaço para o surgimento de outras plantas e plantas daninhas. Chamo isso de espaços vazios, que seriam espaços com mais de 2 metros quadrados sem nenhuma planta forrageira. Quando isto ocorre dificilmente ele irá se repovoar sozinho. Outras plantas: Denomino de outras plantas, toda planta de folha estreita que eventualmente surgem no pasto e que pode ou não ser

palatável aos animais que ali pastejam ou ser de palatabilidade inferior. Normalmente estas plantas são mais agressivas que o próprio capim e menos exigentes em fertilidade do solo. Hoje no Brasil temos vários exemplos delas: (Capim Anone, Rabo de Burro, Rabo de Raposa, Capim Navalha, Capim Duro, Gramão e outras). Muitas vezes podemos ter uma espécie de pastagem menos exigente junto a um pasto mais exigente onde esta se comporta como outra planta. Juntei estes quatro fatores em um diagrama e dei a cada um deles uma nota que varia de 0 a 10, sendo que para plantas daninhas e outras plantas 0 seria o ideal e 10 o pior, para população e fertilidade é o inverso. Lembro que esta metodologia é empírica, ou seja, é baseada somente em observação de campo e não conta com embasamento científico. Quadrante Wagner Pires

Verde 1: esta categoria compreende as pastagens novas, que não possuem plantas invasoras ou muito pouco. As gramíneas nelas instaladas encontram-se bem gramadas e não encontramos ou praticamente nada de outras plantas e quanto a fertilidade está de razoável a boa. Em resumo tratase de uma pastagem que com pouco investimento pode atingir seu ponto máximo de aproveitamento. Estas pastagens deverão receber o tratamento, se necessário, com herbicida. Se houver necessidade serão divididas e deverão ser manejadas com todo o cuidado para que não venham a se degradar e cair de categoria. A fertilidade deverá ser mantida ou melhorada com o tempo através de adubações de cobertura. Trata-se de uma área para a manutenção e lembro que a manutenção é muito mais econômica do que a recuperação e reforma. Amarela 2: esta categoria compreende as pastagens já em degradação. A pastagem já se encontra infestada com plantas daninhas, mas nestas áreas encontramos ainda muito capim por baixo. Encontramos também em várias delas um processo de erosão já iniciado e em alguns casos até avançado. Normalmente são pastagens velhas que possuem um grande banco de sementes e uma maior diversidade de plantas invasoras. A fertilidade não está totalmente ruim e poderá ser recomposta. Nesta categoria poderemos ou não estar entrando com controle químico nas invasoras, porém é nesta categoria onde temos o melhor custo benefício do herbicida. Caso não seja possível, usaremos então, roçada mecânica ou manual, mas é importante estar consciente de que as invasoras irão aumentar gradativamente. Amarelo 3: nesta categoria é um pouco mais complexa a recuperação, apesar do custo com herbicida ser mais baixo pois a infestação é pequena. A pastagem apresenta uma população de gramíneas baixa e muitos espaços vazios. A fertilidade também está baixa e necessitando de uma adubação. Será necessário adubar a área, lançar uma quantidade de sementes

da mesma cultivar e vedá-la para sua total recuperação. Caso isso não seja realizado a pastagem irá migrar para a categoria vermelha. Vermelha 4: esta categoria compreende as pastagens condenadas a reforma, onde pouco estaremos gastando com elas, no máximo uma roçada mecânica ou manual. Normalmente são pastagens com mais de 50% de infestação, com vasta área sem capim, com invasoras inferiores e erosão. Lembrando que após a reforma elas irão retomar o verde. Esta é a primeira análise para um planejamento que realizo em uma propriedade, percorrendo todos os pastos e analisando os quatro fatores acima e dando uma classificação para cada um deles. Desta forma podemos planejar o quê recuperar, fazer manutenção ou reformar, sem falar que podemos definir as pastagens a serem usadas mais intensamente e as que devem ser poupadas para uma recuperação ou para se evitar que se degradem mais rapidamente. A seguir uma propriedade que foi diagnosticada pelo diagrama do Quadrante Wagner Pires:

