EDUCAÇÃO E DESIGUALDADE SOCIAL NAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO TOCANTINS NO PERÍODO DE
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- Lívia Antunes Sintra
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1 EDUCAÇÃO E DESIGUALDADE SOCIAL NAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO TOCANTINS NO PERÍODO DE Allyne Oliveira de Sousa 1 Juciley Silva Evangelista Freire 2 1 Aluna do Curso de Serviço Social Campus de Miracema do Tocantins allyne.sol@hotmail.com PIBIC/CNPq 2 Orientadora, docente do Curso de Pedagogia Campus de Miracema do Tocantins; jucy@mail.uft.edu.br RESUMO A pesquisa objetiva compreender a questão da desigualdade social e sua relação com a educação. Por meio da pesquisa bibliográfica e documental, a partir de uma perspectiva sócio-histórica, apreendeu-se os sentidos e significados da relação entre desigualdade social e educação nas políticas de gestão da educação desenvolvidas em Tocantins na primeira década do século XXI ( ). Palavras-chave: Desigualdade Social; Educação; Políticas Educacionais. MATERIAL E MÉTODOS Conforme os objetivos propostos, no desenvolvimento da pesquisa bibliográfica e documental realizamos leitura e sínteses de textos que discutiam a reforma educacional dos anos 1990 e seus impactos nas políticas de gestão e organização da escola no contexto brasileiro, assim como as perspectivas teóricas do conceito de desigualdade social. A partir da perspectiva sócio-histórica, enfatizou-se nas leituras a compreensão do processo histórico da educação no antigo norte de Goiás, hoje Tocantins, e sua relação com a questão da desigualdade social, com objetivo de compreender os condicionantes históricos das atuais políticas desenvolvidas em Tocantins. Para a compreensão da questão na atualidade, analisou-se o Plano Estadual de Educação ( ), entendendo-o como uma política de Estado que tem o compromisso de enfrentar os desafios postos pelo processo histórico da sociedade tocantinense.
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO O referencial teórico adotado para realização desta pesquisa compreende a educação, de acordo com Frigotto (1995), como um campo de disputa hegemônica, sendo determinada e determinante das relações sociais, pois articula interesses de diferentes grupos sociais. Ela é entendida como uma prática social. Segundo Frigotto, as classes dominantes buscam uma educação apenas como forma de habilitar técnica, social e ideologicamente para o trabalho, ou seja, usam a educação para responder as demandas emergentes da sociedade do capital. Mas há também os grupos sociais que lutam por uma educação como forma de construção do saber, desenvolvimento de potencialidades humanas e que atenda aos interesses da sociedade como um todo. Desigualdade Social e Educação no Estado do Tocantins: desenvolvimento histórico A distribuição de renda no Brasil é, ainda, uma das mais desiguais, o que o coloca entre os 10 países latino-americanos que possui uma das mais gritantes diferenças entre ricos e pobres. De acordo o índice de Gini, em que a distribuição igual para todos é 0, e a aproximação a 1 revela o nível de desigualdade na distribuição de renda, o Brasil é o terceiro país mais desigual do mundo, apresentando o resultado de 0,56. (FREIRE, 2012) Segundo os indicadores socioeconômicos do Estado do Tocantins, documento elaborado a partir de dados do IBGE/2010, SEPLAN-TO (Secretária de Planejamento do Estado do Tocantins) e DIPES (Diretoria de Pesquisas Sociais do TO), SEDUC/TO (Secretaria de Educação do TO), dentre outras instituições, o Tocantins apresenta um índice de Gini de 0,66, o que representa um elevado nível de desigualdade social, maior que o índice nacional. De 2000 a 2008 esse índice de desigualdade permaneceu intacto, na verdade, aumentou em relação ao ano de 1991 que era 0,63. Os indicadores também revelam que a porcentagem de renda apropriada pelos 20% mais pobres em 2000 era de 1,2%, enquanto que os 20% mais ricos se apropriaram de 69,3% da renda produzida no Estado (dados do PNUD, SEPLAN-TO/DIPES). Uma década antes, ou seja em 1991, esses dados de apropriação da riqueza eram respectivamente de 2,6% e 67,0%, o que revela um recrudescimento da desigualdade na distribuição de renda neste Estado.
