DECOMTEC Departamento de Competitividade e Tecnologia AVALIAÇÃO DA RESOLUÇÃO Nº 13/2012: QUESTÕES SOBRE O CONTEÚDO IMPORTADO José Ricardo Roriz Coelho Diretor Titular Dezembro de 2012
Índice Efeitos da Guerra dos Portos no Brasil; A Resolução nº 13; Problemas da Resolução nº 13; Conteúdo Importado; Burocracia e Rastreabilidade; Propostas 2
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A Guerra dos Portos promove perdas à economia e ao país como um todo (inclusive aos Estados com incentivo fiscal portuário). Cria um diferencial de preço de 7% em favor do importado em relação ao produto nacional. Dos US$ 193,2 bilhões importados pelo Brasil de produtos industrializados em 2011, US$ 22,2 bilhões (R$ 37,1 bilhões) podem ter sido estimulados pelos benefícios concedidos pelos Estados; Caso essa importação de bens industriais relacionados ao benefícios fossem produzidos no Brasil, a produção nacional poderia ser R$ 80,4 bilhões superior (R$ 37,1 bilhões devido ao efeito direto na indústria e R$ 43,3 bilhões devido ao efeito indireto no resto da economia); 4
A Guerra dos Portos promove perdas à economia e ao país como um todo (inclusive aos Estados com incentivo fiscal portuário). O incremento estimado no PIB de 2011 seria de R$ 26,7 bilhões, o que possibilitaria que esse fosse 0,6% maior do que o atual, equivalente ao PIB total de Estados como Alagoas ou Sergipe, ou cidades como Campinas, Fortaleza ou Camaçari; A Guerra dos Portos teve, portanto, um elevado custo para a sociedade, pois, estimativamente, implicou em abdicar de um crescimento adicional de 0,6% do PIB e um total de 915 mil novos empregos até 2011. 5
A Guerra dos Portos também contribui para a perda de competividade da indústria nacional no mercado doméstico e para a redução do efeito multiplicador desse setor na economia. (1) Produção Física da Indústria de Transformação: número índice com ajuste sazonal (média 2002 = 100). IBGE (2) Evolução do quantum importado: número índice (média 2002 = 100). Funcex. (3) Valor Adicionado da Indústria de Transformação em relação ao Valor Adicionado Total da Economia. IBGE PIB Trimestral. ed = eixo direito - ee eixo esquerdo Fonte: IBGE e Funcex. Elaboração: DECOMTEC/FIESP. 6
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Objetivo da Resolução Nº 13 Anular os efeitos dos benefícios tributários ilegais concedidos em determinados portos do país, por meio da adoção da alíquota de ICMS de 4% nas operações interestaduais após o desembaraço aduaneiro a partir de janeiro/2013 de: I. Bens e mercadorias importados do exterior que não tenham sido submetidos a processo de industrialização; II. Ainda que submetidos a qualquer processo de industrialização resultem em mercadorias ou bens com Conteúdo de Importação superior a 40%. 8
Métrica adota pela Resolução Nº 13 para cálculo do Conteúdo Importado (CI) CI = x 100 9
É POSITIVA a introdução da Resolução Nº 13, mas sua redação NÃO É FIEL ao seu objetivo, pois NÃO RESOLVE os efeitos promovidos pela guerra fiscal e PROMOVE DISTORÇÕES ECONÔMICAS e COMPLEXIDADES OPERACIONAIS. 10
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Adota critérios permissivos para a aferição do conteúdo importado (CI). Conceito amplo da base de cálculo do CI: + Tributos (ICMS, IPI, PIS, COFINS, entre outros); + Margens (lucro; transporte); + Salários e ordenados; + Insumos não comercializáveis (energia, combustíveis, serviços, entre outros); INCHA a base, SUBESTIMANDO, assim, o percentual do CI no valor final da mercadoria. 12
