A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA PDE-ESCOLA NOS COLÉGIOS ESTADUAIS DO MUNICÍPIO DE LONDRINA E SEUS IMPACTOS NA GESTÃO ESCOLAR Gisele de Paula Rodrigues 1 Universidade Estadual de Londrina/PR giseledepaula_2@hotmail.com Maria José Ferreira Ruiz 2 Universidade Estadual de Londrina mjfruiz@gmail.com RESUMO O presente trabalho pretende analisar o processo de implantação do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE Escola) nos colégios estaduais da cidade de Londrina PR, bem como os possíveis impactos na gestão escolar. Através de um resgate histórico, político e econômico das políticas educacionais a partir da década de 1990, busca-se compreender como essa política (PDE-Escola) foi colocada em ação na rede pública e a sua contribuição na gestão dessas escolas. Trata-se de uma proposta de planejamento estratégico a ser desenvolvida pelas escolas públicas por meio de um modelo gerencial, que teve suas raízes no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) como uma das ações do Fundescola. Para a investigação será necessário o uso da abordagem qualitativa da pesquisa, utilizando como instrumento coleta de dados, análise teórica, documentos e entrevistas. Palavras-chave: Política Educacional, gestão escolar, PDE escola. As últimas décadas do século XX e início de século XXI têm sido marcadas por transformações sociais, econômicas e políticas, configurando um novo e complexo cenário mundial societário. Registra-se nesse período, a crise estrutural do capital, que se abateu sobre as economias capitalistas, decorrentes do esgotamento do modelo de produção fordista. De acordo coma análise de Frigotto (2003) estas transformações perpassam todas as esferas de organização social e política, sob a influência dos pressupostos da política neoliberal e a economia globalizada, que se tornou mais integrada e competitiva, com repercussões nas políticas públicas, com destaque para as políticas de educação e gestão. 1 Professora Pedagoga da rede estadual de ensino do Paraná, Mestranda em Educação pela Universidade Estadual de Londrina. Integrante do Projeto intitulado Programas Governamentais e democratização da escola pública: princípios e concepções de gestão escolar. 2 Docente da Universidade Estadual de Londrina, no curso de Pedagogia e no Mestrado em Educação. Doutora em Educação pela UNESP-Marília. Coordenadora do Projeto de Pesquisa: Programas Governamentais e democratização da escola pública: princípios e concepções de gestão escolar, financiado pela Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (bolsa). 1
Neste cenário, situa-se o movimento internacional em defesa da Reforma gerencial do Estado, conduzido pelos neoliberais, com a proposta de reconstrução administrativa do Estado, a redefinição de seu papel e de suas funções, sobretudo com ênfase nas questões referentes à gestão e descentralização. As reformas educacionais daí decorrentes seguem a mesma lógica, na perspectiva de adequar os serviços educativos às novas exigências produtivas e demandas do mercado global (FONSECA; OLIVEIRA, 2009). O Brasil, seguindo a tendência mundial, inicia o processo de Reforma do Estado a partir da década de 1990, sobretudo a reforma no âmbito da administração pública, na dimensão-gestão. Registra-se que os anos de 1990 foram marcados no Brasil, assim como em outros países, por alterações na configuração e padrões de intervenção estatal. No processo das reformas educacionais, especialmente no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), a partir dos anos de 1990, várias políticas educativas foram implementadas nos sistemas de ensino, especialmente no âmbito da educação básica, com destaque nas questões concernentes a sua gestão e descentralização, com vistas a sua modernização e a melhoria na qualidade do ensino. Assim, na educação, no âmbito da administração escolar é proposto um novo formato organizacional nas escolas públicas em que os conceitos de produtividade, qualidade, eficiência, eficácia e excelência, entre outros são enfatizados e valorizados. Podemos dizer que uma nova cultura de gestão passa a ser definida, fundada na racionalização técnica gerencial, na liderança e na autonomia. Nesse sentido, verifica-se conforme assinala Castro (2009, p. 30), [...] uma mudança na organização e na gestão da escola, na qual se destacam estratégias do novo modelo gerencial do serviço público, procurando tornar a escola mais ágil, mais eficiente e mais produtiva. Numa outra perspectiva, apresenta-se a gestão democrática, considerada um instrumento relevante, capaz de conduzir a construção de uma escola participativa e de qualidade, no âmbito da educação pública. Para dar concretude às propostas de gestão e descentralização no âmbito da política educacional brasileira destaca-se o Programa de Fortalecimento da Escola (Fundescola), criado em 1998, a partir de um acordo técnico-financeiro entre o 2
