revista ANO o MAIO/2011 Cidadão do século 21 A importância de articular habilidades e competências com as diferentes áreas do conhecimento Ler para compreender A leitura como suporte para a compreensão do mundo Artigos transforma ou reproduz a sociedade? um mundo mais veloz do que a luz? Venda proibida. Distribuição gratuita. Escolas Inovadoras Você está pronto para a escola conectada com o mundo, que propõe aprendizagens significativas e forma alunos críticos e pró ativos?
Índice Shutterstock/Photocriate 22 LER PARA COMPREENDER A leitura deixou de ser apenas um 28 MAIS VELOZ QUE A LUZ O educador Celso Antunes questiona o aprender a viver e o despertar da sensibilidade do aprendiz para que ele se Arquivo 30 TECNOLOGIA Dos livros às redes sociais: professores e alunos dividindo diferentes realidades em 34 COMPORTAMENTO O bullying é a mais cruel face da violência é uma tarefa de todos: professores, pais, 38 PARA PENSAR O educador Mário Sérgio Cortella discute 40 42 LIDERAR É PRECISO Dentro da sala de aula, é necessário instigar, dela, é preciso colaborar para uma melhor TRÊS EM UM Especialistas de três países debatem sobre a gestão, tanto no aspecto político quanto no 44 SUSTENTABILIDADE O desenvolvimento sustentável é um dos 46 istockphoto.com/alex Slobodkin maio 2011 5
Tecnologia por BRISA TEIXEIRA Do livro às mídias sociais Alberto tem 15 anos e está se preparando para o retorno às aulas depois de dois meses intensos de férias. Nesse período, ele viajou para a casa de seus primos e passou a maior parte de seu tempo livre no bate-papo na Internet, fazendo download de músicas, visitando os vídeos mais procurados do YouTube, tuitando e postando fotos das férias nas redes sociais. Depois de curtir muito, Alberto já estava com saudades da escola e não via a hora de encontrar seus amigos e, é claro, mostrar o seu novo celular que escola, ele cumprimenta seus amigos e, ansioso, espera a primeira aula. 30 maio 2011
seus primos explorando as páginas do Google Earth, no qual foi possível visualizar a distância entre a sua casa e a de seus primos. Passados mais de 20 minutos de aula, Alberto sente um desconforto e, já cansado, percebe que nos próximos 30 minutos restantes professor e alunos passarão a aula lendo o livro didático e anotando no caderno o que foi passado no quadro. Assim que termina a aula, Alberto decide falar com o professor e pergunta: Professor, quando vamos utilizar o computador?. Nesse momento o professor lembrou que não estava preparado para dar aulas utilizando tecnologia e se esquiva da pergunta. Ficando evidente a realidade de dois mundos distintos: a do professor, parado no tempo, e a dos alunos, que voa na mesma velocidade que as inovações tecnológicas. sejam elas públicas ou particulares. Para o americano David Thornburg, um dos maio- SOCIEDADE DA INTERNET, O COMPLICADO NÃO É SABER NAVEGAR, MAS SABER AONDE IR, ONDE BUSCAR O QUE SE QUER ENCONTRAR E O QUE Manuel Castells *Entrevista do sociólogo para o jornal espanhol El País, em janeiro de 2008 maio 2011 31
Tecnologia Informações disponíveis precisam de seleção rigorosa OS ESTUDANTES PRECISAM APRENDER A COMPREENDER E A PRODUZIR TEXTOS NOS GÊNEROS POSTS DE BLOGS, DE COMUNICADORES INSTANTÂNEOS COMO O MSN, DE MINIBLOGS TWITTER, MENSAGENS DE SMS E DE E-MAILS Marcos Cordiolli res especialistas mundiais em tecnologia na educação, o ideal é que se tenham computadores disponíveis sempre que necessário na escola e que as tecnologias trazidas pelos alunos, como os smartphones, sejam usadas como recursos de aprendizagem. Mas de nada adianta, diz ele, que isso ocorra se os professores não perceberem a importância da tecnologia para as crianças e adolescentes. utilizá-la e entender o seu uso no ambiente educacional. Quem concorda com ele é Sonia Cristina Vermelho, doutora em Educação. tecnológicos são as pessoas que os utilizam. Tal apropriação é fortemente mar- aprendizagem muito ricas e criativas. A facilidade de acesso à Internet requer dos professores a promoção de formas de seleção das informações disponíveis. Apenas parte do conteúdo que está na Internet tem lastro acadêmico ou de confiabilidade. Não se trata de censura, mas de orientar a busca de sites que disponibilizam saberes