Outro ponto importante para um planejamento de pastagem é a distribuição de gramíneas em uma propriedade. Desde 1984 quando a EMBRAPA lançou a Brachiaria Brizantha CV. Marandu os pecuaristas não plantaram outra coisa. Por mais de 20 anos esta cultivar dominou a comercialização de sementes e agora quase 30 anos após o seu lançamento a pecuária brasileira está pagando um preço alto demais por ter deixado o Marandu predominar nas pastagens. Hoje a pecuária está sofrendo com a Morte Súbita do Brachiarão e com uma infestação sem controle da Cigarrinha Mahanarva fimbriolata que hoje está destruindo as pastagens da região amazônica e centro-oeste. Isso tudo ocorre, em grande parte, em virtude da falta de diversificação de gramíneas na propriedade. O fato dos pecuaristas não encararem as pastagens como uma cultura e somente tomarem atitudes extrativistas, está levando suas pastagens ao clímax da degradação.

Cigarrinha das pastagens Morte súbita do Brachiarão As instituições de pesquisa também têm a sua parcela de culpa, pois sempre lançaram seus materiais apresentando uma relativa tolerância a baixa fertilidade, como se isso fosse levar alguma vantagem ao pecuarista. Tal fato levou o pecuarista a tomar uma posição mais acomodada quanto reposição dos nutrientes retirados do solo.

Podemos resumir que ter uma única gramínea forrageira na propriedade não é sustentável como também não é recomendável a mistura de gramíneas em um mesmo pasto, pois desta forma os bovinos tendem a escolher a melhor e com isso a capacidade de suporte das pastagens diminui sensivelmente. Recomenda-se a diversificação de 3 a 4 gramíneas de forma proporcional na propriedade e de preferência agrupadas em blocos. Adequação da capacidade de suporte nas diferentes épocas do ano Quando falamos de planejamento forrageiro em sistemas intensivos, devemos monitorar os índices pluviométricos da propriedade e ou da região, de preferência levando em consideração uma média de 10 anos. Levando em consideração os índices pluviométricos podemos estabelecer uma curva de crescimento das pastagens, vamos aqui considerar uma condição média de clima: Fonte: Adaptado de Aguiar (2001,2002) Se analisarmos o gráfico acima teremos uma proporção aproximada de 70% da produção de MS/ha/ano no período das chuvas e 30% no período da seca. Desta forma somos levados a refletir que não existe milagre, ou seja, se não traçarmos uma estratégia de manejo das gramíneas, do rebanho e de uma suplementação, inevitavelmente o resultado será catastrófico.

Se adubarmos, melhorarmos a fertilidade do solo e manejarmos corretamente as pastagens conseguiremos amenizar esta curva de modo que o déficit de produção seja amenizado. Fonte: Adaptado de Aguiar (2001,2002) Para calcular a produção de massa verde usamos habitualmente uma fórmula do Prof. Moacir Corsi que nos permite um cálculo direto da quantidade de unidades animais na pastagem. Lotação = 10.000 x PA x EP x Perdas N o dias x Consumo PA: peso da amostra em 1 metro quadrado Eficiência de Pastejo (EP) = 50 % Perdas por Urina, Fezes e Outros = 50 % Pastejo de 30 dias Consumo de 45 Kg de Matéria Verde(10% do peso vivo)

1m 2 cortado para o cálculo. O corte deve sempre ser feito rente ao chão, para não existir probabilidade de erro. Outra forma de monitorar a pastagem é medir o resíduo remanescente nas pastagens, isso é, de grande importância para a vida das pastagens. Lembro que sempre devemos deixar uma sobra de gramíneas após o pastejo de 50%. Esta sobra irá servir como material de reserva da planta pois, ela vai secar e apodrecer. Os nutrientes existentes nestas folhas serão retirados pela planta e levados para folhas jovens em crescimento. A folha morta será de grande valia para proteger o solo contra o impacto da água da chuva e para evitar com que o solo perca umidade. Este material irá se decompor e se transformar em matéria orgânica. O monitoramento deste resíduo é feito de uma forma bastante simples, marcando um m 2 e coletando todo material morto existente, este é colocado em um saco plástico e prensado e o nível anotado. Se o resíduo começar a diminuir é sinal que está ocorrendo erro no manejo das pastagens. Para se planejar um sistema produtivo é necessário avaliar as divisões de pastagens existentes e como estas estão divididas, sempre levando em consideração a variação do tamanho das pastagens, pois esta variação não

