PRESTAÇÃO SERVIÇOS DE CONSULTORIA POR AUDITORES INDEPENDENTES E GERENCIAMENTO DE RESULTADOS EM EMPRESAS BRASILEIRAS 1 Fabiana Lucas de Almeida Mesre em Ciências Conábeis pela UFMG. Analisa Econômico Financeiro Senior CEMIG E-mail: fabialmeida83@homail.com Wagner Moura Lamounier Douor em Economia pela UFV; Professor Associado da UFMG Brasil E-mail: wagner@face.ufmg.br ÁREA TEMÁTICA: A11) Audioria RESUMO No conexo da eoria da agência, a audioria exerna represena mecanismo de moniorameno das ações dos adminisradores, visando o seu alinhameno aos ineresses dos acionisas. Todavia, exisem práicas que podem prejudicar a independência do audior, como a presação concomiane de serviços de consuloria ao cliene ou a exensão de empo da presação do serviço. A lieraura ambém apona que a repuação, experise e pore da empresa de audioria são faores que podem foralecer sua capacidade de moniorameno. Diane disso, o objeivo da presene pesquisa consise em analisar as relações enre a práica de gerenciameno de resulados por empresas brasileiras de capial abero e a presação concomiane de serviços de consuloria pelo audior independene. Especificamene, objeivou-se verificar se o audior exerno pode se ornar economicamene arelado à Adminisração de seu cliene, reduzindo-se, assim, a sua capacidade de moniorameno. Para ano, relacionou-se, aravés da adapação do modelo de Frankel, Johnson e Nelson (2002), a razão enre os honorários pagos por serviços de consuloria e o oal pago às empresas de audioria às acumulações discricionárias, esimadas por meio do Modelo de Jones Modificado (1995) e Modelo KS (1995), por MQO. O efeio de faores que segundo a lieraura analisada impacam o gerenciameno de resulados foi conrolado a parir da inclusão ao modelo de variáveis relacionadas a esses faores. Os resulados aponaram para o aumeno do gerenciameno que em como objeivo a redução dos resulados, endo em visa que se observou uma redução do valor das acumulações discricionárias negaivas mediane a presação concomiane de ouros serviços que não de audioria pelo audior independene, em 2009, e ainda a elevação das acumulações oais em 2008. Palavras chave: Independência da Audioria; Gerenciameno de resulados; Presação de Serviços de Não-audioria. Meodologia de Invesigação Usada: M1) Analyical/Modelling 1 Arigo desenvolvido com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Esado de Minas Gerais FAPEMIG.
2 1 INTRODUÇÃO A presação de ouros serviços que não de audioria pelos audiores exernos em levanado quesões sobre a inegridade do parecer de audioria, devido à dependência econômica e financeira da empresa de audioria em relação ao cliene. Para Levi (2000), há mais de cem anos arás se dizia que uma empresa de audioria reconhecia apenas o público como mesre. Enreano, quando um audior se compromee a presar ouros serviços para o cliene de audioria, mesmo sendo eses não relacionados à audioria, esarão servindo ambém a ouro mesre, a adminisração (LEVITT, 2000). Nesse duplo papel, o audior, que é responsável por aesar a inegridade das informações financeiras, avalia o rabalho da adminisração além de esar subordinado a ela, gerando conflios de ineresses. Para avaliar a qualidade da audioria, alguns esudos, como os de Frankel, Johnson e Nelson (2002), Brown, Falaschei e Orlando (2008), Ramos e Marinez (2006) e Almeida e Almeida (2009), êm examinado a relação enre a audioria e o gerenciameno de resulados conábeis. A SEC já demonsra preocupação com a práica de gerenciar resulados, diane da imporância da ransparência das demonsrações financeiras para o adequado funcionameno do mercado de capiais. Conforme relao do Chairman Levi (1998), muios gerenes, audiores e analisas esão paricipando de um jogo permissivo, buscando saisfazer as esimaivas de ganhos e projear lucros homogêneos em derimeno da represenação fidedigna. Conforme Ramos e Marinez (2006), no conceio de credibilidade no mercado, a audioria é ferramena úil na minimização do gerenciameno de resulados. Davis (2000) relaa que o audior independene e o gerenciameno de resulados esão inimamene relacionados. Segundo esse auor, espera-se que a audioria independene, em pare, sirva como um fiscalizador da enaiva de gerenciar resulados. Se o audior não é independene é menos provável que esse aue como um efeivo limiador dessa práica. Ouro aspeco ligado à independência da audioria exerna esá volado para o arelameno econômico/financeiro ao cliene de audioria versus a experise e repuação dos audiores. Alguns esudos, como o de Almeida e Almeida (2009) idenificaram que os clienes de audioria das empresas consideradas membro do grupo Big Four (os quaro maiores presadores de serviço de audioria conábil do mundo KPMG Inernaional Cooperaive, PricewaerhouseCoopers Inernaional Limied, Deloie Touche Tohmasu Limied e Erns & Young Global Limied ) são menos propensos a gerenciar resulados. Esa consaação deriva da premissa de que a experise
3 dos audiores miiga a formação de acumulações discricionárias, influenciando a qualidade dos resulados (KRISHNAN, 2003), bem como da suposição de que pelo pore dessas firmas haveria uma menor propensão à sua capura, em função de uma maior independência financeira dessas empresas. Diane dos argumenos exposos, preende-se responder a seguine quesão de pesquisa: Assumindo ser o audior exerno o agene na relação de conflio de agência, o possível compromeimeno de sua independência favorece o gerenciameno de resulados em empresas brasileiras de capial abero? O objeivo principal da presene pesquisa consise em analisar as relações enre o gerenciameno de resulados em empresas brasileiras de capial abero e faores que podem compromeer a independência do audior exerno. Diane disso, formulam-se as seguines hipóeses de pesquisa: H 1 : Quano maiores os honorários pagos pela presação concomiane de ouros serviços que não de audioria pela empresa de audioria independene, maior será a propensão à práica de gerenciameno de resulados em empresas brasileiras de capial abero. H 2 : As regras de governança corporaiva requeridas pela Lei Sarbanes-Oxley conribuem para a redução das acumulações discricionárias em empresas brasileiras de capial abero sujeias à essa Lei. H 3 : A experise, pore e repuação das empresas de audioria que compõem o grupo Big Four conribuem para redução das acumulações discricionárias em empresas brasileiras de capial abero. H 4 : A exensão de empo em que exise o compromisso de presação de serviço de audioria aumena a vulnerabilidade ao gerenciameno de resulados. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Diane das discussões em orno de faores que suposamene prejudicam a independência da audioria, Arruñada (1999) argumena que hisoricamene a audioria independene presa serviços correlaos às empresas. Conadores e audiores proporcionam serviços que complemenam sua arefa principal devido à conexão com o escopo econômico envolvido. Quano mais de um serviço é presado por uma mesma pessoa ou empresa há economia de escala
