A C: ó R I) Ã. fle;' ADVOGADO : Nadir Leopoldo Valengo. Ak ".4\



Documentos relacionados
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima identificadas: RELATÓRIO

' r, ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. JORGE RIBEIRO NÓBREGA

TURMA RECURSAL ÚNICA J. S. Fagundes Cunha Presidente Relator

ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho ACÓRDÃO

QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ACÓRDÃO. Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D.

357 VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR APELAÇÃO CÍVEL PROCESSO Nº ANA MARIA PEREIRA DE OLIVEIRA

Superior Tribunal de Justiça

O Dano Moral no Direito do Trabalho

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima identificadas:

Honorários advocatícios

EMENTA: AÇÃO DE COBRANÇA - SEGURO DE VIDA EM GRUPO CLAÚSULA CONTRATUAL INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA LIMITAÇÃO DOS RISCOS COBERTOS PELO SEGURO.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

E M E N T A: RESPONSABILIDADE POR DANO MORAL. DÍVIDA PAGA. TÍTULO INDEVIDAMENTE PROTESTADO. ILEGALIDADE. PROVA. PRESUNÇÃO DO DANO.

41,14'1 ti. tha. ojlnt. Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

ACÓRDÃO. Rio de Janeiro, 05 de outubro de Desembargador ROBERTO FELINTO Relator

A CÓRDÃO CÍVEL Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE. Vistos, relatados e discutidos os autos. EFN Nº /CÍVEL

. Desembargador José Di Lorenzo Serpa. Costa).

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Porto Velho - Fórum Cível Av Lauro Sodré, 1728, São João Bosco,

- O possuidor de imóvel rural que o recebeu em doação através de escritura particular, tem z) interesse processual para ajuizar ação de

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

1, 91 I, L.; Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desembargadora Maria das Neves do Egito de A. D.

ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE BARBARA DE PAULA GUTIERREZ GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA A C Ó R D Ã O

ar, Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete do Desembargador Jorge Ribeiro Nábrega

APELANTE: EDWALTER CUNHA COUTO APELADO: LOTÉRICA RONDON PLAZA SHOPPING LTDA.

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DESEMB - CARLOS SIMÕES FONSECA 11 de dezembro de 2012

+t+ Ammg *ESTADO DA PARAÍBA. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Superior Tribunal de Justiça

Entidade: Unidade: Coordenação de Serviços Gerais da Secretaria de Administração-Geral do Ministério da Educação e do Desporto

PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RECURSOS IMPROVIDOS.

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO GABINETE DO EXMO. DES. MÁRCIO MURILO DA CUNHA RAMOS

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ TURMA RECURSAL ÚNICA J. S. FAGUNDES CUNHA PRESIDENTE RELATOR

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores ALEXANDRE LAZZARINI (Presidente) e MAURO CONTI MACHADO.

Superior Tribunal de Justiça

CONSUMIDOR. CARTÃO DE CRÉDITO. PAGAMENTO. DIVERGÊNCIA CÓDIGO DE BARRAS. QUITAÇÃO DEMONSTRADA POR OUTROS MEIOS DE PROVA.

ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA 267 REGISTRADO(A) SOB N

APTE: FLAVIO COELHO BARRETO (Autor) APTE: CONCESSIONÁRIA DA RODOVIA DOS LAGOS S.A. APDO: OS MESMOS

QUINTA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO Nº 22290/ CLASSE CNJ COMARCA CAPITAL WANIA APARECIDA OLIVEIRA BRAGA - ME APELADO: BANCO ITAÚ S. A.

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMENTA

ACÓRDÃO. Ao contrário do que afirma a apelante, não existem provas de que o condutor do veículo de propriedade do segundo promovido

Superior Tribunal de Justiça

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

1,4, 4,f4ã4' #2."" "ru3 muni r5" ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. SAULO HENRIQUES DE SÁ E BENE VIDES

ESTADO DA PARAÍBA. Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraiba, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO RECURSO

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des, Genésio Gomes Pereira Filho

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Vistos, etc.

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Processo no /001. ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores NEVES AMORIM (Presidente) e JOSÉ JOAQUIM DOS SANTOS.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA SÉTIMA CAMARA CIVEL/ CONSUMIDOR JDS RELATOR: DES. JOÃO BATISTA DAMASCENO

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOSÉ RICARDO PORTO

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Porto Velho - Fórum Cível Av Lauro Sodré, 1728, São João Bosco,

(414e. (41't3 rummir24. &dada da ga,rada gade. r fadidckda 51illuaa1 /ao/iça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

ACÓRDÃO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA 'TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Superior Tribunal de Justiça

Florianópolis, 29 de fevereiro de 2012.