deve ultrapassar 10% entre elas e também o seu formato. Evitando pastos estreitos e compridos e a distancia entre o ponto extremo da pastagem até o bebedouro ou aguada não deve ultrapassar 600 m para gado de corte e 300 m para gado de leite. Sabemos que o custo de divisão das pastagens é elevado pois, o Km de cerca normalmente nos dias de hoje (2013), fica em torno de R$ 5.000,00, porém sabemos também que quanto mais dividirmos a pastagem mais capim teremos e maior será a capacidade de suporte. Vamos tomar, como exemplo, a Fazenda Igarapé, localizada em Igarapé Grande/MA: Fazenda Igarapé Igarapé Grande /MA Rebanho x Divisões de pastagens Ano ha de Past Divisões* Total de cab.** Obs 2003 2.290,44 112 2000 2004 2.290,44 127 2200 2005 2.290,44 149 2400 2006 2.308,49 170 2600 2007 2.308,49 176 2800 2008 2.357,38 182 3000 2009 2.357,38 186 3200 2010 2.364,40 209 3400 2011 2.427,35 233 3500 2012 2.427,35 245 4150 FIV 2013 2.580,40 257 4800 * Não estão incluídos piquetes. ** Números aproximados e médios. Nesta fazenda somente em 2012 foi iniciado um trabalho de adubação das pastagens. Todo este aumento da capacidade de suporte foi conseguido através de divisões dos pastos e por consequência melhoria do manejo das pastagens.

Diversificação das gramíneas: Ainda tomando como exemplo a Fazenda Igarapé, lá nós temos uma boa diversificação de gramíneas, o que ajuda bastante no processo de sustentabilidade. * Gramíneas usadas em áreas de baixo são:tango (Brachiaria Mutica x Brachiaria Arecta) e Canarana (Echinochloa sp). ** Panicuns: Mombaça e Tanzania. *** Outros: Estrela Africana, Tifton 85, Conver HD 364, Jaraguá e Andropogon. Há 10 anos a fazenda era composta por quase 90% de Brachiaria Brizantha Marandu e fomos, gradativamente, substituindo esta cultivar por outras mais recentes, principalmente pelo alto risco de infestação de Cigarrinha e Morte súbita da Brachiaria. Plano de ações: Um plano de ações é fundamental no planejamento das pastagens. Neste colocamos o quê e quando fazer e para ser ainda mais detalhado, podemos estabelecer quem deve fazer, por quantas pessoas e quantas horas-máquinas serão necessárias, não se esquecendo do custo estimado para confrontar, posteriormente, com o custo real. O plano de ações dá um direcionamento na propriedade e evita problemas futuros.

Fazenda JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ localizada no MS Clima na região Ação Coleta de xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx amostra de solo para análise Compra de xxxx xxxx Calcário (época ideal em função de preço) Transporte e xxxx xxxx armazenamento na fazenda Épocas em que xxxx xxxx xxxx xxxx xxx xxx xxxx xxxx podemos aplicar o calcário (Em verde é o ideal) Primeira xx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx gradagem para a reforma (Em verde é o ideal) Segunda xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx gradagem (Em verde é o ideal) Controle de xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx formigas em áreas de plantio Gradagem xxxx xxxx xxxx xxxx niveladora para plantio Compra de xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx sementes (época ideal em função de preço em verde) Plantio xxxx xxxx xxxx xxxx Fosfatagem xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx Potassagem xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx Adubação xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx Nitrogenada Controle de xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx Cupim com Regente 20 G (IDEAL EM VERDE) Diagnóstico para xxxx xxxx avaliação de pragas duras Controle de pragas duras (Época ideal em xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx

verde) Diagnóstico para avaliação de pragas moles Controle de pragas moles Controle de pragas moles em áreas de plantio Construção de cercas, cochos e bebedouros em áreas de plantio Primeiro pastejo em áreas de plantio Deferimento de pastagem para uso na seca Controle de erosões Construção de cercas (Época ideal) Vedação de pastagem para recuperação Uso de Aeromix para descompactar o solo Recuperação de açudes e represas xxxx xx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx x xxxx xxxx xxxx xx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxxx xxx_ xxxx xx xxxx xxxx xxxx xxxx Para finalizar tudo o que tratamos é ainda importante observar para o alcance da META: Atitude: Sem Atitude nada acontece. É preciso que o pecuarista e sua equipe tenham consciência de que é preciso melhorar a cada dia a propriedade como um todo, e principalmente de forma sustentável. Se cair, levantar. Aprendendo sempre com os erros. Lembrar que os momentos de adversidades existem para aprendermos a sobreviver a eles e sairmos destes ainda mais fortes. Lembrar que os resultados somente dependem de nós e de nossas atitudes e que somos nós quem faz nossa própria sorte.

Trabalhar duro de forma ordenada e planejada, aproveitando cada minuto que a vida e a natureza nos oferecem. Enfrentar os problemas um a um hoje, evitando postergá-los. É preciso comprometer-se e cumprir o planejado. É preciso estudar sempre para cada vez mais descobrir que mais precisa aprender. Desenvolver o espirito de equipe na fazenda e mostrar a todos que o resultado depende de cada um e do comprometimento de todos. Todos os dias buscar quebrar os paradigmas que estão arraigados em nossas cabeças. Ter um comprometimento muito além de sua porteira e sua família, ter um comprometimento social, afinal você é um produtor. Sempre buscar uma forma melhor e mais sustentável de produzir sua carne e seu leite evitando formas antigas que nem sempre trazem o melhor resultado. Ser parte da solução e não parte do problema. Afinal este Simpósio foi feito para Produtores Vencedores e você é um deles! Grande abraço, Obrigado! Wagner Pires wagner@circuitodapecuaria.com.br Fones: 19-3894-1865 fixo 19-8112-5298 Cel. Vivo Bibliografia:

Pires, Wagner, Manual de Pastagens Formação, Manejo, Recuperação, 1ª Edição, 2006. AITA, V. Utilização de diferentes pastagens de estação quente na recria de bovinos de corte. 1995. Dissertação (Mestrado). Universidade De Santa Maria, Santa Maria, RS. BARBOSA, F.A. Planejamento e estratégias nutricionais como ferramentas para aumento na rentabilidade da pecuária de corte. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE PRODUÇÃO E GERENCIAMENTO DA PECUÁRIA DE CORTE, 3, Belo Horizonte. Anais..., Belo Horizonte: Escola de Veterinária. BERGAMASCHINE, A. F.; ALVES, J. B.; ANDRADE, P. et al. Efeito da lotação sobre o desenvolvimento de novilhos Guzerá recebendo suplemento múltiplo, durante a época da seca. In. REUNIÃO ANUAL DA SOC. BRAS. ZOOTECNIA, 35, Botucatu, Anais..., Botucatu: SBZ. EUCLIDES, V.P.B. Alternativas para intensificação da produção de carne bovina em pastagem. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2000. ZIMMER, A.H.; EUCLIDES F.K. As pastagens e a pecuária de corte brasileira. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTEJO.,1,1997, Anais... Viçosa:UFV, 1997, Simpósio, PENATI, M A; CORSI, M.; DIAS, C. T. S.; MAYA, F. L. A Efeito do numero de amostras e da relação dimensão-formato da moldura sobre o coeficiente de variação na determinação da massa de forragem em pastagem de capim tanzânia. In: REUNIAO ANUAL DA SOCIEDADE DE ZOOTECNIA. 38. Piracicaba, 2001. Anais... (MATTOS, W. R. S. et al.,. Ed.). Piracicaba: FEALQ, 2001. ROLIM, F. A Estacionalidade de podução de forrageiras. In: Pastagens: fundamentos da exploração racional. Piracicaba: FEALQ, 1994. SILVA, S. C. da e PEDREIRA, C. G. S. Fatores condicionantes e predisponentes da produção animal a pasto. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM. 13., Piracicaba, 1996. Anais... Piracicaba; FEALQ, 1996.