UNIVERSIDADE FEDERAL DE-SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE CLÍNICA CIRÚRGICA APENDICITE AGUDA. ESTUDO DE 37 CASOS. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Documentos relacionados
UNLvBRsIpAnEéEEDeEAL.DE santa CATARINA. centro fieàuiencias DA SAÚDE APENDICITE AGUDA. ESTUDO DE 37 CASOS. "DBPARTAMENTOYUEJCLTNICA CIRÚRGICA

Imagem da Semana: Radiografia de abdome

9º Imagem da Semana: Radiografia Tórax

APENDICITE AGUDA O QUE É APÊNCIDE CECAL? O QUE É APENDICITE E PORQUE OCORRE

APE P NDICITE T A GUDA MARCELO LINHARES

ASPECTOS ÉTICOS NA APENDICITE AGUDA

Anatomia e Fisiologia do apêndice cecal

03/05/2012. Abdome Agudo. Abdome Agudo obstrutivo. Dor de início súbito (de horas até 7 dias), não traumática.

ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO CONCEITO

COLECISTITE AGUDA TCBC-SP

COLECISTITE AGUDA ANDRÉ DE MORICZ. CURSO CONTINUADO DE CIRURGIA PARA RESIDENTES COLÉGIO BRASILEIRO DE CIRURGIÕES

DESAFIO DE IMAGEM Aluna: Bianca Cordeiro Nojosa de Freitas Liga de Gastroenterologia e Emergência

Desafio de Imagem. Emanuela Bezerra - S6 25/08/2014

SABAA SISTEMATIZAÇÃO DO ATENDIMENTO BÁSICO DO ABDOME AGUDO

importante. Conclui-se, então, que o quadro é constituído basicamente por dor abdominal de grande intensidade, que na maioria das vezes requer solução

Confira se os dados contidos na parte inferior desta capa estão corretos e, em seguida, assine no espaço reservado para isso.

Ultrassonografia no Abdome Agudo Pediátrico

Complicações na Doença Inflamatória Intestinal

COLECISTITE AGUDA ANDRÉ DE MORICZ CURSO CONTINUADO DE CIRURGIA PARA REWSIDENTES COLÉGIO BRASILEIRO DE CIRURGIÕES 2006

Alterações no Trato Urinário

Insulinoterapia no pré per e pós operatório. Profa. Fernanda Oliveira Magalhães

Caso Clínico. Paciente do sexo masculino, 41 anos. Clínica: Dor em FID e região lombar direita. HPP: Nefrolitíase. Solicitado TC de abdome.

1 INTRODUÇÃO DAOIZ MENDOZA* CÁCIO RICARDO WIETZYCOSKI**

ENFERMAGEM DOENÇAS GASTROINTESTINAIS. Parte 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO EM PEDIATRIA

URI: / DOI: / _25

Afecções Sistema Digestório. Aula 03 EO Karin Bienemann

Imagem da Semana: Tomografia Computadorizada

CURSO CONTINUADO DE CIRURGIA GERAL DO CBC-SP ABDOME AGUDO VASCULAR

Bárbara Ximenes Braz

CHEGOU UMA CRIANÇA NO PLANTÃO

HÁ AINDA ESPAÇO PARA O EXAME FÍSICO NO DIAGNÓSTICO DE APENDICITE AGUDA?

REVIEW ARTICLE ESCALA DE ALVARADO PARA O DIAGNÓSTICO CLÍNICO DE APENDICITE AGUDA

Doença de Crohn. Grupo: Bruno Melo Eduarda Melo Jéssica Roberta Juliana Jordão Luan França Luiz Bonner Pedro Henrique

ESTUDO DA FREQÜÊNCIA DE PARASITAS E DE OVOS NAS CAVIDADES APENDICULARES DAS APENDICITES AGUDAS *

Efficacy and Safety of Nonoperative Treatment for Acute Appendicitis: A Meta-analysis Pediatrics, Março 2017

PROPEDÊUTICA DO APARELHO DIGESTIVO. gesep. Dor Abdominal Pontos Chave. Tipos de Dor Abdominal 4/13/09 ANTES DE INICIAR O EXAME FÍSICO...