4 para ambas as pares. Segundo esse auor, em paricular, os ouros serviços que não de audioria, são fones de informação imporanes para o julgameno profissional. Quando esses serviços são fornecidos para os clienes de audioria, o audior pode alcançar um julgameno profissional melhor fundamenado, uma vez que adquire um conhecimeno mais profundo em áreas relevanes de negócio que raramene são refleidas na conabilidade, como por exemplo, os aivos inangíveis. A lieraura demonsra que exisem evidências de que a presação de ouros serviços que não de audioria pelos audiores independenes não impaca a qualidade dos serviços de audioria presados. DeAngelo (1981) demonsrou que os ganhos pela aceiação de qualquer demanda do cliene são menos imporanes que as perdas que seriam imposas pelos demais, que avaliam a empresa de audioria pela sua repuação com relação à independência. Defond, Raghunandan e Subramnyam (2002) enconraram resulados semelhanes, ao invesigar a pronidão ou habilidade do audior de emiir opinião sobre a coninuidade da empresa. Nesse senido, as penalidades imposas pela perda de repuação resringem o comporameno das empresas de audioria. Por ouro lado, Frankel, Johnson e Nelson (2002) afirmam que quando exise a possibilidade de perda de receia proveniene da presação de ouros serviços que não de audioria, o audior independene se orna menos propenso a quesionar às decisões e escolhas da adminisração. Nese conexo, o audior esaria economicamene arelado à Adminisração. Defond, Raghunandan e Subramnyam (2002) examinaram a independência do audior a parir da emissão de parecer com ressalva e não enconraram evidências que comprovem serem os honorários pagos por ouros serviços que não de audioria prejudiciais. Esses auores observaram que os audiores são mais propensos a emiir parecer com ressalvas para clienes que pagam honorários superiores, sugerindo que a independência é mais evidene nesses casos. Os resulados ambém revelam que os incenivos baseados no mercado, como perda de repuação, são mais imporanes que os benefícios que os audiores podem receber por compromeer sua independência visando maner os clienes que pagam maiores honorários. Já Kinney, Palmrose e Scholz (2003) examinaram a relação enre a revisão dos demonsraivos financeiros e os honorários pagos aos audiores independenes pelos serviços de desenho e implemenação de sisemas de informação, audioria inerna e ouros serviços não permiidos pela lei Sarbanes-Oxley. Esses auores não enconraram evidência de associação posiiva enre a revisão dos demonsraivos financeiros e os honorários pagos às empresas de
5 audioria pelos serviços de desenho e implemenação de sisemas de informação e audioria inerna. Enreano, os resulados revelaram uma relação posiiva enre esa revisão e os honorários pagos por ouros serviços analisados bem como uma associação negaiva com os serviços de consuloria ribuária. Assim como Frankel, Johnson e Nelson (2002), Kinney, Palmrose e Scholz (2003) salienam que algumas pesquisas uilizam o gerenciameno de resulados como um indicador da qualidade das demonsrações financeiras, quando as acumulações anormais ou a propensão a aingir benchmarks de lucros são consideradas sucedâneas para essa práica. Frankel, Johnson e Nelson (2002) relaam que o fornecimeno de ouros serviços que não de audioria pelos audiores independenes pode prejudicar a independência por meio da criação de um arelameno econômico enre o audior e o cliene. Parindo da premissa que o compromeimeno da independência dos audiores exernos promove a práica de gerenciameno de resulados, eles esudaram a associação enre essa práica e o fornecimeno de ouros serviços que não de audioria pela empresa de audioria. O esudo concluiu que as empresas americanas que conraam mais serviços de consuloria dos seus audiores exernos são mais propensas a saisfazer as previsões dos analisas e a divulgar uma maioria absolua de provisões discricionárias. Além disso, o esudo conemplou a análise da relação enre a presação de serviços de consuloria pelo audior independene e o reorno de empresas americanas, idenificando que o componene inesperado da razão enre os gasos com esses serviços e o pagameno oal à empresa de audioria independene é negaivamene associado ao reorno das ações na daa da divulgação desa informação. Assim sendo, em-se evidências empíricas e argumenos conradiórios sobre o efeio dos honorários pagos às empresas de audioria provenienes da presação de ouros serviços sobre a independência do audior. 3 METODOLOGIA 3.1 Seleção e raameno da amosra Os criérios para seleção das empresas componenes da amosra foram: 1. Os dados coleados são de empresas brasileiras que negociam ações na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) e esavam lisadas, no final de 2010, nos segmenos Novo
6 Mercado, Nível 1 e Nível 2 de governança corporaiva e ainda as empresas que possuem ADR, mas que não esão lisadas nesses segmenos. Ao odo foram consideradas 168 empresas. 2. O período de análise compreende os exercícios de 2006 a 2009, devido à adesão por empresas brasileiras que negociam ADR à lei Sarbanes-Oxley em 2006. Opou-se por ese período em função da busca por deecar o impaco das práicas de governança corporaiva requeridas pela Lei Sarbanes-Oxley sobre a práica de gerenciameno de resulados. 3. Foram excluídas da amosra aquelas empresas que não divulgaram o valor dos honorários pagos por ouros serviços que não de audioria aos audiores exernos, conforme TAB. 1. A escolha por companhias compromeidas com melhores práicas de governança corporaiva jusifica-se pela maior probabilidade de obenção do monane pago aos audiores por ouros serviços que não de audioria, endo em visa ser esa uma exigência de disclosure previsa para o mercado brasileiro. Conudo, não foi possível a obenção desse monane no Relaório de Adminisração de odas as empresas selecionadas, o que sugere que exisem companhias que não aendem inegralmene às exigências de disclosure imposas pelos regulamenos, como demonsrado na TAB.1. TABELA 1 - Divulgação dos honorários de ouros serviços que não de audioria presados pela audioria independene Divulgação dos honorários de consuloria 2006 2007 2008 2009 Companhias que divulgaram honorários de consuloria no Relaório de Adminisração ou 20-F 1 118 126 129 134 Companhias que não divulgaram honorários de consuloria no Relaório de Adminisração ou 20-F 1 24 22 25 24 Relaório de Adminisração indisponível 20 9 4 0 Honorários de consuloria inferiores a 5% 2 6 11 20 10 Toal 168 168 168 168 Fone: Resulados da pesquisa Noa 1: As companhias que possuem ADR e devem apresenar o relaório 20-F à SEC divulgaram o valor dos honorários de consuloria presados por seus audiores exernos nesse relaório. Noa 2: A insrução CVM 381/2003 desobriga a divulgação do valor dos honorários pagos por serviços de consuloria aos audiores exernos em proporção menor que 5% em relação ao oal pago a empresa de audioria. Ressala-se que algumas empresas, em compromisso com as boas práicas de Governança Corporaiva, divulgam ese valor, mesmo sendo desobrigadas pela Insrução CVM 381/2003.