respaldados por instituições acadêmicas ou por especialistas, defende Marcos Cordiolli. Estudantes, segundo ele, precisam aprender a compreender e a produzir textos nos gêneros linguísticos das plataformas digitais, como os posts de blogs, de comunicadores instantâneos como o MSN, de miniblogs como o Facebook e Twitter, mensagens de SMS e de e-mails e ainda as composições para as homepages. Eles precisam dominar estes gêneros para produzir e disponibilizar conteúdos. Com professores e alunos adaptados aos novos meios de ensinar e aprender, a escola, explica Cordiolli, vai se consolidar como um espaço de aprendizagem de linguagem, de reflexão crítica, de sistematização e produção de conhecimentos. Os pais e professores serão os que vão coordenar processos e orientar os filhos e estudantes a construir conhecimentos para além das informações e devem estar vigilantes aos perigos das vias digitais, alerta o educador. Neste contexto, continua ele, a superação dos limites disciplinares potencializa as ações educativas, pois os temas de estudos podem ser tratados de diferentes formas, sendo que o controle dos conteúdos e das linguagens não está mais restrito aos professores. 32 maio 2011
Dicas de livros e site LIVROS: Educação, organização de Josias Pereira, Ed. ERD SITE: blog sobre como utilizar as tecnologias na educação. Para Marcos Cordiolli, mestre em Educação pela PUC-SP, na medida em que a organização do trabalho pedagógico melhor será a condição de interação entre a escola e as tecnologias. Na escola, as formas de tratamento dos conteúdos sobre a sociedade, a natureza, os esportes e a arte estão mudando rapidamente, graças aos materiais disponibilizados na maior, acredita Cordiolli, está nas formas e nas condições em que professores e currículos estão se adaptando a esta nova situação. Se não forem bem feitas, estas mudanças no currículo e no plano pedagógico podem levar ao desperdício de É preciso, segundo ele, estar atento às oportunidades oferecidas pelos softwares gramas poderosos que estão disponíveis sem nenhum custo, levando as escolas a economizar muito dinheiro por muitos software livre que faz tudo o que você faria com progra- Além disso, bons programas educacionais, como Geogebra e Celestia, estão disponíveis gratuitamente. Embora possa ser agradável para cada criança ter um computador na escola, isso pode não ter qualquer impacto sobre a educação se as ferramentas não vação é de Thornburg, que defende que as grandes mudanças devem ocorrer no aspecto pedagógico e não no tecnológi- dessas ferramentas. Se os telefones celulares são usados em apoio à aprendizagem do estudante, essa atividade é recomendada. Se ela interfere negativamente, não é. Muitas escolas ainda têm uma política de nenhum telefone celular. Eu não acho que isso seja uma boa ideia a longo prazo. Usar tecnologia em sala de aula requer infraestrutura, atividades pedagógicas e um modelo mental aberto à inovação, não só por parte do professor, mas de diretores e coordenadores. Sem o claro envolvi- de inovações será bem-sucedida numa escola, acredita o consultor em mudança e redirecionamento estratégico Marcos Telles. Ele ressalta que nenhum professor resiste à mudança porque se trata de uma mudança. Ele resiste, legitimamente, às perdas e inseguranças normalmente associadas às mudanças. Por isso, o processo de adoção de tecnologia em sala de aula tem que ser visto, desenhado e gerido como um processo de mudança. Em relação aos alunos, a aceitação é imediata, pois a proposta possibilita a prática e o desenvolvimento da criatividade de forma lúdica. A opinião é da educadora Silvana Zilli, especializada em robótica. Segundo ela, o professor deve saber organizar e estimular situações de aprendizagem, promover trabalhos em equipe, usar os recursos tecnológicos de promover seu uso efetivo aplicado à metodologia orientada ao trabalho educacional. O professor, ao trabalhar com a robótica educacional, por exemplo, tem um papel de facilitador e mediador durante todo o processo. Para isso, além de promover a aprendizagem, ele deve favorecer aspectos sociais, propondo de- dos conceitos que envolvem o trabalho, propiciando o desenvolvimento da análise crítica, explica Silvana. maio 2011 33