Sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) de Corte da Embrapa Milho e Sorgo
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- Adriana Galindo de Lacerda
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1 Sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) de Corte da Embrapa Milho e Sorgo Ramon C. Alvarenga¹ e Miguel M. Gontijo Neto¹ Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) A Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) implantou em 24 hectares de área na Estação Experimental da Empresa um sistema de integração lavoura-pecuária com o objetivo de demonstrar a viabilidade técnica, econômica e ambiental da tecnologia. Com a integração lavoura-pecuária, é possível fazer o uso intensivo e sustentado do solo em todos os meses do ano. Para isso, é necessária a adoção de diversas tecnologias, tanto agrícolas quanto pecuárias. O planejamento deve ser executado em função de que as glebas de terra devam ser utilizadas em um momento com lavouras e em outro com pastagens. O mais comum é usar a gleba durante cinco meses do ano com lavoura e capim. Para os outros sete meses, faz-se o uso de pastagem, completando, dessa forma, o uso intensivo, produtivo e sustentado durante os 12 meses do ano. Um dos principais benefícios da alternância entre as modalidades de usos da gleba são os nutrientes residuais deixados pelas lavouras para as pastagens, que passam a produzir forragem em maior quantidade e de melhor qualidade. Estas forragens promovem uma reestruturação no ambiente de solo, aumentando o teor de matéria orgânica, o que estimula a melhoria da produção das lavouras que vêm a seguir. Com isso, o produtor aumenta a produtividade das suas terras, produz mais grãos, carne, leite, fibras ou agroenergia, conforme sua vocação. Sua renda, consequentemente, aumenta gradativamente, além de a propriedade, por tornar-se mais produtiva, valorizarse. O sistema ILP da Embrapa Milho e Sorgo, mostrando a alternância das explorações numa gleba em particular, pode ser visualizado no esquema abaixo. Nota-se que a seqüência das explorações foi modificada no ano agrícola 2007/2008. A ILP é bastante flexível e permite fazer correções à medida em que o projeto se desenvolve, tendo como referências indicadores do mercado, por exemplo. 1
2 Quadro 1 - Seqüência de rotação de culturas e pastagem no projeto de Integração Lavoura-Pecuária de Corte da Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG Ano Gleba 1 Gleba 2 Gleba 3 Gleba 4 Milho Grão Sorgo Silagem /2006 Soja Pastagem + Capim Capim Sorgo Silagem + Milho Grão 2006/2007 Pastagem Soja Capim + Capim 2007/2008 Pastagem Soja 2008/2009 Soja Pastagem 2009/2010 Pastagem Soja Sorgo Silagem + Milho Grão 2010/2011 Pastagem Soja Capim + Capim 2011/2012 Pastagem Soja 2012/2013 Soja Pastagem Em novembro de 2007 foram plantadas lavouras de milho e soja para a produção de grãos e sorgo para silagem em três das quatro glebas. O plantio da lavoura de milho com a cultivar BRS 1030 foi feito de forma consorciada com os capins braquiária Piatã, braquiária brizanta ou panicum massai (Sistema Santa Fé). Já o sorgo forrageiro BRS 610 foi consorciado com o capim tanzânia. Depois da colheita das lavouras (Foto1), os capins dão origem à pastagem de entressafra. Na quarta gleba foi mantida uma pastagem de capim tanzânia, dividida com cerca elétrica em cinco piquetes, nos quais foram mantidos 40 animais durante a estação das águas (Foto 2). Na estação seca estes animais pastejavam nas quatro glebas. Para o teste, feito em pastejo rotacionado nas glebas e nos piquetes, foram utilizados animais de quatro grupos sangüíneos para a pecuária de corte: Nelore, 2
