Palavras-Chave: Diarreia Aguda MAPA DE REVISÕES. Assinatura do(s) Responsável (eis) Revisão Página(s) Motivo

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Transcrição:

Palavras-Chave: Diarreia Aguda Destinatários Médicos dos ACES da Unidade Coordenadora Funcional (UCF) de Leiria Elaboração Dr.ª Carmen Costa Aprovação Diretor do Serviço Dr. Bilhota Xavier Assinatura (s) Responsável (eis) pela Aprovação Data 2006 2006.05.18 MAPA DE REVISÕES Assinatura do(s) Responsável (eis) Revisão Página(s) Motivo Data responsável (eis) pela Revisão pela aprovação 01 Várias Revisão de Edições Dr. António Cruz 2012.04.10 Dr. Bilhota xavier PC.CHLP.072.01 1 / 6

1. INTRODUÇÃO: Define-se como um aumento da frequência e/ou volume das fezes e diminuição da consistência das fezes: Frequentemente associa-se a vómitos, febre, dor abdominal e recusa alimentar. É auto-limitada, tem uma duração média de 3 a 5 dias, mas pode prolongar-se até 7 dias. Corresponde a um desequilíbrio a nível dos processos de absorção/secreção do intestino e tem como principal risco na criança a desidratação. Causa de elevada morbilidade e mortalidade no mundo é a principal causa de morte, nos países em desenvolvimento e no 1º ano de vida, quando a mãe não amamenta. 2. ETIOLOGIA: Viral em 50-80% dos casos, sendo a agente mais frequente o Rotavírus. Em 5-10% é bacteriana e neste grupo o agente mais frequente é a Salmonella não- tiphy. 1% de causa parasitária. 3. DIAGNÓSTICO: A causa infecciosa é a mais frequente em idades pediátricas, mas importa considerar outras causas de diarreia aguda no diagnóstico diferencial. Causas Exemplo Cirúrgicas Apendicite, invaginação, S. Intestino curto Doença sistémica Endócrina (hipertiroidismo), imunodeficiência Inflamatória Doença inflamatória intestinal, D. Hirschprung Alimentar Alergia ou intolerância alimentar (lactose, HPLV) Malabsorção Fibrose quística, Doença celíaca Medicamentosa Antibióticos, colite pseudomembranosa Idiopática Síndrome de cólon irritável 1 1 frequente em criança ainda com fralda, com restos alimentares nas fezes e com bom estado geral e boa evolução ponderal PC.CHLP.072.01 2 / 6

4. AVALIAÇÃO CLÍNICA: 1º passo: Determinar o grau de desidratação Pesar! Ligeira Moderada Severa 1 % perda de peso <5 5-10 10 Estado geral Bom, alerta Irritado Prostrado Sede Normal Sedento Dificuldade beber Olhos Normais Encovados Mto encovados Mucosas Húmidas Secas Mto secas Pele S/ prega cutânea Pregacutânea(Pc) Pc acentuada Dens urinária <1020 1020-1030 >1030 2º passo: Explicar o perfil da doença aos pais e tranquilizar. 5. TERAPÊUTICA: 1º Ponto: Iniciar re-hidratação Solução hidroelectrolítica de rehidratação oral (SRO) o Pressupõe a existências de mecanismos de absorção intactos e baseia-se no cotransporte entre glicose e sódio. OMS desenvolve em 1975 a primeira SRO com 90 mmol/l de Na, dirigidos a epidemias de cólera. o Atualmente sabe-se que nos países desenvolvidos a diarreia aguda está associada a perda de sódio entre 30 a 60 mmol/l. Em 1989 a ESPGAN (European Society of Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition) recomenda para os países desenvolvidos SRO com 60 mmol/l 1 sinais de colapso: pulso filiforme, extremidades frias/ pele marmoreada, tempo de recoloração cutânea >2seg PC.CHLP.072.01 3 / 6

Soluções de Re-hidratação Oral (SRO): OMS ESPGHAN Dioralyte Miltina Na ( mmol/l) 75 60 60 60 K (mmol/l) 20 20 20 20 Glicose 75 74-111 100 89 Osmolaridade 245 240 NR 230 NR- não referido pelo fabricante Não são recomendadas quaisquer das seguintes bebidas, que se apresenta com a respetiva composição Osmolaridade Na (mmol/l) Coca-cola 469 3,0 Seven-up 388 4,0 Sumo de laranja 587 1,0 Sumo de maçã 694 0,0 Se desidratação ligeira Reposição de perdas nas primeiras 4 h Se vómitos: fraccionamento com aumento progressivo de quantidade Reavaliação clínica às 2h Manter SRO para perdas persistentes 10ml/Kg/dejecção diarreica Vómitos não contra-indicam hidratação oral! Exemplo o Criança de 10 Kg o desidratação de 5 % o défice de 500 ml o dar 500 ml em 4h o corresponde a 125 ml/h PC.CHLP.072.01 4 / 6

Se desidratação moderada a severa - > 5% ou o Falência da hidratação oral: recusa ingerir líquidos, agravamento sinais de desidratação, incapacidade dos prestadores de cuidados o Idade < 2 meses o Doença de base HOSPITAL 2º Ponto: Alimentação precoce Em 1997 um estudo da ESPGAN Early feeding in Childhood Gasteoenteritis salienta os seguintes aspectos: o Realimentação precoce no final das 4h de re-hidratação, com dieta habitual da criança o Dietas hipoproteicas e hipocalóricas agravam a desnutrição e prolongam quadro clínico o Não interromper aleitamento materno o No aleitamento artificial em lactentes bem nutridos manter reconstituição habitual das fórmulas Terapêutica contra-indicada: Drogas anti-diarreicas Loperamida Opiáceos Agentes anticolinérgicos Salicilato de bismuto Antibióticos A criança não é um adulto pequeno PC.CHLP.072.01 5 / 6

Mensagens chave a passar aos pais: Diarreia aguda na criança é auto-limitada Diarreia permite libertar toxinas É importante tratar a desidratação, não a diarreia Re-hidratação é mais eficaz com SRO SRO não reduz o volume ou a duração da diarreia Anti-diarreicos são contra-indicados e podem ser nocivos Alertar para os sinais de desidratação Os nove pilares da terapêutica correta da diarreia aguda de acordo com a ESPGAN: 1) Usar SRO para a re-hidratação 2) Soluções hipotónicas ( Na 60 mmol/l; Glicose 74-111 mmol/l) 3) Re-hidratar nas primeiras 4h 4) Reiniciar alimentação precocemente com dieta habitual 5) Não se justificam fórmulas de leite diluídas 6) Não se justificam fórmulas de leite sem dissacáridos 7) Manter aleitamento materno SEMPRE 8) Manter SRO para perdas persistentes 9) Não administrar medicação desnecessária Adaptado: ESPGHAN Working Group on Acute Diarrhoea PC.CHLP.072.01 6 / 6