MODELOS DE LAUDOS NORMAIS ESÔFAGO, ESTÔMAGO E DUODENO NORMAIS

CIRURGIA PEDIÁTRICA HÉRNIAS

Estudo por imagem do trauma.

ENFERMAGEM PROCESSO DE ENFERMAGEM E SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM. EXAME FÍSICO Aula 9 Profª. Tatiane da Silva Campos

Funcional - Pressão intracólica aumentada - Motilidade basal e propulsiva aumentada - Lume estreito contracções segmentares

Emergências Cirúrgicas em Pediatria. Marco Daiha Hospital Alcides Carneiro Hospital Federal Cardoso Fontes

ABDOME AGUDO NA GRAVIDEZ Waldemar Prandi Filho

TÍTULO: INCIDÊNCIA DE INFECÇÃO URINÁRIA ENTRE HOMENS E MULHERES NO MUNICÍPIO DE AGUAÍ EM PACIENTES QUE UTILIZAM O SUS

Ingestão de corpo estranho

ENFERMAGEM DOENÇAS HEPÁTICAS. Profª. Tatiane da Silva Campos

Sessão TOMOGRAFIA. Diego S. Ribeiro Porto Alegre - RS

D I S C I P L I N A D E S E M I O L O G I A U N I V E R S I D A D E D E M O G I D A S C R U Z E S FA C U L D A D E D E M E D I C I N A

ABORDAGEM CIRÚRGICA DO SISTEMA DIGESTIVO EM RUMINANTES

19º Imagem da Semana: Radiografia de Tórax

- Descrito na década de 70, mas com aumento constante na incidência desde os anos 90

ANALISE DA ACURÁCIA DOS EXAMES DE IMAGEM DE APENDICITE AGUDA

- termo utilizado para designar uma Dilatação Permanente de um. - Considerado aneurisma dilatação de mais de 50% num segmento vascular

Pensa bem enquanto há tempo. Mas se, indiferente à fortuna, aos prazeres, à ingratidão e, sabendo que te verás, muitas vezes, só entre feras humanas,

ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO. Dario A. Tiferes

Giardíase Giardia lamblia

Hematoma intramural não traumático do trato gastrointestinal

SES - SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE 2014 PROVA OBJETIVA

Discussão de Caso Clínico. Módulo de Sistema Digestório

Protocolo abdome. Profº Cláudio Souza

Avaliação Por Imagem do Abdome Introdução

Imagem da Semana: Radiografia

Formação Obrigatória em Serviço de Urgência: Faro

Partes constituintes. Irrigação Drenagem Inervação. Movimentos de mistura. Haustrações. Movimentos propulsivos. Mov. de massa.

PATOLOGIA E CLÍNICA CIRÚRGICA

Módulo 1 ABORDAGEM E OPÇÕES TERAPÊUTICAS NO DOENTE COM LITÍASE RENAL AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA CÓLICA RENAL 3 OBSERVAÇÃO 4 OPÇÕES TERAPÊUTICAS

EXAME FíSICO. Antecedentes Pessoais: Antecedentes Familiares: -Rinite alérgica -Nega internações e cirurgias prévias

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO

INTESTINO DELGADO E INTESTINO GROSSO

Avaliação Semanal Correcção

II WORKSHOP INTERNACIONAL DE ATUALIZAÇÃO EM HEPATOLOGIA

Confira se os dados contidos na parte inferior desta capa estão corretos e, em seguida, assine no espaço reservado para isso.

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ÁGUA E ALIMENTOS 1

CURSO: ENFERMAGEM NOITE - BH SEMESTRE: 2 ANO: 2012 C/H: 60 PLANO DE ENSINO

Profª. Thais de A. Almeida

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À CRIANÇA NO PÓS-OPERATÓRIO DE APENDICECTOMIA

Informe Técnico XXXVI Outubro 2010

Apresentação de caso. Marco Daiha / Raquel Lameira

INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO SOCIEDADE E PESQUISA CENTRO DE CAPACITAÇÃO EDUCACIONAL PÓS-GRADUAÇÃO EM IMAGENOLOGIA BIOMÉDICA

Tumores renais. 17/08/ Dra. Marcela Noronha.