Banco Mundial e o Ministério da Educação e Cultura. O Programa Fundescola integra vários projetos, dentre eles o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE Escola), um de seus principais produtos com ênfase na escola e com foco no aluno, implantado no âmbito das escolas públicas de ensino fundamental (AMARAL SOBRINHO, 2001). É por meio desse projeto que se materializa o modelo de gestão gerencial em escolas públicas brasileiras, cuja metodologia fundamenta-se nos princípios e estratégias de autonomia, descentralização, responsabilização e participação. A escolha desse programa para estudo deve-se a percepção de que ele oferece uma proposta condizente com as necessidades das unidades escolares: melhoria do ensino e fortalecimento da gestão e autonomia da escola. Segundo o site oficial do Ministério da Educação, o PDE Escola inicialmente foi definido como [...] uma ferramenta gerencial que auxilia a escola a realizar melhor o seu trabalho: focalizar sua energia, assegurar que sua equipe trabalhe para atingir os mesmos objetivos e, avaliar e adequar sua direção em resposta a um ambiente em constante mudança. É considerado um processo de planejamento estratégico desenvolvido pela escola para melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem. Baseando-se numa proposta de melhoria dos resultados que se pauta pela gestão democrática e inclusiva e propondo ações que minimizem os pontos críticos diagnosticados, o PDE Escola oferece ajuda técnica e recursos financeiros às escolas, sem esquecer que as definições das áreas críticas, são de gerenciamento da comunidade escolar. Tendo como prioridade a melhoria na qualidade da educação, o público alvo do Programa PDE Escola é a escola pública e, em sua organização, atende prioritariamente as escolas com o IDEB abaixo da média nacional, destinando assistência técnica e financeira, porém, a problemática aqui estabelecida parte do seguinte questionamento: Em que medida o programa PDE-Escola, proposto pelo governo Federal no ano de 2007, e viabilizado pelo governo do Estado no ano de 2009, pode ser considerado como uma ferramenta efetiva para melhoria na qualidade do ensino e aprendizagem? No contexto deste trabalho, que envolve discussões sobre o programa PDE Escola, que busca desvelar a forma como essa política educacional foi criada, 3
organizada e implementada na escola, optou-se por uma abordagem qualitativa da pesquisa. Sob essa abordagem pautará a investigação que tem como foco a implantação do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola) e seu impacto na gestão das escolas estaduais de Londrina. A opção por essa abordagem devese ao fato de apresentar características que vem ao encontro da perspectiva do estudo proposto, dentre elas, o fato de dar voz aos sujeitos da pesquisa, permitindo que eles manifestem suas opiniões, crenças, valores (MINAYO, 2002). Para tanto, faz-se necessário o uso de alguns procedimentos de pesquisa que ajudarão na construção deste trabalho, como a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, entrevistas e análise de documentos. Pretende-se entrevistar gestores, pedagogos e professores que participaram da implantação do programa nas escolas, bem, como alguns representantes das instâncias colegiadas que porventura fizeram parte do chamado Grupo de Sistematização. APONTAMENTOS FINAIS A pesquisa ainda encontra-se em fase inicial e, portanto, não podemos ainda tecer considerações finais. Contudo, finalizamos fazendo algumas ponderações, que serão ampliadas no decorrer deste estudo. A educação tem sido tema de constante preocupação e debates no cenário brasileiro, no entanto, podemos considerar que as escolas públicas brasileiras continuam em sua grande maioria, convivendo com altos índices de fracasso escolar (evasão, repetência e abandono), bem como, questões sociais complexas que perpassam seu cotidiano. São escolas que estão muito distantes da excelência propalada no discurso das políticas educacionais. Esta realidade da educação brasileira está impressa no último censo escolar, nos resultados dos sistemas de avaliação nacional da educação básica como SAEB e o IDEB, e no PISA, onde o Brasil é apontado com desempenho insatisfatório, sobretudo, no que diz respeito à leitura. Esse mesmo retrato, também reflete o sistema público de ensino das escolas do estado do Paraná. As condições físicas, materiais e financeiras das escolas são precarizadas, podendo comprometer a gestão e o processo de ensino e aprendizagem. Com o intuito de superar ou pelo menos minimizar essas situações, os gestores da educação pública buscam soluções, aderindo a programas e projetos educacionais oriundos do Ministério da Educação (MEC) que muitas vezes acabam 4
corroborando com a ideia de que as escolas são responsáveis pelas demandas educacionais, e as escolas, por sua vez, vão assumindo posições favoráveis a dar respostas aos problemas instalados, como se existissem de forma isolada. Agem como se esses problemas fossem resultado direto e exclusivo de sua atuação. Diante disso, justifica-se a decisão de ampliação deste estudo sobre o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE Escola), justificada também pela insuficiência de referencial teórico sobre o tema em tela. REFERÊNCIAS: AMARAL SOBRINHO, José. O Plano de Desenvolvimento da Escola e a Gestão escola no Brasil: situação atual e perspectivas. Brasília: MEC. Fundescola/Documentos II, 2001.. Fundescola. Manual de Operação e Implementação do projeto Fundescola IIIA (Moip). Brasília: MEC, 2002. CASTRO, M,C. (org). A sociedade civil e o monitoramento da instituições financeiras multilaterais. Brasília: Rde Brasil, 2005. FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Cortez, 1995. FONSECA, Marília; OLIVEIRA, João F. de. A gestão escolar no contexto das recentes reformas educacionaisbrasileira. In: Revista brasileira de Política e Administração da Educação.v.25.n.2..maio/ago.2009.p.185-384 MINAYO, M.C.de S. Pesquisa social: Teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. 5