7ª CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL N.º DA COMARCA DE CERRO AZUL VARA ÚNICA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Superior Tribunal de Justiça

- A nossa legislação civil estabelece que os contratos de seguros

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Relator Desembargador PEDRO SARAIVA DE ANDRADE LEMOS

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Rio de Janeiro, 26 de julho de 2011.

Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 6ª Câmara de Direito Privado ACÓRDÃO

Trata-se de recurso apelatório (fls. 121/131) interposto

QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO Gabinete do Desembargador Federal Geraldo Apoliano

TRIBUNAL DE JUSTIÇA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Superior Tribunal de Justiça

+, -7+ ''*,.:,,,i Pe", NiBJ1,,1,g..0 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

Nº COMARCA DE SANTA ROSA PAULO VANDERLEI MARTINS MUNICÍPIO DE SANTA ROSA

A C Ó R D Ã O CÍVEL COMARCA DE PORTO ALEGRE Nº (N CNJ: ) SILVIA REGINA GONCALVES MACHADO MICHEL RECORRIDO

Superior Tribunal de Justiça

APELAÇÃO CÍVEL Ng /001 (Oriunda da 4fī Vara da Comarca de Guarabira/PB)

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho

:João Batista Barbosa - Juiz Convocado. Apelante :Unibanco AIG Seguros S/A (Adv. Vanessa Cristina de Morais Ribeiro e outros).

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores SILVIA ROCHA (Presidente) e PEREIRA CALÇAS. São Paulo, 8 de agosto de 2012.

: Des.Saulo Henriques de Sá e Benevides Apelante

; i» 11 rt_j '' J!I -%4. ç N111 iái 11;:--;'- Nuer,-1110

PROCESSO Nº TST-RR FASE ATUAL: E-ED

Superior Tribunal de Justiça

Conflitos entre o Processo Penal E o Processo Administrativo sob O ponto de vista do médico. Dr. Eduardo Luiz Bin Conselheiro do CREMESP

IV - APELACAO CIVEL

Wi4rsgrrriS.0. 9)a4ex judicid,da da Eetada da [Pcvtat'ea figifiand de jugiça

Transcrição:

- ' - 1 s?1, tis& fle;' Ak ".4\ - voir 4usnui to' er PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GAB. DES. ABRAHAM LINCOLN DA CUNHA RAMOS A C: ó R I) Ã APIELM:ÃO CíV151. n 200.2005.072.938-9/001 Comarca da Capital IIIELATOR : Des. Abraham Lincoln da Cunha Ramos APIELANTIE : Banco Panamericano S/A ADVOGADA : Lisanka Alves de Sousa e outros APELADA : Rosilda Alves da Costa ADVOGADO : Nadir Leopoldo Valengo CIVIL e CONSUMIDOR Apelação cível Ação de reparação de danos morais c/c anulação de débitos e assentamentos e pedido de antecipação parcial de tutela Inscrição no cadastro restritivo da SERASA Dívida originária de contrato inexistente Dano moral configurado Montante indenizatório - Dosimetria Observância dos critérios legais Manutenção Desprovimento. - Configura-se fato do serviço a celebração de contrato com terceira pessoa que falsificou a asinatura do autor a fim de celebrar contrato com instituição financeira, tendo esta anuído com tal avença e, posteriormente, encaminhado seu nome para a negativação. - É prescindível a prova da ocorrência do vexame ou transtornos suportados pela vítima em razão da indevida inclusão de seu nome nos cadastros de proteção ao crédito. Tem natureza "in re ipsa", decorrente exclusivamente do ato ilícito. - É imperiosa a manutenção do valor da indenização, a título de danos morais, quando na sua fixação foram observados os critérios legais para seu arbitramento, sem representar o mencionado "quantum" espécie enriquecimento ilícito.