Journal Club. Setor Abdome. Apresentação: Lucas Novais Bomfim Orientação: Dr. George Rosas

SÍNDROMES DISPÉPTICAS E SUAS CAUSAS

As dúvidas mais comuns sobre a infecção urinária

Caso do mês Março de

Leia estas instruções:

Número de NSPs cadastrados por UF. Número de NSPs com ao menos uma notificação


SUS A causa mais comum de estenose benigna do colédoco e:

Leia estas instruções:

Imagem da Semana: Radiografia e cistografia retrógrada

02/06/2010. Derrame Pleural. Sarcoidose

Tomografia computadorizada. Análise das Imagens

Imagem da Semana: Tomografia computadorizada. Figura 1: Tomografia computadorizada contrastada de abdome

Doenças das vias biliares. César Portugal Prado Martins UFC

MANEJO DA PANCREATITE BILIAR AGUDA

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA LEPTOSPIROSE NO ESTADO DE SÃO PAULO NO PERÍODO DE 2007 A 2011

HÉRNIA DE AMYAND : RELATO DE CASO¹ AMYAND S HERNIA: A CASE REPORT

Transcrição:

_. M v 55 A * ' UNIVERSIDADE FEDERAL DE-SANTA CATARINA CVENTR-o DE CI-E_Nc.IAs DA SAÚDE- DEPARTAMENTO DE CLÍNICA CIRÚRGICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO APENDICITE AGUDA. ESTUDO DE 37 CASOS. Orientador: Dr. João de Bona Castelan Filho Doutorandos: Paulo Roberto Webster Vanderlei Simoni Crícifima, Maio de 1988.

..._..._.....-.....~\... r... -W -.~ "» -...,,.... -;:f<..4...-,=z..~. -,w..- vv-"-*~^*"""' -m ~»vz ~ e- v -m~ -.~ -». AGRADECIMENTOS 5 í Nossos agradecimentos especiais aos.doutores: João de Bona Castelan Filho Lücio Stopazzolli Alexandre Silvestre Sergio Haertel Alice Joao Luiz Rocha Odilmar Figueiredo Monteiro Domingos Simon. Agradecemos tambem ao Corpo Clinico e ao Serviço de Enfermagem do Pronto Socorro do Hospital São Josë. e l i «z L i \. J ia U ` ; s

ÍNDICE - RESUMO.................................................. os 1NTRoDUçÃo.«............................................. 04 objet1vos................................................ MATERIAL E MÉTODO..................................... _. os oó RESULTADOS.............................................. 07 n1scussão.............................................._ 15 conclus0es............................................ _. 19 ABs'mAcT................................................ 20 BIBLIOGRAFIA...........................................- 21

z RESUMO \ ;;,~..,-«_-. vw, Y..,..._, \ _;4 _ Os autores apresentam um estudo prospectivo de 37 casos de apendicite aguda. Analísam a incidência por sexo e faixa etária, o quadro clinico, o tempo de evoluçao da doença e os resultados de leucograma e radiografias simples de abdome. É I š J E I z. vt 1:

\ -_,.zz..-»--.,. _.-...~ -._,,,._f...v É = 1 NTRODUÇÃO \ 1 A apendicite aguda ë a mais frequente condição cirúrgica do abdome. Seu diagnõstico deve ser sempre lembrado em qualquer caso de abdome agudo nao traumãtico. É de reconhecimento fãcil na maioria das vezes. Pode no entanto, oferecer dificuldades diagnõsticas em pacientes demasiado jovens e em idosos. As localizações e relações anatômicas menos frequentes A apendice vermiforme podem também dificultar o diagnõstico. O sucesso no tratamento depende do reconhecimento precoce da entidade. do V I I L \ _ v 1