7 4. Foram excluídos os dados das insiuições financeiras, uma vez que suas demonsrações conábeis são diferenciadas. 5. Os dados conábeis uilizados são aqueles divulgados nas demonsrações financeiras anuais, obidos no sofware Economáica. 6. Os valores dos honorários de audioria e ouros serviços presados pelos audiores independenes foram obidos nos relaórios de adminisração das empresas, disponíveis no sie da Bovespa, e ainda nos relaórios 20-F, para aquelas empresas que negociam ADR, disponíveis no sie da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Em seguida, os dados foram abulados para aplicação dos modelos economéricos. As empresas consideradas na amosra esão apresenadas na TAB. 2: TABELA 2 - Composição da Amosra EMPRESA SEGMENTO DE MERCADO EMPRESA SEGMENTO DE MERCADO ALPARGATAS Nível 1 IOCHP-MAXION Novo Mercado AMBEV ADR KLABIN S/A Nível 1 BRADESPAR Nível 1 LIGHT S/A Novo Mercado BRASIL TELECOM Nível 1 LOCALIZA Novo Mercado BRASKEM Nível 1 LOJAS RENNER Novo Mercado BRF FOODS Novo Mercado LUPATECH Novo Mercado CCR RODOVIAS Novo Mercado MARCOPOLO Nível 2 CEMIG Nível 1 NATURA Novo Mercado CESP Nível 1 NET Nível 2 CIA HERING Novo Mercado OHL BRASIL Novo Mercado CONFAB Nível 1 P.ACUCAR-CBD Nível 1 COPEL Nível 1 PETROBRAS ADR COSAN Novo Mercado PORTOBELLO Novo Mercado CPFL ENERGIA Novo Mercado RANDON PART Nível 1 DASA Novo Mercado SARAIVA LIVR Nível 2 ELETROPAULO Nível 2 TAM S/A Nível 2 EMBRAER Novo Mercado TELE N. LESTE ADR ETERNIT Novo Mercado TELESP ADR FIBRIA Novo Mercado TIM ADR FRAS-LE Nível 1 TRACTEBEL Novo Mercado GAFISA Novo Mercado ULTRAPAR Nível 1/ADR GERDAU Nível 1 UOL Nível 2 GERDAU MET Nível 1 USIMINAS Nível 1 GOL Nível 2 VALE Nível 1 GRENDENE Novo Mercado VIVO ADR INDS ROMI Novo Mercado CSN ADR Fone: Resulados da pesquisa
8 3.2 Modelos economéricos para idenificar os níveis de acumulações (accruals) discricionárias 3.2.1 Modelo de Jones Modificado (1995) Jones (1991) propôs um modelo que relaxa a hipóese de que a diferença enre as acumulações do período correne e anerior é devida somene às alerações nas acumulações discricionárias, sendo as acumulações não discricionárias consanes, como pressupõe o modelo de Healy (1985), por exemplo, que considera como acumulações discricionárias a média das acumulações oais. Para ano, propôs a esimação das acumulações oais por meio da equação 1: Em que: REC AP ACT i = α + β1, i + β 2, i + ε AT 1 ATi, 1 ACT i, represena as acumulações oais da empresa i no período ; REC i, no período -1; represena a diferença enre as receia líquidas no período e a receias líquidas AP i, represena a diferença enre o aivo permanene no período e o aivo permanene no período -1. AT represena os aivos oais da empresa i no período -1. ε 1 represena o ermo de erro da regressão. Segundo Jones (1991), os aivos permanenes foram incluídos no modelo para conrolar a porção das acumulações oais relacionadas às despesas não discricionárias de depreciação. Dechow, Sloan e Sweeney (1995) afirmam que o modelo de Jones (1991) assume que as receias são não discricionárias. Assim, caso haja gerenciameno de resulados por meio da receia, o modelo irá removê-lo da proxy relaiva às acumulações discricionárias e não será capaz de capálo. Dechow, Sloan e Sweeney (1995) afirmam que, por esa razão, a esimação das acumulações oais pode ser viesada. Dechow, Sloan e Sweeney (1995) consideraram uma versão modificada do modelo de Jones (1991), desenhada para eliminar a endência conjecural dese modelo de medir as (1)
9 acumulações discricionárias sem considerar a parcela referene ao gerenciameno das receias. Assim, as acumulações oais são esimadas aravés da equação 2: Rec CR AP ACT = α + β1, i β 2, + ε ATi, 1 AT 1 Em que CR i, represena a diferença enre o saldo das conas a receber da empresa i no período e as conas a receber da empresa i no período -1. A aleração no modelo original de Jones, acrescenada pelo Modelo de Jones Modificado (1995), se refere ao ajuse na variação da receia pela variação no saldo das conas a receber. Diane disso, ese modelo assume que odas as mudanças nos crédios de vendas são resulanes do gerenciameno de resulados. Esa premissa se baseia no pressuposo de que é mais fácil gerenciar resulados por meio do reconhecimeno da receia nas conas a receber que por meio do seu reconhecimeno direamene no caixa. As acumulações discricionárias, foram, assim, esimadas por meio da equação 2, assumindo que a esimação proposa pela versão modificada do Modelo de Jones apresena esimadores não enviesados, quando o gerenciameno de resulados se deu por meio das receias. (2) 3.2.2 Modelo KS (1995) Para cálculo das acumulações, o modelo de Kang e Sivaramakrishnan (KS) (1995) considera os níveis de conas do Balanço Parimonial represenadas nas acumulações discricionárias e inclui a amorização proveniene da demonsração de resulado. As acumulações são divididas pelos aivos oais do ano anerior, para permiir comparações enre diferenes empresas e reduzir a possibilidade de heerocedasicidade nos modelos de regressão. O Modelo KS é considerado mais robuso por solucionar o problema de omissão de variáveis e o viés resulane, ao uilizar como regressores não apenas as vendas, mas ambém o cuso de mercadorias vendidas e ouras despesas operacionais. Além disso, com a uilização da abordagem de variáveis insrumenais (IV), o modelo miiga os problemas relacionados à simulaneidade e erros nas variáveis. Ese modelo pare da premissa de que os crédios sobre vendas afeam uma cona de resulado (receias) e uma cona parimonial (conas a receber). Sendo assim, a enrada de dados relevane referene à acumulação é o regisro da venda. No período as receias de vendas podem ser expressas como:
10 Re c = Re c + AD (3) Em que Re c s é a receia divulgada, Rec represena a receia de vendas não gerenciada, no período, e s AD é a acumulação discricionária adicionada às vendas e assume o valor zero se as receias não sofrem gerenciameno. Dessa forma, as conas a receber divulgadas ( CR ) são aumenadas ou reduzidas por CR = CR + AD s s AD : Kang e Sivaramakrishnan (1995) acrescenam que, de forma similar, o gerenciameno das acumulações relacionadas ao cuso de mercadorias vendidas ou ouras despesas do período serão refleidas no saldo final de diversas conas parimoniais. Segundo esses auores essas acumulações podem ser assim definidas: AN = CR + Es + Desp. An CP Depr (5) s e d = ( CR + Es + Desp. An CP Depr ) + ( AD + AD + AD ) (6) (4) = AN + AD (7) Onde AN é a acumulação não gerenciada, Es, Desp. An, CP represenam o esoque, despesas pagas anecipadamene (ou ouras conas do aivo correne que não caixa, recebíveis e esoques) e as obrigações (conas a pagar), respecivamene, não gerenciados. AD represena o oal de acumulações gerenciadas no período, AD é a acumulação gerenciada relacionada às despesas e Depr e gerenciada associada. d AD são, respecivamene, a despesa de depreciação e a acumulação Para apuração das acumulações discricionárias, o Modelo KS assume que, na ausência de gerenciameno de resulados, o indicador de roaividade das conas de recebíveis é dado por: CR Rec = Φ 1 CR Rec 1 1 + v (8) Muliplicando essa equação por Rec : CR = Φ 1 CR Re c 1 Rec 1 + ϕ (9) Onde ϕ = v Re c
11 As acumulações relacionadas às despesas são assim definidas: CPD CPD = Φ 2 + v (10) Desp Sendo 1 1 CPD a soma das conas parimoniais relacionadas com as despesas (esoque, despesas anecipadas e conas a pagar). O modelo assume que as despesas de depreciação não gerenciadas são dadas por: Depr = Φ 3 Depr PPEQ 1 PPEQ 1 + ξ (11) Em que PPEQ são as propriedades, planas e equipamenos. Para o caso brasileiro, considerou-se para esimação do modelo o aivo permanene, conforme Marinez (2000). Para o ese de gerenciameno de resulados, a parir das equações descrias, obêm-se a seguine regressão: Em que: ACT = AN + AD = CR + CPD + Depr + AD ( δ1 c ) + Φ 2 ( δ 2Desp ) + Φ 3( δ 3PPEQ ) + PART + v = Φ 0 + Φ1 Re β (13) AD = β PARTi, + ε (14) PART é uma variável que represena odos os faores em análise que moivam o gerenciameno de resulado e ε é a acumulação aleaória não relacionada às hipóeses específicas do gerenciameno de resulado. Φ, Φ Φ = Parâmeros da regressão; 1 2, 3 ACT i = AcumulaçõesToais ; CR = Conas a receber; CP = Passivos circulanes, exceo imposos e cusos de débios de longo prazo; Es = Esoques; Desp.An = Despesas anecipadas; Depr = Depreciação e amorização; Rec i = Receia Operacional Líquida (excluindo ribuação sobre faurameno); (12) Despi = Cusos e Despesas Operacionais; PPEQ = Aivo permanene no período ;
12 PPEQ -1 = Aivo permanene no período -1; Depr -1 = Despesas de Depreciação e Amorização no período -1; Re c, Desp, PPEQ são medidas em ermos de Aivos Toais; i i i v represena o somaório dos ermos de erro das equações dos indicadores de roaividade e a acumulação aleaória não relacionada às hipóeses específicas do gerenciameno de resulados. Maemaicamene, pode ser represenado por 1 1 v = ϕ + ϖ + ξ + ε. CR δ 1 = (15) Re c CPD δ 2 = (16) Desp 1 1 Depr δ 3 = (17) PPEQ 1 1 A variável ACT represena as acumulações oais que são consiuídas pela variação do capial de giro líquido excluídas das disponibilidades e financiamenos de curo prazo, excluídos a depreciação e a amorização. O saldo final é medido em ermos de aivos oais. As variáveis Rec e Desp represenam a receia líquida excluída dos imposos incidenes sobre faurameno e o oal de despesas operacionais anes da depreciação, amorização e juros, respecivamene. Essas variáveis são medidas em ermos de aivos oais. Os parâmeros δ 1, δ 2 e δ 3 são inerpreados como indicadores de roaividade que procuram incorporar faores específicos da firma e compensar o fao da equação do Modelo KS esar sendo esimada em amosra com diferenes firmas. 3.3 Modelo de Frankel, Johnson e Nelson (2002) adapado para ese das hipóeses de pesquisa Em linha com Frankel, Johnson e Nelson (2002), a parir do valor absoluo das acumulações discricionárias, ou seja, independene de serem posiivas ou negaivas, mensurou-se o efeio combinado das decisões de gerenciameno de resulados para aumeno e diminuição do lucro, e sua relação com a presação de ouros serviços que não de audioria pelo audior independene, por meio de adapação do modelo empírico, desenvolvido por esses auores: ABSAD i n 1 INDCONSi + β2bfouri + β3audtemi + β4 ADRi + β j Conroleji ε i (18) j = α + β +
13 Em que: ABSAD = Valor absoluo das acumulações discricionárias; INDCONS = a relação (índice) enre os honorários pagos às empresas de audioria referenes a ouros serviços que não de audioria e o monane oal pago à empresa de audioria (serviços de consuloria /oal de serviços fornecidos pela empresa de audioria); BFOUR = variável dummy que assume valor1 se o audior for componene do grupo Big four e 0, caso conrário; AUDTEM = o empo, medido pelo número de anos, em que a empresa audia as demonsrações financeiras do cliene; Conrole = Conjuno de variáveis inseridas no modelo com o objeivo de conrolar o seu efeio sobre as acumulações discricionárias. As variáveis inseridas represenam o valor puro e o valor absoluo das acumulações oais, o risco sisêmico da empresa, o índice de endividameno, valor parimonial das ações da empresa, valor de mercado do parimônio, reorno sobre o aivo e uma variável dummy que conrola o efeio da ocorrência de perda no período anerior ao de análise. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4. 1 Esimação das acumulações discricionárias pelo Modelo de Jones Modificado Para dar início ao esudo, foram esimadas quaro regressões em conformidade com a equação 2, baseadas no Modelo de Jones Modificado, uma para cada período analisado, de 2006 a 2009, conforme TAB. 3. Com o objeivo de ser fiel ao modelo eórico, opou-se por conservar odos os coeficienes, em linha com Marinez (2000), apesar da possível incorporação de erros de mensuração em função da não significância de alguns coeficienes. Os coeficienes não