Apelação Cível n 200.2005.072.938-9/001 VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível onde figuram as partes acima identificadas: ACORDAM, em Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça, à unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do voto do Relator e da súmula de julgamento de fl. 90. RELATÓRIO ROSILDA ALVES DA COSTA ajuizou Ação de reparação de danos morais c/c anulação de débitos e assentamentos e pedido de antecipação parcial de tutela em face do BANCO PANAMERICANO S/A., alegando haver sofrido vilipêndio em sua honra objetiva e subjetiva decorrente da inscrição indevida de seu nome nos cadastros restritivos da Centralização de Serviços de Bancos SERASA, por atitude negligente do banco réu, disso resultando ato ilícito passível de reparação. Alegou que, ao tentar celebrar negócio jurídico para aquisição de linha de crédito, tomou ciência da inscrição de seu nome no cadastro de inadimplentes acima nominado, apontamento este decorrente de solicitação do réu, por suposta inadimplência ce operação realizada. Sustentou não haver celebrado qualquer avença com tal instituição bancária, tendo sido vítima de um "negócio fantasma", consubstanciado na utilização de seus documentos pessoais por um terceiro. Requereu, assim, indenização pelos danos morais decorrentes da conduta ilícita perpetrada. O promovido contestou o pedido, aduzindo, preliminarmente, a carência de ação por ilegitimidade passiva "ad causam", haja vista ter sido vítima de um falsário, verdadeiro causador do evento danoso. No mérito, alegou que a "ficha proposta" foi preenchida por um terceiro, o qual, apresentando-se com os documentçs pessoais da autora, deles se prevaleceu para celebrar o negócio. fraudulento, não tendo a possibilidade de identificar a falsidade em virtude da sua perfeição. Por fim, argüiu a culpa concorrente da autora, a qual não registrou a ocorrência policial nem tampouco buscou a solução administrativa da pendência. Debalde as tentativas de solução conciliada para a demanda (fl. 56), a magistrada "a quo", proferindo julgamento antecipado da lide, julgou procedente o pedido, condenando a ré ao pagamento de indenização no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), a título de indenização por danos morais. lrresignada, a parte-ré interpôs apelação, reiterando os argumentos engendrados na peça de ingresso, além de se insurgir contra o montante indenizatório fixado pelo juízo singular, por considerá o exorbitante em virtude das circunstâncias e peculiaridades do caso concreto. 2

N. Apelação Cível n 200.2005.072.938-9/001 Contra-razões pela apelada (fls. 70/74). Instada a se pronunciar, a douta Procuradoria de Justiça pugnou pelo prosseguimento da apelação sem a necessidade de manifestação de mérito, vez não se enquadrar o caso nas hipóteses legais de intervenção obrigatória do órgão ministerial (fls. 81/83). É o relatório. VOTO O recurso deve ser desprovido. Com efeito, o "quantum" indenizatório foi fixado em consonância com os critérios legais pertinentes, nada havendo a ser reformado. A Constituição Federal, fonte da qual emanam todos os princípios a serem observados pela legislação infraconstitucional, trouxe a lume a possibilidade de apreciação judicial de lesões ou simplesmente das ameaças de lesões a direito subjetivo, a fim de amparar a efetiva proteção do Estado. Nesse norte, dispõe o at. 5, XXXV do Texto Magno, verbis: Art. 5 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Nessa esteira, o legislador constitucional previu a possibilidade de indenização por lesão à honra e à imagem, na medida em que tais lesões venham a ter repercussão na honra objetiva e subjetiva. Dispôs no art. 5, V, verbis: Art. 5 - V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (GRIFEI) Ademais, o microssistema do Código de Defesa do Consumidor protege a prestação de serviços contra defeitos que não lhe são inerentes, a fim de salvaguardar a parte hipossuficiente da relação. Essa a dicção do art. 14 da Lei n 8078/90, "verbis": Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviç s, 3

Apelação Cível n 200.2005.072.938-9/001 bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. No caso concreto, pela narrativa dos fatos na petição inicial, infere-se que a causa de pedir se consubstancia na existência de um "contrato fantasma", por meio do qual o apelante autorizou abertura de crédito com terceira pessoa, a qual, apresentando-se como sendo a apelada, falsificou sua assinatura e, de forma descomplicada, logrou êxito no negócio. A facilidade foi tamanha que o recorrente sequer trouxe aos autos os respectivos documentos, sob a alegação evasiva segundo a qual "... averiguou a documentação apresentada pelo suposto falsário e constatou que os documentos são cópia fidedignas, embora não autenticadas." De. se notar, assim, a tamanha facilidade de se obter crédito em nome de outra pessoa, pois o estelionatário logrou êxito em, passando-se pela apelada, instituir crédito em seu favor. Acaso fosse solicitado pelo preposto do apelante a carteira de identidade ou houvesse sido conferida a assinatura, ou, ainda menos, solicitado documentos autenticados, certamente haveria possibilidade de se identificar a fraude, ao menos que fosse falsificação "profissional", com potencial de ludibriar qualquer pessoa diligente. A negligência foi tamanha a ponto de não terem sido juntados os documentos ditos por recebidos, tornando a defesa ainda mais fragilizada, a ponto de impedir análise pericial sobre seu conteúdo e, assim, possibilitar a aferição da falsificação. Assim, a falha na prestação do serviço reside justamente na facilidade propiciada para que qualquer pessoa possa adquirir crédito em nome de outra, sem a necessária apresentação de documentos nem a conferência de assinatura, sendo tal hipótese um risco não inerente à relação contratual sadia. Por tal risco, portanto, deve responder a apelada, sob pena de desequilíbrio ainda maior nas relações inerentes ao direito do consumidor. Indaga-se: como teria um falsário, passando-se por outra pessoa, logrado a aprovação de um crédito pessoal? lnduvidosamente a resposta a tal questão só tem uma resposta: foi aprovado por causa da desídia do apelante em averiguar a procedência das informações recebidas. A segunda causa de pedir se refere à inscrição do nome da apelante nos cadastros restritivos do crédito. O dano gerado, nessa hipótese, denomina-se "in re ipsa", ou seja, em razão do próprio fato, independentemente da sua prova efetiva. Por outras palavras, a inscrição indevida nos órgãos restritivos de crédito, por si só, corresponde ao dano moral perpetrado, não sendo necessário demonstrar sua extensão, ou males derivados. A negativação oriunda de conduta ilícita já corresponde ao dano, em todas as suas feições, pelo qual deve responder a parte causadora. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é toda nesse sentido. Confira-se: INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PROVA DO DANÇA Situação de vexame, constrangimento e transtorno decorrente o 4