' OBJETIVOS ^ _» 1 - Analisar a incidencia de apendícite aguda com relaçao ao sexo e faixa etãría; 2 - Relacionar os principais sinais e sintomas da apendicite aguda. 3 - Determinar o tempo decorrido entre o inicio da sintomatologia e a realização do ato cirfirgico nos pacientes com apendicite aguda,que procuram o serviço de cirurgia geral do._.. 4 Hospital Sao Jose de Criciuma. 4 - Analisar os resultados do leucograma e Raio X simples do abdome nos quadros de apendicite aguda.

_. MATERIAL E METo1: o Durante o período de janeiro a março de 1988, foram inter- _..Q nados no Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Sao Jose de Cri ciüma (SC), 41 pacientes com quadro clinico compatível de apendicite aguda. Todos os pacientes foram submetidos a apendicectomia apõs realização de leucograma, exame quantitativo de urina, radiografia de tõrax em incidência pêstero-anterior e radiografia de abdome em duas posições (em pê e deitado); A Os apendices excisados foram submetidos ã exame anãtomo-patolõgico. Em 37 pacientes confirmou-se o diagnõstico de apendicite aguda, em O3 casos o apêndice apresentou-se sem alterações A e em 01 caso o diagnõstico foi de apendicite cronica. O presente estudo foi realizado com os 37 casos em que se confirmou o diagnõstico de apendicite aguda. Foram analisados: Incidência por faixa etãria e sexo, quadro clínico, tempo de evolução da doença, resultados de leucograma e de exame radiolõgico do abdome. Não foram analisados o exame quantitativo de urina e o exame radiolõgico de tõrax, pois estes se apresentaram normais em todos os pacientes. 'v

oz 01 RESULTADOS A média de idade nos 37 casos estudados foi de 23,4 anos variando de-7 a 60 anos, Na Tabela -l apresentamos a distribuição por faixa etãria e sexo. TABELA l - Apendicíte aguda. 'Estudo de 37 casos. Distribuição por sexo e faixa etãrias Idade em anos/sexo Masculino Feminino Total % -. Até 1o oz os 8,1 10 - zo 07 os 12 32,4 zo - so 11 os 14 57,9 so - 4o os oo os 8,1 40 - so o1 os 8,1 so - óo 01 oo o1 2,7 60 ou mais 00 01 01 2,7 Sub-Total 26 70,2% ll 29,8% 37 100 % Fonte: Serviço de Cirurgia Geral do Hospital.Sao José de Criciuma..

I I \ 1 % x l \ \ l Dor abdominal espontânea, foi em todos os pacientes, a primeira manifestaçao da doença. Na Tabela 2 apresentamos as localizações de inicio da dor. TABELA 2 - Apendicite Aguda. Estudo de 37 casos. Local de Início da dor. Local de inicio da dor Casos % Epígãstrica e ou peri-umbilical 27 Fossa ilíaca direita 05 Fossa iliáca esquerda 02 Hipogãstrio 03_' 73,0 13,5 5,4 8,1 Í ) TOTAL 37 1 00% L -.. Fonte: Serviço de Cirurgia Geral do Hospital São Josë de Criciuma. ~ \ r í â É Í r _08...! É l i É F

Dor na fossa iliaca direita (FID) ocorreu na grandezmaioria dos pacientes.. Os principais sintomas estão.descritos Tabela 3. TABELA 3 - Apendicite aguda Estudo de 37 casos. Sintomas. Sintomas Casos % Dor em FID Anorexia Nãuseas Võmitos ~ Constipaçao Inte Diarrëia ' stínal 34 31 '26 21 20 04 91,9 83,8 70,3 56,7 54,0 10,8 Fonte: Serviço de Cirurgia Geral do Criciúma Hospital São José de _ 09 _