14 significaivos foram ligados à diferença enre a variação da receia e conas a receber, conforme pode ser verificado nos resulados apresenados para as regressões. TABELA 3 - Acumulações discricionárias por meio do Modelo de Jones Variável dependene: Acumulações oais esimadas pela equação ACT AC Disp PC FinCP Depr + Amor ( ) ( ) ( ) = Variáveis 2006 2007 2008 2009 S. E. i i REC i - CR i -0.1121 (-1.38) P> : 0.175 0.0894 (4.46) P> : 0-0.0044 (-0.05) P> : 0.961 0.0551 (1.05) P>: 0.298 +/- AP i -0.2196 (-4.33) P> : 0-0.1777 (-4.49) P> : 0-0.2659 (-4.22) P>: 0-0.1163 (-3.6) P>: 0.001 - Consane 0.0589 (2.33) P>: 0.024 0.0456 (1.87) P> : 0.067 0.1353 (3.18) P>: 0.003 0.0034 (0.17) P>: 0.867 OBS 52 52 52 52 Prob. F 0.0001 0.0000 0.0005 0.0000 R 2 0.309 0.4284 0.2669 0.8252 R 2 Adj 0.2808 0.405 0.237 0.818 Breusch-Pagan 0.2487 1 0.4466 0.8985 0.4764 Rese 0.9907 0.2554 0.1604 0.6549 Fone: Resulados da pesquisa Valor absoluo da esaísica enre parênese. Noa1: A heerocedasicidade relaiva ao período de 2006 foi corrigida dividindo-se as acumulações oais pelos aivos oais do período correne. Noa 2: O VIF calculado pelo sisema relaivo ao período de 2009 é superior a 10, indicando a ocorrência de mulicolinearidade enre as variáveis, conforme pode ser verificado no APÊNDICE A.4. Ouro indício de mulicolinearidade é o alo valor do R 2, associado a não significância dos coeficienes angular e linear. Modelo de Jones Modificado: ACT = α + β ( ) ( ) 1, REC / ATi, 1 + β2, APi, / ATi, 1 + ε Em que: ACT = Acumulações oais; REC = variação da receia da empresa i no período, AT -1 = Aivo oal da empresa i no período -1; AP i, = Aivo permanene da empresa i no período ; α, β1, β = coeficienes esimados pela 3 regressão. O coeficiene esimado para a variável Aivo Permanene é negaivo e significaivo para odas as regressões. O sinal negaivo para essa variável, segundo Jones (1991), é esperado, endo em visa que o aivo permanene é relacionado a uma acumulação que represena queda do resulado, por meio da despesa de depreciação. Segundo Jones (1991) o sinal esperado para a variação das receias, por sua vez, não é ão óbvio, uma vez que uma mudança nas receias pode causar um aumeno no resulado em algumas
15 conas do capial de giro e queda no resulado em ouras, como em conas a pagar. Observou-se um sinal posiivo para o coeficiene da variável que represena a diferença enre a variação das receias e conas a receber no período de 2007, sendo ese significaivo, no nível de significância adoado. Conudo, para os demais períodos, ese coeficiene apresenou valor negaivo e não significaivo, no nível de significância adoado. Observou-se em odas as regressões que os eses de heerocedasicidade e erro de especificação foram não significaivos ao nível de significância de 0,01, indicando ausência desses problemas em odas as regressões esimadas. A mulicolinearidade foi observada apenas para a esimação do período de 2009, que além de VIF superior a 10, apresenou alo R 2 e dois coeficienes não significaivos. Apesar da idenificação do problema, as variáveis foram manidas, visando à conservação do modelo eórico. Apurou-se, assim, as acumulações discricionárias, que serão uilizadas no modelo adapado de Frankel, Johnson e Nelson, para ese das hipóeses de pesquisa, pela diferença enre as acumulações oais observadas e as acumulações esimadas pelos parâmeros da regressão baseada no Modelo de Jones Modificado. 4.2 Acumulações discricionárias pelo modelo de Kang e Sivaramakrishnan (1995) Ese ópico apresena os resulados das regressões para esimação das acumulações discricionárias por meio do modelo de Kang e Sivaramakrishnan (KS). Assim, as acumulações discricionárias foram esimadas por meio do Modelo KS pelo méodo de MQO, alernaivamene ao Modelo de Jones Modificado. Os resulados esão apresenados nas TAB. 4. Também nese caso as variáveis consideradas não significaivas, a parir da aplicação do ese de significância foram manidas no modelo, com o objeivo de ser fiel ao modelo eórico, em linha com Marinez (2000), apesar do risco de incorporação de problemas de mensuração. Nessas esimações, os coeficienes não significaivos esão ligados às acumulações realizadas por meio das receias, em conformidade com as observações obidas para o Modelo de Jones Modificado. O indicador de roaividade de número 3 (δ 3i ), represena a razão enre as despesas de depreciação e o aivo permanene, ambos referenes ao período anerior ao de análise. Em linha com Jones (1991), o coeficiene de AP i δ 3i apresenou sinal negaivo em odas as regressões, uma