3 Ainda segundo os indicadores, em 1991 o Tocantins apresentava um índice de analfabetismo da população adulta com 25 anos ou mais de 38,0%. Em uma década, ou seja, no ano 2000, esse número baixou para 24,0%. Em 2009, o índice de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade ainda chega ao 13,5%. Observa-se, portanto, que nesta região a educação ainda não se consolidou como uma política pública universalizada e que problemas centrais e históricos ainda não foram objeto de uma política educacional efetiva. O desenvolvimento histórico do Estado do Tocantins ajuda a compreender esses índices atuais de pobreza e de analfabetismo que aqui são ainda muito altos e persistentes, pois em mais de um século problemas sociais básicos ainda não foram resolvidos, o que só aumenta a desigualdade entre ricos e pobres. Segundo Dourado (2012) no início do século passado (década de 1930), no antigo norte de Goiás, foram as escolas isoladas, com insuficiente atendimento, que majoritariamente continuavam fornecendo educação às classes populares (DOURADO, 2012, p. 192). Desigualdade Social e a Gestão da Educação no Estado do Tocantins na primeira década do século XXI As políticas educacionais desenvolvidas no Brasil no final da década de 1990 e primeira metade da década de 2000 estão articuladas com as orientações do ideário neoliberal, fundamentado na lógica empresarial, da eficiência, eficácia, na desresponsabilização do estado pela oferta de educação pública e no aspecto quantitativo. A escola, nessa perspectiva, tem como preocupação central não a formação do aluno, mas os índices de aprovação, reprovação, evasão, planilhas, tabelas e gráficos de desempenho de alunos e professores. Para Dalila Oliveira (2000), a reforma educacional dos anos 1990 se apresentou como um mecanismo de ajuste e adequação da educação às demandas do capital no atual estágio de desenvolvimento. Sua função foi além de formar para a empregabilidade ou para a integração social, adquirindo também um papel indispensável para a gestão do trabalho e da pobreza (p. 332). Segundo França (2007), no período de 2000 a 2005 vários programas e ações foram implantados pela Secretaria Estadual de Educação do Tocantins (Seduc-To). Entre eles: o Planejamento Estratégico da Secretaria (PES), o programa Escola
4 Comunitária de Gestão Compartilhada, a Formação Continuada de Gestores Escolares (Progestão), a Formação Continuada de Professores, o programa Evasão Escolar Nota Zero e o processo de seleção de diretores de unidade escolar. Estes programas, sintonizados com as tendências das políticas educacionais neoliberais do período, tais como: a descentralização e a democratização da educação e da gestão escolar, a formação continuada e valorização do magistério e a melhoria da qualidade do ensino, foram, na visão de França (2007), os responsáveis pela melhoria dos índices de acesso, fluxo escolar e desempenho dos alunos no estado no período considerado. As orientações da política de gestão escolar que se desenvolveram em Tocantins nesse período foram balizadas nos princípios do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE-Escola), programa do Fundescola - MEC em parceria com o Banco Mundial destinado às regiões mais pobres no Brasil (Norte, Nordeste e Centro-Oeste), que Segundo Fonseca (2003) tinha uma metodologia que diminuiu a capacidade de autonomia das escolas, ao ampliar os mecanismos de regulação, controle e avaliação. A autora (citando Ribeiro, 2002) diz que em Tocantins o planejamento escolar sustentado por essa orientação valoriza, principalmente, o preenchimento de quadros, fichas, formulário do funcionamento da escola, de prestação de contas e questionário de avaliação do desempenho da escola (FONSECA, 2003, p. 310). O Estado do Tocantins possui enormes déficits sociais que mantém mais da metade de sua população em estado de pobreza, excluída dos bens econômicos, sociais e culturais. Na década de sua criação o Estado apresentava um índice de mais de 60% de sua população analfabeta. Isto demonstra um histórico descaso com a educação pública, e apesar dos investimentos feitos nessa última década, muito ainda há a ser feito. No entanto, o caminho traçado para a garantia do direito à educação não avança rumo à solução do problema, pois não se assume a educação em todos os seus níveis como um bem público, de obrigação e dever do Estado e que deve oferecer uma educação de qualidade. O Plano Estadual de Educação do Estado do Tocantins (PEE-TO) para o decênio , por exemplo, compromete pouco o Estado na oferta do direito à educação pública. Esse Plano, não apresenta um diagnóstico que considere as condições socioeconômicas e culturais da sociedade tocantinense, que tenha como fundamentos: o índice de desenvolvimento humano; os níveis de renda da população que geram
5 enormes desigualdades sociais e culturais; as taxas de desemprego; o trabalho escravo ainda existente e a exploração do trabalho infantil; os índices de mortalidade infantil; os níveis de analfabetismo; o mapa da exclusão social no Estado. Enfim, o PEE não se fundamenta numa real caracterização socioeconômica que revele a dimensão da responsabilidade do Estado na garantia de uma educação pública de qualidade a todos os cidadãos, crianças, jovens e adultos. Entendemos que um plano decenal de educação configura uma política de Estado para a educação, pois ultrapassa governos e é um compromisso público, portanto político, do Estado com a sociedade civil. Os objetivos e metas do PEE-TO para todos os níveis são pouco explícitos em relação a uma efetiva política pública de ação concreta na solução dos problemas mencionados. LITERATURA CITADA DOURADO, Benvinda Barros. A educação primária no Tocantins: das escolas isoladas aos grupos escolares. In.: MACHADO, Maria Margarida; SANTOS, Jocyléia Santana dos (Orgs.) Percursos históricos da educação no cerrado. São Paulo: Mercado de letras, FONSECA, Marília. O Projeto Político-Pedagógico e o Plano de Desenvolvimento da Escola: duas concepções antagônicas de gestão escolar. In. Cad. Cedes, Campinas, v. 23, n. 61, p , dezembro Disponível em FRANÇA, Indira Alves. A gestão educacional em Tocantins. In: 30ª Reunião Anual da Anped, Caxambu, MG, 07 a 10 Out Disponível em FREIRE, Juciley Silva E. Educação e Desigualdade Social nas Políticas Educacionais no Tocantins no Período de Projeto de Pesquisa, UFT, FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo: Ed. Cortez, INDICADORES SÓCIO ECONÔMICOS DO TOCANTINS. Disponível em acessado em 03/04/2013. OLIVEIRA, Dalila Andrade. Educação básica: gestão do trabalho e da pobreza. Petrópolis, RJ : Vozes, TOCANTINS. Governo do Estado. Anexo único à lei nº 1.859, de 6 de dezembro de Plano Estadual de Educação PEE. Palmas, TO, AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil"
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