Os principais achados de exame físico estao expressos na Tabela-4.. TABELA 4 - Apendicíte Aguda. Estudo de 37 casos..exame Físico Exame Físico ' ` Dor a Sinal Febre Sinal Sinal Sinal Sinal palpaçao em FID de Blumberg de Lenander de'rovsing do psoas do Obturador Casos o 6 100 83,8 64,9-62,2 56,7 27,0 16,2 Fonte Serviço de Cirurgia Gerad do Hospital São Josë Criciuma. de

O tempo mëdio entre inicio dos sintomas e realização cirurgia foi, nos 57 casos estudados, de 3,2 dias. Na Tabela 5 apresentamos o tempo de evoluçao dos sin expresso em dias. TABELA 5 - Apendicite Aguda. Estudo de 37 casos. Tempo de evolução em dias. d tomas Tempo de Evolução em dias Casos o 6 Até 1 04 l 2 11 2 3 08 3 4 f07 4-5 5 6 U1 \\ 03 6-7 02 7 ou mais 01 10,8 29,7 21,6 18,9 2,7 8,1.5,4 2,7 Fonte: Serviço de Cirurgia Geral do Hospital são Josë Cricifima. d 6...ll-

Os valores de leucograma estão expressos na Tabela 6. TABELA 6 - Apendicite Aguda. Estudo de 37 casos. Valores de leucograma. 9 Leucõcitos mil/mms Casosv Total Sem desvio Com desvio Até' 10 10-12 12-14 14-16 16-18 18-20 20 ou mais 02. 04 01 031 00 05 00 O4 02 04 O1 03 04 04 13,5 8,0 13,5 16,2 16,2 10,8 21,8 1 Sub-fotal 23 62% 14 100% Fonte: Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Sao Josë de Criciuma Q _1_2._

V Em 04_pacientes não se observaram alterações radíolõgicas do abdome.` As alterações radiolõgicas encontradas em 33 'casos, estao expressas na Tabela ` *7. TABELA 7 -_Apendicite aguda. Estudo de 37 casos. Alterações»radio1Õgícas Alterações Radiolõgicas Casos % Níveis líquidos no ceco Ceco dilatado. s Borramento do müsculo psoas Contratura no flanco direito Linha de gordura prë peritoneal apagada Empastamento da FID ou Flanco direito Escoliose antšlgica Imagem compativel com abscesso Boceladura na região lleocecal Níveis líquidos no_íleo ç 24 21 19 16 16 14 13 05 04 01 64,8 56,7 51,3 43,2 43,2 37,8 35,1 13,5 10,8 2,7 / Fonte: Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Sao Josë de Criciuma. --~13 - '.z

Os resultados do exame anãtomo-patolõgíco estão.expressos na Tabela 8. TABELA 8 - Apendicite Aguda.- Estudo de 37 casos..- - Anatomo-Patolõgico..An tomo-patolõgíco Sem Perfuração Com Perfuração Total % Apendicite catarral Apendicite supurativa Apendícíte gangrenada aguda aguda simples aguda 10 17 01 27 67,6 5,4 Sub-total 28 75,7 24,3 100% Fonte: Serviço de Cirurgia Geral do Hospital São Josë de Criciuma. _ 14 _

V. DISCUSSÃO A afecçao apendicular aguda ë uma doença que ocorre em todas as idades, sendo rara em lactentes e pouco frequente em idosos (7.1o.12.13).p Apresenta um pico mãximo de incidência entre a segunda e a terceira decada de vida. Predomina no sexo masculino. Deve-se ressaltar que antes da puberdade esse predomínio nao ocorre. A O estudo efetuado mostra uma maior incidencia de apendicite.- aguda no sexo masculino (2:l) e na segunda e terceira decadas de vida. O quadro clinico da apendicite aguda, obedece via de regra, A A _ uma sequencia cronolõgica de eventos fisíopatogenícosl (2,7,11,l2 13). Inicialmente ocorre obstrução do lfimem apendicular levando a um aumento da pressão intra-luminar. Tal fato ocasiona dor abdominal de carãter visceral, que se manifesta na regiao epigãstrica e ou periumbelical. ~ Com o aumento progressivo da distensao apendicu1ar,_aparecem nãuseas e vômitos de carãter reflexo. Na maioria das vezes, hã tambem, parada de eliminação de fezes e gases devido a ocorrência de ileo adinamico. Com a estase do conteudo apendicular, ocorre proliferaçao bacteriana, e o processo que inicialmente acomete apenas a mucosa A - ` _ 2