Apelação ave! n 200.2005.072.938-9/001 registro irregular. Desnecessidade da prova do dano. Precedentes do STJ. Recurso especial não conhecido./ E mais: RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. PROVA DO DANO. QUANTUM INDENIZA TÓRIO. - Na indenização por dano moral, não há necessidade de comprovar-se a ocorrência do dano. Resulta ela da situação de vexame, transtorno e humilhação a que esteve exposta a vitima. - O valor da indenização por dano moral sujeita-se ao controle do Superior Tribunal de Justiça quando a quantia arbitrada se mostrar ínfima, de um lado, ou visivelmente exagerada, de outro. Hipótese de fixação excessiva, a gerar enriquecimento indevido do ofendido. Recurso especial conhecido, em parte, e provido.2 Nesse senda, exsurge inequívoca a responsabilidade do banco no evento danoso, pois procedeu à negativação do nome da apelada de forma indevida, oriunda de um contrato inexistente, falsificado, que não teria ocorrido caso tivesse havido o cuidado de verificação das informações, não se desencadeando o processo então deflagrado. No tocante ao valor indenizatório devido a título de danos morais, deve-se asseverar a justa reparação do prejuízo sem proporcionar enriquecimento ilícito da autora, além de levar em conta a capacidade econômica do réu, e que o dano seja proporcional à ofensa. Verifica-se que os referidos critérios foram devidamente considerados pelo juízo de origem. Na hipótese dos autos, o valor arbitrado a título de danos morais mostra-se proporcional, atendendo ao binômio necessidade-capacidade. A apelada descreveu na exordial danos morais cuja extensão não se cingiram apenas à seara de sua convivência, pois a inscrição de seu nome em banco de dados, de âmbito nacional, levou ao conhecimento de um número indeterminado de pessoa a pecha de má pagadora. De outra banda, como acima ressaltado, ocorreram 02 (duas) causas de pedir, quais sejam, a inscrição indevida e a celebração de negócio jurídico "fantasma", ambos sob a responsabilidade do apelante, que deve arcar com indenização por cada ato ilícito cometido, nos moldes legais. De mais a mais, trata-se o apelante de poderosa instituição financeira, a qual detém capital suficiente para suportar o pagamento de indenização sem o comprometimento de suas atividades corriqueiras. Por todas essas considerações, o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais) é justo e necessário para indenizar o prejuízo moral sofrido injustamente pela apelada, ante todas as considerações acima descritas. REsp 585010/ SE, Quarta Turma, rel. Min. Barros Monteiro, j. em 20.10.2005 2 REsp 556031 / RS, Quarta Turma, rel. Min. Barros Monteiro, j. em 27.09.2005 5

. ' Apelação avel n 200.2005.072.938-9/001 Quanto aos honorários sucumbenciais, deve permanecer a condenação imposta na primeira instância, pois o valor da indenização não implica em sucumbência, a qual decorre do cometimento do ato ilícito. à apelação. À luz do exposto, NEGA-SE PROVIMENTO É como voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Sr. Des. Abraham Lincoln da Cunha Ramos. Participaram do julgamento, além do. relator, Eminente Des. Abraham Lincoln da Cunha Ramos, o Exmo. Des. Jorge Ribeiro Nábrega e o Exmo. Dr. João Batista Barbosa, Juiz convocado para substituir o Exmo. Des. Luiz Sílvio Ramalho Júnior. Presente ao julgamento a Exma. Sra. Dra. Maria Salete de Araújo Melo Porto, Promotora de Justiça convocada. 410:. Sala das Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, João Pessoa, 04 de dezembro de 2007. P.n.caltt.1Ya- ofix42:- ganunx,i?dittor 6

_, TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordeuadoria Judiciária Registrado ef4//1/2./42l 011 111