Considerando a estrutura produtiva da indústria brasileira, a atual métrica de CI da Resolução nº 13 exige um percentual muito baixo de componentes nacionais IBGE CONTAS NACIONAIS A preços básicos (sem impostos) EXEMPLIFICAÇÃO O valor do insumo importado pode representar até 71,4% do valor total dos insumos comercializáveis. 60,1% Conteúdo Nacional Fonte: Matriz de Insumo-Produto/IBGE. Elaboração: DECOMTEC/FIESP. NÃO Comercializável: energia elétrica, custos administrativos e operacionais, salários, margem de lucro, tributos, entre outros. 13
A maior parte dos setores tem estrutura de custos que possibilita o consumo de uma significativa parcela de insumo importado sem atender o CI 40% Consumo Intermediário Comercializável Fonte: Matriz de Insumo-Produto/IBGE. Elaboração: Decomtec/FIESP. 60,1% 39,9% 14
Para de fato ter conteúdo importado igual ou superior a 40% (na parcela do comercializável), o percentual para caracterizar o produto importado deveria ser 20% (aproximadamente) Fonte: Matriz de Insumo-Produto/IBGE. Elaboração: Decomtec/FIESP. ~20% Hipótese 15
Portanto, a métrica de cálculo do conteúdo importado, prevista na Resolução Nº 13, contribui para a atual tendência de desarticulação das cadeias produtivas nacionais ( efeito maquila ), e pode comprometer importantes elos de produção e seus empregos no Brasil. 16
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A Resolução Nº 13 exige a FCI (Ficha de Conteúdo Importado) apenas nas operações interestaduais Essa questão gera incertezas: E nas operações internas, precisa-se da FCI? Caso POSITIVO, como evitar a enorme quantidade de documentos chegando até a arruela? Caso NEGATIVO, há o problema da rastreabilidade do conteúdo importado ao longo de toda a cadeia produtiva. Como garantir a atual regra? (que como visto, já é frágil). 18
Simulação do Controle de CI: SEM rastreabilidade FCI = 27,2% MONTADOR CCI = 27,2% 100% nacional Produtor Insumo A CCI = 53,2% 100% nacional Produtor Insumo D CCI = 38,5% 100% nacional 100% nacional Produtor Insumo B CCI = 28,6% Produtor Insumo C CCI = 70,2% 19
Simulação do Controle de CI: COM rastreabilidade FCI = 41,2% MONTADOR CCI = 41,2% FCI = 53,2% Produtor Insumo A CCI = 53,2% FCI = 38,5% Produtor Insumo D CCI = 38,5% FCI = 70,2% FCI = 28,6% Produtor Insumo C CCI = 70,2% Produtor Insumo B CCI = 28,6% 20
Custo e burocracia para pagar tributos no Brasil 2,6% do preço de um produto industrial brasileiro é dado pelo custo para se recolher tributos no Brasil, conforme um estudo do DECOMTEC/FIESP. 2600 horas é o que se gasta para se recolher tributos no Brasil, segundo relatório do Banco Mundial. A utilização de FCI em todas as operações internas aumenta o custo das empresas com a burocracia para recolher tributos. 21
É preciso buscar o equilíbrio entre a rastreabilidade e a (menor) burocracia. 22
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Revisão periódica (a cada seis meses, por exemplo) da metodologia de aferição e controle do conteúdo importado a fim de aperfeiçoamento do modelo. 24
Aperfeiçoamento da Métrica para cálculo do CI Expurgar da base de cálculo alguns itens NÃO comercializáveis : EXCLUIR: (i) tributos (IPI, PIS, COFINS, entre outros); (ii) margens (lucro; transporte); (iii) salários e ordenados; e (iv) insumos não comercializáveis (energia, combustíveis, serviços, entre outros). Portanto, a fórmula para o cálculo do CI seria: 25
Apesar de um avanço, a solução da Guerra do Portos passa pela reforma do ICMS, adotando alíquota única de 4% para todos os produtos em um menor prazo possível. 26
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