' V apendicular, passa a acometer as demais camadas atingindo final- A mente a serosa e o peritonío paríetal. Nesta fase, a dor situa- A -f 5 se em coincidencia com a localizaçao do apendice. A distensão apendicular progressiva, leva também, a um comprometimento da circulação. Inicialmente colabam-se capilares e vënulas resultando em congestão e edema do apêndice. Posteriormente hã colapso da circulaçao arteriolar com consequente hipõxia tecidual. Tal fato leva a uma quebra.da barreira mucosa com invasão bacteriana. Surgem também, zonas de ülcera e gangrena. Com a morte celular, ocorre reabsorçao de toxinas e produtos tissulares. Surge febre, geralmente não muito alta (37,5 C a 3s,s c). Finalmente ocorre perfuração. O quadro ãlgico torna-se mais intenso. A perfuração pode ser bloqueada por epiploon, tornando o processo localizado. Peritonite difusa pode ocorrer se não houver bloqueio. _. A _. Localizaçoes atipicas do apendice vermiforme ou variaçoes no seu comprimento, podem alterar a localização da dor (2.7.ll). Assim sendo, um apëndice em localização retrocecal produz dor lombar ou em flanco direito, um apêndice sub-hepãtico produz dor em topografia de vesícula biliar, um apêndice pëlvico produz dor su- pra-pfibica, um apêndice retroileal produz dor testicular, um apêndice longo com sua ponta localizada em fossa iliaca esquerda produz dor nesta regiao. Os resultados obtidos neste estudo, obedecem na sua grande.- maioria os eventos descritos na fisiopatogenía classica. Houve nítida predominância de dor epigãstrica e ou periumbelical como sintoma inicial. Dor abdominal espontânea em fossa iliaca direita FID) ocorreu em l00% dos casos em estudo publicado por Capella e Cols.(3). ` _.16

_ Outros autores (8.13), relatam dor abdominal espontânea em FID em ^ 75% dos casos. Em nosso estudo, observamos dor espontanea em FID em 91 dos casos. LD e\ Anorexia foi o segundo sintoma mais frequente em nosso estudo. Segundo alguns autores (l0.l2), a presença de fome desafia o diagnostico de-apendicite aguda. Os hãbitos intestinais são de pouco valor clinico e irrelevantes no diagnostico (2.l0.l2). O estudo mostrou uma frequência nitidamente maior de cons- -._ ~ 5 _ 4 tipaçao intestinal em relaçao a diarreia. Ha que se ressaltar o grande número de casos em que os hãbitos intestinais se mostraram inalterados. A Assim como a dor abdominal espontânea em FID foi o prínci- pal sintoma, a dor ã palpação em FID foi o mais expressivo dado de exame fisico, ocorrendo em 100% dos casos. Sinal de-blumberg febre, sinal de Lenander e sinal de Rovsing também foram importantes em nossa casuística. Os sinais do psoas_e do obturador foram pouco expressivos. A perfuração apendicular ocorre segundo Wippell (13) em 24 a 48 horas apõs o inicio do quadro clinico. SÉ pois importante o tratamento cirúrgico precoce para diminuir as taxas de morbi-mortalidade. - 'Bm nosso estudo, o tempo médio entre o inicio dos sintomas e o tratamento cirfirgico foi de 3,2 dias. Esse tempo quando comparado com o tempo obtido em outros estudos (3.8.l3), foi considerado longo. A demora dos pacientes em procurar o hospital e a auto medicação prëvia contribuiram para o aumento de tempo de evolução. Salientamos ainda, que o Hospital São Josë de Cricifima serve como referência para os demais h0spít&ís da Tegíãü. POÕGDÔO haver com isso, atraso no encaminhamento dos pacientes. -17-,