16 vez que, como relaado aneriormene, o aivo permanene é relacionado a uma acumulação que represena queda do resulado, por meio da despesa de depreciação. A parir da análise do ese, observa-se que o coeficiene dessa variável é significaivo em odas as regressões, similarmene ao resulado obido pela esimação por meio do modelo de Jones Modificado. TABELA 4 - Acumulações discricionárias por meio do Modelo KS Variável dependene: Acumulações oais esimadas pela equação ACT AC Disp PC FinCP Depr + Amor ( ) ( ) ( ) = Variáveis 2006 2007 2008 2009 S.E. i i Rec i δ 1i 0.1760 (1.01) P>: 0.317 0.4807 (4.25) P>: 0 0.1930 (1.1) P>: 0.275-0.0537 (-0.34) P>: 0.737 +/- Desp i δ 2i 0.0974 (1.95) P>: 0.056-0.1252 (-1.97) P>: 0.055 0.3064 (2.34) P>: 0.023-0.1571 (-1.89) P>: 0.065 - AP i δ 3i -2.1992 (-5.61) P>: 0-1.4223 (-5.69) P>: 0-1.642 (-4.05) P>: 0-3.3647 (-3.81) P>: 0 - Consane 0.0560 (1.59) P>: 0.118-0.0304 (-1.35) P>: 0.182 0.0650 (1.78) P>: 0.082 0.1062 (2.14) P>: 0.038 OBS 52 52 52 52 Prob. F 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 R 2 0.593 0.5311 0.4258 0.6993 R 2 Adj 0.5675 0.5018 0.3899 ND Breusch-Pagan 0.2382 0.6043 0.2374 ND Rese 0.4458 0.6668 0.004 ND Fone: Resulados da pesquisa Valor da Esaísica enre enre parênese. S.E = Sinal Esperado Noa: O ese de Breusch-Pagan indicou a exisência de heerocedasicidade, sendo ese corrigido com variâncias e erros padrão robusos de Whie (1980). ACT = Φ ( ) ( ) ( ) 0 + Φ1 δ 1 Re c + Φ 2 δ 2Desp + Φ 3 δ 3A. Perm + ε Em que ACT= Acumulações oais; Re c i, = receias da empresa i no período ; Desp i, = despesas da empresa i no período e APerm i, = aivo permanene da empresa i no período ; δ ( ) 1 = CR 1 / Re c ; 1 2 = ( CPD 1 / Desp 1) ( Depr PPEQ ) δ ; δ 3 = 1 / ; CR 1-1 = Conas a receber no período -1; Depr -1 = Despesas de Depreciação e Amorização no período -1; PPEQ -1 = Aivo permanene no período -1; CPD -1 a soma das conas parimoniais relacionadas com as despesas (esoque, despesas anecipadas e conas a pagar). As variáveis são medidas em ermos de aivos oais. Φ 0, Φ1, Φ 2, Φ = coeficienes esimados pela regressão. 3 De forma similar ao modelo de Jones Modificado, o coeficiene da variável relacionada à receia, no Modelo KS represenada por Rec i δ 1i, é significaivo, no nível adoado, apenas para o
17 período de 2007. O indicador de roaividade de número 1 (δ 1i ) represena a razão enre as conas a receber e a receia líquida, ambos do período anerior ao de análise. Em linha com o resulado enconrado para o Modelo de Jones Modificado, essa variável apresenou valor posiivo para o período de 2007. Conudo, para os demais períodos, os coeficienes, embora não significaivos no nível de significância adoado, se mosraram subsancialmene diversos daqueles observados para o modelo de Jones Modificado, uma vez que nos períodos de 2006 e 2008 apresenaram valores posiivos. A variável Desp i δ 2i, represena a muliplicação enre as despesas do período correne e o coeficiene de roaividade de número 2, que, por sua vez, é definido pela razão enre o capial de giro líquido, subraído das despesas de depreciação e amorização, e as despesas, ambos do período anerior. Observou-se que o sinal do coeficiene dessa variável é posiivo para os períodos de 2006 e 2008 e negaivo para 2007 e 2009, indicando que a relação dessa variável com as acumulações oais inercalou-se de proporcional para inversamene proporcional ao longo dos períodos analisados. O mesmo raciocínio adoado na definição do sinal esperado para a variação das receias pode ser aplicado à variável relacionada às despesas, uma vez que uma mudança nas despesas ambém pode causar um aumeno no resulado em algumas conas do capial de giro e queda no resulado em ouras. Isso implica que nos anos de 2006 e 2008 a média do capial de giro do período anerior foi significaivamene superior a zero e que em 2007 e 2009 inferior a zero. O ese para idenificação da mulicolinearidade, a parir do cálculo do VIF, demonsrou a ausência desse problema em odas as regressões esimadas. Para correção da heerocedasicidade, variâncias e erros padrão robusos foram uilizados, por meio do processo desenvolvido por Whie (1980), disponível no sofware STATA. O ese para idenificação de erro de especificação foi significaivo para os períodos de 2008 e 2009, indicando a exisência do problema, nos níveis de significância esabelecidos. Visando à conservação do modelo eórico, em linha com os criérios adoados para esimação das acumulações discricionárias por meio do Modelo de Jones Modificado, odos os coeficienes foram manidos no modelo, apesar de alguns se mosrarem não significaivos no nível de significância adoado. Similarmene, as acumulações discricionárias foram apuradas por meio do Modelo KS, pela diferença enre as acumulações oais observadas e as acumulações esimadas pelos
18 parâmeros da regressão. O valor das acumulações discricionárias foram, ambém, uilizados no modelo adapado de Frankel, Johnson e Nelson, para ese das hipóeses de pesquisa. 4.3 Análise do Modelo de Frankel, Johnson e Nelson (2002) adapado para ese das hipóeses de pesquisa Para ese das hipóeses de pesquisa foram aplicados modelos economéricos que possibiliam a esimação da relação enre o gerenciameno de resulados e os honorários pagos pela presação de ouros serviços concomianemene a serviços de audioria, além da experise, pore e repuação da audioria exerna, empo da presação do serviço de audioria e a aderência às regras de governança corporaivas requeridas pela Lei Sarbanes-Oxley. Esimou-se uma única regressão com as 208 observações obidas para os dados de odas as empresas e períodos analisados, buscando aumenar os graus de liberdade por meio da combinação de séries emporais e cores ransversais (Regressões individuais para cada ano ambém foram esimadas com resulados similares). Para ano, aplicou-se o Modelo para Dados Empilhados (Pooled Regression), no qual se assume que os inercepos e os coeficienes angulares são iguais para odos os indivíduos e não variam no empo. Os resulados da regressão esão apresenados na TAB. 5. Conforme TAB. 5, as variáveis INDCONS e BFOUR não foram significaivas para explicar as acumulações discricionárias absoluas, indicando que a presação concomiane de ouros serviços pelo audior independene, bem como a experise, pore e repuação da audioria exerna não favoreceram nem aenuaram a manipulação de resulados aravés de escolhas conábeis, conforme sugeria a hipóese H1. Já a variável AUDTEM foi significaiva para explicar as acumulações discricionárias absoluas esimadas por meio do Modelo de Jones Modificado. A relação enre essa variável e as acumulações discricionárias foi posiiva, sugerindo que à medida que a empresa de audioria permanece presando o serviço para um cliene, a propensão para o gerenciameno de resulados conábeis da companhia audiada aumena. Isso apona para a perda da capacidade de moniorameno da audioria ao longo dos anos em que o serviço é presado, a parir da diminuição dos quesionamenos a respeio das escolhas conábeis do cliene de audioria.