3 cruzamento industrial entre Red Angus x Nelore e Canchim x Nelore e Nelore x Girolanda. A complementação alimentar dos animais foi somente sal mineral. Os principais resultados alcançados com as atividades agrícola e pecuária na safra 2007/2008 são mostrados a seguir. Tabela 1 Produção e produtividade média de carne nos períodos de seca e das águas do segundo lote de animais. Seca* Águas** Número de animais*** Peso Médio Inicial - 18/06/ ,4 kg - Peso Médio Final - 06/11/07 221,9 kg - Peso Médio Inicial 06/11/ ,9 kg Peso Médio Final 30/04/08-349,2 kg Ganho Peso Vivo / animal (kg) 41,5 kg 127,3 kg Ganho Médio Diário (kg/animal/dia) 0,300 0,715 Ganho de Peso Vivo Total em 24,0 ha 1.660,0kg (55,3@) - Ganho de Peso Vivo Total em 6,0 ha ,0kg (169,7@) Rendimento (kg/ha) 69,2 848,7 * 140 dias no período seco do ano; **178 dias nas águas; ***40 animais de 4 tipos sangüíneos (Nelore, Red Angus x Nelore, Canchin x Nelore e Nelore x Girolanda) O sistema ILP da Embrapa Milho e Sorgo com 40 animais mantidos em 24 hectares de área produziu 225 arrobas de carne ou em 318 dias, desempenho muito superior à média nacional que gira em torno de De acordo com os resultados da Figura 1, pode-se acompanhar a evolução do ganho de peso dos animais considerando a raça. 3
4 Ganho percentual de peso entre raças 225 Mestiços Nelore Red Angus Canchim 200 Ganho de peso (%) Período de controle (dias) Nota-se que, durante o primeiro período avaliado, ou seja, o período de seca, o grupo de animais teve um desempenho semelhante e ganhou, em média, 300 gramas ao dia. Não raramente é constatado ganho negativo neste período do ano em pastagens mal formadas e/ou degradadas. A partir do início do período das águas, os animais provenientes de cruzamentos industriais (Canchim x Nelore e Red angus x Nelore), se destacaram no ganho de peso, terminando a avaliação em posição mais favorável em relação ao Nelore e ao cruzamento entre Nelore x Girolanda. Pode-se interpretar tal comportamento tendo como referência dois fatores: oferta de grande quantidade de forragem de alta qualidade nutricional, viabilizada pela rotação lavoura-pasto da ILP, e genética animal. Nestas condições os animais provenientes de cruzamentos industriais comprovaram o potencial para o ganho de carne em condições de oferta adequada de forragem. A tabela 2 mostra os ganhos obtidos na Embrapa Milho e Sorgo a partir do sistema de integração lavoura-pecuária no período entre 2005 e 2008, tanto com a produção de grãos e forragem conservada (silagem) quanto com os ganhos animal. Os resultados mostram um desempenho positivo da atividade agrícola (apesar da obtenção de índices abaixo do 4
5 esperado, porém crescentes) e também da pecuária. Tais conclusões comprovam o potencial produtivo das tecnologias de integração lavoura-pecuária, aliando o conceito de produtividade ao de sustentabilidade. O resultado, na prática, são propriedades mais eficientes do ponto de vista produtivo. Tabela 2 Produção anual da ILP da Embrapa Milho e Sorgo. Sete Lagoas, MG Safra Soja (sc) Milho (sc) Silagem (t) Carne (@) 2005/ ,0 0,0* 186,6-2006/ ,0 640,2 318,0 220,4 2007/ ,0 817,2 248,4 225,0 Média 207,0 485,8 251,0 222,7 Preço médio (R$) 40,00 25,00 100,00 80,00 Renda anual (R$) 8.280, , , ,00 Custo Operacional (R$) 6.000,00¹ 9.000,00² ,00³ 4.800,00 4 Saldo (R$) 2.280, , , ,00 Saldo anual (24ha) Saldo mensal (1 ha) R$32.141,00 R$2.678,42 * Safra perdida devido à falta d água (veranico); ¹ Considerando o custo médio de R$ 1.000,00/ha; ² Considerando o custo médio de R$ 1.500,00/ha; ³ Considerando o custo médio de R$ 1.900,00/ha; 4 Considerando o custo médio de R$ 10,00/animal/mês. CONSIDERAÇÕES FINAIS É possível mudar o perfil da propriedade rural mediante a implementação do sistema de integração lavoura-pecuária. Para isso são necessários, além de um diagnóstico perfeito, um planejamento que leve em consideração as potencialidades e limitações dos recursos do solo, econômicos e humanos disponíveis. Deve ser considerada também a possibilidade de trabalhar com mais de um tipo de lavoura para explorar de forma otimizada as potencialidades do sistema de rotação de culturas. 5
6 Por fim, animais de alto potencial genético, como os provenientes de cruzamentos industriais, devem ter preferência na escolha para potencializar os ganhos com a atividade pecuária em pastos de alta produtividade e qualidade nutricional. Fotos para ilustrar artigo: (autor: Ronaldo de Souza) Foto 1. Colheita do milho e pasto formado. Embrapa Milho e Sorgo, Foto 2. Animais em pastagem de capim tanzânia. Embrapa Milho e Sorgo,
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