CONCLUSÕES 4 1 - Apendicite aguda foi mais frequente no sexo masculino e predominou na segunda e terceira dëcadas. 2 - Dor epigãstríca e ou periumbilical foi o local mais frequente do`início da dor. JÍ, _. _ z «_ 3 - Dor abdominal em FID, anorexia, nauseas e vomitos foram os principais sintomas. _» 4 - Dor E palpaçao em FID., febre, sinais de Blumberg e Lenander foram os principais achados de exame fisico. 5 - O tempo mëdio de evoluçao dos sintomas foi de 3,2 dias. 6 - Leucocitose predominou entre 10 e 18 mil/mmš. Desvio ã ~ esquerda nao foi frequente. ~ 7.- Alterações radiolõgicas foram encontradas em 89% dos ca- f sos. f I 1 Q l " K \ \ J í 1.uz I J

_ ABSTRACT _. Thirty seven cases of acute appendicítis were studied prospectively. Were analised the sex incidence, age, clinical picture, the disease evolution during certain time, and the leucogram and simple abdomen radiografh results. i L _:

' BIBLIOGRAFIA 1 - CAFFEY, John. 'Pediatric`X4Ray'Diagnosis. Chicago; Year Book A Medical Publishers Incorporated, 1973. V.l. 2 ~ CANÇADO, Joaquim Romeu. A pen d' ici'te A g uda e Outras Afecções do Apêndice. In.: DANI, Renato et alii. 'Gastroenterologia C1 inica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1981. V.I. P. sós/77. 3 - CAPELLA, Murillo R. et alii. Apendicite Aguda na Criança: Estudo de 100 Casos. 'Arquivo Catarinense»de Medicina. Florianopolis, 3 (12): 153/9, set. 1983. 4 - CONDON, Robert E. Apendicite. In.: SABIST ON, David C. Tratado de Cirurgia. Rio de Janeiro, Interamericana, 1979, V.I. p, 1004/19. 5 - GOFFI, Fãbio S. et a 1". 11 Correlação Clinica, Laboratorial e anatomocirfirgica' nas apendici t es a gudas. Revista da Associa- E ão Medica Brasileira; 16 (II): 389~92; 1970. W J

. estudo MARGULIS, Alexander R. G BURHENNE, H. Joachin. Radiologia del aparato digestivo. Barcelona, Salvat Editores S/A., 1977 V.I. I _ PASS, Harvey.. et. alii. Inflamacíõn del apendice. In.: HARDY James D. `Cirurgia.- Buenos Aires,.Panamericana, 1985. p.776/ 83..- PIRES, Pericles Washington de Assis et alii. Apendicite Aguda: critico e tratamento em 1.290 casos. 'Revista Paulista Medicina, São Paulo;`l04 (1): ll-4, jan/fev. 1986. p de POTCHEN, E. James et alii. ^DiagnÕstico`RadiolÕgico. Barcelona Salvat Editores S/A., 1976. SILEN, Willian. Apendicite Aguda. In.: PETERSDORP, Robert G. et alii. 'Medicina Interna. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1984. V.2. p. 1967/9. SILVA, Alcindo Lazaro. Apendicite Aguda. In.: ; Cirurgia de Urgência. Rio de Janeiro, Medsi, l985. p. 129/40. STORER, Edward H. Apêndice. In.: SCHWARTZ, Seymour et alii. Principios de Cirurgia. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1984. V.2. p. 1386/97. WIPPWL, Alvaro. Apendicite Aguda: estudo de 73 casos. Ars cvrandi, lg 38-42; jul. 1986. : p -zz-,

TCC UFSC CC 0135 Ex.l N-Charm TCC UFSC CC 0135' Autor-: Webster, Paulo Rob Título: Apendicite Aguda : estudo de 37 IIIII IIIIIIIIIIIIIIIII III II II - 2802219 AC. 252964 Ex,I UFSC BSCCSM III