19 TABELA 5 - Resulado das regressões para dados empilhados referene ao Modelo adapado de Frankel, Johnson e Nelson(2002) Acumulações Discricionárias Absoluas Variável dependene: AD absoluas esimadas pelo MJM Variável dependene: AD absoluas esimadas pelo MKS Variáveis Coeficienes Esaísica P> Variáveis Coeficienes Esaísica P> INDCONS -0,0186-0,71 0,476 INDCONS -0,0139-0,58 0,559 BFOUR -0,0085-0,62 0,539 BFOUR 0,0194 1,12 0,263 AUDTEM 0,0053 1,93 0,055 AUDTEM 0,0015 0,56 0,579 ABSACT 0,2077 1,51 0,132 ABSACT 0,3397 6,03 0 BETA 0,0308 2,27 0,024 BETA 0,0190 1,58 0,117 ENDV 0,0005 1,36 0,177 ENDV 0,0004 1,09 0,277 M/P 0,0010 1,05 0,297 M/P 0,0002 0,28 0,781 LOGVM -0,0070-0,78 0,434 LOGVM 0,0074 0,54 0,592 PERDA 0,0000-0,01 0,988 PERDA -0,0002-0,25 0,801 ROA 0,0021 0,17 0,865 ROA 0,0188 1,86 0,064 ADR 0,0093 0,88 0,382 ADR -0,0156-2,7 0,007 Consane -0,1085-1,12 0,265 Consane 0,1171 2,14 0,034 OBS R 2 B. Pagan Prob F OBS R 2 B. Pagan Prob F 208 0,2315 ND 0.0000 208 0,3723 ND 0.0000 R 2 Adj Rese JB R 2 Adj Rese JB ND ND 8.3E-32 ND ND 3.6E-32 Fone: Resulados da pesquisa n Modelo: ABSADi = α + β1indconsi + β2bfouri + β3audtemi + β4 ADRi, + β j Conroleji + ε i Em que: ABSAD i = Acumulações discricionárias absoluas; BFOUR i = variável dummy que assume valor 1 se a companhia é audiada por Big Four e 0 caso conrário; AUDTEM i = empo de presação do serviço de audioria; ADR = variável dummy que assume valor 1 caso a empresa negocie ADR i no mercado americano e 0 caso conrário; Conrole i = represena as variáveis que suposamene impacam o gerenciameno, sendo elas: ACT i = Acumulações oais; ABSACT i = Acumulações oais absoluas; BETA i = Bea de mercado; ALAV i = Índice de endividameno; M/P i = Índice de valor de mercado sobre valor parimonial; LOGVM i = Logarimo do valor de mercado; PERDA i = variável dummy que assume valor 1 se a empresa divulgou prejuízo no período anerior; e ROA i = Reorno sobre o aivo; = parâmeros da regressão. β β, β, β, n 1, 2 3 4 β j j j O ese Breusch-Pagan foi significaivo no nível adoado, o que aponou a exisência de heerocedasicidade no modelo, resulando na uilização de variâncias e erros padrão robusos, desenvolvidos por Whie (1980) e disponível no sofware STATA. Como explicado aneriormene, esse procedimeno deve ser uilizado cauelosamene, uma vez que na presença de heerocedasicidade os esimadores de Mínimos Quadrados Ordinários não são mais eficienes. Os resulados aponaram significância do cuso de capial próprio para explicar as acumulações discricionárias absoluas, esimadas por meio do Modelo de Jones Modificado, nos
20 períodos de 2006 a 2009. O sinal posiivo desa variável indica que um maior cuso de capial leva a um maior gerenciameno de resulados conábeis. Isso significa que empresas que possuem um cuso de capial elevado, exigindo, porando, maiores reornos, são mais propensas a manipularem os resulados conábeis. Por ouro lado, o índice de endividameno não foi significaivo para explicar as acumulações discricionárias absoluas esimadas por meio do Modelo de Jones Modificado e Modelo KS, sugerindo que o risco resulane da alavancagem da companhia não represena incenivo para a manipulação de resulados conábeis. A regressão que uiliza como variável dependene as acumulações discricionárias absoluas esimadas pelo Modelo KS aponou que não há nenhuma relação significaiva enre a presação concomiane de ouros serviços pela audioria exerna, a experise, repuação e pore do audior, bem como a exensão de empo em que houve a presação do serviço de audioria. Assim, a perda da independência da audioria, mensurada pela relação enre os honorários de ouros serviços que não audioria e o oal pago aos audiores, não impaca o gerenciameno de resulados. Também não há perda de capacidade de moniorameno da audioria a parir da exensão de empo da presação do serviço e experise, pore e repuação da audioria. Por ouro lado, o coeficiene angular vinculado à variável ADR foi significaivo para explicar as acumulações discricionárias absoluas esimadas por meio do Modelo KS. O sinal negaivo desse coeficiene apona para uma relação inversa enre as variáveis, sugerindo que a adoção das práicas de governança corporaiva exigidas pelo mercado americano diminui a propensão à práica de gerenciameno de resulados. Ese resulado esá de acordo com a suposição de que boas práicas de governança corporaiva inibem a manipulação de resulados, além de proporcionar maior ransparência aos demonsraivos conábeis. O coeficiene angular da variável ROA foi significaivo e posiivo para explicar as acumulações discricionárias calculadas por meio do Modelo KS, indicando que quano maior a razão enre o lucro líquido e os aivos oais, maior a formação de acumulações discricionárias. Isso significa que empresas que apresenam maior reorno sobre seus invesimenos, mensurado por meio de variáveis conábeis, são mais propensas a manipular seus resulados mediane escolhas conábeis.
21 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesa pesquisa, buscou-se idenificar se a presação concomiane de ouros serviços pelo audior independene favorece o gerenciameno de resulados em empresas brasileiras de capial abero. Especificamene, objeivou-se verificar se o audior exerno, como o agene na relação de agência, pode se ornar economicamene capurado pela Adminisração de seu cliene, reduzindose, assim, a sua capacidade de moniorameno. Objeivou-se verificar, ambém, se a repuação, experise e pore da empresa de audioria, além do ambiene de governança corporaiva requerido pela Lei Sarbanes-Oxley, aenuam a práica de gerenciameno de resulados. Os resulados obidos a parir da esimação da adapação do modelo de Frankel, Johnson e Nelson (2002) aponaram não significância da presação concomiane de ouros serviços pelo audior independene para explicação das acumulações discricionárias. Assim, não se confirmou a hipóese de pesquisa H 1, de que a presação concomiane de ouros serviços pela audioria independene aumena a propensão ao gerenciameno de resulados. Observou-se, que as companhias que negociam ADR são menos propensas a gerenciar seus resulados, conforme preceiua a lieraura analisada. Assim, nese caso, não se rejeiou a hipóese de pesquisa H 2, de que as regras de governança corporaiva requeridas pela Lei Sarbanes-Oxley conribuem para a redução das acumulações discricionárias em empresas brasileiras de capial abero. A variável BFOUR não foi significaiva para explicar as acumulações discricionárias. Assim, não se confirmou a hipóese de pesquisa H 3, de que a experise, pore e repuação das empresas de audioria que compõem o grupo Big Four conribuem para a redução das acumulações discricionárias. Os resulados indicaram relação inversa enre o gerenciameno para redução dos resulados e a exensão de empo da presação de serviços de audioria pela abordagem do Modelo de Jones. Nesse caso, confirmou-se a hipóese de pesquisa H 4, de que a exensão de empo em que exise compromisso de presação de serviço de audioria aumena a possibilidade de gerenciameno de resulados. Isso sugere que a empresa de audioria se orna economicamene arelada ao cliene ao longo do período de presação dos serviços, compromeendo a sua independência em relação à adminisração e diminuindo, assim, a sua capacidade de moniorameno. Esses resulados esão em linha com a regulação brasileira sobre o assuno, que
22 exige o rodízio de audiores a cada 5 (cinco) anos. A Lei SOX, por ouro lado, exige apenas a roaividade do sócio de audioria. Observou-se, conudo, discrepância enre os resulados dos diferenes períodos e da proxy uilizadas para o gerenciameno de resulado: acumulações discricionárias esimadas por meio do Modelo de Jones Modificado e Modelo KS. Assim, os resulados não foram oalmene conclusivos, uma vez que algumas observações obidas para o Modelo de Jones Modificado não foram confirmadas pelo Modelo KS e vice e versa, nem ampouco a análise segregada por período foi unânime. 6 REFERÊNCIAS ALMEIDA, José Elias Feres; ALMEIDA, Juan Carlos Goes de. Audioria e earnings managemen: esudo empírico nas empresas aberas audiadas pelas big four e demais firmas de audioria. Revisa Conabilidade & Finanças, USP, São Paulo, v. 20, n. 50, p. 62-74, 2009. ALMEIDA, José Elias Feres de; LOPES, Alexsandro Broedel; COSTA, Fabio Moraes da; TONIATO, João Baisa. Earnings Managemen and Indusry Classificaion in Brazil: an Exploraory Invesigaion. Corporae Ownership & Conrol, v. 3, n. 1, p. 144-149, 2005. ARRUÑADA, Benio. The provision of Non-Audi Services by Audiors: Le he Marke Envolve and Decide. Inernaional Review of Law and Economics, v. 19, No. 4, pp. 513-531,1999. BARTOV; E., GUL; F. A, TSUI; J. S. L. Discreionary accruals models and audi qualificaions. Journal of Accouning and Economics, v. 30, n.3, p. 421-452, 2001. BOWEN, Rober M., RAJGOPAL; Shivaram, VENKATACHALAM, Mohan. Accouning Discreion, Corporae Governance and Firm Performance. 14h Annual Conference on Financial Economics and Accouning (FEA); No. 127. 2005 Disponível em hp://rusenablemen.com/local/gsu_iss_sudy.pdf. Acesso em: 03/06/2010 Brown, L. D. A emporal analysis of earnings surprises: profis versus losses. Journal of Accouning Research, v. 39, n.2, p. 221-241, 2001. BROWN, James; FALASCHETTI, Dino; ORLANDO, Michael. Audior Independence and Earnings Qualiy: Evidence for Marke Discipline vs. Sarbanes-Oxley Proscripions. FSU College of Law, Public Law Research Paper No. 259; 2nd Annual Conference on Empirical Legal Sudies Paper, 2008. Disponível em: hp://ssrn.com/absrac=940847. Acesso em 01/07/2009. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Insrução CVM 308, de 14 de maio de 1999. Rio de Janeiro RJ, 1999. Disponível em:
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